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Disciplina: Nutrição em Saúde Pública Profa. Fernanda Marcolino Unip – Campus Cidade Universitária 2018 Analisar o problema da fome no mundo Analisar o problema da fome no Brasil Caracterizar desnutrição Caracterizar insegurança alimentar e nutricional Cerca de um terço dos 56 milhões de mortos civis e militares, no curso da Segunda Guerra Mundial, foram o resultado da fome e das suas consequências imediatas. Livro – Destruction massive/ Géopolitique de la faim Autor: Jean Ziegler Metade da população russa morreu de fome durante os anos 1942-1943. A subalimentação, a turberculose e a anemia mataram milhões de crianças, de homens e de mulheres em toda a Europa. Nas igrejas das principais cidades Holandesas, os caixões dos mortos pela fome se amontoaram durante o inverno de 1944-1945. Na Polônia e na Noruega, as famílias tentaram sobreviver comendo ratos e cascas de troncos de árvores. Muitos morreram!!!! Livro – Destruction massive/ Géopolitique de la faim Autor: Jean Ziegler Adolf Hitler: Plano de extermínio de judeus e de ciganos. Criou O Hungerplan (Plano Fome) Objetivo era liquidar o maior número possível de detentos através da privação deliberada e prolongada de alimentos. Nazistas saqueavam fazendas e roubavam a produção de comida e gado. Cientistas que anteriormente chamavam atenção do mundo para o problema da fome passam a ser reconhecidos pós segunda guerra mundial! No BRASIL – o nordestino JOSUÉ de CASTRO Livro: Geopolítica da Fome - 1951 O despertar do mundo para o problema da fome!! Fundada em junho de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) ◦ Criação da FAO (Organização para a Alimentação e a Agricultura) ◦ Criação do Programa Alimentar Mundial (PAM). Em 1946, a ONU lançou a sua primeira campanha mundial de luta contra a fome. Em dezembro de 1948, a Assembleia Geral da ONU, reunida no Palácio Chaillot, em Paris, adotou a Declaração Universal dos Direitos do Homem, cujo artigo 25 define o direito à alimentação. DIREITO A ALIMENTAÇÃO: “O direito à alimentação é o direito a ter acesso regular, permanente e livre, diretamente ou por meio de compras monetárias, a um alimento qualitativo e quantitativamente adequado e suficiente, que corresponda às tradições culturais do povo de que é originário o consumidor e que lhe assegure uma vida psíquica e física, individual e coletiva, livre de angústia, satisfatória e digna”. Dentre todos os direitos humanos, o direito à alimentação é, seguramente, o mais constante e mais massivamente violado em nosso planeta. Livro – Destruction massive/ Géopolitique de la faim Autor: Jean Ziegler EM 2010 – Dados da FAO: 925 milhões de pessoas do planeta estavam grave e permanentemente subalimentadas. 1 bilhão de seres humanos, dentre os 6,7 bilhões que vivem no planeta, padeciam de fome permanentemente. ALIMENTAÇÃO ENERGIA VITAL PARA O HOMEM TRADUZ EM QUILOCALORIAS 1 QUILOCALORIA = 1000 CALORIAS CARENCIA QUILOCALORIA= FOME E MORTE As necessidades calóricas variam em função da idade: 700 calorias diárias para um lactente, 1.000 para um bebê entre um e dois anos, 1.600 para uma criança de cinco anos, Quanto ao adulto, suas necessidades variam entre 2.000 e 2.700 calorias por dia, conforme o clima sob o qual vive e a natureza do trabalho que realiza A Organização Mundial da Saúde (OMS): ◦ Fixa em 2.200 calorias diárias o mínimo vital para um adulto. ◦ Abaixo deste mínimo, o adulto não consegue reproduzir satisfatoriamente a sua própria força vital. A falta de alimentação adequada e calorias suficientes nos 5 primeiros anos de vida: ◦ Causam problemas irreversíveis ◦ Lesões cerebrais ◦ Déficit de altura ◦ Debilita perigosamente as defesas imunitárias das suas vítimas DADOS ATUAIS ÁFRICA – mães subalimentadas passam o problema da fome para seus bebês. A subalimentação fetal provoca invalidez definitiva, danos cerebrais e deficiências