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Questões Estudos Histórico-Literários

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Estudos Histórico-Literários 
 
[ENADE Letras 2005, questão 31, bacharelado] 
Segundo Martín-Barbero, 
[...] é preciso falar sobre o estudo dos gêneros, a história social e cultural 
dos gêneros. Os gêneros aparecem não como propriedades dos textos. 
O gênero não é algo que passa ao texto, mas algo que passa pelo texto. 
[...] o gênero é uma estratégia de comunicação ligada aos vários 
universos culturais 
Leia os trechos abaixo adaptados de “Gêneros ficcionais: materialidade, cotidiano, imaginário”, de 
Silvia Helena S. Borelli: 
I. O gênero é considerado como um agrupamento ou filiação de obras literárias a uma 
classe ou espécie, subordinadas por sua vez a artifícios de normatização e 
classificação. 
II. O gênero é uma categoria abrangente, e serve como elo entre os diferentes momentos 
da cadeia que une espaço de produção, anseios dos produtores culturais e desejos 
do público receptor. 
III. O gênero é um modelo dinâmico, com repertório variado de estruturas resultantes de 
conexões entre um ou mais gêneros e da relação com novos recursos que, 
introduzidos, transformam ou recriam padrões mais ou menos abertos. 
Identifica-se com a posição de Martín-Barbero SOMENTE o que se afirma em 
Escolha uma opção: 
a. 
I e II. 
 
b. 
II. 
 
c. I. 
 
 
d. 
II e III. 
 
 
Muito bem...!!! 
e. 
I e III. 
 
Texto para a questão 
Canção 
 
Nunca eu tivera querido 
Dizer palavra tão louca: 
bateu-me o vento na boca, 
e depois no teu ouvido. 
Levou somente a palavra, 
Deixou ficar o sentido. 
O sentido está guardado 
no rosto com que te miro, 
neste perdido suspiro 
que te segue alucinado, 
no meu sorriso suspenso 
como um beijo malogrado. 
Nunca ninguém viu ninguém 
que o amor pusesse tão triste. 
Essa tristeza não viste, 
e eu sei que ela se vê bem... 
Só se aquele mesmo vento 
fechou teus olhos, também. 
Cecília Meireles. Poesias completas. Rio de 
Janeiro: Nova Aguilar, 1993, p. 118. 
 
 
 [ENADE Letras 2008, questão 15] 
De acordo com abordagens da análise do discurso, a significação não se restringe apenas ao 
código linguístico. Que versos evidenciam essa noção? 
Escolha uma opção: 
a. 
“Levou somente a palavra, deixou ficar o sentido” (v.5-6) 
 
 
Muito bem...!!! 
b. “Nunca eu tivera querido / Dizer palavra tão louca” (v.1-2) 
 
 
c. 
“Nunca ninguém viu ninguém / que o amor pusesse tão triste” (v.13-14) 
 
d. 
“bateu-me o vento na boca, / e depois no teu ouvido” (v.3-4) 
 
e. 
https://unar.info/ead/mod/quiz/view.php?id=1381380
“Só se aquele mesmo vento / fechou teus olhos, também” (v.17-18) 
 
 
 
[ENADE Letras 2008, questão 29] 
Autopsicografia 
 
O poeta é um fingidor. 
Finge tão completamente 
Que chega a fingir que é dor 
A dor que deveras sente. 
E os que leem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem, 
Não as duas que ele teve, 
Mas só a que eles não têm. 
E assim nas calhas de roda 
Gira, a entreter a razão, 
Esse comboio de corda 
Que se chama coração. 
Fernando Pessoa. Autopsicografia. In: 
Obra completa. Porto: Lello & Irmãos, 1975, 
p. 255. 
 
De acordo com o poema, é específico do processo de criação literária o fato de o poeta 
I. escrever não o que pensa, mas aquilo que deveras sente. 
II. ser capaz de captar e expressar os sentimentos dos leitores. 
III. transformar um elemento extraliterário, como a dor, em objeto estético. 
Está certo o que se afirma apenas em 
Escolha uma opção: 
a. 
I e III. 
 
b. 
I. 
 
c. II. 
 
 
d. 
I e II. 
 
e. III. 
 
