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1 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br CUSTOS INDUSTRIAIS: UMA ABORDAGEM ÉTICA Antonio Roberto Lausmann Ternes 1 Claiton José Damke 2 Jair Luís Gonçalves 3 RESUMO Este estudo teve como objetivo discorrer sobre os custos industriais vistos sob o prisma da eticidade e da responsabilidade sócio-ambiental. Para atender a proposta do trabalho optou-se pela abordagem qualitativa, sendo o relato apresentado de forma discursiva, utilizando-se a pesquisa bibliográfica e estudo de caso. A pesquisa bibliográfica abordou os seguintes assuntos: aspectos conceituais e históricos de custos, sua classificação, abordagem sobre a ética e a responsabilidade sócio-ambiental da empresa e a apresentação dos custos sob a ótica sistêmica, enfatizando a abordagem ética dos custos. Por sua vez, o estudo de caso desenvolveu-se na Metalúrgica Inovação, de Santa Rosa (RS). As referidas pesquisas foram realizadas entre 15 de agosto e 15 de setembro de 2010. Como principais resultados deste trabalho pode-se afirmar que: a definição de custos tendo por parâmetros critérios éticos e sócio-ambientalmente responsáveis revela-se um significativo diferencial mercadológico; que a responsabilidade social empresarial é uma prática condizente com os tempos atuais. Conclui-se que o problema definido no projeto foi resolvido, uma vez que foi possível discorrer sobre os custos industriais sob a perspectiva sistêmica, evidenciando a importância de sua gestão com aderência ética e de responsabilidade sócio-ambiental. Palavras-chave: custos, eticidade, responsabilidade ABSTRACT This paper had as objective to flow about the seen industrial costs under the prism of the ethics and of the partner-environmental responsibility. To attend the paper proposal of it was opted by the qualitative approach, being the account presented in discursive form, uzing itself to bibliographical research and case study. To bibliographical research the following matters: were aspects evaluat and transcripts of costs, classification, approach about the ethics and the partner-environmental responsibility of the company and the presentation of the costs under a systemical point of view, emphasizing the approach ethics of the costs. By there are, the case of study developed in the Metalúrgica Inovação, of Santa Rosa (RS). The referred researches were carried out between 15 of August and 15 of September of 2010. As main results of this paper we can affirm that: the definition of costs having for parameters ethical criteria and partner-environmentally responsible reveals-itself as a significant marketing differential; that the social responsibility is an appropriate practice a present times. I concluded that the definite problem in the project was solved, once it was possible flow about the industrial costs under the perspective system, showing up the importance of its management with adhesion ethics and of partner-environmental responsibility. Keywords: costs; ethics; responsibility. 1 Mestre em Engenharia da Produção, Administrador, Professor das Faculdades Integradas Machado de Assis – FEMA. E-mail: antonioternes@terra.com.br 2 Mestre em Engenharia da Produção, Contador, Professor das Faculdades Integradas Machado de Assis – FEMA. E-mail: antonioternes@terra.com.br 3 Acadêmico do Curso MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria, pela Sociedade Educacional de Três de Maio - SETREM, e-mail: jair.goncalves1@hotmail.com 2 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1. Introdução Na atualidade já não basta às empresas justificarem a sua existência com uma conduta idônea, mas também é importante que assumam responsabilidades sociais, beneficiando com suas atividades os seus funcionários, o Governo, o meio ambiente e a sociedade na qual encontram-se inseridas. Neste sentido destaca-se a importância dos custos serem concebidos sob o prisma da eticidade e do compromisso sócio-ambiental, o que se revela positivo não só para a imagem da empresa, mas também para o consumidor mediante a majoração da qualidade do produto. Assim, constatada a importância e validade deste assunto, propôs-se para o desenvolvimento deste estudo, discorrer sobre os custos industriais vistos sob uma abordagem ética. A justificativa do presente trabalho se dá pela percepção de que, com uma sociedade cada vez mais complexa e bem informada, requer-se uma conexão mais próxima entre o discurso do marketing organizacional e as práticas operacionais adotadas pela empresa. A qualidade e os preços anunciados devem ser coerentes com as práticas operacionais efetivas no que se refere à utilização de recursos materiais e humanos, cujas análises necessariamente perpassam as abordagens macro econômicas, sociológicas, mas de maneira especial a abordagem ética. Este artigo está subdividido em metodologia, revisão da literatura, histórico da empresa, a empresa e seu entorno, conclusão e referências. A revisão da literatura subdivide- se em: custos- aspectos conceituais e históricos, classificação dos custos, ética e responsabilidade sócio-ambiental e a abordagem ética dos custos. 