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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 001201300262 Lucas Henrique de Oliveira Leite LABORATÓRIO DE FARMÁCIA DA U.S.F. Processo de Fabricação de Comprimidos Bragança Paulista 2014 001201300262 Lucas Henrique de Oliveira Leite LABORATÓRIO DE FARMÁCIA DA U.S.F. Processo de Fabricação de Comprimidos Relatório de Visita Técnica apresentado ao curso de Engenharia de Produção da Universidade São Francisco para a disciplina Processos de Fabricação. Orientação: Prof. Eng. J. Armando Pádua Lima Jr. & Prof. Marcio Cardoso Pinto Bragança Paulista 2014 RESUMO “O Brasil é o nono maior mercado de fármacos e medicamentos do mundo e conta com importantes indústrias em seu território. A indústria nacional lidera as vendas no mercado interno e reforça os investimentos em pesquisa, respaldada pela força dos genéricos”, de acordo com a postagem de 2012, do Portal Brasil, verificamos que a indústria farmacêutica brasileira é desenvolvida e apoiada, haja visto os movimentos de fabricação de genéricos. Um processo de análise de medicamente pode variar entre 1 milhão a 1 bilhão de reais. Para a disciplina de Processos de Fabricação, a visita foi uma grande oportunidade, principalmente para os alunos, como eu, que nunca entraram em uma fábrica, cujo conhecimento se baseia em teorias e vídeos. É possível associar a visita ao curso, pois um Engenheiro de Produção tem uma vasta área de atuação, não tendo impedimento para uma especialização, ou até mesmo, uma segunda graduação em Farmácia. Este trabalho abordará os conhecimentos adquiridos na visita a respeito do assunto Fabricação de Comprimidos. Palavras Chave: Fabricação, Medicamentos, Farmácia, Processos. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 05 2. PRINCIPAIS CONCEITOS................................................................. 05 3. DESCRIÇÃO DO PROCESSO............................................................ 16 3.1 ETAPA DE COMPRESSÃO........................................................ 09 3.2 FABRICAÇÃO POR VIA ÚMIDA............................................. 10 3.2 FABRICAÇÃO POR VIA SECA................................................. 11 3.3 FABRICAÇÃO POR COMPRESSÃO DIRETA......................... 12 4. CONTROLE DE QUALIDADE.......................................................... 12 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 14 5 1. INTRODUÇÃO Os processos de fabricação de comprimidos são fiscalizados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e descritos na Farmacopéia Brasileira, esta, por sua vez, é baseada na Farmacopéia americana. Cada comprimido deve ter o aval da ANVISA para poder ser comercializado, e para isso, deve ter sido fabricado com base na Farmacopéia e seguir todos os procedimentos de validação, fabricação e ter o devido controle de qualidade. As boas práticas de fabricação para a Indústria Farmacêutica estão regidas pela Resolução RDC 17/2010, que assegura que todos os produtos sejam produzidos e controlados, com padrões de qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido pelo registro. A resolução é aplicável a todos os estabelecimentos fabricantes de medicamos e a todas as operações envolvidas na fabricação de medicamentos, incluindo aqueles em desenvolvimento destinados a ensaios clínicos. 2. PRINCIPAIS CONCEITOS Não adianta falar de fabricação de medicamentos, descrever todos os processos, sem antes, estabelecer alguns conceitos padrões, retirados da aula de Tecnologia Farmacêutica da Prof. Silvia Elisa Aceso Menin: Matéria-prima: substância ativa ou inativa, com superfície definida, utilizada na produção (geralmente pó); Produto a granel: produto que tenha passado pelas etapas de produção, sem incluir o processo de embalagem; Produto terminado: produto que passou pelos processos de produção e embalagem; Produto intermediário: produto que foi parcialmente processado e deverá passar por outras etapas de produção; 6 Material de embalagem: qualquer material empregado no processo de embalagem; Área: espaço físico onde são realizadas operações sob condições ambientais especificas. Toda indústria farmacêutica deve ter os setores de almoxarifado, produção, embalagem, controle de qualidade, garantia da qualidade, pesquisa e desenvolvimento, registro de medicamentos, áreas auxiliares e administrativas; Antecâmara: espaço fechado com duas ou mais portas, interposto entre duas ou mais áreas de classe de limpeza distintas, com o objetivo de controlar o fluxo de ar; Área limpa: com controle ambiental definido em termos de contaminação por partículas; Controle em processo: verificações realizadas durante a produção a fim de assegurar que o produto esteja em