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FACULDADE DE SAÚDE IBITURUNA – FASI FACULDADES INTEGRADAS DO NORTE DE MINAS - FUNORTE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM IMUNOLOGIA CLÍNICA Professora: Daniella Antunes da Cruz Damianni IMUNOLOGIA CLÍNICA 1.0. Conceito: tem o papel de investigar e orientar o clínico no diagnóstico das patogenicidades através de resultados de exames laboratoriais. Imunologia Clínica = Sorologia Técnicas para detecção e quantificação de anticorpos e antígenos ou outras substâncias que desempenhem o papel de antígenos no ensaio. 2.0. Vantagens dos Métodos Sorológicos: • Rapidez, • Simplicidade de execução, • Possibilidade de automação, • Baixo custo operacional. 3.0. Utilização da Imunologia na Pesquisa de Anticorpos: • Confirmar diagnóstico de patologias com sintomas clínicos que possam ser confundíveis: Sífilis secundária e dermatoviroses ou processos alérgicos / Hepatite B e Hepatite C. • Diferenciar as fases das doenças: Toxoplasmose, sífilis, rubéola…. • Diagnosticar doenças congenitas: IgM anti-T. pallidum no cordão umbilical. • Selecionar de doadores e receptores de orgãos para transplantes: Tipagem dos antígenos HLA expressos por diferentes indivíduos . • Avaliar o prognóstico da doença: Anticorpos como marcadores imunológicos. Hepatite B – Hbe – Ag / anti - HBe. • Avaliar a eficácia e a suspensão da terapêutica: Queda gradual de anticorpos na circulação sanguínea. • Selecionar de doadores e receptores de orgãos para transplantes: Tipagem dos antígenos HLA expressos por diferentes indivíduos . • Avaliar o prognóstico da doença: Anticorpos como marcadores imunológicos. Hepatite B – Hbe – Ag / anti - HBe. • Avaliar a eficácia e a suspensão da terapêutica: Queda gradual de anticorpos na circulação sanguínea. • Avaliar imunidade adquirida ou induzida: Anticorpos IgG anticomponentes antigênicos de microrganismos podem ser utilizados como marcadores da imunidade específica do indivíduo. • Verificar o agravamento da patologia: presença de auto-anticorpos durante a evolução de um processo patológico: esquistossomose, malária, hepatite B… • Selecionar doadores de sangue: Prevenção de doença transfusional (Aids, hepatite, sífilis…). 4.0. Utilização da Imunologia na Pesquisa se Anticorpos em Inquéritos Epidemiológicos • Estabelecer a prevalência da patologia: Pesquisa de anticorpos IgG em amostras de sangue coletadas com rigor epidemiológico. • Verificar a erradicação da patologia: Ausência de anticorpos contra um patógeno em crianças nascidas no local e expostas às condições ambientais. • Verificar a reintrodução de novos casos: Presença de IgM ou aumento de título IgG. • Estabelecer a prevalência da patologia: Pesquisa de anticorpos IgG em amostras de sangue coletadas com rigor epidemiológico. • Verificar a erradicação da patologia: Ausência de anticorpos contra um patógeno em crianças nascidas no local e expostas às condições ambientais. • Verificar a reintrodução de novos casos: Presença de IgM ou aumento de título IgG. 5.0. Utilização da Imunologia na Pesquisa de Antígenos • Critério de cura: ausência do patógeno no hospedeiro. • Definir a etiologia da doença: encontro do patógeno. • Selecionar doadores de sangue: antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg). • Inquéritos epidemiológicos: aplicação restrita. 6.0. Avaliação de testes diagnósticos: 6.1. Sensibilidade: Probabilidade de um teste ser positivo, dado que existe a doença. 6.2. Especificidade: Probabilidade de um teste ser negativo, dado que não existe a doença. 