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5 FACULDADE SANTO AGOSTINHO TÂNIA MARIA SERRA DE JESUS NOLÊTO ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS: ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE TERESINA (PI) 2016 6 TÂNIA MARIA SERRA DE JESUS NOLÊTO ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS: ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Direito junto à Faculdade Santo Agostinho. Orientadora: Prof.ª Maria Laura Lopes Nunes TERESINA (PI) 2016 7 TÂNIA MARIA SERRA DE JESUS NOLÊTO ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS: ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE Este artigo foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em Direito e aprovado em sua versão final pela Banca Examinadora do Curso de Direito da Faculdade Santo Agostinho. Teresina (PI), 15/06/2016 Banca Examinadora: ______________________________________________ Orientadora: Prof. Maria Laura Lopes Nunes ______________________________________________ Profa. Rochele Firmeza 8 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS: ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE Tânia Maria Serra de Jesus Nolêto1 RESUMO: a proteção ao meio ambiente sempre foi uma preocupação dos povos, nem tanto pela natureza em sim, mas por ser a fonte de riquezas e de sobrevivência do ser humano. No caso do Brasil a preocupação com o meio ambiente, ou melhor, com as riquezas de terras brasilis já era demonstrada desde que os portugueses chegaram em nossas terras. Várias normas sempre foram promulgadas com a finalidade de proteger o meio ambiente, desde as Ordenações Portuguesas passando pelas Constituições até a edição de normas infralegais como os Códigos Florestais de 1965 e de 2012 que previram, dentre outras áreas especialmente protegidas, as áreas de preservação permanente - APP, definidas por sua localização ou por sua importância. Porém, o Código de 2012 trouxe como novidade a consolidação de áreas em APP, isto é, a regularização da ocupação antrópica nessas áreas. O Teorema de Coase é um instrumento que analisa o direito de propriedade e o direito de vizinhança quando permite valorar economicamente o que é mais eficiente. No presente artigo o Teorema de Coase é aplicado quando se questiona se é mais viável consolidar a ocupação antrópica em APP ou se seria recuperar a área a status quo ante. PALAVRAS-CHAVES: Área de preservação permanente. APP. Área consolidada. Teorema de Coase. Direito de propriedade. 1 Geógrafa – UFPI; MSc. em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA/UFC; Bacharel em Direito – FSA; Especializanda em Direito Tributário – CERS/Estácio. 9 Abstract 10 SUMÁRIO Resumo.................................................................................................... 08 Abstract..................................................................................................... 09 1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 11 2. PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL – REVISÃO HISTÓRICA............................................................................................... 13 2.1 A Constituição Federal de 1988 e o Meio Ambiente ........................... 15 2.2 O Código Florestal ............................................................................... 21 3. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP......................... 24 3.1 Áreas Consolidadas............................................................................. 29 4. A ECONOMIA AMBIENTAL E O TEOREMA DE COASE................. 31 4.1 O Teorema de Coase........................................................................... 33 5. ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE APLICADO ÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS.............................. 37 6. CONCLUSÃO........................................................................................ 42 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 43 11 1 INTRODUÇÃO A proteção ao meio ambiente existe desde as Leis mosaicas e, ao longo do tempo, várias civilizações demonstraram preocupação com a sua conservação, como os romanos, ao outorgarem o uso da água. Dom Pedro II demonstrou preocupação com a falta de água na cidade do Rio de Janeiro e mandou plantar a famosa Floresta da Tijuca, além da Floresta das Paineiras, no século XIX, para proteger os mananciais, inclusive efetuando desapropriações. No Brasil a legislação vigente para proteção ao meio ambiente percorre o Código Florestal, a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei de Crimes Ambientais, o Decreto de Infrações Ambientais, as Resoluções expedidas pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, dentre outros dispositivos não menos importantes, que tratam de áreas legalmente protegidas. Essas áreas que são consideradas de preservação permanente estão localizadas em regiões suscetíveis a intensa degradação ambiental e por isso merecem atenção, como: as margens dos corpos d’água e sua mata ciliar, as encostas de morros com declividades maiores do que 45°, as restingas como fixadoras de dunas, dentre outras, tendo por função preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, a proteção do solo. Com a proteção dessas áreas pode-se diminuir e até mesmo evitar os movimentos de massas, que ocorrem nas encostas, como os sucedidos nos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Angra dos Reis - todos no Estado do Rio de Janeiro - e em vários municípios no Estado de Santa Catarina, ao longo dos últimos anos. Essas áreas, também, têm a função de proteger o solo da erosão que tanto contribui no assoreamento dos cursos d’água, além de protegerem o fluxo gênico que 12 se dá especialmente por corredores ecológicos interligando espaços através dos cursos d’água possibilitando o fluxo de genes e o movimento da biota provocando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas. A degradação ambiental no planeta põe em risco a sobrevivência de seus habitantes, sendo essencial a manutenção de espaços especialmente protegidos para a conservação da biota e a proteção do meio abiótico. Porém, nem todas as áreas protegidas são intocáveis e nem é proibida a sua utilização, contudo, existem rígidos limites para sua exploração e, por todos os motivos aqui expostos, pretende- se demonstrar a importância do Teorema de Coase na análise das áreas consolidadas em áreas de preservação permanente. 