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Diretoria de Política Econômica Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais Depósitos Compulsórios Janeiro de 2012 Perguntas mais Freqüentes S é r i e Depósitos Compulsórios 1 Este texto integra a série “Perguntas Mais Frequentes” (PMF), editada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais (Gerin) do Banco Central do Brasil, abordando temas econômicos de interesse da sociedade. Com essa iniciativa, o Banco Central do Brasil vem prestar esclarecimentos sobre diversos assuntos da nossa realidade, buscando aumentar a transparência na condução da política econômica e a eficácia na comunicação de suas ações. 1 O Gerin agradece à colaboração do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central do Brasil, fundamental para a edição deste material. 5 Sumário 1. O que são e para que servem os depósitos compulsórios? ................................. 6 2. O dinheiro que tenho aplicado em uma instiuição financeira fica depositado no Banco Central?........................................................................................................ 6 3. O depósito compulsório é uma forma de tributação? ......................................... 6 4. Quantos tipos de compulsórios existem e quais suas principais características? ............................................................................................................. 6 5. Como são calculados os depósitos compulsórios? .............................................. 8 6. Como é calculado e cumprido o Recolhimento Compulsório sobre Recursos à Vista? ......................................................................................................................... 9 7. Como os compulsórios foram utilizados para fazer face aos efeitos, no Brasil, da crise internacional de 2008 (Crise do Subprime )? ..................................... 10 8. Qual o saldo atual dos depósitos compulsórios? ............................................... 11 9. De que forma são efetivados os depósitos compulsórios? ................................ 12 10. Qual o objetivo da remuneração dos depósitos compulsórios e qual é a proporção de depósitos compulsórios remunerados? .............................................. 13 11. Onde posso obter mais dados sobre os depósitos compulsórios no Brasil? ..... 13 6 Depósitos Compulsórios 1. O que são e para que servem os depósitos compulsórios? Os depósitos compulsórios são recolhimentos obrigatórios de recursos que as instituições financeiras fazem ao Banco Central. No passado foram considerados como instrumento de política monetária, mas paulatinamente passaram a ser vistos como instrumento de preservação da estabilidade financeira. Os depósitos compulsórios produzem os seguintes efeitos sobre as condições monetárias: influenciam o multiplicador monetário, ampliando ou reduzindo o volume de recursos que os bancos podem transformar em crédito para a economia e, dessa forma, controlar a expansão dos agregados monetários; criam demanda previsível por reservas bancárias, o que assegura maior eficiência ao Banco Central em sua atuação no mercado monetário. No Brasil, os percentuais de recolhimento do depósito compulsório têm sido definidos pelo Banco Central com o intuito de preservar a estabilidade e a solidez do Sistema Financeiro Nacional, permitindo o crescimento sustentado do crédito. Os efeitos dos recolhimentos compulsórios são considerados por ocasião da decisão de política monetária, pelo Copom. 2. O dinheiro que tenho aplicado em uma instiuição financeira fica depositado no Banco Central? Não. Apenas parte do valor dos depósitos à vista, a prazo e de poupança de todos os clientes deve ser mantida no Banco Central. Porém, cabe ressaltar que não é possível identificar a parcela correspondente a cada cliente. 3. O depósito compulsório é uma forma de tributação? Não. Os recursos mantidos no Banco Central constituem ativo (direito) dos bancos. Quando os clientes retiram seus recursos, o Banco Central reduz, proporcionalmente, o valor mantido como depósito compulsório. O valor correspondente à redução é, então, colocado à disposição do banco. 