6.3. Eficiência: Relação do somatório dos resultados verdadeiros positivos e verdadeiros negativos com a população estudada 7.0. Validação Precisão • Grau de concordância entre repetidas medidas da mesma propriedade. Orienta quanto à probabilidade da dispersão em laboratórios usuários do método estudado. • Repetibilidade(r) Diferença máxima permitida entre medidas obtidas no mesmo dia. • Reprodutibilidade(R) Diferença máxima permitida entre medidas obtidas em dias diferentes Exatidão • Grau de concordância entre o valor médio obtido de uma série de resultados de testes e um valor de referência aceito. Precisão e Exatidão Precisão e Exatidão Preciso e não Exato Exato e não Preciso Não Preciso e não Exato Preciso e Exato Precisão e Exatidão Preciso e não Exato Exato e não Preciso Não Preciso e não Exato Preciso e Exato SORO E PLASMA Várias dosagens bioquímicas e imunológicas podem ser realizadas no soro (obtido a partir de sangue sem anticoagulantes) ou no plasma (obtido de sangue com anticoagulantes). A única diferença analítica entre soro e plasma é que o primeiro não contém fibrinogênio, o qual foi utilizado para a formação do coágulo (fibrina). Estas amostras podem ser refrigeradas por até 3 dias ou congeladas por vários meses até a sua análise, sem que haja prejuízo no resultado dos testes. No caso de utilização do soro, é necessário aguardar um período de 30 a 180 minutos para a formação do coágulo e a completa obtenção do soro. ANTICOAGULANTES UTILIZADOS: TÉCNICAS Para as análises bioquímicas do sangue, quando se trata de análise de soro, são utilizados tubos de ensaio de 5mL ou 10mL sem anticoagulante. Para obtenção de plasma, os tubos de ensaio de 5mL ou 10 mL já devem conter o anticoagulante. Antes da centrifugação, as amostras de sangue devem ser contrabalançadas com tubos preenchidos com água para depois serem centrifugadas por 05 minutos de 3000 a 4000 rpm. O soro ou plasma das amostras é separado com a ajuda de uma pipeta e colocado em microtubo tipo eppendorf identificado. DILUIÇÕES Os métodos de laboratório nos quais uma quantidade de uma substância é adicionada a outra para reduzir a concentração de uma das substâncias são conhecidos como diluições. IMPORTANTE: Uma diluição é uma expressão de concentração, não de volume. Expressa de outra forma, uma diluição indica a quantidade relativa de substâncias em uma solução. Quando a palavra diluição é usada, ela deve significar o número de partes que foram diluídas em um número total de partes. Em outras palavras, uma diluição deve significar o volume de concentrado no volume total da solução final. O menor número corresponde ao número de partes da substância que está sendo diluída; o maior número refere-se ao número total de partes da solução final. Considere as seguintes frases: • Faça uma diluição 1 para 10 de soro em salina. • Faça uma diluição 1 em 10 de soro em salina. • Faça uma diluição 1 para 10 de soro com salina. • Faça uma diluição 1/10 de soro com salina. • Faça uma diluição 1:10 de soro usando salina. • Faça uma diluição de 1 parte de soro e 9 partes de salina. • Faça uma diluição de 1 parte de soro para 9 partes de salina. Qual é a diferença entre essas frases? Nenhuma! Todas significam exatamente a mesma coisa. ENTÃO: Diluir é acrescentar solvente a uma solução mantendo-se inalteradas as quantidades de soluto existentes. D= V soluto V soluto + V solvente 1 parte de soro + 9 partes de salina 10 partes de solução final TÍTULO é a concentração de uma solução determinada por titulação. É a menor quantidade ou concentração que produzia um efeito particular ou produto. O título é a recíproca da diluição. Então, em uma reação de pesquisa de anticorpos positiva na diluição ½ e ¼ e negativana diluição 1/8 e 1/16, o título é 4. Ex: Dilua 2 mL de soro com 28 mL de salina. Deve-se somar 28 mL de salina em 2 mL de soro. Então, o volume total da solução final é 30 mL. 2 mL de soro + 28 mL de salina 30 mL de solução final A diluição desta solução seria 2 em 30. No entanto, diluições são geralmente propostas como 1 para algum número. Para converter uma diluição 2:30 em uma diluição de 1 em algo, é só montar um problema de razão-proporção: 2 está para 30 assim como 1 está para X. 2/30 = 1/X 2X=30 X=15 - a diluição soro em salina é 2:30 ou 1:15 Para diluições seriadas, ao se calcular a concentração, é necessário multiplicar a concentração