 
Muito bem...!!! 
 
[ENADE Letras 2008, questão 17] 
Ao lermos, se estamos descobrindo a expressão de outrem, estamos 
também nos revelando, seja para nós mesmos, seja abertamente. Daí 
por que a troca de ideias nos acrescenta, permite dimensionarmo-nos 
melhor, esclarecendo-nos para nós mesmos, lendo nossos 
interlocutores. Tanto sabia disso Sócrates como o sabe o artista de rua: 
“conversando também conheço o que é que eu digo”. 
Recepção e interação na leitura. In: Pensar a 
leitura: complexidade. Eliana Yunes (Org). 
Rio de Janeiro: PUCRio; São Paulo: Loyola, 
2002, p. 105 (com adaptações). 
 
A partir das reflexões do texto apresentado, assinale a opção correta a respeito da interação texto-
leitor. 
Escolha uma opção: 
a. 
Para a leitura como descobrimento ser efetiva, é necessária a troca de ideias sobre a leitura; ler com 
o outro para nos conhecermos. 
 
 
Muito bem...!!! 
b. 
A interação texto-leitor deve ser evitada, por fugir ao controle do autor e favorecer uma espécie de 
“vale-tudo interpretativo”. 
 
c. 
A aproximação, no texto, entre o que sabia Sócrates e o que sabe o artista de rua, é incoerente porque 
os respectivos horizontes de expectativa são diferentes. 
 
d. 
A perspectiva apontada no texto favorece a vivência da leitura como autoconhecimento, em 
detrimento da leitura como identificação da expressão do outro. 
 
e. 
https://unar.info/ead/mod/quiz/view.php?id=1381382
A leitura como descobrimento pressupõe uma postura pedagógica que reforça a tradição de 
leitura como confirmação da fala de uma autoridade. 
 
 
[Provão Letras 2001, questão 34] 
Referindo-se a Memórias de um sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida, o historiador 
e crítico literário José Veríssimo afirmou que "este romance poderia bem ser tomado como 
inconsciente precursor do naturalismo". Nessa afirmação, há o pressuposto de que os chamados 
"estilos de época" 
Escolha uma opção: 
a. 
têm abrangência temporal menos definida e menos estanque do que aquela considerada pela 
periodização mais mecânica. 
 
 
Muito bem...!!! 
b. 
devem ser definidos numa sistematização fechada de valores, antes de serem aplicados às diferentes 
obras literárias. 
 
c. 
constituem um equívoco crítico, pois o fato de haver "precursores" implica a impossibilidade de se 
definirem tendências estilísticas. 
 
d. 
descrevem com exatidão as qualidades estéticas que se prendem às específicas condições históricas 
em que os escritores produzem suas obras. 
 
e. 
são paradigmas que de fato não caracterizam época alguma, pois as soluções estéticas processam-se 
no plano do inconsciente do artista. 
 
 
 
[Provão Letras 2001, questão 40] 
Transforma-se o amador na cousa amada, 
Por virtude do muito imaginar; 
Não tenho logo mais que desejar, 
Pois em mim tenho a parte desejada. 
 
A estrofe acima, em que o "eu" manifesta confiança na ideia como força transfiguradora da 
realidade vivida, exemplifica o seguinte ponto fundamental da poética camoniana: 
Escolha uma opção: 
a. 
o amor como meio de superar a barreira entre o real e o ideal, pois tem o poder de impulsionar a 
imaginação poética em direção à essência do ser. 
 
 
Muito bem...!!! 
b. 
a impossibilidade de o homem conhecer o amor, pois a razão interfere na vivência plena do 
sentimento. 
 
c. 
a experiência amorosa como algo impróprio aos homens, pois o amor é o sentimento que mais os 
afasta do plano da verdade absoluta. 
 
d. 
a impossibilidade de se atingir a essência do ser, pois a experiência impede ao sujeito o acesso à 
verdade absoluta. 
 
e. 
o amor como manifestação da fragilidade humana, pois o sentimento se confronta com o racional, 
que é a essência do ser. 
 