4. Quantos tipos de compulsórios existem e quais suas principais características? Atualmente, estão em vigor as seguintes modalidades de depósitos compulsórios: Recolhimento compulsório sobre Recursos à Vista2; Recolhimento compulsório sobre Recursos a Prazo3; Encaixe Obrigatório sobre Recursos de Depósitos de Poupança4; Recolhimento compulsório sobre Recursos de Depósitos e de Garantias Realizadas; Exigibilidade Adicional sobre Depósitos (recursos à vista, a prazo e depósitos de poupança) 5 e Recolhimento compulsório sobre Posição Vendida de Câmbio. São realizados, ainda, depósitos obrigatórios no Banco Central, referentes à insuficiência no cumprimento dos seguintes direcionamentos de recursos: 2 SGS 1849 (todas as referências ‘SGS’ dizem respeito aos códigos de busca no link: https://www3.bcb.gov.br/sgspub/localizarseries/localizarSeries.do?method=prepararTelaLocalizarSeries) 3 SGS 1850 4 SGS 1847 5 SGS 1797 7 recursos de depósitos de poupança não aplicados em financiamentos imobiliários; recursos de depósitos da poupança rural não aplicados em crédito rural; recursos de depósitos à vista não aplicados em operações de microfinanças; recursos de depósitos à vista não aplicados em crédito rural; e depósito prévio para participação nas sessões diárias da Centralizadora da Compensação de Cheques - Compe. A Tabela 1 detalha as informações sobre cada modalidade (alíquota, deduções, remuneração), em dezembro de 2011. Os depósitos compulsórios são contabilizados em subcontas exclusivas do título contábil Reservas Bancárias, bem como o Depósito Prévio da Compe. Os demais depósitos são registrados em contas específicas, de acordo com a natureza de cada um. Tabela 1 Modalidades de Compulsórios Compulsório Alíquota Deduções Remuneração Recursos à Vista 43% R$ 44 milhões, deduzidos da média dos valores sujeitos a recolhimento. Não há. Recursos a Prazo 20% Vide Nota Explicativa I. Taxa Selic. Depósitos de Poupança 20% Não há. TR acrescida de 6,17% a.a. Exigibilidade Adicional Rec. Vista – 12% Rec. Prazo – 12% Poupança – 10% Vide Nota Explicativa II. Taxa Selic. Garantias Realizadas 45% R$ 2 milhões, deduzidos da média dos valores sujeitos a recolhimento. Não há. Posição Vendida de Câmbio 60% Vide Nota Explicativa III. Não há. Notas explicativas; I – Há dedução inicial de R$30 milhões que beneficia todas as instituições igualmente. Além dessa, há redução que varia de zero a três bilhões de reais, definida em função do Nível 1 do Patrimônio de Referência do conglomerado a que pertença a instituição. Há, ainda, a possibilidade de deduções atreladas a aquisições de ativos ou realização de depósitos de/em instituições elegíveis (de pequeno/médio portes). II – Varia de zero a três bilhões de reais, sendo definida em função do Nível 1 do Patrimônio de Referência do conglomerado a que pertença a instituição. III – O menor valor entre US$1 bilhão, convertidos em reais, e o valor do Nível do Patrimôniode Referência do conglomerado a que pertença a instituição. Fonte: BCB A Tabela 2 traz o histórico das alíquotas de depósito compulsório desde março de 1999. 8 Tabela 2 Alíquotas de Depósito Compulsório (%) alíquota exig ad alíquota exig ad alíquota exig ad mar/99 75 30 15 mai/99 25 jul/99 20 ago/99 set/99 10 out/99 65 - mar/00 55 jun/00 45 set/01 10 jun/02 15 jul/02 ago/02 3 3 20 5 out/02 8 8 10 fev/03 60 ago/03 45 fev/05 out/08 42 5 5 dez/08 4 set/09 13,5 fev/10 8 15 8 jun/10 43 12 20 12 jul/12 44 jun/14 45 (*) exceto Rural Recursos à Vista Recursos a Prazo Depósitos de Poupança (*) Período (a partir de) Fonte: BCB 5. Como são calculados os depósitos compulsórios? Basicamente, o valor do depósito compulsório é calculado pela aplicação de uma alíquota a uma base de cálculo definida, ou seja: Exigibilidade = Base de cálculo X Alíquota, onde, Base de cálculo = (∑ VSR diário ÷ Período de cálculo) – Deduções Em geral, durante o período de cálculo (conjunto de dias úteis no qual se dá a formação da exigibilidade e que pode abranger uma ou duas semanas), apura-se a média aritmética dos saldos dos valores sujeitos a recolhimento - VSR (um conjunto de rubricas contábeis e extracontábeis específicas para cada modalidade de compulsório). Desse resultado, são subtraídas deduções de modo a encontrar-se a base de cálculo, sobre a qual é aplicada a respectiva alíquota. Eventualmente, para a obtenção das exigibilidades podem ser consideradas ainda outras deduções/reduções (vide Notas Explicativas da Tabela 1). 