2. Metodologia Ao assumir uma atitude de compromisso e de interesse pela melhora da qualidade de vida da comunidade em geral, as organizações estarão agregando valor aos seus produtos e serviços, o que se mostra extremamente positivo para a sua permanência e crescimento no mercado. Neste sentido destaca-se a importância dos custos serem concebidos sob o prisma da eticidade e do compromisso sócio-ambiental, o que se revela positivo não só para a imagem da empresa, mas também para o consumidor mediante a majoração da qualidade do produto. Desta forma, a questão norteadora da presente pesquisa pode ser assim enunciada: como a definição de custos, tendo por base procedimentos éticos e sócio-ambientalmente responsáveis, pode favorecer a empresa no alcance de seus objetivos? Visando a resolução da questão-problema estabeleceu-se como objetivo geral discorrer sobre os custos industriais sob a perspectiva sistêmica, evidenciando a importância de sua gestão com aderência ética e de responsabilidade sócio-ambiental. Para alcançar o objetivo geral definiram-se como objetivos específicos: a) elencar os principais estágios da evolução conceitual e da gestão de custos sob a perspectiva histórica; b) apresentar a gestão de custos sob uma visão sistêmica, para discussão, implantação de sistemas e metodologias de custos éticos e responsáveis sócio-ambientalmente; e c) discorrer sobre os estornos da organização quanto às variáveis sociais, econômicas e financeiras decorrentes de decisões de formação de custos. 3 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br A fundamentação teórica traz os aspectos conceituais e históricos de custos, sua classificação, uma abordagem sobre a ética e a responsabilidade sócio-ambiental da empresa e a apresentação dos custos sob a ótica sistêmica, enfatizando a abordagem ética dos custos. Espera-se com este levantamento bibliográfico construir um rico painel sobre o assunto em pauta. Para tanto traz-se a contribuição de conceituados autores que em seus estudos tratam do tema em questão, como Alberton, Carvalho e Crispim (2010), Cavalcanti Junior, Cunha e Vieira (2006), Délamo (1980), Leone (1996 e 2000), Martins (1997 e 1998), Pompermayer (2000), Rosa (2010), Silva e Lezana (2010) e Vieira(2010). Quanto ao método utilizado na realização deste trabalho constituiu-se de uma abordagem qualitativa, sendo o relato apresentado de forma discursiva, utilizando-se a pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Para compor o trabalho proposto foram elaboradas entrevistas com funcionários e moradores das circunvizinhas da Metalúrgica Inovação, bem como pesquisas bibliográficas, no período de 15 de agosto a 15 de setembro de 2010. Para melhor compreender como a Metalúrgica Inovação é vista quanto a sua responsabilidade ética e sócio-ambiental, realizou-se entrevista com 46 funcionários e 33 moradores das adjacências da empresa, a qual se encontra como APÊNDICE A do presente artigo. As referidas entrevistas realizaram-se entre 15 de agosto e 15 de setembro de 2010. Os moradores acima indicados constituem-se 100% da população do entorno da empresa, considerando o alcance de 02 quadras em relação aos 04 pontos cardeais, em tese as pessoas mais suscetíveis a impactos ambientais e em condições privilegiadas quanto a percepção de ruídos, odores, movimentação de pessoas e materiais. Em relação aos funcionários, na data acima referida, constavam 150 colaboradores na folha de pagamento da empresa, dos quais foram escolhidos para entrevista a partir do processo de amostragem 46 empregados e uma margem de erro de 5% e grau de confiança de 95,5%, mediante a aplicação da seguinte fórmula: 001 ---------- 150 n = Z² . p. q. N = 2². 0,2 . 0,8 . 150 = 45 d² (N-1) + Z². p. q 0,1² (149) + 4 . 0,2 . 0,8 - Nível de confiança de 95,5%; - Erro amostral de 10%; - Proporção não maior de 20%. O passo seguinte foi selecionar os entrevistados, utilizando a Tabela de números aleatórios. A entrevista e sua grade de respostas estão baseadas na Escala de Likert, na qual o entrevistado responde através de um critério que pode ser objetivo ou subjetivo. Normalmente, o que se deseja medir é o nível de concordância ou não concordância à afirmação. 