 
 
Texto I 
Ave Maria 
Nas nossas ruas, ao anoitecer, 
Há tal soturnidade, há tal melancolia, 
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia 
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. 
O céu parece baixo e de neblina, 
O gás extravasado enjoa-me, perturba; 
E os edifícios, com as chaminés, e a turba 
Toldam-se duma cor monótona e londrina. 
(Cesário Verde/"Sentimento dum ocidental" (1880)) 
 
Texto II 
Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas 
grandes cidades, 
E a mão de mistério que abafa o bulício, 
E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe 
Para uma sensação exata e precisa e ativa da Vida! 
Cada rua éum canal de uma Veneza de tédios 
E que misterioso o fundo unânime das ruas, 
Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre, 
Ó do "Sentimento de um ocidental"! 
(Álvaro de Campos. "Dois excertos de odes (Fins de duas odes naturalmente)" (1914)) 
 
[Provão Letras 2001, questão 38] 
Considerando-se as estrofes acima, fragmentos dos poemas citados, é correto afirmar: 
Escolha uma opção: 
a. 
os fragmentos se contrapõem, pois em II o tédio impede o eu lírico de "sentir" a cidade, o que não 
ocorre em I. 
 
b. 
tanto em I quanto em II, o eu lírico revela-se refratário aos apelos das ruas agitadas e febris por onde 
circula. 
 
c. 
em ambos os poemas, os elementos da realidade urbana moderna se convertem em estímulos 
poéticos. 
 
 
Muito bem...!!! 
d. 
em I, mais do que em II, o eu lírico busca retratar objetivamente a paisagem urbana percorrida por 
ele. 
 
e. 
em I e II, o tratamento dispensado à cidade revela a tematização do desejo de fugir do espaço 
urbano. 
 
 
 
[Provão Letras 2002, questão 34] 
Ó glória de mandar, ó vã cobiça 
Dessa vaidade a quem chamamos Fama! 
Ó fraudulento gosto, que se atiça 
Co'uma aura popular que honra se chama! 
 
Os versos acima, de Os Lusíadas, introduzem a fala do "velho do Restelo" quando a esquadra de 
Vasco da Gama partia para as Índias. Essa fala, no conjunto da obra, revela que a epopeia 
camoniana 
Escolha uma opção: 
a. 
constitui o protagonista como modelo de comportamento, estruturando-se, assim, de maneira 
idêntica à epopeia greco-latina. 
 
b. 
representa um momento histórico em que o caráter glorioso da ação épica é problematizado em 
decorrência do utilitarismo mercantilista. 
 
 
Muito bem...!!! 
c. 
narra ações de um herói que, por sua visão crítica, antecipa as questões filosóficas debatidas no século 
XVII. 
 
d. 
censura a ideologia medieval, por representar empecilho à vontade popular de ver a pátria firmar-se 
como império ultramarinho. 
e. 
apresenta aquele típico narrador da epopeia clássica, cuja voz confirma o consenso coletivo acerca da 
grandiosidade da pátria. 
 
 
[ENADE Letras 2005, questão 22] 
É célebre a escultura de Laocoonte, em que estão representados pai e filhos envolvidos por 
serpentes. Nela está tematizada a dor de um pai que vê os filhos serem devorados. O crítico 
alemão Lessing sentiu-se intrigado pela seguinte questão: como entender que a personagem 
principal do grupo representado mal abra a boca, apesar de sofrer de modo tão intenso? Para 
explicar a composição moderada da dor, assinala: 
É que as leis da escultura impõem a figuração da dor de modo 
totalmente diverso do da poesia. A escultura e a pintura não podem 
representar senão um único momento de uma ação; é preciso então 
escolher o momento mais fecundo; ora, só é fecundo aquilo que deixa 
campo livre à imaginação; não é preciso, pois, escolher o momento do 
paroxismo [o momento mais intenso], mas o que o precede ou segue. 
 