motoras. De 1.990 a 2015 o número de pessoas com fome no mundo diminuiu e chega atualmente abaixo de 5% da população mundial. ◦ Erradicação da extrema pobreza e da insegurança alimentar moderada e grave; ◦ O Brasil cumpriu a meta do 1º ODM, ◦ mas existe muitos casos em moradores de rua, indígenas, quilombolas, demais povos e comunidades tradicionais. A meta da ONU de reduzir a fome e a pobreza extrema até 2015 à metade do que era em 1990 foi alcançada pelo Brasil em 2002. Em 2007, a meta nacional de reduzir a porcentagem de pobres a ¼ da de 1990 também foi cumprida e superada em 2008. ENTÃO O PROBLEMA DA FOME ACABOU?? ESTAMOS LIVRES?? E AGORA? Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável Situação Problema: FOME FOME ZERO BOLSA FAMÍLIA URGÊNCIA DE SUPERAÇÃO PRIMEIRAS POSSIBILIDADE REAIS DE ENFRENTAMENTO Primeiros debates sobre uma política pública de segurança alimentar e nutricional PROBLEMAS RELACIONADOS COM A FOME: ◦ Desnutrição ◦ Insegurança Alimentar ◦ Carências alimentares – macro e micro nutrientes ◦ Déficit de altura (baixa altura para idade) ◦ Mortalidade infantil ◦ Alterações cerebrais ◦ Alterações motoras ◦ Alterações psicológicas DESNUTRIÇÃO: Desnutrição, fem. Expressão biológica da carência prolongada da ingestão de nutrientes essenciais à manutenção, ao crescimento e ao desenvolvimento do organismo humano. ◦ É um processo orgânico, determinado socialmente, na medida em que o sistema político-econômico regula o grau de acesso aos alimentos. ◦ Esse estado refere-se normalmente ao tipo de desnutrição energético-protéica. Glossário Temático de Alimentação e Nutrição – Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/glossario_alimenta.pdf Desnutrição energético-protéica, fem. Sin. Deficiência energético protéica. Estado orgânico nutricional resultante da ingestão insuficiente de calorias e proteínas por um indivíduo. Glossário Temático de Alimentação e Nutrição – Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/glossario_alimenta.pdf Desnutrição crônica, fem. Processo caracterizado pela carência pregressa da ingestão e utilização de nutrientes pelo organismo humano. ◦ O processo manifesta-se no déficit de altura. Glossário Temático de Alimentação e Nutrição – Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/glossario_alimenta.pdf CRIANÇAS – 5 a 9 anos 29,3 7,2 10,9 15 34,8 14,7 0 10 20 30 40 50 60 1975 1989 2008 % DÉFICIT DE ALTURA EXCESSO DE PESO 26,7 6,3 8,6 11,9 32 12,6 0 10 20 30 40 50 60 1975 1989 2008 % DÉFICIT DE ALTURA EXCESSO DE PESO MENINOS MENINAS Dados POF - IBGE ADOLESCENTES – 10 A 19 ANOS 10,1 5,3 3,73,7 7,7 16,7 21,7 5 0 10 20 30 40 50 60 1975 1989 2003 2008 % DÉFICIT DE PESO EXCESSO DE PESO 5,1 4,3 3 7,6 13,9 15,1 19,4 2,7 0 10 20 30 40 50 60 1975 1989 2003 2008 % DÉFICIT DE PESO EXCESSO DE PESO MENINOS MENINAS Dados POF - IBGE Baixo peso e baixa estatura em criança menores de 5 anos. http://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pcan.php?conteudo=desnutricao FOME versus Renda e condições de vida: ◦ Aumento da renda média nos domicílios Brasileiros (PNAD 2004 a 2009); ◦ Avanço na região Nordeste superior aos avanços da região Norte; ◦ Redução da desigualdade econômica;◦ Taxa de desemprego caiu de 2004 a 2010; ◦ Aumento escolaridade materna, QUAL A IMPLICAÇÃO DESTAS MUDANÇAS SOBRE O PROBLEMA DA FOME???? ENTÃO O PROBLEMA DA FOME ACABOU?? ESTAMOS LIVRES?? E AGORA? DESAFIOS ATUAIS! ◦ Ampliação e fortalecimento dos sistemas de produção de alimentos de bases mais sustentáveis; ◦ O crescente aumento do sobrepeso/ obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis; ◦ A promoção da oferta a alimentos saudáveis para toda a população; ◦ A insegurança alimentar e nutricional de populações tradicionais e específicas (indígenas, quilombolas, moradores de rua, negros, famílias chefiadas por mulheres). MAIOR DESAFIO CUMPRIMEIRO DO CONCEITO DE SAN TAL COMO CONSTA