original pela 1ª diluição, a seguir pela segunda diluição, esta pela terceira diluição e assim por diante, até que a diluição final seja conhecida. Ex: Uma solução de NaOH 2 M é diluída 1/5 e 1/10. Determine a concentração de cada uma das 3 soluções. • solução 1 de NaOH: 2M • solução 1/5 de NaOH: 2M x 1/5 = 0,4M • solução 1/10 de NaOH: 2M x 1/5 x 1/10 = 0,04M ENTÃO: Para que diluir em reações imunológicas? • Para diminuir a concentração de anticorpos inespecíficos. • Para determinar uma concentração de anticorpos em testes semi-quantitativos – título. Antígeno versus Anticorpo O diagnóstico Imunológico Uma variedade de técnicas permite a medida qualitativa e quantitativa do Ag ou Ac. Anticorpos são usados na investigação celular e molecular pois permitem a localização e caracterização dos antigénios Efeitos da combinação Ag-Ac • Aglutinação: particula antigénica+Ac específico resulta na agregação de partículas • Precipitação: Ag solúvel + Ac resulta em precipitação Anticorpos: • Monoclonais- reagem apenas com um epítopo específico de um Ag • Policlonais- ligam-se a vários epítopos de um antigénio Reação de precipitação Reação de Aglutinação Proteína C reativa • é um tipo de proteína produzida pelo fígado e que esta presente somente durante os episódios de inflamação aguda e infecciosos, • ainda apresenta aspecto muito importante com relação a sua interação com o sistema complementar, que é um dos mecanismos de defesa do organismo contra elementos estranhos. Antiestreptolisina – O (AEO, ASO, ASLO) e Fator Reumatóide (FR) O exame consiste basicamente em partículas de látex que são revestidas com estreptolisina O, estáveis e puras que desenvolvem uma aglutinação visível quando são misturadas com um soro (parte líquida do sangue depois de sofrer centrifugação) contendo níveis elevados de anticorpos antiestreptolisina. Estes anticorpos antiestreptolisina identificados no exame são provenientes de infecções por estreptococos beta hemolíticos, anticorpo que o nosso organismo produz para combater o estreptococo no momento ou depois de uma infecção de garganta, o ASLO apresenta-se positivo em 85% dos casos de faringites e 50% dos casos de GNDA – Glomerulonefrite Difusa Aguda. Na febre reumática 80% dos casos causam alteração neste exame. É importante destacar que resultados falso positivo podem ocorrer em pacientes com tuberculose e hepatites, doenças frequentes em nosso meio. Vale lembrar também que o exame laboratorial ASLO isoladamente não diagnostica reumatismo representa apenas uma resposta a uma prévia infecção estreptocócica, outros exames podem ser pesquisados, PCR, látex FR, VHS, mas oferece bons indícios para que o médico possa fechar o diagnóstico. REAÇÃO DE AGLUTINAÇÃO ATIVA DIRETA DETERMINAÇÃO DOS GRUPOS SANGÜÍNEOS ABO INTRODUÇÃO Foi no início do século XX que a transfusão de sangue, adquiriu bases mais científicas. Em 1900 foram descritos os grupos sanguíneos A, B e O por Landsteiner e em 1902 o grupo AB por De Costello e Starli. A descrição do sistema Rh foi posterior (1940), por Landsteiner e Wiener. Os grupos sanguíneos de maneira geral são constituídos por antígenos que são a expressão de genes herdados da geração anterior. Quando um antígeno está presente, isto significa que o indivíduo herdou o gene de um ou de ambos os pais, e que este gene poderá ser transmitido para a próxima geração. SISTEMA ABO Há vários grupos sangüíneos herdados independentemente entre si sendo que são conhecidos diversos sistemas de grupo sangüíneos. Entre eles podemos citar os sistemas ABO, Rh, MNS, Kell, Lewis, etc. O sistema ABO é o de maior importância na prática transfusional e no ensino da imunologia por ser o mais imunogênico, ou seja, por ter maior capacidade de provocar a produção de anticorpos, seguido pelo sistema Rh. Os antígenos deste sistema estão presentes na maioria dos tecidos do organismo. Fazem parte deste sistema três genes A, B e O podendo qualquer um dos três ocupar o loco ABO em cada elemento