9 A exigibilidade então apurada deve ser cumprida ao longo de um conjunto de dias úteis, que pode ser de uma ou duas semanas, denominado período de movimentação. As informações utilizadas para cálculo dos compulsórios são prestadas pelas instituições financeiras, para cada dia útil dos períodos de cálculo, dentro de prazos estabelecidos pelo Banco Central. A prestação ou a alteração dessas informações fora desses prazos sujeita as instituições ao pagamento de multa. Excepcionalmente, o Recolhimento Compulsório sobre Posição Vendida de Câmbio é apurado com base em período de cálculo móvel que compreende cinco dias úteis consecutivos, e cumprido no segundo dia útil posterior ao fim desse período. O não cumprimento das exigibilidades das diversas modalidades sujeita as instituições ao pagamento de custo financeiro apurado em função do valor da deficiência verificada. 6. Como é calculado e cumprido o Recolhimento Compulsório sobre Recursos à Vista? A metodologia utilizada para esta modalidade difere, em alguns aspectos, das demais. Para o cumprimento da exigibilidade são considerados o saldo diário mantido na conta Reservas Bancárias e a média das disponibilidades registradas, no período de cálculo, para a rubrica Caixa. Admite-se o cumprimento de, no mínimo, 80% da exigibilidade em um ou mais dias, desde que a média final do período de movimentação corresponda a 100% da exigibilidade. Essa prerrogativa reduz, na prática, a ocorrência de grandes oscilações na liquidez bancária diária, provocadas pela necessidade de manutenção em Reservas Bancárias, diariamente, dos valores integrais das exigibilidades. Com o objetivo de facilitar soluções de mercado para eventuais necessidades de reservas para cumprimento das exigibilidades, sem recorrer à autoridade monetária, as instituições foram divididas em dois grupos, “A” e “B”, cujos períodos de movimentação, a exemplo dos períodos de cálculo, são defasados em uma semana. A Figura 1 ilustra o cumprimento do Recolhimento Compulsório sobre Recursos à Vista e as consequências do descumprimento. Como já ressaltado, durante o período de movimentação (duas semanas), o saldo mínimo diário não pode ser inferior a 80% da exigibilidade e a média do período não pode ser inferior a 100% da exigibilidade. Em caso de não cumprimento desses condicionantes, ilustrados na figura por meio de barras azuis, os bancos incorrem em custos financeiros, equivalentes à Taxa Selic mais 14% a.a., calculados sobre a insuficiência. 10 0 20 40 60 80 100 120 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10ºmédia % do ex igí ve l período de movimentação (dias úteis) deficiência recolhimento as deficiências no saldo diário e na média têm custo financeiro de Selic + 14% a.a.Figura 1 Cumprimento do Compulsório sobre Recursos à Vista Fonte: BCB 7. Como os compulsórios foram utilizados para fazer face aos efeitos, no Brasil, da crise internacional de 2008 (Crise do Subprime )? Ao contrário de outras economias, como os EUA e a maioria dos países europeus, o sistema bancário brasileiro encontrava-se bem capitalizado por ocasião da eclosão da crise internacional de 2008, e sem exposição aos papéis lastreados em hipotecas subprime do mercado imobiliário norte-americano. Naqueles países, a rápida deterioração dos indicadores de solvência dos bancos motivou a adoção de medidas emergenciais de contenção da crise, mediante o uso, em grande escala, de recursos fiscais. Já no caso do Brasil, as medidas adotadas pelo Governo e pelo Banco Central do Brasil para mitigar os efeitos da crise sobre o sistema bancário doméstico visaram, principalmente, compensar a expressiva diminuição da liquidez nos mercados financeiros, tanto no país, como no exterior, e não envolveram recursos fiscais. Nesse sentido, a existência de confortável volume de depósitos compulsórios – recursos que, vale lembrar, pertencem aos próprios bancos -permitiu ao BCB injetar liquidez rapidamente no sistema bancário brasileiro, contribuindo para a normalização das condições de crédito na economia. Inicialmente, foram liberados recursos recolhidos relativamente à Exigibilidade Adicional, ao que se seguiu a liberação de valores do Compulsório sobre Recursos a Prazo. Contudo, verificou-se que tais recursos ficaram “empoçados” nos grandes bancos. A estratégia então adotada foi a de liberação seletiva de recursos, que deveriam ser direcionados à aquisição de ativos ou à realização de depósitos de/em bancos pequenos e médios. Os recursos, a serem recolhidos em espécie e sem remuneração, foram liberados para aplicação em instituições com Patrimônio de Referência de até R$7 bilhões e que não fizessem parte dos conglomerados dos aplicadores. Para evitar a 11 concentração, cada banco poderia aplicar somente 20% de tais recursos