NA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL “A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis.” A elaboração de fluxos e procedimentos para o acolhimento adequado às demandas espontâneas e aos casos identificados por busca ativa, no âmbito da atenção básica e em articulação com os demais pontos de atenção identificação das causas, avaliação e classificação do risco, estabelecimento de Projeto Terapêutico Singular e de articulação com outros setores e políticas sociais. A promoção ao aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e da alimentação complementar saudável, com continuidade do aleitamento materno até os 2 anos, fortalecida pela Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil; A prevenção de deficiências nutricionais específicas, com a Suplementação de Ferro e Ácido Fólico, Vitamina A e o NutriSUS; O acompanhamento do estado nutricional de crianças menores de 5 anos, com a utilização do SISVAN, com especial atenção às crianças pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; A promoção e implantação de ações intersetoriais, por meio da Articulação Intersetorial, tendo em vista a determinação multifatorial da desnutrição. Manual de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar. https://novo.atencaobasica.org.br/relato/108 Portaria GM nº 2.387, de 18 de outubro de 2012, instituiu a Agenda para Intensificação da Atenção Nutricional à Desnutrição Infantil - ANDI No tocante à saúde de crianças brasileiras menores de cinco anos, observa-se que, entre 1989 e 2006 (Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição - PNSN e Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde - PNDS, respectivamente), a desnutrição (déficit de peso para idade) reduziu significativamente, passando de 7,1% para 1,7%. Entretanto, a tendência de redução não ocorreu de maneira uniforme em todos os grupos populacionais, visto que, em crianças menores de cinco anos beneficiárias do Programa Bolsa Família a desnutrição é igual a 16,4%; em indígenas chega a 26,0% (I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição de Populações Indígenas 2008-09); em quilombolas, 14,8% (Chamada Nutricional Quilombola, 2006). A desnutrição consiste em uma doença com forte determinação social, multifatorial, que tem grande correlação com a pobreza. Dentre esses fatores considerados fundamentais, devem ser ressaltadas as características do nascimento (principalmente o peso), a alimentação em qualidade e quantidade suficientes, os cuidados de saúde e vacinação adequados que eliminam ou reduzem a ocorrência de doenças, a moradia, o saneamento básico, a estimulação psicomotora e as relações afetivas, que refletem as condições gerais de vida às quais a criança está submetida. A ANDI tem como foco os municípios brasileiros com menos de 150 mil habitantes que apresentam índices de desnutrição infantil (baixo peso e muito baixo peso/idade) em crianças menores de cinco anos de idade, iguais ou superiores a 10%, de acordo com SISVAN de 2011. No total de 256 municípios foram elegíveis à agenda, no entanto, 212 realizaram adesão. A participação dos municípios nesta Agenda foi condicionada à adesão com pactuação de metas que serão avaliadas anualmente durante a vigência (24 meses): aumentar o acompanhamento do estado nutricional das crianças menores de cinco anos no SISVAN; aumentar o acompanhamento das condicionalidades de saúde das famílias beneficiárias do PBF; investigar os casos de desnutrição e atraso no desenvolvimento infantil; implementar a Estratégia Amamenta Alimenta Brasil em todas unidades básicas de saúde, garantir a suplementação de ferro e de vitamina A todas crianças desnutridas. Jean Ziegler, Jean. Destruição massiva: Geopolítica da fome. Tradução de José Paulo Netto. São Paulo: Cortez Editora; 2012. Josué de Castro, primeira época. p. 77 – 87.
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