3. Revisão da Literatura 3.1. Custos: aspectos conceituais e históricos Dentre todos os elementos contábeis existentes as empresas necessitam estar especialmente atentas no que se refere aos custos. Conforme Leone (2000) custo é um gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Ele também é um gasto, porém reconhecido como custo no momento da fabricação de um produto ou execução 4 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br de um serviço. São gastos incorridos, de natureza fixa, necessários para manter a estrutura organizacional de uma empresa em condições adequadas de funcionamento para planejar, receber e processar pedidos de vendas dentro de determinado intervalo de capacidade instalada. Matéria-prima e mão-de-obra direta são exemplos de custos. Nas palavras do supracitado autor: "Custo é o consumo de um fator de produção, medido em termos monetários, para a obtenção de um produto, de um serviço ou de uma atividade que poderá ou não gerar renda" (LEONE, 1996, p. 50). Segundo Pompermayer (2000) até a Revolução Industrial as organizações estabeleciam seus controles monetários, físicos e avaliação de resultados sob a luz da contabilidade financeira. Mas, a partir de então, com a crescente complexidade da produção, intensificou-se a necessidade de avaliação de estoques na atividade industrial, contemplando estoques de matérias-primas, produtos em processamento, acabados e vendidos em determinado período. Paralelamente acentuou-se a necessidade de determinação dos resultados obtidos pelas organizações em função do esforço de fabricação e venda de seus produtos. Conforme o supramencionado autor a técnica de gestão que se propõe ao atendimento dessas necessidades passou a denominar-se contabilidade de custos. Na visão de Leone (2000, p. 27): "A Contabilidade de Custos é um instrumento disponível poderoso porque utiliza, em seu desenvolvimento, os princípios, os critérios e os procedimentos fundamentais da ciência contábil". De acordo com Martins (1998) entende-se por contabilidade de custos o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações precisas sobre os custos de determinado produto aos mais diversos níveis gerenciais de uma organização, capacitando os administradores a planejarem e a controlarem as operações de modo hábil e eficaz. Leone (2000) afirma que: Contabilidade de custos é o ramo da função financeira que coleta, acumula, organiza, analisa, interpreta e informa os custos dos produtos, dos serviços, dos estoques, dos componentes operacionais e administrativos, dos planos operacionais, dos programas, das atividades especiais e dos segmentos de distribuição para determinar a rentabilidade e avaliar o patrimônio da empresa, para controlar os próprios custos e as operações e para auxiliar o administrador no processo de planejamento e tomada de decisões (LEONE, 2000, p. 47). A partir da definição acima se pode perceber o grande alcance da contabilidade de custos e das muitas funções que realiza. E é justamente devido a esta complexidade que vem a sua importância, fornecendo informações precisas para os gestores tomarem as decisões mais acertadas para a continuidade e crescimento da empresa. 3.2. Classificação dos Custos Há diversas espécies de custos, os quais podem ser classificados de acordo com suas singularidades. De acordo com Vieira (2010) os custos classificam-se segundo três espécies, que são: a) Quanto à natureza: Para Vieira (2010) esta classificação se refere à identificação daquilo que foi consumido na produção. Muitas vezes a nomenclatura deste segmento se 5 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br assemelha à utilização para dar nomes a bens e serviços. Insumos e materiais, mão-de-obra direta e indireta, manutenção e depreciação de máquinas e equipamentos, combustíveis e lubrificantes são exemplos de custos deste grupo; b) Quanto à identificação do produto: Nesta classificação se procura identificar os custos com os produtos através de uma medição precisa dos insumos utilizados, da relevância do seu valor ou da apropriação dos gastos por rateio, que podem ser diretos e indiretos (VIEIRA, 2010). Leone (2000) elucida afirmando que custo direto é todo custo que está vinculado diretamente ao produto, e varia de acordo com a quantidade produzida. Sem ele o produto não existiria. Sua apropriação se dá sem rateio, bastando