conformidade com suas especificações; Lote: quantidade definida de matéria-prima, material de embalagem ou produto terminado fabricado em um único processo; Característica: homogeneidade e qualidade; Número do lote: combinação definida de números e/ou letras que identificam um determinado lote; Procedimento operacional padrão: procedimentos escritos e autorizados que dão instruções detalhadas para a realização de operações especificas na produção de medicamentos e outros correlatos, apoiados na Farmacopéia; Quarentena: retenção temporária de matéria-prima, material de embalagem, produtos intermediários, a granel ou terminados aguardando decisão de liberação, rejeição ou reprocessamento; Reprocessamento: reprocesso de todo ou parte de um lote de produto fora de um ou mais parâmetros de qualidade estabelecidos. 3. DESCRIÇÃO DO PROCESSO Para iniciar o processo de fabricação, o farmacêutico precisa saber o medicamento a se produzir, além disso, sua composição, isso se dá com uma série de testes e análises (de compatibilidade e físico-químicas), tendo também como fonte os conhecimentos e experiências do farmacêutico, como esse não é o foco da disciplina, os testes já haviam sido 7 realizados pelo professor Marcio, o qual demostrou a fabricação de um comprimido de carbonato de cálcio, com a seguinte fórmula: Componente 1 Comprimido Lote = 4.000 Carbonato de Cálcio 500 mg 20000 g Amido 88 mg 352 g Estearato de Magnésio 6 mg 24 g Talco 6 mg 24 g Temos então a fórmula para a obtenção do princípio ativo CARBONATO DE CÁLCIO, é preciso montar uma composição no medicamento por alguns motivos, como por exemplo, na utilização apenas do princípio ativo, o comprimido ficaria muito pequeno, para obter propriedades especificas desejadas, até mesmo para facilitar o processo de fabricação. Nesse caso, o carbonato de cálcio não possui força de coesão ou fluidez, para isso, adiciona-se o estearato de magnésio e o talco, que possuem funções antiaderentes e lubrificante, o amido é utilizado para a função de aglutinar e desintegrar. Processos: Pesagem: os componentes são pesados separadamente; 8 Moagem: tem como função equilibrar o tamanho do pó e obter a homogeneização; Tamisação: a passagem pela peneira (também chamada tamis, instrumento com aberturas de mesmo tamanho, podendo existir em diferentes tamanhos), todos os componentes devem passar pelo mesmo tamis. Mistura: a mistura é realizada pelo misturador em V, também existe o misturador em Y. Granulação: aumento dos tamanhos das partículas, onde pequenas partículas são agregadas em partículas maiores. Secagem: a secagem do feita em estufa. Calibração: permite uniformizar o tamanho do granulado para reduzir a variação de peso dos comprimidos durante a compressão, o granulado seco é forçado a passar por uma malha menor, também utiliza-se um o granulador, pode ter tolerância de 10 a 20% de partículas menores que a média. Compressão: etapa final e principal do processo, é necessário regular a pressão e geralmente, possui sensor de contagem, conta com movimento de rotação para ejetar os comprimidos. 9 3.1 ETAPA DE COMPRESSÃO O processo de compressão é composto por três etapas, a de alimentação (decida do material particulado ao alimentar para a Câmara de compressão, peso e dureza do comprimido dependem da força e volume da câmara de compressão, está por sua vez é o espaço formado pela matriz e pelo punção inferior), de compressão (punção superior se movimenta compactando o material depositado na câmara e compressão, depende da coesão entre as partículas do pó e da pressão exercida pelo punção superior contra o punção inferior na câmara de compressão), e de ejeção (onde o comprimido obtido é ejetado para fora da câmara de compressão pelo movimento ascendente do punção inferior, ausência de propriedades abrasivas). As máquinas de compressão podem ser: De Excêntrico No mínimo 2 punções (1 inferior e 1 superior) Escala piloto: 60 comprimidos por minuto. No máximo 10 punções (5 superiores e 5 inferiores) Escala piloto: 300 comprimidos por minuto. Rotativas No mínimo 32 punções (16 superiores e 16 inferiores) 10 Produção em larga escala No máximo 72 punções (36 superiores e 36 inferiores) 300000 comprimidos por hora. Os punções definem a geometria dos comprimidos: A configuração errônea pode gerar comprimidos com irregularidades, causados pela existência de folgas entre a matriz e os punções, absorção de umidade durante a compressão, emprego de punções e matrizes riscados e lubrificantes insuficientes. Os comprimidos podem ser fabricados por via úmida, via seca ou por compressão direta. 