13 2 PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE NO BRASIL – REVISÃO HISTÓRICA A visão que temos da época da colonização, contada pelos livros de história é de que os portugueses chegaram a terras brasileiras e somente desmataram nossas florestas para extração do pau-brasil e plantio da cana-de-açúcar; mas, a verdade é que havia uma preocupação da Coroa Portuguesa em proteger, fiscalizar e regrar a utilização dos recursos naturais de forma que se evitassem desperdícios e assegurassem economicamente o governo (OLIVEIRA, 2005). A legislação em vigor no país no século XVII eram as Ordenações Manuelinas, editadas em 1521,e já tratavam da proteção aos recursos naturais visando a evitar escassez de alimentos em Portugal, proibindo a caça de forma permanente ou sazonal, dependendo da região, em solo brasileiro. As Ordenações Manuelinas foram substituídas pelas Ordenações Filipinas no ano de 1602 e ampliaram a preocupação à proteção ambiental, que antes era apenas com a caça e os recursos naturais, para a proteção às águas, à regulamentação da pesca e até a sua proibição (OLIVEIRA, 2005). A Carta Régia de 1597 declarava de propriedade real as matas e arvoredos situados na costa, assim como ao longo dos rios que desembocassem no mar pelos quais em jangadas se pudessem conduzir as madeiras ao mar. Durante o período imperial, e como consequência do regime de ocupação das sesmarias, houve grande derrubada das matas o que levou o Código Criminal a considerar crime a derrubada de madeiras de lei, especialmente o pau-brasil. Com o advento da República no Brasil as velhas normatizações foram revogadas e, em 1916 o Código Civil já tratava da função social da propriedade (OLIVEIRA, 2005). A Constituição de 1934 já trazia em seu texto a intervenção do Estado no domínio econômico e a noção de função social da propriedade privada. Caso a 14 propriedade estivesse sem função social teria seu valor vulnerável. Nas Constituições de 1937, 1946 e de 1967/69, a evolução do princípio da função social de propriedade foi importante para o surgimento de normas protecionistas ao meio ambiente. (SILVA, 2014). No período compreendido pelo denominado Estado Novo foram editados e promulgados vários dispositivos legais, muitos dos quais perduram até os dias atuais, a saber: Decreto – Lei n° 25 de 30 de novembro de 1937 que trata da Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Decreto – Lei n° 58 de 10 de novembro de 1937 versando sobre Loteamentos e Decreto n° 24.643 de 10 de julho de 1934 que dispõe sobre o Código de Águas além do primeiro Código Florestal (Decreto n° 1.713 de 14 de junho de 1937), do Código de Pesca (Decreto-Lei n° 794 de 19 de outubro de 1938), Decretos-Lei n° 2490 de 16 de agosto de 1940 e n° 3.438 de julho de 1941, que dispõem sobre as normas para aforamento de terrenos de marinha. No decorrer do período republicano, vários dispositivos legais foram promulgados com o propósito de proteger os recursos naturais de forma racional como: o Decreto Legislativo n° 03 de 1978 que aprovou a Convenção para a Proteção da Flora, da Fauna e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América, o Código Florestal com a Lei n° 4.771 de 15 de setembro de 1965, a Lei de Proteção à Fauna com a Lei n° 5.197 de 03 de janeiro de 1967, o Decreto-Lei n° 221 dispondo sobre o Código de Pesca e também a instituição de reservas indígenas, dos Parques Nacionais e de Reservas Ecológicas e a Política Nacional de Meio Ambiente (OLIVEIRA, 2005). 15 2.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, trás na Parte Especial, Título III, Capítulo VI, um artigo voltado para a proteção ao meio ambiente, competindo ao Poder Público e à coletividade a proteção desse bem. Dessa forma, atendendo ao fundamento da dignidade da pessoa humana, determina que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Sendo o meio ambiente reconhecido como um direito de terceira geração, de titularidade coletiva, com fundamento no Princípio da Solidariedade ou Fraternidade, é reconhecido como um direito difuso transindividual (BELTRÃO, 2009). O art. 225 da Constituição enuncia que “todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (CURIA, 2015, p. 71). Esse direito deve ser efetivado pelo Poder Público por meio: Da preservação e da restauração dos processos ecológicos essenciais e da promoção do manejo ecológico das espécies e ecossistemas; Da preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético do país e da fiscalização das entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material genético; Da definição, em todas as unidades da Federação de espaço territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos; 16 Da exigência de Estudo de Impacto Ambiental – EIA-RIMA, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente; Do controle de produção, da comercialização e do emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; Da promoção da educação ambiental e Da proteção da fauna e da flora. O legislador elencou no art. 225 da Carta Magna sete metas visando à proteção do meio ambiente, incumbindo ao Poder Público essa iniciativa. Porém, como se dá essa iniciativa? Por meio de normas jurídicas que tem por função disciplinar o uso e a restauração do meio ambiente e dos recursos naturais (CANOTILHO e LEITE, 2012). Embora possa parecer que o legislador esteja preocupado apenas com o meio ambiente, na verdade ele põe em prática o antropocentrismo, isto é, a proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado tem por objetivo o bem de uso comum do povo. Ora, o legislador deixa bem claro que o ser humano é quem deve ser beneficiado. Embora elenque uma série de dispositivos, eles têm por finalidade servir ao ser humano, e não à natureza, que traduziria uma opção ecocêntrista. De acordo com CANOTILHO e LEITE (2012), as dimensões jurídico- ambientais