que exista uma medida de consumo, como quilogramas, horas-máquina, horas-homem trabalhadas, etc. Por sua vez, Leone (2000) afirma que custos indiretos são todos os outros custos que dependem do emprego de recursos, de taxas de rateio, de parâmetros para o débito ao objeto que se deseja custear. São aqueles indiretos em relação ao produto, e não oferecem condição de uma medida objetiva, sendo que qualquer tentativa de alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrada. Fazem parte de sua composição as despesas de materiais indiretos, mão-de-obra indireta, energia elétrica, depreciação, etc; c) Quanto à sua variação quantitativa: Conforme Vieira (2010), este grupo se baseia na idéia de que os custos podem variar proporcionalmente ao volume produzido ou podem permanecer constantes, independentemente do volume, sendo denominados de custos variáveis e custos fixos. Para Leone (2000) custos fixos são os custos que independem do volume de produção, permanecendo estáveis. São aqueles que tendem a manterem-se constantes nas alterações das atividades operacionais.Por sua vez, segundo o autor, custos variáveis são os custos que se alteram de acordo com o volume de produção, permanecendo estáveis de acordo com a quantidade produzida. Custos de produção e de entrega são custos variáveis. Desta forma evidencia-se a vasta gama de custos existentes, os quais, para serem melhor estudados e/ou contabilizados, são agrupados em distintas classificações. 3.3. Ética e Responsabilidade Sócio-Ambiental Também os custos podem ser gerenciados sob uma visão sistêmica, levando-se em conta a ética e a responsabilidade sócio-ambiental da empresa. Holanda, (2004 apud CAVALCANTI JUNIOR; CUNHA; VIEIRA, 2006, p. 44) define ética como a ciência da moral, ou o estudo dos juízos de apreciação referente à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto. Por sua vez, Chauí (2004 apud CAVALCANTI JUNIOR; CUNHA; VIEIRA, 2006, p. 44) reforça que ética e moral referem- se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade. Já para o Dicionário Eletrônico Houaiss (2010) ética é a: Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social (HOUAISS, 2010, s.p.). Segundo Cavalcanti Junior, Cunha e Vieira (2006) o saber ético não trata dos estudos das virtudes ou do estudo do bem, mas o saber acerca das ações e dos hábitos humanos e, 6 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br portanto, das virtudes e dos vícios do homem e das habilidades para lidar com estes elementos. É, assim, o estudo do bem e do mal, baseando-se na questão de como diferenciá- los e de como exercitar-se para desenvolver suas faculdades para administrá-las. Além disso, a especulação ética permite a crítica dos valores e dos costumes na medida em que estuda e compreende fatos e comportamentos valorativos. Tendo em vista a importância da adoção de procedimentos éticos as empresas começaram a perceber que o fato de produzirem a preço justo e qualidade adequada não seria mais a única justificativa de sua existência perante a opinião pública. Conforme Délamo (1980, p. 2), as empresas “têm também que provar diante da sociedade que a produção não se obteve à custa da pureza do seu ar, ou da dignidade dos seus habitantes, ou da fertilidade dos seus vales, ou da tranquilidade das suas ruas e praças". Daí advém a responsabilidade sócio- ambiental das organizações, vista por Rosa et al (2009) como: [...] o relacionamento ético da empresa com todos os grupos de interesse que influenciam ou são impactados pelos stakeholders (acionistas). Este relacionamento das empresas com os stakeholders e o meio ambiente deve estar de acordo com seus valores, políticas, cultura e estratégias. Na medida em que a empresa está inserida na sociedade, pode-se observar uma relação de interdependência entre ambas, uma sinergia que pode ser qualificada como responsabilidade social da empresa (ROSA ET al, 2009, p. 4). Silva e Lezana (2010) evidenciam que para o World Business Council Sustainable Development (WBCSD) a responsabilidade sócio-ambiental é o comportamento ético de uma companhia em relação à sociedade. Isso significa que devem ser preservados os interesses de outros stakeholders e não somente dos acionistas. Warhurst (2001, apud SILVA; LEZANA, 2010, p. 7) define esta prática como sendo a internalização por uma empresa dos efeitos sociais e ambientais de suas operações por meio de ações preventivas. O autor argumenta que três áreas específicas (uso do produto, práticas de negócios e equidade) ligam ao coração dos novos conceitos de estratégias a responsabilidade