do par de cromossomos responsáveis por este sistema. Os genes ABO não codificam diretamente seus antígenos específicos, mas sim enzimas carreadoras que tem a função de transportar açúcares específicos, para uma substância precursora na superfície dos eritrócitos resultando nos antígenos ABO. O indivíduo do grupo AB é possuidor de um gene A e de um gene B, sendo que um foi herdado da mãe e o outro do pai. Ele possui nos seus glóbulos vermelhos os antígenos A e B e seu genótipo é AB. No caso do grupo O, foi herdado do pai e da mãe o mesmo gene O. As células de grupo O são reconhecidas pela ausência de antígeno A ou B. Quando o gene O é herdado ao lado de A, apenas o gene A se manifesta; e se é herdado ao lado do gene B apenas o gene B se manifesta. Ao realizarmos os testes rotineiros em laboratório, não podemos diferenciar os indivíduos BO e BB, e nem AO e AA. Os símbolos A e B, quando nos referimos a grupos sanguíneos, indicam fenótipos, enquanto que AA, BO etc. são genótipos (ver quadro abaixo). FENÓTIPO GENÓTIPO A AO A AA O OO B BO B BB AB AB É dito homozigoto o indivíduo possuidor de genes iguais (AA, BB, OO), e heterozigoto quando os genes são diferentes (AO, BO, AB). Regularmente as pessoas expostas a um antígeno que não possuem, podem responder com a produção de um anticorpo específico para este antígeno. Entretanto, há alguns antígenos que possuem uma estrutura que se assemelha muito com antígenos de bactérias e plantas, aos quais estamos constantemente expostos. Nestes casos, ocorre a produção de anticorpos a partir do contato com as bactérias e plantas, e não ao antígeno eritrocitário. Neste grupo encontramos os antígenos do sistema ABO. Por este processo, os indivíduos com idade superior a seis meses, possuem o anticorpo contra o antígeno que não tem na superfície de seus eritrócitos, pois já foram expostos a essas bactérias e plantas, através da alimentação. Estes anticorpos são chamados de isoaglutininas ou aglutininas naturais e são da classe IgM. A CLASSIFICAÇÃO SANGÜÍNEA ABO A determinação do grupo sangüíneo deste sistema é feita usando dois tipos de teste. 1o – Através daidentificação da presença de antígenos nos eritrócitos, usando como reativos anticorpos purificados (anti-A, anti-BB). Esta é a chamada classificação ou tipagem direta e será utilizada na aula prática. 2o – Através da identificação da presença de anticorpos no soro/plasma usando como reativos antígenos conhecidos (hemácias A e hemácias B). Esta é a classificação ou tipagem reversa (ver quadro abaixo). Observando o quadro acima podemos perceber a presença dos antígenos e anticorpos em cada grupo sanguíneo. É nesta presença ou ausência de antígenos e anticorpos que se baseia a tipagem sanguínea e a escolha do sangue a ser transfundido. As transfusões podem ser: Isogrupo – quando doador e receptor são do mesmo grupo ABO Heterogrupo – doador e receptor são de grupo sanguíneo diferente. GRUPO SANGUÍNEO SORO DE TIPAGEM Anti-A Anti-B HEMÁCIAS DE TIPAGEM A B ANTÍGENO ANTICORPO A + - - + A Anti-B B - + + - B Anti-A AB + + - - A e B Ausente O - - + + - Anti-A e anti-B A escolha do sangue se baseia no fato que o indivíduo não pode ser transfundido com um sangue que possua um antígeno que ele não tem, pois o anticorpo presente no seu plasma, contra esse antígeno, iria reagir com essas hemácias transfundidas. Em vista disso e observando o quadro acima, fica claro que um indivíduo do grupo A não pode receber sangue B e assim por diante. Nas transfusões sangüíneas, em relação ao sistema ABO, é preciso considerar, inicialmente, que a taxa de aglutinogênios nas hemácias é significativamente maior que a taxa de aglutininas no plasma. Dessa maneira, são inviáveis as transfusões em que o sangue doado contém aglutinogênios que “encontrarão” no receptor as aglutininas contrastantes. Isso significa que, se o sangue doado apresenta aglutinogênios A, o sangue do receptor não pode conter aglutininas anti-A; e que, se o sangue doado