e jurídico-ecológicas permitem falar de um Estado de direito ambiental e ecológico. Porém, esse Estado de direito só se configura se proteger o meio ambiente, impondo o dever de juridicidade à atuação do poder público, como enunciado no art. 225 da Lei Maior. A proteção constitucional ambiental somente logrará força normativa 17 se os vários agentes públicos e privados que atuam sobre o meio ambiente o colocarem como fim e medida de suas decisões, ou seja, não o utilizando apenas para a obtenção de outros benefícios. A finalidade principal é a proteção do ambiente como um todo e não apenas um acessório para se atingir outros objetivos. Os autores destacam ainda que não pode haver retrocesso na proteção ao meio ambiente e nem tampouco o descumprimento de preceitos constitucionais relativos ao meio ambiente. O Estado deve proteger esse patrimônio, seja de forma normativa, seja de forma planejada, seja de forma executiva ou judicial. O Estado de direito ambiental e ecológico só existirá de fato se proteger e garantir o direito ao ambiente. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente – CNUMAD, também conhecida por ECO-92, realizada na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1992, adotou o termo desenvolvimento sustentável como medida de proteção ordenada à garantia de sobrevivência da espécie humana e da existência às futuras gerações, preocupação essa já trazida no ano de 1988 pela Constituição vigente. Portanto, nossa Assembleia Constituinte já demonstrava uma atenção com a sustentabilidade, ainda que só uma visão antropocêntrica do tema (CANOTILHO e LEITE, 2012). Destaque-se que a Constituição não proíbe a intervenção humana no meio ambiente, porém, deve-se atender ao que se denomina “Princípio da Proibição do Retrocesso” quando as políticas ambientais do Estado são obrigadas a melhorar o nível de produção já assegurado pelos vários complexos normativo-ambientaiscom os princípios de desenvolvimento sustentável, do aproveitamento racional de recursos, da salvaguarda de capacidade de renovação ecológica e do Princípio da Solidariedade entre Gerações, isto é, quando da intervenção deve-se justificar 18 adequadamente, inclusive com alternativas ambientais e ecologicamente sustentáveis (CANOTILHO e LEITE, 2012). Na Constituição Portuguesa, o termo desenvolvimento sustentável é tratado como Princípio da Solidariedade entre Gerações. CANOTILHO e LEITE (2012) enumeram as principais problemáticas ambientais como: alterações irreversíveis dos ecossistemas, consequência dos efeitos cumulativos antrópicos; esgotamento dos recursos, devido à utilização irracional dos recursos sem permitir que eles se renovem; e os riscos duradouros. Os autores concordam quanto à insuficiência doutrinária e bibliográfica sobre a matéria constitucional no Brasil, pois ainda não existem publicações e trabalhos sobre o tema e que, os textos disponíveis, não abordam toda a complexidade do tema. Para FIORILLO (2005), ao fazer referência ao RE - 300244-9, a Constituição Federal não autoriza fazer com o bem ambiental, de forma ampla, geral e irrestrita, aquilo que permite fazer com outros bem em face do direito de propriedade. O bem ambiental não guarda necessariamente compatibilidade absoluta com o direito de propriedade, não exercendo, pois, o ius utendi et abutendi, isto é, o direito de usar e abusar da coisa. FIORILLO (2005, p. 67) apud PROUDHON (1975) discorre que “o direito romano definiu a propriedade, jus utendi et abutendi re sua, quateus júris ratio patitur como o direito de usar e abusar dos bens contanto que a razão do direito o permita” e constata que não existe uma definição de propriedade, mas um grande número de significados, que varia de acordo com as épocas e com as regiões, justifica ainda, a palavra abusar no sentido de domínio absoluto, e não o uso insensato e imoral. O direito de propriedade, influenciado pelos países europeus, desde a Constituição de 1824, revela seu conteúdo ideológico de garantir a economia 19 capitalista, variando de acordo com o tempo. Na Constituição de 1891, foram estabelecidas normas que asseguravam a inviolabilidade da propriedade e a plenitude desse direito; porém, esse direito poderia ser restringido em face de desapropriação por necessidade ou utilidade pública. As Constituições de 1946 e de 1967, seguindo a trajetória da história mantiveram essa linha de pensamento, enquanto a Carta da República de 1988 garantiu, pela primeira vez, o direito de propriedade aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, bem como a sua inviolabilidade, desde que atendessem a função social da propriedade (FIORILLO, 2005). O meio ambiente era tido como recurso econômico inesgotável a serviço do homem. As Constituições brasileiras de 1824 e de 1891, influenciadas pelo liberalismo econômico, não demonstraram proteção alguma ao meio ambiente. Dessa forma o Estado não intervia na propriedade privada. Todavia, devido ao fracasso desse liberalismo econômico, surge a noção de função social da propriedade e a intervenção no domínio econômico interferindo no valor da propriedade, tornando-a vulnerável se estivesse sem função social. Com a intervenção econômica na função da propriedade começa a surgir a preocupação com o meio ambiente que passava a fazer parte da pauta de discussão internacional e, consequentemente, do arcabouço jurídico nacional (SILVA, 2014). Lembrando que a proteção não era bem ao meio ambiente, mas às riquezas naturais, relativamente de cunho econômico. FIORILLO (2005) destaca que em momento algum a Constituição Federal de 1988 define o que seja propriedade, cabendo ao legislador infraconstitucional a missão de explicar e delimitar o direito de propriedade. Porém, independente desse conceito, não se pode confundir as relações jurídicas que envolvem determinados bens vinculados às pessoas humanas em face da propriedade com as relações jurídicas que envolvem os bens ambientais, posto que, 20 a natureza jurídica do bem ambiental, elaborada na ordem econômica do capitalismo visando a atender às relações de consumos, mercantis e outras importantes relações destinadas à pessoa humana, dentro