social das organizações. Entende-se que a responsabilidade sócio-ambiental das organizações é uma prática relevante que beneficia não somente a comunidade imediata, mas também o país e o próprio planeta como um todo. 3.4. Abordagem Ética dos Custos O estabelecimento de uma abordagem ética dos custos pode contribuir sensivelmente para uma maior projeção da empresa perante os olhos da sociedade na qual se encontra inserida. Conforme Silva e Lezana (2010) quando são discutidas questões acerca da responsabilidade sócio-ambiental das organizações o tema deve estar centrado, necessariamente, na abordagem dos papéis exercidos pelos stakeholders na administração dos negócios. Neste sentido Freeman (1984, apud SILVA; LEZANA, 2010, p. 7) destaca duas visões nas quais o conceito de stakeholder é especialmente importante: ética nos negócios; e gestão estratégica. Para Silva e Lezana (2010) as implicações da adoção do conceito de responsabilidade sócio-ambiental para qualquer tipo de organização é visivelmente complexa e enseja uma série de avaliações, sobretudo naqueles aspectos que afetam de uma forma ou de outra o 7 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br desenvolvimento das operações diárias, como é o caso da definição de custos. Conforme evidenciam Alberton, Carvalho e Crispim (2010, p. 1): Atualmente nas empresas, busca-se a maximização dos resultados e a minimização dos custos. Todavia em algumas delas, também se busca atender as novas necessidades do mercado competitivo, o qual exige dos empresários uma gestão socialmente responsável. Vale ressaltar que essa preocupação se traduz em programas de motivação dos funcionários, segurança no trabalho, alimentação, benefícios sociais, preservação do meio ambiente, satisfação do consumidor e, também, outros aspectos direcionados à valorização da empresa no mercado (ALBERTON; CARVALHO; CRISPIM, 2010, p. 1). Silva e Lezana (2010) asseveram que na gestão imoral de custos e de outras operações realizadas pelas empresas prevalece a oposição aos preceitos éticos, negando o que é direito. A gestão moral, por sua vez, caracteriza-se pela adesão às normas éticas, refletindo alto padrão de comportamento associado ao que é direito. Na gestão amoral, o mais representativo dos modelos, as ações são tomadas sem percepção ou consciência do sentido ético, inclusive no que tange aos custos. Carroll e Nàsi (1987, apud SILVA; LEZANA, 2010, p. 8) explicam que na gestão moral os stakeholders são totalmente considerados; na gestão amoral há a aceitação parcial e, por último, na gestão imoral, os stakeholders são rejeitados. Assim, entre a total aceitação e a rejeição completa, são possíveis diferentes estágios e repercussões diversas, o que pode refletir diretamente na definição de custos, o que, por sua vez, traz consequências que incidem na própria permanência e crescimento na empresa no mercado onde atua. Desta forma, para Silva e Lezana (2010), o conceito de responsabilidade sócio- ambiental aponta para a importância de profundas implicações na maneira de gerir as empresas, pondo sob teste os posicionamentos com relação aos stakeholders. Essencialmente, no que se refere a alguns elementos do design organizacional, como estruturas dos processos e atividades, tais como a ética formação de custos, estes são pontos de marcante influência e consideráveis conseqüências. Desta forma, verifica-se a necessidade das empresas gerirem seus custos de forma sistêmica, levando em conta fatores éticos e socialmente responsáveis, parâmetros que também necessitam ser seguidos pela Metalúrgica Inovação, empresa objeto de estudo deste trabalho. 4 Histórico da Empresa A Indústria Metalúrgica Inovação Ltda constituiu-seno ano de 2000 como uma sociedade limitada, formada por dois sócios. O ramo de atividade consiste na fabricação de máquinas e equipamentos para agricultura, pecuária, irrigação agrícola, peças e acessórios, bem como a instalação de máquinas e equipamentos industriais e ferroviários. As atividades efetivamente iniciaram em 2001, ano em que teve o primeiro faturamento. Sua constituição foi motivada por uma necessidade de mercado verificada na época, quando da retomada acelerada na produção agrícola, ocasionada pela procura de máquinas e equipamentos deste setor. As metalúrgicas então em funcionamento na referida cidade não estavam preparadas para atender a grande demanda de mercado, visto o aquecimento das atividades do setor agrícola. Desta forma, a empresa surgiu como uma organização quarteirizada, ou seja, inicialmente em 2001 prestava serviços de