contém aglutinogênios B, o receptor não pode apresentar aglutininas anti- B. Assim, exemplificando, um indivíduo do grupo B não pode doar sangue para outro do grupo O, uma vez que as aglutininas anti-B do receptor reagiriam com os aglutinogênios B do doador, à semelhança de uma reação antígeno- anticorpo. Dessa reação, na qual os aglutinogênios B atuariam como antígeno (“estranho” ao receptor do grupo O) e as aglutininas anti-B como anticorpos, resulta a aglutinação do sangue doado, fato que pode provocar a obstrução de vasos sangüíneos, com conseqüências que podem levar o receptor à morte. No entanto, um indivíduo do grupo O pode doar sangue para outro do grupo B. Isso porque o volume de sangue doado não contém aglutininas em taxa suficientemente grande para provocar a aglutinação das hemácias do receptor. Observe então, que as hemácias que se aglutinam são aquelas presentes no sangue doado e, para tanto, devem conter aglutinogênios (antígenos) “estranhos”, isto é, que não existem no sangue do receptor. No entanto, sempre que possível, deve se transfundir sangue isogrupo, pois se, por exemplo, transfundimos um sangue do grupo O a um paciente do grupo A, junto com as hemácias transfundidas temos uma quantidade de plasma onde há anticorpo anti-A, que poderá reagir com as hemácias deste paciente causando um certo grau de hemólise maior ou menor, mas que poderá ter um significado dependendo do quadro clínico do paciente. Cada caso deve ser particularmente analisado pelo hemoterapeuta . Este sistema ABO, também pode ocasionar incompatibilidade materno-fetal, com desenvolvimento da doença hemolítica peri-natal. Apresenta também importância em transplantes renais ou cardíaco, com menor papel nos hepáticos ou de medula óssea. Em alguns processos pode ocorrer a perda parcial do antígeno A ou B, como em algumas leucemias. TIPO SANGÜÍNEO AGLUTINOGÊNIOS NAS HEMÁCIAS AGLUTININAS NO PLASMA A A anti-B B B anti-A AB A e B - O - anti-A e anti-B DETERMINAÇÃO DO GRUPO SANGUÍNEO Rh POR AGLUTINAÇÃO SIMPLES O fator Rh é constituído de aproximadamente 40 antígenos e esta família gênica ainda não é totalmente compreendida. Sabe-se que cada pessoa herda um gene ou um complexo gênico Rh de cada um dos pais. No sistema descrito por Fisher e Race os pares alélicos produzem 5 antígenos (“D”,”C”,”c”,”E” e “e”). Estes antígenos são lipoproteínas e estão dispersamente distribuídas na superfície das hemácias. Quando dizemos que um indivíduo é Rh Positivo, quer dizer que o antígeno D está presente na superfície de suas hemácias. Isto porque o antígeno D foi o primeiro a ser descoberto nesse sistema, e inicialmente foi considerado como único. Após os antígenos A e B (do sistema ABO), o antígeno D é o mais importante na prática transfusional. Em algumas situações podemos ter uma expressão fraca do antígeno D. Isso pode ocorrer por: • Variações quantitativas que são transmitidas geneticamente. • Efeito de posição, sendo o mais conhecido o enfraquecimento do antígeno D quando o gen C está na posição trans em relação ao D. • Expressão gênica parcial por ausência de um dos múltiplos componentes do antígeno D. Estes casos são chamados na prática de Rh “fraco”, e se refere ao que era conhecido anteriormente como Du. O antígeno “Du” é particularmente importante na tipagem de sangue de populações de negros, nas quais é mais freqüente e pode levar a falsos resultados Rh negativos, e levar a aloimunizações tanto por transfusões quanto por gestação incompatível. Ao contrário do que ocorre com os antígenos A e B, as pessoas cujos eritrócitos carecem do antígeno D, não tem regularmente o anticorpo correspondente. A produção de anti-D quase sempre é posterior a exposição por transfusão ou gravidez a eritrócitos que possuem o antígeno D. Uma alta proporção de pessoas D-negativas que recebem sangue D-positivo produzem anti-D. Se encontrarmos anticorpos deste sistema, podemos concluir que ocorreu uma imunização através de uma transfusão ou de