de uma nova concepção constitucional criada em 1988, tem na dignidade da pessoa humana seu mais importante fundamento. Para que o bem ambiental atenda à sua estrutura finalística e seja tratado como difuso, ou seja, de uso comum do povo tendo como objetivo a tutela do ser humano, ele deve atender ao requisito de ser essencial à sadia qualidade de vida enunciado pela Constituição Federal vigente satisfazendo as necessidades humanas. Um dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil é o da dignidade da pessoa humana e interpretando-se o que seja essencial a partir dos art. 6° e 225 da Magna Carta, entendemos que toda e qualquer pessoa deve ter o direito de desfrute aos preceitos elencados nos artigos supracitados desde que se tenha a responsabilidade de tutela dos valores ambientais das atuais e futuras gerações (FIORILLO, 2005). Entretanto, o meio ambiente na CF/88 não foi citado apenas no art. 225, mas sim ao longo da Magna Carta: no inciso VII do art. 23 e incisos VI e VII do art. 24 quando são elencadas as competências comuns e concorrentes dos entes políticos e administrativos; ao tratar da poluição (art. 23, VI e 24, VI); da atividade garimpeira (art. 174, § 3°); da ação civil pública (art. 129, III); dos sítios ecológicos e do patrimônio cultural brasileiro (art. 216, V). Lembrando que, antes da promulgação da Magna Carta em vigor, já existiam outros dispositivos legais voltados para a proteção ao meio ambiente, e alguns foram por ela recepcionados, como a Lei n° 6.938/81, conhecida por Política Nacional de Meio Ambiente– PNMA e o Código Florestal de 1965. 21 2.2 O CÓDIGO FLORESTAL O primeiro Código Florestal brasileiro foi concebido pela Lei n° 4771/65 e recepcionado pela CF/88, representando o marco no Brasil que, dentre outros avanços, tornou possível a instituição de áreas ambientais a serem protegidas como as Áreas de Preservação Permanente – APP e as Áreas de Reserva Legal – ARL (SILVA, 2014). Enquanto o Código Florestal declarou que as florestas e demais formas de vegetações existentes no território brasileiro são bens de interesse comum a todos os habitantes do país e que são consideradas de preservação permanente certas florestas e demais formas de vegetação natural, dependendo do local onde se situam, a Magna Carta declarou como especialmente protegidos os espaços territoriais, tomados em sentido amplo, e seus componentes úteis ou necessários à conservação ou proteção ambiental. A Constituição determina que a supressão ou alteração desses espaços seja feita por lei declarando-se previamente quais são esses espaços territoriais especialmente protegidos (OLIVEIRA, 2005; MEDAUAR, 2002; FIORILLO, 2005). Os espaços territoriais especialmente protegidos são instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente e podem estar localizados em áreas públicas ou privadas. As florestas são bens ambientais de natureza difusa, pois seu titular é o povo e, quando situadas em espaços e propriedades privadas, devem suportar limitações em seu uso e fruição. Estudos científicos concluem que, para a sobrevivência da espécie humana, é importante a proteção dos ecossistemas florestais, pois esses são responsáveis pela biodiversidade, pela reciclagem de nutrientes dos solos, pela proteção dos corpos d’água e suas nascentes, pela manutenção do ciclo hidrológico, 22 incluindoo equilíbrio das temperaturas. Esse pensamento foi corroborado quando da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio + 20, realizada no Rio de Janeiro no ano de 2012 que ressaltou os benefícios sociais, econômicos e ambientais que as florestas podem proporcionar aos seres humanos. A Agenda 21, documento elaborado durante a ECO – 92, traz em seu texto que as florestas são importantes e indispensáveis ao desenvolvimento econômico e à manutenção de todas as formas de vida terrestre (FIORILLO, 2005; SILVA, 2014). O Novo Código Florestal foi publicado em 25 de maio de 2012, sob a Lei nº 12.651/12, mantendo as APPs e as ARL, e tem por função proteger as florestas e demais formas de vegetação, de formação natural ou artificial, além de reconhecer a função estratégica da produção na manutenção e recuperação de florestas e o compromisso do País com um modelo ecologicamente viável de desenvolvimento, criando e utilizando incentivos econômicos para a preservação e recuperação da vegetação nativa. O atual Código Florestal limita o exercício do direito de propriedade fundamentado no princípio constitucional da função socioambiental da propriedade, utilizando adequadamente os recursos naturais disponíveis, preservando o meio ambiente. O cumprimento da função socioambiental legitima o direito de propriedade pelo seu titular. A instituição, pela lei supracitada, de Áreas de Preservação Permanente ou de Áreas de Reserva Legal, que deverão ser protegidas pelo proprietário em razão da relevância ambiental da vegetação ali situada, não constituem ofensa ao direito de propriedade (SILVA, 2014). O Código de 2012 trouxe algumas novidades, dentre elas o amparo ao pequeno produtor, ou posse rural familiar, para o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante, desde que sejam de ciclo curto nas áreas que ficam expostas 23 por ocasião de vazante de rios e lagoas; em outras palavras, durante os períodos de cheia desses corpos hídricos a água atinge determinada extensão do terreno e, na temporada de estiagem, ou de seca, parte dessa extensão que era anteriormente ocupada pela água fica descoberta. Porém, aquele solo mantém por determinado período temperatura e nutrientes adequados para o plantio de algumas espécies alimentares. Funciona como um ciclo, na época de cheia a água vem carregada de nutrientes que são depositados no solo e, posteriormente, são aproveitados no plantio de subsistência quando aquele leito fica descoberto. O legislador, no Código supracitado, tornou-se mais tolerante ao pequeno produtor que vive de subsistência, desde que esse não suprima novas áreas de vegetação nativa, que conserve a qualidade da água e do solo e proteja a fauna silvestre. Para imóveis rurais com até 15 módulos fiscais admite-se a prática da aquicultura e respectiva infraestrutura desde que se adotem práticas adequadas de manejo do solo e da água, que esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou plano de gestão de recursos hídricos, que seja realizado o licenciamento ambiental pelo órgão competente e não implique novas supressões de vegetação nativa. 