[ENADE Letras 2005, questão 22] 
O que se pode deduzir corretamente do texto acerca da representação artística? 
Escolha uma opção: 
a. 
Em algumas formas de expressão artística, a representação corresponde necessariamente à 
diminuição da intensidade das emoções experimentadas. 
 
b. 
Na composição artística, a escolha de traços de um objeto que podem ser mais produtivos para a 
criação depende mais da perícia do artista em lidar com eles do que da linguagem da arte em 
que ele se expressa. 
 
c. 
Na arte, o modo como se retratam certas emoções depende do conhecimento da sua natureza pelo 
artista, pois o seu ideal é reproduzir o mundo natural. 
 
d. 
Numa obra de arte, a expressão não é determinada pela natureza do objeto representado, mas está 
relacionada aos princípios que regem a modalidade artística adotada. 
 
 
Muito bem...!!! 
e. 
Em qualquer expressão artística, é mais importante a capacidade que o artista tem de apontar, no ser 
humano representado, a grandeza e a serenidade da alma, do que retratar o vigor de um 
sofrimento. 
 
 
 
[Provão Letras 2002, questão 22] 
No texto abaixo, Antonio Candido analisa um trecho narrativo de Carlos Drummond de Andrade. 
[...] Seja um trecho no começo do conto "Beira-rio" [de Carlos 
Drummond de Andrade]: 
Sete da manhã e o trabalho principiando no campo. O 
apontador chegava ainda com escuro, porque não 
conseguia dormir na casinha de pau a pique onde ele, 
mulher e filhos viviam como que em depósito, à espera de 
vaga na vila proletária. Os mosquitos resistiam a tudo, e o 
fio de som que emitiam no voo lento, indo e vindo, tecia 
sobre a cama uma espécie de cortinado. A mão, 
levantando-se, dilacerava a trama, que contudo logo se 
recompunha, e tão constante no seu dom de irritar que, se 
por acaso cessasse um momento, o silêncio feria por sua 
vez, de inesperado. Então, o apontador ia acordar o 
balseiro, e os dois, cortando o rio, presenciavam calados o 
nascimento do sol, que do campo em ruínas, na outra 
margem, ia tirando pouco a pouco uma usina em 
construção. 
O que logo sobressai é a poderosa metáfora da teia, baseada 
num "equívoco", como diziam os antigos: o fio de som gera a ideia de 
tecido formado por ele, como se um sentido próprio se materializasse 
a partir do sentido figurado. Em torno da metáfora gira o trecho e ela 
lhe confere um toque de linguagem poética, situando-o para o lado da 
poesia. No entanto, é igualmente forte o elemento de referência ao real, 
que funciona como nível informativo ao modo de uma notícia: o 
empregado, que vive miseravelmente numa casa de pau a pique, 
atravessa o rio de balsa e vai para a construção da usina, onde é 
apontador – e aqui estamos perto dessas crônicas que fixam o 
quotidiano. Mas o trecho não é poema nem crônica, embora possa ser 
visto como oscilando entre ambos: é ficção, que talvez seja tão boa 
devido à presença de elementos ricos em poesia e singela realidade. 
Antonio Candido 
 
Segundo se depreende das palavras do crítico, a "singela realidade" se mostra ao leitor mediante 
Escolha uma opção: 
a. 
o poder que tem a ficção de retratar a vida no seu aspecto mais superficial. 
 
b. 
a poesia e suas imagens, que transpõem com mais fidelidade aspectos do real. 
 
c. 
a dissolução da cena cotidiana por uma sequência de metáforas. 
 
d. 
a presença do cotidiano, manifesto nos traços de crônica reconhecíveis no conto. 
 
 
Muito bem...!!! 
e. o retrato do cotidiano, na linguagem despretensiosa do homem do campo. 
 