3.2 FABRICAÇÃO POR VIA ÚMIDA 11 O processo por via úmida é caracterizado pelo umedecimento de 1/5 a 1/10 da quantidade da mistura granular substâncias especificas, água / álcool etílico (adicionados de aglutinantes), a quantidade do umedecimento é depende do grau de hidratação do líquido usado. O processo de fabricação por via úmida utiliza de todos os processos descritos no item 3, apenas com a observação que, após a calibração, passa por uma nova mistura para após, realizar a compressão. No processo realizado, foi utilizada a fabricação por via úmida, onde água foi adicionada ao aglutinante. As vantagens do processo: Baixas pressões são necessárias: aumento do tempo de vida do equipamento; previne segregação dos componentes durante o processo; melhora as características de compressão; melhora a dissolução de fármacos hidrofóbicos (insolúveis em água) uso correto da solução aglutinante e melhora o aspecto do comprimido. E as desvantagens: fármacos termolábeis (não resistente a temperatura) e que sofrem hidrólise (quebra da ligação química); processo mais trabalhoso; alto custo (tempo, equipamentos, espeço); perda de material; possibilidade de contaminação cruzada; redução da dissolução de fármacos de dentro dos ângulos depois da desintegração do comprimido se não dor adequadamente formulado e processado. 3.3 FABRICAÇÃO POR VIA SECA 12 Os processos na fabricação via seco são realizados na ordem descrita: Mistura de pós, pré-compressão com punções de maior diâmetro, fragmentação dos comprimidos, obtenção de granulo irregular, adição de lubrificante e a compressão definitiva. É utilizada quando a sua utilização quando o fármaco não suporta umidade e a secagem pelo calor ou é solúvel demais na água ou no algum e tem como desvantagens: o granulado é menos duro, a fabricação levanta mais poeira, desgaste maior das máquinas, e não é muito usado na indústria. 3.4 FABRICAÇÃO POR COMPRESSÃO DIRETA 13 Processo em que os comprimidos são obtidos diretamente da mistura de pós que possuem boa fluidez. O processo é realizado conforme a seguinte ordem: Moagem Mistura Compressão. A principal vantagem desse processo é a redução de custos, porém, não é a única vantagem, podemos citar também o não envolvimento de calor e água no processo, permitindo maior estabilidade à formulação, o favorecimento de dissolução de fármacos e a ocupação de um espeça menor. Já como desvantagens, o processo tem a necessidade de partículas relativamente grandes que podem dificultar a homogeneidade da mistura estando sujeitas à segregação, é inviável para fármacos de altas dosagens, custo alto e dificuldade de coloração. 4. CONTROLE DE QUALIDADE O controle de qualidade é caracterizado por uma série de procedimentos, descritos também na Farmacopéia e de obrigatoriedade para registro de qualquer medicamento, são realizados de tempo em tempo para assegurar a qualidade em produções em lote. Os processos de controle de qualidade são: Pesagem: pode sofrer variação máxima de 5% entre 20 comprimidos, calcula-se para isso o desvio padrão para conseguir o coeficiente de variação. Dureza: Teste de 10 em 10 comprimidos, realizado com um instrumento chamado durômetro, testa a resistência sob pressão. Dimensão: utiliza-se um paquímetro para esse teste, deve estar dentro do regulamentado pela ANVISA. Friabilidade: teste do atrito com um instrumento chamada friabilômetro. 14 Desintegração: 6 tubos são fixados em uma espécie de disco com furos e preso por um cabo de metal, e em cada tudo, são colocados 6 comprimidos, logo emergem-se os comprimidos em “banho maria” para a verificação do tempo de desintegração, que geralmente pode ser de no máximo 30 minutos. Teor: teste realizado com um aparelho chamado espectrofotômetro, para análise do teor, da concentração das substâncias, serve para medir absorção. Esses testes são realizados antes para garantir a eficácia e eficiência do medicamento, nenhum medicamento fora de padrões de qualidade especificados pelo ANVISA terá sua distribuição liberada pelo órgão. Os testes podem variar, dependendo do medicamento desejado, podem ser necessários outras verificações. Esses equipamentos, foram os presenciados na visita técnica ao laboratório de farmácia da Universidade São Francisco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA. Farmacopéia – Volume 1. Disponível em < http://www.anvisa.gov.br/hotsite/cd_farmacopeia/pdf/volume1.pdf>. Acessado em 31 de maio de 2014. MENIN, S. E. A. Tecnologia farmacêutica: Comprimidos. Slides. MENIN, S. E. A. Tecnologia farmacêutica: Conceitos e instalações industriais, organização e setores da indústria farmacêutica – RDC 17/2010. Slides, Aula 2.PORTAL DO BRASIL: Ciência e Tecnologia. INDÚSTRIA FARMACÊUTICA. Disponível em <http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2010/12/industria-farmaceutica>. Acessado em 31 de maio de 2014.