24 3 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE – APP O Código de 1965, no art. 2º, considerava APP “as florestas e demais formas de vegetação natural", enquanto o Código atual, no art. 4º, retirou-se a questão da flora para considerar como APP determinado espaço, em zonas rurais ou urbanas. No inciso I do art 4º do Código de 2012 houve os seguintes acréscimos: os termos perene e intermitente, excluídos os efêmeros, delimitação da largura desde a borda da calha do leito regular. Para a conceituação de Área de Preservação Permanente não houve inovações na Lei atual, no art. 3º, II, apenas se retirou “nos termos dos artigos 2º e 3º” da norma. Essas áreas, via de regra, são intocáveis, sendo vedado o seu uso econômico direto. O art. 2º do antigo Código tornou-se agora o 4º no Código vigente, com pequenas modificações e acréscimos. Para lagoas, lagos ou reservatórios houve uma distinção e acréscimo quanto ao que se refere como natural e artificial. Para os corpos naturais especificou- se para as zonas rurais uma faixa de largura para uma área de 20 (vinte) hectares e uma faixa de 30 (trinta) metros em zonas urbanas. No caso dos reservatórios d’água artificiais, sejam decorrentes de barramento ou represamento de curso d’água naturais, essa delimitação deve ser definida na licença ambiental do empreendimento, ou seja, dependerá de um estudo ambiental indicar essa delimitação e suas justificativas ficando a cargo do órgão ambiental competente o seu aceite ou a sua modificação, suprimindo ou aumentando, conforme as peculiaridades de cada empreendimento (SILVA, 2014). No Novo Código Florestal acrescentou-se como APP, no art. 4º, inciso VII, os manguezais, em toda a sua extensão. Não se trata de uma nova área, ela já havia sido delimitada na Resolução nº 303/02 do Conselho Nacional de Meio 25 Ambiente – CONAMA, no art. 3º. Quanto aos topos de morros, montes, montanhas, serras e veredas essa delimitação também já havia sido feita na Resolução supracitada. Observa-se que não houve novidades quanto à definição e localização das APPs, o legislador, sabiamente, apenas melhorou as definições e trouxe de outras normas infraconstitucionais áreas que não haviam sido contempladas pelo Código Florestal de 65, bem como nenhuma dessas áreas foi suprimida ou reduzida (CURIA, 2015, p. 857-858). No Código de 65, somente em casos excepcionais, poder-se-ia computar a vegetação nativa existente em APP no cálculo da Reserva Legal. Porém, no cálculo da Reserva Legal atual, passou-se a permitir a inclusão da APP na Reserva Legal para que se possa alcançar o percentual mínimo exigido. No presente estudo, não temos a intenção de discutir acerca da Reserva Legal, no entanto, é impossível deixar de ressaltar que, nesse caso, houve uma perda para o meio ambiente, pois se priorizou o interesse econômico do proprietário. A função da APP é “preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”, (CURIA, 2015, p. 857) conforme dispõe o art. 3º da Lei em tela, ou seja, proteger as funções ecológicas de determinadas áreas. Caso não se protegesse essas áreas, exemplificando com os olhos d’águas e margens de cursos d’água, muitos rios nem existiriam mais e muitas cidades poderiam ser engolidas pelas margens de alguns, já que não existiria uma margem natural para conter a força das águas, sem falar das espécies endêmicas que fatalmente iriam à extinção. Muito se fala que a proteção ao meio ambiente impede o desenvolvimento econômico, o que leva ao legislador a criar exceções naquilo que se 26 tem como regra, e para as APPs não é diferente. Em determinadas situações, é permitido intervir nas APPs. Ao se proteger o meio ambiente não significa que se deva barrar o progresso, deve-se apenas fazê-lo de forma sustentável, sendo flexível, mas imponente, quando necessário. Nos países em desenvolvimento, detentores das maiores florestas tropicais do mundo e uma rica biodiversidade, os ecossistemas florestais encontram- se sob pressão influenciados pelas mais diversas atividades, como: expansão da fronteira agrícola que, no Brasil, já se difundiu de norte a sul– Mato Grosso, Goiás, Pará, até mesmo o Piauí, na região do Cerrados -, e pela pressão migratória por populações marginalizadas para essas áreas, dentre outras (SILVA, 2014). As APPs instituídas em função de sua destinação,cobertas ou não com outras formas de vegetação devem ser declaradas, por ato do Chefe do Poder Executivo, mediante Decreto, como de interesse social, desde que atendam a determinada finalidade, tratadas como numerus clausus: Art. 6° Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional (CURIA, 2015, p. 860). Para se exercer o direito de propriedade, a Constituição diz que essa deverá exercer a função social e o seu art. 186 elenca requisitos para que se atinja a sua função sócio ambiental, desde que de forma simultânea: 27 I – aproveitamento racional e adequado; II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores” (CURIA, 2015, p. 62). A finalidade das APPs é proteger determinadas áreas que tem função ambiental relevante, sendo consideradas intocáveis e vedadas ao uso econômico direto, mas toda regra tem suas exceções. Dispor de exceções não significa que se poderá fazer o que quiser e da forma que quiser, significa que, em determinadas situações, essa regra poderá ser flexível, desde que se enquadre e cumpra requisitos pré-estabelecidos. A presente norma prevê as seguintes intervenções em APP: alteração e supressão de APP e supressão de vegetação em APP. Numa leitura rápida pode haver um equívoco ao se falar em supressão, mas, numa nova leitura percebemos que uma intervenção é na área, na delimitação, no espaço ocupado e a outra está relacionada à supressão de vegetação, da flora, ao corte, ao desmatamento. Como já fora explanado, as APPs são definidas por localização ou por destinação, devendo