uma gravidez. Qualquer antígeno deste sistema é capaz de provocar a produção de anticorpos, e assim a gerar situações de incompatibilidade. Aloimunizações contra antígenos E, c, e, C são também observadas em pacientes politransfundidos, mas com uma freqüência inferior. A maioria dos casos de Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN) é devida ao anti-D. A profilaxia por imunoglobulinas anti-D diminuíu o número de aloimunizações maternas contra o antígeno D, mas não contra E, c, e, C Na rotina, é realizada a tipagem, apenas, para o antígeno D nesse sistema. Os outros antígenos (E, C, c, e), são determinados apenas em situações onde ocorre incompatibilidade. A produção de anticorpos contra estes antígenos ocorre de forma semelhante à produção de anti-D. A capacidade de provocar a produção de anticorpos destes antígenos varia. Partindo do mais imunogênico, temos D > c > E > C > e. TRANSFUSÃO Para efeito de transfusão, é considerado que pacientes Rh positivos podem receber sangue Rh positivo ou negativo, e que pacientes Rh negativos podem receber somente sangue Rh negativo. Para os pacientes D “fraco”, existem alguns critérios a serem observados. Se o antígeno D está enfraquecido por interação gênica, estando o mesmo presente integralmente, o paciente poderá receber sangue Rh positivo ou negativo. Porém nos casos em que o antígeno D está enfraquecido por ausência de um dos componentes, pode ocorrer produção de anticorpos contra o antígeno D na sua forma completa. Como rotineiramente, não se identifica a causa que leva a expressão enfraquecida do antígeno, costuma-se dar preferência a usar sangue Rh negativo para os pacientes Rh “fraco”. Existem situações clínicas onde é necessário avaliar o risco X benefício, e fazer outras opções. Neste momento é necessário o acompanhamento do hemoterapeuta. REAÇÃO DE AGLUTINAÇÃOA medida direta da ligação de um anticorpo ao antígeno específico é utilizada na maioria dos ensaios sorológicos. Alguns importantes ensaios estão baseados na capacidade do anticorpo se ligar ao antígeno e esta ligação levar a uma alteração do estado físico do antígeno. Estas interações secundárias podem assim ser detectadas de diversas maneiras. Por exemplo: quando o antígeno está presente numa superfície de uma partícula grande como, por exemplo, uma bactéria, ou um eritrócito, os anticorpos, uma vez ligados, levam estas partículas a se agruparem num fenômeno conhecido por aglutinação. O mesmo princípio aplica-se às reações utilizadas para determinação dos grupos sanguíneos, onde os antígenos encontram-se na superfície das hemácias e esta reação de aglutinação causada pela ligação do anticorpo é denominada hemaglutinação (do grego ,haima, sangue). Este procedimento é utilizado para determinar o grupo sanguíneo ABO e também pode ser utilizado para o grupo Rh, mas deve-se levar em consideração que somente 75% dos indivíduos Rh positivos (D positivos) podem ser tipados desta forma, já que existem os D “fracos” que necessitam ser testados pela forma de aglutinação indireta (Coombs indireto). Para a tipagem utiliza-se anticorpos (aglutininas) anti-A ou anti-B e anti-D que se ligarão nos determinantes antigênicos A, B e D respectivamente presentes nas hemácias (aglutinogênios). Estes aglutinogênios estão presentes num grande número de cópias na superfície das hemácias levando as células a se ligarem cruzadamente entre si quando da ligação do anticorpo específico. Estas ligações cruzadas ocorrem pela interação das células pela ligação simultânea de uma mesma molécula de anticorpo em células diferentes, já que cada molécula de Ig possui pelo menos dois sítios de ligação ao antígeno. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1.Harmening,D. Técnicas Moderna em Banco de Sangue e Transfusão. Rio de Janeiro, Editora Revinter Ltda, 1992 2.Melo,L e col. Imunohematologia Eritrocitária - STD - Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, 1996 3.Novaretti,M.C.Z. Sistema de Grupo Sanguíneo ABO . Hematologia Hemoterapia . 