montagem e solda para 8 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br outras entidades terceirizadas das montadoras de produtos agrícolas, tratores, colheitadeiras, plantadeiras, semeadeiras, etc. A Metalúrgica Inovação começou suas atividades operando com três máquinas de solda, uma furadeira e com uma média de oito funcionários, tendo como principais clientes as empresas terceirizadas do pólo metal-mecânico de Santa Rosa (RS). Em setembro de 2002 a empresa passou a prestar serviços de dobra, guilhotina e corte. Para isso, houve a necessidade de aquisição de novas máquinas para exercer as referidas atividades. Em 2003 migrou para outros setores, visto que o mercado agrícola é instável, verificando-se a necessidade da empresa mudar o seu foco empresarial e partir em busca de novos clientes. O que ocorreu naquele ano é que a empresa focou suas atividades basicamente num cliente principal, fabricante de máquinas agrícolas distribuidoras de calcário e carretas transportadoras agrícolas. Seu faturamento girava em torno de 80% somente para esse cliente. Isso fez com que a empresa, em 2004, enfrentasse sua primeira e grande crise, motivada pela falência deste cliente, seu principal comprador, deixando para traz um substancial prejuízo, visto ter ficado inadimplente antes de falir. Posteriormente, a empresa foi umas das primeiras a sofrer com a nova crise agrícola, motivada pela queda do preço de produtos como soja, trigo e milho. Com o endividamento dos produtores agrícolas, a metalúrgica deixou de fabricar peças para tratores e colheitadeiras, detendo-se somente na linha de plantadeiras e equipamentos de armazenagem, setores esses afetados pela crise daquele ano. Em 2005 a crise agrícola se agravou. Como uma alternativa para continuar as atividades, bem como uma forma de sobrevivência, a busca de novos clientes e novos mercados foi prioridade número um para a empresa. Assim, para garantir a inovação constante, a metalúrgica acompanhou atentamente as novidades técnicas e, simultaneamente, avaliou as necessidades de seus clientes atuais e potenciais. Além disso, adotou práticas tais como visitas regulares aos fornecedores, objetivando acompanhar e munir-se de novas tecnologias, e também visitando clientes para oferecer e expor os seus produtos. Desse modo, a entidade alterou totalmente o foco de produção, desenvolvendo novos clientes e passando a produzir peças e equipamentos, principalmente para Terex Roadbuilding Latin America, localizada em Cachoeirinha (RS). Esta empresa confunde-se com a própria história da pavimentação das estradas do Brasil. Pertencendo à Terex, grupo internacional que reúne mais de 58 empresas, com mais de 16,8 mil funcionários, é um dos três maiores fornecedores de equipamentos para construção, mineração e pavimentação de estradas do mundo. A Terex faz parte da divisão de construção de estradas da Terex (Terex Roadbuilding-Utility), com sede em Oklahoma, nos Estados Unidos. Seu negócio é a fabricação e distribuição de bens de capital e de alta qualidade para construção e recuperação de estradas. A Indústria Metalúrgica Inovação Ltda passou a concentrar-se, então, desde 2005 até os dias atuais, na produção de partes, peças e equipamentos destinados a montar máquinas para construção, mineração e pavimentação de estradas. Essa parceria ainda promete bons resultados para a metalúrgica, pois os pedidos estão em alta e a empresa faz todo esforço possível para atender o cliente e efetuar as entregas conforme os prazos pré-estabelecidos, dentro dos padrões de qualidade exigidos. Deste modo, envida esforços no sentido de garantir a continuidade da parceria com este cliente. 5. A Empresa e seu Entorno 9 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Ao serem indagados sobre sua percepção quanto à Metalúrgica Inovação no que se refere aos cuidados com o meio ambiente, funcionários e moradores das adjacências compartilharam opiniões positivas em sua maioria, o que denota que a preocupação ambiental da empresa é percebida de forma semelhante, porém não com a mesma intensidade, pelos dois segmentos entrevistados. As maiores similaridades deram-se nos conceitos ruim (4% dos funcionários e 6% dos moradores entrevistados) e bom (28% dos funcionários e 30% dos moradores), sendo que os conceitos regular (13% dos funcionários e 0% da sociedade), muito bom (31% dos funcionários e 12% dos moradores) e ótimo (24% dos funcionários e 52% dos moradores) apresentaram as maiores divergências. (VER FIGURA 1). 