as últimas serem feitas por ato administrativo – por decreto do Chefe do Poder Executivo -, porém, somente mediante lei pode haver supressão. Esse procedimento complexo se justifica justamente para que seja maior a possibilidade de manutenção da proteção dos recursos naturais. O artigo 225 da Constituição já prevê, no inciso III, que a alteração e a supressão de espaços territoriais e seus componentes somente serão permitidas mediante lei formal (SILVA, 2015). A supressão de cobertura vegetal em APP deve ser uma exceção e só poderá ocorrer mediante autorização do órgão ambiental competente, do contrário, o agente responderá por crime ambiental conforme dispõe o arts. 38 e 39 da Lei nº 28 9605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais (CURIA, 2015, p. 1725), além de cometer infração ambiental, de acordo com os artigos 43, 44 e 45 do Decreto nº 6514/08 (TRENNEPOHL, 2009, p. 491-492). Essa autorização do Poder Executivo para suprimir cobertura vegetal somente poderá ocorrer nos casos de utilidade pública, interesse social ou em situações de baixo impacto ambiental. Os casos de utilidade pública estão definidos no art. 3º, VIII, do Código Florestal vigente são: a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; (CURIA, 2015, p.858). No caso de supressão de vegetação nativa em APP de mangue só poderá ser autorizada, excepcionalmente, onde a função ecológica do mangue esteja comprometida e desde que seja inserida em projetos de regularização fundiária de interesse, em social em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. Quando se tratar de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas é dispensada a autorização do órgão ambiental competente quando for em caráter de urgência (CURIA, 2015, p. 861). 29 3.1 ÁREAS CONSOLIDADAS O art. 3°, IV, da Lei n° 12.651/12 define a área rural consolidada como “ a área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio” (CURIA, 2015, p. 858). A norma supracitada trata apenas das áreas consolidadas em APP, localizadas em zona rural, não fazendo referência às APPs em zona urbana, porém, neste estudo, para a análise do Teorema de Coase, não foi feita a distinção entre zona rural e zona urbana, até porque, a norma não considerou a sua importância na zona urbana, onde existe uma forte densidade demográfica que acarreta os mais diversos impactos ambientais. O texto normativo delimita as áreas ocupadas de 01 (um) até 15 (quinze) módulos fiscais, devendo todas elas serem informadas no Cadastro Ambiental Rural – CAR para fins de monitoramento, observando-se critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados no Programa de Regularização Ambiental – PRA, definido no Código Florestal, e a recomposição de faixas marginais de acordo com o módulo fiscal em que se localiza. As APPs situadas nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral, criadas até a publicação do atual Código, não são passíveis de consolidação, exceto o que dispuser o Plano de Manejo, conforme dispõe o art. 6-A, §16 dessa norma (CURIA, 2015, p. 871). O Código Florestal além de versar sobre a consolidação de áreas em APP, também trata da obrigatoriedade de recomposição da vegetação, variável de acordo com a extensão do imóvel rural e com o tipo de APP, podendo ser realizada, isolada ou conjuntamente por: regeneração natural de espécies nativas; plantio de 30 espécies nativas; plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, exóticas ou nativas (SILVA, 2014). PHILIPPI Jr. (2005) pondera que, numa área consolidada, ao se permitir que ela continue ocupando a APP deve-se levar em conta os instrumentos necessários para o seu uso sustentável de forma que não se maximize os impactos na área, devendo sim, mitigá-los, procurar investir em tecnologias que já foram indicadas como instrumentos na CF/88 e na PNMA. 31 4 A ECONOMIA AMBIENTAL E O TEOREMADE COASE MOTTA (2006) afirma que, ao se valorar economicamente um recurso ambiental, é possível determinar o quanto a mudança na quantidade de bens e serviços ambientais melhoraram ou pioraram o bem-estar das populações. Porém, existe um grau de dificuldade que permite valorar com clareza os valores de uso para os valores de não-uso, principalmente para aqueles usos indiretos. De acordo com MOTTA (2006), não existe um método perfeito para valoração ambiental, pois, cada método dependerá do objetivo da valoração e dos seus limites podendo ser classificados em: métodos da função de produção e métodos da função de demanda. No primeiro método, estima-se o valor econômico do bem ambiental, utilizando-se preço de mercado quando esse é um insumo, um substituto de um bem ou um serviço privado, estimando-se os custos ambientais às variações de disponibilidade. O segundo método avalia diretamente os valores econômicos e a disposição dos indivíduos de pagar por aquele recurso com base em funções de demanda. O método de valoração econômica do meio ambiente a ser adotado depende do objetivo, das hipóteses consideradas, da disponibilidade de dados e do conhecimento científico a respeito da dinâmica ecológica do objeto em questão MOTTA (2006, p. 16). Ao se estimar a viabilidade econômica de retornar uma área ao status quo ante e o quão caro o é, também existem situações nas quais existe a disposição para pagar para se conservar uma área, como é o caso do Parque Estadual Morro do diabo, localizado no interior de São Paulo, que abriga a última grande área de mata atlântica e a maior reserva de árvores de peroba-rosa do Estado. Para avaliar essa disposição de pagar foram aplicados questionários com 648 registros para um estudo de caso e criaram-se novas variáveis calculadas a partir dos coeficientes dos 32 modelos finais. “O valor de existência está relacionado ao estoque mínimo crítico que os indivíduos consideram necessário à existência de um bioma ou espécie e não fluxo de bens e serviços ambientais que determinam os valores de uso” (MOTTA, 2006, p. 74). Para uma política ambiental eficiente não basta apenas conhecer o valor econômico dos recursos ambientais, é necessário identificar quais instrumentos econômicos serão utilizados para atingir os objetivos