1: 36-16, 1996 4. Novaretti,M.C.Z. Sistema de Grupo Sanguíneo Rh . Hematologia Hemoterapia . 1: 10-16, 1996. 5.Oliveira,M.C. ; Góes,S.M , Imunologia Eritrocitária - Práticas, Rio de Janeiro, MEDSI , 1998. 6. Ortho Diagnostics, Antígenos e anticorpos aplicados aos sistemas ABO e Rh, 3a edição, 1978. 7.Verrastro,T. e col. Hematologia e Hemoterapia . Fundamentos de Morfologia, Fisiologia, Patologia e Clinica. Editora Atheneu, 1996. 8. Janeway, C.A. e cols Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença, Editora ARTMED, 2002. TESTE DE COOMBS DIRETO E INDIRETO DOENÇA HEMOLÍTICA DO RECÉM-NASCIDO Anticorpos maternos da classe IgG podem atravessar a placenta e lesar as hemácias fetais. A doença hemolítica do recém nascido é observada com mais freqüência quando existe incompatibilidade materno-fetal quanto ao antígeno D. Assim, mulheres Rh negativas, cujos filhos são Rh positivos, podem ser imunizadas pelas células fetais, por ocasião do parto. Geralmente este primeiro filho não sofrerá ação dos anticorpos maternos, mas um segundo filho poderá ser prejudicado. Os anticorpos maternos, entrando na circulação fetal através da placenta, fixam-se às hemácias e causam destruição destas células. Para compensar a anemia resultante, a medula fetal responde excessivamente, assim como outros órgãos hematopoiéticos. Como conseqüência evidencia-se eritroblastose, anemia e hepato-esplenomegalia. TESTE DE COOMBS As imunoglobulinas, como outras proteínas, podem ser imunogênicas quando utilizadas para imunizar indivíduos de outras espécies. A maioria das anti-imunoglobulinas geradas desta maneira reconhecem as regiões conservadas de todos anticorpos de mesma classe. Os anticorpos anti-imunoglobulinas foram inicialmente desenvolvidos por Robin Coombs para estudar a anemia hemolítica do recém nascido e o teste para esta doença é denominado de Teste de Coombs. Teste de Coombs direto: Neste teste anticorpos maternos que atravessaram a placenta podem ser detectados ligados nas hemácias Rh positivas do bebê. Para isso as hemácias do bebê são coletadas, lavadas para remoção de anticorpos não ligados, e simplesmente incubadas com anti-imunoglobulina humana. O teste é denominado de Coombs Direto pois a aglutinação presente vai indicar a presença dos anticorpos anti-Rh ligados nas hemácias do bebê. PROCEDIMENTO: -Em um tubo de ensaio adicionar 100 µL de hemácias do recém nascido a ser testado, que já foram previamente lavadas para remoção de possíveis anticorpos não ligados; -Adicionar em seguida 100µL de anti-IgG humana (soro de Coombs); -Centrifugar o tubo a 1.000rpm por 2 minutos à temperatura ambiente; -Para visualizar com maior precisão se houve aglutinação, derramar o sangue centrifugado em uma lâmina de microscópio. RESULTADO: Se aglutinar é sinal que o bebê já tinha anticorpos anti-D maternos da classe IgG que atravessaram a placenta e se ligaram às suas hemácias promovendo sua lise e fagocitose e haverá necessidade de transfusão sangüínea. Se não aglutinar, é porque não houve passagem de anticorpos maternos anti-D através da placenta. Teste de Coombs indireto: Este teste é para se detectar a presença de anticorpos anti-Rh não aglutinantes no soro dos indivíduos Rh negativos. Neste teste o soro é inicialmente incubado com hemácias do tipo “O Rh positivas”, que se ligarão caso os anticorpos anti-D estejam presentes. Utiliza-se hemácias do tipo O para evitar a ligação cruzada de antígenos A ou B cujos anticorpos também podem estar presentes no soro testado (por exemplo se o indivíduo Rh negativo for do tipo sangüíneo O). Depois deste passo, as hemácias são lavadas para retirar os anticorpos não ligantes e, em seguida incubadas com anti-imunoglobulina. Este passo levará à aglutinação das hemácias indicando a positividade do ensaio. Este mesmo ensaio é feito para determinar a presença do antígeno Du. PROCEDIMENTO: -Em um tubo de ensaio adicionar 100 µL de soro da paciente