 
 
[Provão Letras 2002, questão 26] 
I. 
Flor é a palavra 
flor, verso inscrito 
no verso, como as 
manhãs no tempo. 
João Cabral de Melo Neto 
 
II. 
Uma flor nasceu na rua! 
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. 
Uma flor ainda desbotada 
ilude a polícia, rompe o asfalto. 
Façam completo silêncio, paralisem os negócios 
garanto que uma flor nasceu. 
Carlos Drummond de Andrade 
 
Nesses dois fragmentos, as duas representações de flor indicam 
Escolha uma opção: 
a. 
a convergência entre duas atitudes poéticas cujo centro de inspiração está nas circunstâncias do 
cotidiano. 
 
b. a distinção entre uma reação sentimental e uma reação política, diante do mesmo fato. 
 
 
c. 
a distinção entre a exploração metalinguística da palavra e sua utilização como símbolo. 
 
 
Muito bem...!!! 
d. 
a convergência entre duas atitudes poéticas empenhadas na expressão da intimidade lírica. 
 
e. 
a convergência entre duas atitudes poéticas modernas que exploram o mesmo símbolo, do mesmo 
modo. 
[ENADE Letras 2008, questão 18] 
Em casa, os amigos do jantar não se metiam a dissuadi-lo. Também não 
confirmavam nada, por vergonha uns dos outros; sorriam e 
desconversavam. [...] Rubião via-os fardados; ordenava um 
reconhecimento, um ataque, e não era necessário que eles saíssem a 
obedecer; o cérebro do anfitrião cumpria tudo. Quando Rubião deixava 
o campo de batalha para tornar à mesa, estaera outra. Já sem prataria, 
quase sem porcelanas nem cristais, ainda assim aparecia aos olhos de 
Rubião regiamente esplêndida. Pobres galinhas magras eram 
graduadas em faisões, assados de má morte traziam o sabor das mais 
finas iguarias da Terra. [...] Toda a mais casa, gasta, pelo tempo e pela 
incúria, tapetes desbotados, mobílias truncadas e descompostas, 
cortinas enxovalhadas, nada tinha o seu atual aspecto, mas outro, 
lustroso e magnífico. 
Machado de Assis. Quincas Borba. São Paulo: W. M. Jackson Editores, 
1955, p. 317-319 (fragmento). 
 
A uns, a ironia no tratamento da cor local e de tudo que seja imediato 
pareceu uma desconsideração. Faltaria a Machado o amor de nossas 
coisas. Outros saudaram nele o nosso primeiro escritor com 
preocupações universais. Uma contra, outra a favor, as duas convicções 
registram a posição diminuída que acompanha a notação local no 
romance de Machado, e concluem daí para a pouca importância dela. 
Uma terceira corrente vê Machado sob o signo da dialética do local e 
do universal. Em Quincas Borba, o leitor a todo o momento encontra, 
lado a lado e bem distintos, o local e o universal. A Machado não 
interessava a sua síntese, mas a sua disparidade, a qual lhe parecia 
característica. 
Roberto Schwarz. Que horas são? São Paulo: Companhia das Letras, 
1987, p. 167-170.(com adaptações). 
 
De acordo com o texto de Roberto Schwarz, acerca da recepção crítica da obra de Machado de 
Assis, assinale a opção que interpreta corretamente o trecho de Quincas Borba, referente ao 
delírio do protagonista Rubião. 
Escolha uma opção: 
a. 
A identificação de Rubião com o imperador francês corresponde à da obra de Machado de Assis com 
os modelos literários universais, o que reafirma a recepção crítica que saudava a universalidade 
da obra do escritor. 
 
b. 
A divisão da crítica quanto à recepção da obra de Machado de Assis é um falso problema, pois, como 
se vê em Quincas Borba, o pitoresco e o exotismo românticos continuam presentes no texto 
machadiano. 
 
https://unar.info/ead/mod/quiz/view.php?id=1381383
c. 
A ironia machadiana presente na obra Quincas Borba, evidenciada na imagem de as “galinhas magras” 
se transformarem em “faisões”, confirma as opiniões críticas que concebem a obra de Machado 
como negação do aspecto nacional e valorização do universal. 
 
d. Rubião, incapaz de enxergar a realidade como ela de fato era, confirma, com seu delírio, a 
tendência crítica que vê, na obra de Machado de Assis, uma atitude de desconsideração para 
com a realidade nacional. 
 
 
e. 
O aspecto “lustroso e magnífico” que Rubião dava às “cortinas enxovalhadas” acentua a disparidade 
crítica da obra machadiana, que, pela tensão entre local e universal, descortina a vida nacional. 
 