ambientais priorizados (MOTTA, 2006). Esses instrumentos podem ser: De controle - mais usuais, como: regulamentos e sanções; taxas, impostos e cobranças, sendo pouco flexíveis a todos os usuários, pois não consideram seus custos individuais; Econômicos - criação de mercado de direitos, grau de conhecimento técnico para a fiscalização, sendo muitas vezes custoso para os órgãos responsáveis, porém, são mais flexíveis porque incentivam maior redução do nível de uso daqueles usuários, tornando menor o custo total de controle para a sociedade, como exemplo cita-se o sistema de reembolso para resíduos sólidos de risco e a implantação de estações de tratamento de efluentes em determinadas indústrias como curtume e bebidas gaseificadas; Orientadas para o litígio - intervenção de demanda final, como: educação para a reciclagem e a reutilização; lista negra dos poluidores, dentre outros. Os instrumentos indicados por MOTTA (2006) podem auxiliar na valoração econômica de um bem ambiental. Podemos destacar que o instrumento econômico é relevante para o presente estudo. 33 4.1 O TEOREMA DE COASE Ronald Coase é um economista inglês que ganhou o Prêmio Nobel de Economia, em 1991, ao questionar o que ele denominou de problema de natureza recíproca (PINHEIRO e SADDI, 2005) que, no presente trabalho, pode ser relacionado à interferência das áreas consolidadas nas áreas de preservação permanentes determinadas pelo atual Código Florestal brasileiro. A Teoria de Coase está relacionada ao direito de vizinhança e à restrição de uso, o que poderia, economicamente, se opor à função social da propriedade, tendo em vista o que já fora explanado anteriormente acerca do que se trata o direito de propriedade e a sua função social. PINHEIRO e SADDI (2005) ressaltam que no Teorema de Coase os direitos de propriedade foram considerados e que o impacto da economia nesse direito seria somente sobre a distribuição de renda. A utilidade do Teorema é compreender as soluções que o direito poderia atribuir ao incentivar o direito de propriedade com vistas a aumentar a eficiência da economia. Os autores constatam que as premissas para a análise econômica do direito corroboram no mesmo sentido de que o ser humano procura o que é melhor para si, aquilo que lhe dê mais satisfação, reagindo conforme o que o ambiente lhe oferece, inclusive vantagens econômicas, tais como: multas, serviços comunitários, benefícios trabalhistas e até mesmo reclusão ou detenção penal para os vários tipos de comportamento ilegais. As escolhas dos agentes econômicos sempre se basearão na adequação aos meios disponíveis para gerar os fins que mais interessam e aqueles só engajarão quando o benefício auferido for maior que o custo despendido para obtê- lo. PINHEIRO e SADDI (2005, p. 90) apud Poner {?} entendem que “a função básica do direito, numa perspectiva econômica, seja manipular corretamente os incentivos”. 34 As escolhas são feitas em face da análise dos benefícios auferidos por meio de uma comparação qualitativa ou quantitativa, isto é, monetária, aquilo que pesa ou não no bolso. PINHEIRO e SADDI (2005, p.92) ao discorrerem sobre os grupos que criticam e questionam o movimento Direito & Economia, destacam que, na busca pela eficiência do sistema, os critérios de natureza mais ética ou até social, são desprezados, não se dando, inclusive, a devida atenção aos direito humanos. Os autores questionam em Direito, Economia e Mercados, sobre “o quão eficiente é o sistema de normas para induzir comportamentos específicos e como uma sanção legal afeta esse comportamento” (PINHEIRO e SADDI, 2005, p. 93). As respostas, segundo os autores, estariam baseadas em sua totalidade e nos princípios da eficiência e racionalidade. PINHEIRO e SADDI (2005) também discorrem sobre a Teoria Econômica da Propriedade e enfatizam que muitos estudiosos entendem que a existência da propriedade é um requisito indispensável para que as trocas possam se realizar e que, juridicamente, a propriedade é um direito daquele que possui ou pode reivindicar em virtude de uma lei ou de um direito natural. Os autores citam o Código Civil francês que define propriedade como o direito de usufruir das coisas de maneira absoluta, gozando ou dispondo delas desde que não se faça uso proibido pelas leis ou regulamentos. Também fazem referência à definição de propriedade por Barzel, que a define de acordo com a visão econômica, quando alguém pode dispor de uma propriedade, seja vendendo, seja doando, isto é, por meio de trocas ou até mesmo quando sofre restrições econômicas ou legais, inclusive quando não se pode haver troca, sendo esse direito apenas parcial e, nesse caso, o direito é determinado pelo Estado. 35 O direito de propriedade, formalizada e assegurada pelo Estado, provoca um bem estar na população ao evitar que outros se apropriem ilegalmente de algo que pertence a outrem e que, caso isso aconteça, o indivíduo estará passível de punição PINHEIRO e SADDI (2005). Historicamente o direito de propriedade era citado pelos primeiros povos que utilizaram a escrita, com registro de venda de propriedades, há cerca de 3.000 a.C. O Código de Hamurabi (1792 – 1750 a.C) tratava da aplicação de sanções para casos de avanço na propriedade alheia. O Antigo Testamento, no Código da Aliança,conhecido por “Os Dez Mandamentos”, é o resultado do pacto que se realiza com Deus para o cumprimento da lei: moral, civil e religiosa, sendo um deles o direito de propriedade, quando ordena que não roubarás. O Direito romano intensifica a consagração do direito de propriedade privada. O termo proprium significa o que pertence a alguém, o que é próprio da pessoa, é o poder absoluto, exclusivo e perpétuo que alguém tem sobre uma coisa, podendo dela retirar as utilidades para seu benefício. A Constituição brasileira celebra o direito de propriedade e o bem-estar como valores supremos da democracia PINHEIRO e SADDI (2005). Ubi societas, ibi jus; ubi jus ibi societas é um brocardo que significa onde está a sociedade está o direito e onde está o direito a sociedade também está. Tendo o Direito surgido da sociedade, todo instituto jurídico está permeado por uma função