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Análise de “Os Pobres” de Raul Brandão. Em resumo na prosa poética Os Pobres, o homem é visto como uma figura reduzida à miséria. Contudo surge a seguinte indagação: “De que precisam os poetas para fazer uma obra de gênio? Para o eu lírico, essa beleza só é possível pela dor, pelo sofrimento, criando, assim, um ciclo ininterrupto da pobreza humana, como se a vida fosse uma corrente em que os elos se repetissem sempre. Quanto ao estilo, o autor consegue a adesão à realidade pela linguagem poética e filosófica. Poeticamente falando, o que Raul Brandão traz em Os pobres, talvez não seja a noção de pobreza em suma e sim, quem sabe, nos fazer refletir sobre a nossa maneira “pobre” de ver mundo a nossa volta sem qualquer sensibilidade às coisas e aos sentidos. Ou quem sabe ainda a própria descrição do autor sobre ele mesmo, sobre a forma dele ver seu próprio eu, como descrita na carta prefácio do início do livro, onde Guerra Junqueiro, seu amigo fala: “O seu livro é a história patética de uma alma. Qual? A do Gebo, a de Luísa, a de Sofia, a da Mouca, a dos Pobres enfim? Não. A sua. Histórias diversas, que se resumem numa história única: a da sua alma, transitando almas, a da sua vida, percorrendo vidas. Autobiografia espiritual, dilacerada e furiosa, demoníaca e santa, blasfemadora e divina.” Ou seria a vontade do autor em nos fazer refletir a cerca do real sentido do que se tratava essa pobreza. Dar valor as coisas mais simples? Pois Simbolista, o autor nos sugere um mundo de exaltação dos sentidos para obtenção do conhecimento. E é por meio de personagens com as mais variadas formas de pobreza e de uma filosofia poética que ele explora os nossos sentidos, a nossa imaginação. Podemos perceber isso no capítulo O Gabiru, que dá nome ao personagem filósofo solitário, de aparência esquia e triste, que vive a margem da realidade, em um mundo só seu: “Nasceu para sonhar. Tem um suspiro de alívio quando se fecha na mansarda e exclama: – Vou idear!... – Sabe palavras, teorias, cartapácios, e nunca viu ao pé os rios, os montes, nem as árvores. Remexe em ideias profundas e nunca encontrou a realidade.” Ele crê na necessidade da dor para se produzir algo belo. Que o poeta, por exemplo, precisa da dor para fazer uma boa obra: “De que precisam os poetas para fazer uma obra de gênio? De dor. O sofrimento cria.” Todo desenrolar da historia gira em torno de questões ligada à temática central da obra ou a seus subtemas, como as oposições entre a fé e da incredulidade, ou ao do bem e do mal. É frenquente o uso da temática da dor e de uma visão pessimista de mundo, bem como a convicção de que o sofrimento condiciona a arte. No capítulo “Natal dos pobres”, é novamente enfatizada essa questão, por meio do sonho e da mística de Brandão. Brandão demonstra seu especial interesse pelo social, quando seleciona as personagens, tendo como referencial, não suas individualidades, mas suas posições dentro do sistema social. Trata-se de uma fantasia vivida pelo autor e que consegue levar o leitor a viver uma rica experiência imaginativa, tendo a intenção de aproximar ao máximo o leitor e sua obra. O escritor prende-o por uma linguagem altamente lírica, característica própria do Simbolismo.
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