 
Muito bem...!!! 
 
 
Provão Letras 2001, questão 25] 
Ivo viu a uva; eu vi a viúva. Ia passando, na praia, vi a viúva; a viúva na 
praia me fascina. Deitei-me na areia, fiquei a contemplar a viúva. 
O fragmento acima é o início de uma crônica de Rubem Braga, do livro Ai de ti, 
Copacabana! intitulada "Viúva na praia". A frase "Ivo viu a uva" pertence originalmente a uma 
lição de antiga cartilha, pela qual muitos brasileiros se alfabetizaram. Nesse fragmento, o cronista 
I. vale-se ao mesmo tempo de uma paródia e de um jogo de palavras, provocando com isso 
um efeito de humor já no início de seu relato. 
II. retoma em "eu vi a viúva" a estrutura sintática e os aspectos fônicos da frase da cartilha de 
modo a associar "uva" a "viúva", numa relação discretamente maliciosa. 
III. deixa-se atrair pela graça própria dos trocadilhos, o que constitui uma característica de 
suas crônicas, nas quais é essencial esse tipo de jogo com as palavras. 
Está correto apenas o que se afirma em 
Escolha uma opção: 
a. 
II 
 
b. I e III 
 
 
c. I e II 
 
 
Muito bem...!!! 
d. 
II e III 
 
e. 
I 
 
 
 
[Provão Letras 2001, questão 31] 
Quem abre Menino de engenho nota desde logo uma linguagem 
tacteante, que procura localizar e cercar as imagens imprecisas da 
infância. Nota que, à maneira do que sucede nas primeiras etapas da 
vida, não há separação nítida entre sujeito e objeto, e que a realidade 
literária não é o menino nem o engenho, mas menino e engenho, 
unidos, indiscerníveis. [...] 
Por isso, a expansão do menino no engenho sugere uma expansão táctil 
do Eu sobre o mundo; uma personalidade que se constrói na medida 
em que, encontrando a resistência das coisas, apreende-as, engloba-as 
e ao mesmo tempo nelas se engasta. Este movimento de preensão 
explica o tacteio do estilo, que também procede por toques, registros 
curtos, dando ao romance um caráter envolvente, primitivo e saboroso, 
na sua seiva irregular. 
(Antonio Candido, Brigada ligeira e outros escritos.) 
 
Essas observações críticas expressam a convicção de que, nesse romance de José Lins do Rego, 
são indissociáveis 
Escolha uma opção: 
a. 
a dispersão da memória autobiográfica e o artifício de resgatá-la na coesão do discurso dissertativo. 
 
b. 
o primitivismo dos primeiros modernistas e o experimentalismo radical na forma do romance. 
 
c. 
as hesitações da idade infantil e as inseguranças que geram na vida adulta do protagonista. 
 
d. a tese social visada pelo autor e o tipo de discurso em que se engaja o narrador. 
 
 
e. 
um certo modo de percepção do mundo e um estilo que corresponde a esse modo de percepção. 
 
 
Muito bem...!!! 
 
 
[ENADE Letras 2008, questão 34] 
Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as pratas, suspirou, 
mordeu os beiços. Nem lhe restava o direito de protestar. Baixava a 
crista. Se não baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, 
os filhos pequenos e os cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para onde 
levar a mulher e os meninos? Tinha nada! 
[...] Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. 
Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que 
era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os 
agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava 
acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não 
havia paciência que suportasse tanta coisa. 
Graciliano Ramos. Vidas secas. 106. ed. São Paulo: Record, 1985, p.96-
97. 
 
A leitura do trecho acima do capítulo “Contas”, do romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, 
indica que, nessa obra, a relação entre o texto e o contexto de sua produção está concentrada 
Escolha uma opção: 
a. 
na atitude engajada do protagonista Fabiano, que se recusa a ser explorado pelo patrão. 
 
b. na abordagem regionalista e pitoresca do fenômeno ambiental da seca no Nordeste. 
 
 
c. 
na representação da riqueza interior de vidas econômica e culturalmente pobres. 
 