em uma mesma instituição. O conjunto de medidas relacionadas aos compulsórios ocasionou a redução do montante agregado recolhido 6 , de pouco mais de R$250 bilhões para cerca de R$180 bilhões. Gráfico 1 Evolução do Recolhimento Compulsório Total (até dez/11) Fonte: BCB 8. Qual o saldo atual dos depósitos compulsórios? O volume de recolhimentos compulsórios atingiu R$448,5 bilhões em dezembro de 2011. A Exigibilidade Adicional sobre Depósitos apresenta a maior participação, com R$157,7 bilhões, seguida de Recursos a Prazo, com R$130,6 bilhões, Poupança, com R$80,7 bilhões e, por fim, Recursos à Vista, com R$79,5 bilhões. Nessa data não havia valores recolhidos para o Compulsório sobre Posição Vendida de Câmbio. O Gráfico 2 mostra a evolução das principais modalidades de compulsório enquanto o Gráfico 3 mostra a participação percentual de cada uma no total recolhido em dezembro de 2011. 6 SGS 17633 150 200 250 300 350 400 450 jan 08 abr 08 jul08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 10 abr 10 jul 10 out 10 jan 11 abr 11 jul 11 out 11 R$ b ilh õe s 12 recursos à vista 18% poupança 18% recursos a prazo 29% exigibilidade adicional 35% Gráfico 2 Montantes Recolhidos por Modalidade de Compulsório (até dez/11) Fonte: BCB Gráfico 3 Saldo Total Recolhido por Modalidade de Compulsório (posição de dez/11) Fonte: BCB 9. De que forma são efetivados os depósitos compulsórios? Os compulsórios são constituídos em espécie e mantidos em contas específicas no Banco Central, sob a titularidade contábil das instituições financeiras. Desde abril de 2010, os compulsórios são cumpridos exclusivamente em espécie, não havendo mais a possibilidade de vincular títulos públicos federais registrados no Selic. 0 20 40 60 80 100 120 140 160 jan 08 abr 08 jul 08 out 08 jan 09 abr 09 jul 09 out 09 jan 10 abr 10 jul 10 out 10 jan 11 abr 11 jul 11 out 11 R$ b ilh õe s poupança recursos a prazo exigibilidade recursos à vista 13 remunerado 82% não remunerado 18% 10. Qual o objetivo da remuneração dos depósitos compulsórios e qual é a proporção de depósitos compulsórios remunerados? A remuneração dos depósitos compulsórios reduz o custo de captação dos bancos, implicando menores taxas de juros cobradas nas operações ativas (operações de crédito). Atualmente, são remunerados os Recolhimentos Compulsórios sobre Recursos a Prazo, sobre Depósitos de Poupança e a Exigibilidade Adicional sobre Depósitos. Aqueles incidentes sobre Recursos à Vista não fazem jus à remuneração já que as instituições financeiras também não remuneram essa forma de depósito. Os recolhimentos sobre Garantias Realizadas e sobre Posição Vendida de Câmbio também não fazem jus à remuneração. Gráfico 4 Composição dos Compulsórios segundo a Remuneração (posição de dez/11) Fonte: BCB 11. Onde posso obter mais dados sobre os depósitos compulsórios no Brasil? Para encontrar as séries de dados e atualizar os gráficos apresentados neste documento, pode-se recorrer às séries temporais disponíveis na página do Banco Central na internet, seguindo o caminho indicado abaixo: “Início” > “Economia e finanças” > “Indicadores de conjuntura” > “Indicadores Econômicos” > “Capítulo II - Moeda e crédito” > “Recolhimentos compulsórios/encaixes obrigatórios de instituições financeiras – Saldos em final de período”. Ainda na página do Banco Central na internet, é possível encontrar a íntegra dos normativos relacionados aos recolhimentos compulsórios, seguindo o caminho indicado abaixo: “Início” > “Legislação e normas” > “Normas do CMN e do BC” > “Busca de normas”. 14 Série “Perguntas Mais Frequentes” Banco Central do Brasil 1. Juros e Spread Bancário 2. Índices de Preços 3. Copom 4. Indicadores Fiscais 5. Preços Administrados 6. Gestão da Dívida Mobiliária e Operações de Mercado Aberto 7. Sistema de Pagamentos Brasilei ro 8. Contas Externas 9. Risco-País 10. Regime de Metas para a Inflação no Brasil 11. Funções do Banco Central do Brasil 12. Depósitos Compulsórios Diretor de Política Econômica Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo Equipe André Barbosa Coutinho Marques Carolina Frei tas Pereira Mayrink Henrique de Godoy Morei ra e Costa Luciana Valle Rosa Roppa Manuela Morei ra de Souza Maria Cláudia Gomes P. S. Gutierrez Marcio Magalhães Janot Coordenação Renato Jansson Rosek Criação e editoração: Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais Brasíl ia-DF Este fascículo faz parte do Programa de Educação Financeira do Banco Central do Brasi l