2 6 13 14 11 2 0 10 4 17 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Ruim Regular Bom Muito bom Ótimo Funcionários Sociedade FIGURA 1 – Cuidados da Metalúrgica Inovação com o Meio Ambiente. Fonte: Dados da Pesquisa. Percebe-se que mesmo havendo conceitos desfavoráveis, a grande maioria dos entrevistados, tanto funcionários quanto moradores das circunvizinhanças da empresa, mostrou-se satisfeita com o cuidado que a Metalúrgica Inovação dispensa ao meio ambiente. Isto revela ser extremamente positivo para a entidade, pois o compromisso com a questão ambiental projeta aos olhos da sociedade uma imagem de uma organização preocupada com o futuro não só da comunidade onde está inserida, mas também de uma forma global. Em se tratando da segunda pergunta, que indagava sobre a percepção quanto aos cuidados ministrados pela Metalúrgica Inovação em relação aos seus funcionários, novamente funcionários e sociedade compartilharam de visões semelhantes. Isto pode ser percebido na proximidade dos conceitos ruim (2% dos funcionários e 0% da sociedade), regular (4% dos funcionários e 3% dos moradores) e muito bom (35% dos funcionários e 46% dos moradores). Por sua vez, as maiores divergências deram-se nos conceitos bom (50% dos funcionários e 33% dos moradores entrevistados) e ótimo (9% dos funcionários e 18% dos moradores). Verifica-se que neste aspecto predominam os conceitos “bom” e “muito bom” sobre os cuidados que a empresa objeto de estudo dedica aos seus colaboradores, tanto por parte da sociedade quanto dos próprios funcionários entrevistados. Porém, o fato de não ter prevalecido o conceito “ótimo” aponta a necessidade da Metalúrgica Inovação analisar mais atentamente esta questão, promovendo esforços no sentido de otimizá-la. 10 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br A terceira pergunta, inquiria sobre a percepção dos entrevistados quanto à geração de ruídos e movimento de veículos acarretados pela Metalúrgica Inovação, as opiniões dos funcionários e da sociedade divergiram substancialmente em determinados aspectos.As maiores proximidades foram verificadas nos conceitos ruim (2% dos funcionários e 0% da sociedade), bom (30% dos funcionários e 24% dos moradores) e muito bom (36% dos funcionários e 33% da sociedade), enquanto que os pontos divergentes mostraram-se mais evidentes nos conceitos regular (15% dos funcionários e 3% dos moradores) e ótimo (17% dos funcionários e 40% dos moradores entrevistados). Em análise às respostas prestadas à referida pergunta, pode-se perceber que os moradores das circunvizinhanças, os principais atingidos pela geração de ruídos e movimentação de trânsito ocasionados pela Metalúrgica Inovação, foram de opiniões mais favoráveis à empresa, superando em percentual os funcionários. Desta forma, verifica-se que o impacto promovido pela indústria em estudo não é elevado, o que não impede, entretanto, que seja melhorado ainda mais. Quanto à quarta pergunta da entrevista, que indagava sobre a percepção de funcionários e moradores das circunvizinhanças da Metalúrgica Inovação no que tange ao cuidado da empresa no tratamento e destino de sólidos e líquidos, novamente verificou-se substanciais divergências em determinados pontos de vista, especialmente no que se refere aos conceitos ruim (7% dos funcionários e 0% dos moradores das adjacências), regular (30% dos funcionários e 0% dos moradores) e bom (17% dos funcionários e 40% da sociedade). Contudo, similaridades podem ser detectadas nos conceitos muito bom (26% dos funcionários e 33% dos moradores) e ótimo (20% dos funcionários e 27% da sociedade circunvizinha). A análise das respostas prestadas à quarta questão indica que tanto funcionários quanto sociedade a conceituaram em maior número como “muito bom”, mas não “ótimo”. Assim, verifica-se a necessidade da empresa promover estudos com o intuito de melhorar este quadro, encontrando formas de melhor tratar e destinar os resíduos resultantes de suas operações industriais. Por fim, a última pergunta da entrevista, que indagava sobre a percepção de funcionários e moradores adjacentes à Metalúrgica Inovação no que se refere à qualidade da matéria-prima utilizada pela empresa em seus processos industriais, esta somente demonstrou uma confluência de opiniões mais próxima no no conceito ruim (0% em ambos os segmentos entrevistados) e muito bom (30% dos funcionários e 39% dos moradores), enquanto que os demais conceitos apontaram significativas divergências: regular (22% dos funcionários e 0% dos moradores); bom (35% dos funcionários e 15% dos moradores); e ótimo (13% dos funcionários e 46% dos moradores). Através da análise