 
Muito bem...!!! 
d. no realismo descritivo, que apresenta pormenores da beleza da paisagem nordestina. 
 
 
e. 
no caráter ufanista da obra, que exalta a força da cultura popular nordestina. 
 
 
[ENADE Letras 2005, questão 19] 
"Pobre Alencar! O naturalismo; (...) essas rudes análises, apoderando-se da Igreja, da Realeza, da 
Burocracia, da Finança, de todas as coisas santas, dissecando-as brutalmente e mostrando-lhes a 
lesão, (...) apanhando em flagrante (...) a palpitação mesma da vida; tudo isso (...), caindo assim de 
chofre e escangalhando a catedral romântica, sob a qual tantos anos ele tivera altar e celebrara 
missa, tinha desnorteado o pobre Alencar (...). O naturalismo, com as suas aluviões de 
obscenidade, ameaçava corromper o pudor social? Pois bem. Ele, Alencar, seria o paladino da 
Moral (...); então o romancista de Elvira que, em novela e drama, fizera a propaganda do amor 
ilegítimo, representando os deveres conjugais como montanhas de tédio, dando a todos os 
maridos formas gordurosas e bestiais, e a todos os amantes a beleza, o esplendor e o gênio dos 
antigos Apolos; então Tomás Alencar, que (...) passava ele próprio uma existência medonhade 
adultérios, lubricidade, orgias (...) – de ora em diante austero, incorruptível, (...) passou a vigiar 
atentamente o jornal, o livro, o teatro." 
No trecho acima, quem relata é o narrador em terceira pessoa que se aproveita, dentre outros 
recursos, do discurso indireto livre. Considerado o contexto cultural em que a obra foi produzida, 
é correto afirmar que, nesse relato, o uso da ironia 
 
Escolha uma opção: 
a. 
criou referências (tédio no casamento, maridos como figuras bestiais, amantes apolíneos) que 
aproximam Tomás Alencar do autor de Madame Bovary, o que justifica sua aversão ao 
Realismo/Naturalismo. 
 
b. 
permitiu que o narrador, aderindo aos sentimentos de Tomás Alencar, criticasse a estética 
realista/naturalista, traduzindo a visão de Eça de Queirós. 
 
c. 
propiciou que fossem citadas, pela voz da personagem, as razões do juízo desfavorável de Eça de 
Queirós acerca das propostas da geração das Conferências do Cassino Lisbonense. 
 
d. 
criou um discurso de natureza metalinguística: o tema é a arte de Tomás Alencar, que, embora 
romântico, procura compor segundo o estilo das obras de Zola. 
 
e. 
https://unar.info/ead/mod/quiz/view.php?id=1381384
produziu uma inversão: o narrador, caracterizando o Realismo/Naturalismo sob a perspectiva de 
Tomás Alencar, deixa transparecer as convicções do realista Eça de Queirós sobre o Romantismo. 
 
 
Muito bem...!!! 
 
 
[Provão Letras 2001, questão 30] 
Em seu ensaio "A personagem do romance", Antonio Candido afirma: 
Na vida, estabelecemos uma interpretação de cada pessoa, a fim de 
podermos conferir certa unidade à sua diversificação essencial, à 
sucessão dos seus modos-de-ser. No romance, o escritor estabelece 
algo mais coeso, menos variável, que é a lógica da personagem. A nossa 
interpretação dos seres vivos é mais fluida, variando de acordo com o 
tempo ou as condições da conduta. No romance, podemos variar 
relativamente a nossa interpretação da personagem; mas o escritor lhe 
deu, desde logo, uma linha de coerência fixada para sempre, 
delimitando a curva da sua existência e a natureza do seu modo-de-ser. 
 