Rh negativo a ser testado, -Adicionar em seguida 100 µL de hemácias O Rh positivas; -Incubar por 5 minutos a temperatura ambiente; -Encher o tubo com aproximadamente 2,0mL de solução salina para retirar excesso de anticorpos não ligados; -Centrifugar o tubo a 1.000rpm por 2 minutos à temperatura ambiente; -Desprezar o sobrenadante na pia com cuidado para não jogar fora o botão de hemácias; -Adicionar em seguida 100µL de anti-IgG humana (soro de Coombs); -Centrifugar o tubo a 1.000rpm por 2 minutos à temperatura ambiente; -Para visualizar com maior precisão se houve aglutinação, derramar o sangue centrifugado em uma lâmina de microscópio. RESULTADO: Se aglutinar é sinal que a paciente tem anticorpos anti-D classe IgG em seu soro que estão de forma perigosa atravessando a placenta e se ligando às hemácias Rh positivas do bebê promovendo sua lise e fagocitose. Se não aglutinar, é porque não houve sensibilização da mãe com este antígeno em gestações ou transfusões anteriores. Hemaglutinação Indireta Teste de Floculação - Diagnóstico Sorológico da sífilis: VDRL 1. INTRODUÇÃO O Treponema pallidum, agente causador da sífilis,induz o organismo a formar dois tipos de anticorpos, os não treponêmicos ou reaginas (inespecíficos) e os treponêmicos (específicos). O teste VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) desenvolvido por Harris, Rosenberg e Riedel na década de 40 é capaz de detectar anticorpos inespecíficos reaginas, presentes no soro de pacientes com infecção sifilítica, o que permite seu emprego em larga escala como prova de triagem sorológica para sífilis. 2. PRINCÍPIO DO TESTE VDRL: teste não treponêmico, utiliza como antígeno a cardiolipina que normalmente ocorre no soro em níveis baixos e apresenta-se elevado na sífilis. O VDRL é uma reação de floculação, apresentando alta sensibilidade e baixa especificidade. Torna-se positivo duas semanas após o cancro. Falso-negativos podem ocorrer na sífilis tardia. Entre 1 e 40% dos resultados de VDRL são falso-positivos: idosos, portadores de doenças auto-imunes, malaria, mononucleose, brucelose, hanseníase, hepatites, portadores HIV, leptospirose, viciados em drogas, outras infecções bacterianas, vacinações e gravidez. Falso-positivos mostram títulos em geral ate 1:4, mas títulos maiores podem ser encontrados. Na avaliação do tratamento observa-se que na sífilis primaria e secundaria, os títulos caem cerca de quatro vezes em três meses e oito vezes em seis meses, ficando negativos em um a dois anos. Resultados positivos de VDRL no líquor são encontrados em 50% a 60% dos casos de neurosífilis, com especificidade em torno de 99%. Apos tratamento, títulos caem entre três e seis meses, podendo demorar anos para negativarem. Linfocitose e aumento das proteínas são evidencias de neurosifilis ativa. 2.2. MATERIAL NECESSÁRIO • Placas de vidro escavadas (Kline); Agitador tipo Kline com capacidade para 180 rpm; Pipetas automáticas de 10 a 50µl ; Microscópio; Solução fisiológica (NaCl 0,9 %); Reativo 1: antígeno VDRL (cardiolipina bovina); Reativo 2: soro controle positivo; Reativo 3: soro controle negativo. 2.3. PROCEDIMENTOS • Realizar sempre em paralelo os controles positivos e negativos; • Numerar a placa escavada denominando controle (CP), controle negativo (CN), e teste (T); • Transferir 50µl dos soros controles positivo e negativo respectivamente, para as duas primeiras cavidades da placa Kline; • Transferir 50µl da amostra a ser investigada na cavidade denominada de T; • Adicionar 25µl do antígeno de VDRL, em todas as cavidades; • Agitar imediatamente a placa no agitador de Kline por 4 minutos a 180 rpm • Proceder a leitura, imediatamente, em microscópio com objetiva de 10x, iniciando sempre pelos controles positivos e negativos; • Formação de flocos – teste positivo 3. OBJETIVO ESPECÍFICO DA AULA • Realizar reação de sorodiagnóstico da sífilis. Teste Imunocromatográfico ( Teste rápido)
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