das respostas fornecidas pelos entrevistados é possível perceber que o fator qualidade, que deve ser uma preocupação constante da empresa em estudo, é mais reconhecido pela sociedade do que pelos próprios funcionários, visto os conceitos emitidos pelo primeiro grupo, em sua maioria absoluta, encontrarem-se entre “ótimo” e “muito bom”. Desta forma, é um fator a ser ainda melhor trabalhado, de forma a chegar a excelência, o que refletirá beneficamente para a empresa quanto a sua permanência e crescimento em seu ramo de atuação. Conclusão A dimensão dos custos industriais é muito maior do que nos ensina a base conceitual tradicional. A transformação da matéria prima em produtos finais vai muito além da trivial 11 VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br questão numérica, pois, ainda que esquecida por muitos, abarca custos inalienáveis, tais como a vida em todas as suas formas, saúde, segurança e meio ambiente equilibrado. Há a necessidade de se afirmar que a definição de custos tem por parâmetro critérios éticos e sócio-ambientais responsáveis e este fator revela-se com um significativo diferencial mercadológico, uma vez que a entidade efetivamente investe em aspectos sócios ambientais e divulga as suas ações, agregando valor aos seus produtos e serviços, aumentando o seu conceito perante toda a comunidade.Cada máquina produzida adiciona em seu conteúdo, ainda que invisível, a expressão máxima da existência humana: a vida. Entende-se que responsabilidade social empresarial é uma prática condizente com os tempos atuais, onde as empresas necessitam justificar a sua existência perante a sociedade com atitudes de benefício voltadas a esta mesma comunidade. Paralelamente, beneficia a nação como um todo, uma vez que a agregação de diversos balanços sociais resulta na apreciação global da economia e das condições sociais do país. As pessoas mais próximas ao contexto industrial foram ouvidas e suas respostas foram a caixa de ressonância do presente trabalho. Especificamente em se tratando da Metalúrgica Inovação, pode-se comprovar que esta empresa vem se esmerando no sentido de agregar valor social as suas operações industriais, beneficiando funcionários e comunidade circunvizinha. O fato de não ter atingido níveis ótimos em todos os quesitos pesquisados indica a necessidade de envidar esforços maiores neste sentido. Conclui-se que o problema definido no projeto foi resolvido, uma vez que foi possível discorrer sobre os custos industriais sob a perspectiva sistêmica, evidenciando a importância de sua gestão com aderência ética e de responsabilidade sócio-ambiental. Assim, pode-se afirmar, a partir do estudo realizado, que aprofundaram-se substancialmente os conhecimentos sobre a importância da empresa trabalhar os custos tendo por base a eticidade e o compromisso sócio-ambiental, o que se torna positivo não somente ao acadêmico, mas também para a empresa objeto de estudo. REFERÊNCIAS ALBERTON, Luiz; CARVALHO, Fernando Nitz de; CRISPIM, Graciele Hernandez. Evidenciação da responsabilidade social/ambiental na perspectiva de um novo contexto empresarial. Disponível em: <http://www.congressousp.fipecafi.org/artigos42004/151.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2010. CAVALCANTI JUNIOR, Antonio Cesar; CUNHA, Eliane Maria Nogueira de; VIEIRA, Lérida Maria dos Santos. A ética na gestão e o exercício profissional farmacêutico no Sistema Único de Saúde. Monografia. Brasília: UnB, 2006. Disponível em: Disponível em: <http://www.unb.br/fs/far/latosensu/asstfarm/projetos/egpas14.pdf>. Disponível em: 23 jun. 2010. DÉLAMO, Alfonso Silva. 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Prezados senhores, Atendendo a exigências curriculares junto ao curso de pós-graduação da SETREM, solicito a vossa atenção no sentido de responder as questões abaixo, as quais vão servir de embasamento na elaboração de artigo científico. Para responder as perguntas use o seguinte parâmetro: 01 para ruim, 02 para regular, 03 para bom, 04 para muito bom e 05 para ótimo. Qual é a sua percepção quanto à Metalúrgica Inovação LTDA no que se refere: 01) Cuidados com o meio ambiente: Ruim Regular Bom Muito Bom Ótimo 02) Cuidados com seus funcionários: Ruim Regular Bom Muito Bom Ótimo 03) Geração de ruídos e movimento de trânsitos: Ruim Regular Bom Muito Bom Ótimo 04) Tratamento e destino dos resíduos (sólidos e líquidos): Ruim Regular Bom Muito Bom Ótimo 05) Quanto à qualidade da matéria-prima utilizada na produção: Ruim Regular Bom Muito Bom Ótimo
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