De acordo com essas reflexões, é correto deduzir que 
Escolha uma opção: 
a. 
o modo de composição de qualquer personagem (Macabéa, por exemplo) implica seleção de traços 
e fixação de comportamentos. 
Muito bem...!!! 
b. 
uma personagem que possibilita diferentes interpretações (Capitu, por exemplo) é menos coesa do 
que uma personagem apresentada como um tipo 
definido. 
 
c. 
as personagens de um texto dramatúrgico, concebidas para a encenação, são por isso menos coesas 
que as de um romance. 
 
d. 
a condição de retirante da personagem Fabiano aparece menos determinada nele do que em qualquer 
retirante da vida real. 
 
e. 
uma personagem de Jorge Amado pode ser interpretada do mesmo modo como se interpreta 
uma pessoa, já que ele se concentra na observação direta da realidade. 
 
 
 
[Provão Letras 2001, questão 27] 
"Nos romances todas as crises se explicam, menos a crise da falta de dinheiro. Entendem os 
novelistas que a matéria é baixa e plebeia. [...]. 
Balzac fala muito em dinheiro, mas dinheiro a milhões. Não conheço, nos cinquenta livros que tenho 
dele, um galã no entreato da sua tragédia a cismar no modo de arranjar uma quantia com que pague 
ao alfaiate, ou se desembarace das redes que um usurário lhe lança [...]. Disto é que os mestres em 
romance se escapam sempre. Bem sabem eles que o interesse do leitor se gela a passo igual que o 
herói se encolhe nas proporções destes heroizinhos de botequim, de quem o leitor dinheiroso foge 
por instinto, e o outro foge também, porque não tem que fazer com ele. [...]. Não é bonito deixar a 
gente vulgarizar-se o seu herói a ponto de pensar na falta de dinheiro [...]." 
 
A fala do narrador de Amor de perdição, acima transcrita, 
Escolha uma opção: 
a. 
confirma a ideia de que grandes romancistas concebem seus heróis como seres incapazes de analisar 
questões econômicas. 
 
b. 
assinala que a coerência da obra literária depende do conhecimento que o escritor tem da produção 
de autores de várias nacionalidades. 
 
c. 
sublinha que a verossimilhança da obra literária resulta da reprodução fiel da realidade do mundo. 
 
d. 
constitui reflexão acerca do processo de construção do tipo de narrativa em que a recepção do público 
é determinante na seleção da matéria narrada. 
 
 
Muito bem...!!! 
e. 
corresponde a considerações acerca da composição de romances que pretendem denunciar 
mazelas sociais, como o poder do dinheiro. 
 
 
 
Para responder à questão, considere a seguinte citação, retirada do livro Baú de ossos, do escritor 
memorialista Pedro Nava: 
Todos aplaudiam chorando e levantava-se na casa festiva um tal clamor 
de entusiasmo que acordava o Andaraí e despertava dentro do tílburi o 
Conselheiro Aires voltando da casa da Mana Rita. 
 
Na passagem transcrita acima, foram empregados os seguintes recursos estilísticos: inserção do 
ficcional na sequência de fatos reais, hipérbole e ausência de pontuação. Indique a alternativa que 
apresenta o efeito gerado pela combinação desses procedimentos narrativos e poéticos. 
Escolha uma opção: 
a. Validade documental do registro. 
 
 
b. Oclusão do sujeito na contemplação narcísica. 
 
 
c. 
Eliminação da fantasia em favor da objetividade analítica. 
 
d. 
Revitalização do lugar-comum. 
 
e. Atribuição de cunho mágico à realidade. 
 
 
Muito bem...!!! 
 
 
Tomando como abordagem teórica a noção de sistema literário, assinale a alternativa 
correta. 
Escolha uma opção: 
a. 
Toda leitura é individual, pois não depende das expectativas do grupo social a que o leitor 
pertence. 
 
b. 
A atuação do artista revela independência absoluta em relação às expectativas sociais. 
 
c. 
Autor, obra e público são fatores correlacionados, que agem uns sobre os outros em 
função de condições socioculturais e materiais. 
 
 
Muito bem...!!! 
d. A sociedade não atribui função ao artista, relegando-o à marginalidade. 
 
 
e. 
A atividade do artista desfaz a divisão dos grupos de receptores da obra, tornando o 
público homogêneo.

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