social e, apesar de o direito de propriedade representar o mais amplo poder que se tem sobre algo, os romanos já entendiam como justas e procedentes algumas limitações ao direito de propriedade como: restrições no interesse de vizinhança e restrições ao interesse da coletividade (PINHEIRO e SADDI, 2005). De acordo com PINHEIRO e SADDI (2005), a Teoria de Coase viabiliza identificar o que é mais eficiente socialmente na ausência de custos de transação e 36 com direitos de propriedade perfeitamente assinalados. Se a solução encontrada entre partes tiver custo de transação igual a zero a solução será tida como eficiente, independente dos direitos de propriedade. Os autores destacam que a intenção de Coase não é propor a não existência de custos de transação, mas sim, entender que medidas legais devem ser adotadas para evitar que a existência desses custos prejudique a eficiência econômica em um contexto de competição pelo uso de recursos escassos. No estudo em tela, os direitos de propriedade estão assinalados nas áreas consolidadas em APP, não se destacando aqui se são de domínio público ou privado. 37 5 ANÁLISE DO TEOREMA DE COASE APLICADO ÀS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE CONSOLIDADAS A função, ou a vocação social, não é uma restrição à propriedade, mas sim ao seu uso indevido. Até mesmo PINHEIRO e SADDI (2005, p. 97) demonstram sua visão antropocêntrica ao explanarem que qualquer terra improdutiva afronta o conceito de função social da propriedade, pois, a terra, segundo os autores, existe para ser explorada e para produzir alimentos para a sociedade que dela depende. Os autores não exaltam a importância de proteger a propriedade para resguardar o que ela abriga, a sua riqueza natural, os meios bióticos e os abióticos. O bem estar da coletividade está ligado apenas à visão capitalista. PINHEIRO e SADDI (2005, 99) concluem que a definição e a garantia dos direitos de propriedade começam e terminam com sua assinalação pelo Estado, porém esses direitos podem ser desrespeitados, tanto por agentes privados como pelo próprio Estado. Os autores ainda discorrem que a lei e a estrutura jurídica determinam o comportamento e que, quando direitos de propriedade são assinalados corretamente e são respeitados, é possível definir o desempenho econômico pelo que se denomina segurança jurídica, ao tornar definitiva uma decisão jurisdicional. Os direitos de propriedade só existem se existir lei e só existe lei se existir Estado, contrario sensu às comunidades primitivas que foram conhecidas como: sem fé, sem lei, sem rei. A lei permite estabelecer um sistema de regras de conduta, e a participação do Estado para garantir a propriedade assume uma parcela importante no domínio econômico, que passa a intervir de forma direta ou indireta, e essa proteção demanda custos. Ao se aplicar o Teorema de Coase para identificar o que é mais viável no caso de APP consolidadas podemos indagar os seguintes aspectos: 38 a. Que impactos ambientais foram causados na APP para que tal área seja considerada consolidada? b. Que benefícios houve ao se considerar determinada área como consolidada? c. Que impactos, tanto ambientais, quanto econômicos e sociais, poderiam ocorrer caso fosse determinado que aquela área consolidada fosse recuperada para status quo ante? d. Se em determinada área consolidada tiver se edificado uma cidade e seja definido que aquela APP deve ser recuperada status quo ante, para onde os moradores serão deslocados? A possível nova área para recebimento dessa população sofrerá que tipos de impactos ambientais? Quão dispendioso será recuperar essa área e de onde virá o material para a sua recuperação? Que impactos serão causados para a retirada desse material de uma nova área? Quanto tempo será necessário para essa recuperação? e. O que é financeira e ambientalmente viável determinar que se recupere a APP status quo ante ou que se invista em medidas e tecnologias ambientalmente sustentáveis? f. Como fazer a mensuração dos impactos que foram causados ao longo de tanto tempo? Para finalizar a presente discussão, trouxemos três jurisprudências acerca da ocupação ou construção em Áreas de Preservação Permanente, vejamos o que colaciona nossos tribunais: 39 APELAÇÃO CÍVEL - TUTELA ESPECÍFICA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - DEMOLIÇÃO DE EDIFICAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE - DUNAS - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO - INOCORRÊNCIA DE ILEGITIMIDADE ATIVA - AUSÊNCIA DE COISA JULGADA - CONSTRUÇÃO JÁ EXISTENTE - IRRELEVÂNCIA - INFRINGÊNCIA DE LEGISLAÇÃO MUNICIPAL - APELO DESPROVIDO. "Havendo limitação ao direito de construir em área de preservação permanente e declarada non edificandi, qualquer obra clandestina (entendendo-se por tal a que for feita sem prévia aprovação do projeto ou sem alvará de licença) deve ser imediata e sumariamente embargada pela Administração que pode, na esfera de seu poder de polícia, efetivar sua demolição. 'A tolerância com edificações clandestinas em áreas de preservação permanente fará com que, estimulados pelo uso de meios retardatários da execução da liminar demolitória, nas violências contra o meio ambiente sejam perpetradas, em prejuízo de toda a comunidade' (AI n. 96.001089-0, Capital, Des. Eder Graf)" (Ap. cív. , da Capital, Des. Jaime Ramos). (TJ-SC - AC: 24995 SC 2005.002499-5, Relator: Francisco Oliveira Filho, Data de Julgamento: 19/04/2005, Segunda Câmara de Direito Público, Data de Publicação: Apelação cível n., da Capital.) APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTRUÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO (PRÓXIMA A LEITO DE RIBEIRÃO). DEDUÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA, POR RECONHECER FATO NÃO COMPROVADO, A DEMANDAR DILAÇÃO PROBATÓRIA (AUSÊNCIA DE SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO CILIAR). IMPROPRIEDADE. CONSTATAÇÃO DE FATO SEM RELAÇÃO COM O ATO COATOR. ÁREA URBANA CONSOLIDADA. EXISTÊNCIA, ADEMAIS, DE IMÓVEL NO LOCAL. EDIFICAÇÃO ERIGIDA COM AUTORIZAÇÃO MUNICIPAL. CASO EM QUE A LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DEVE PREVALECER SOBRE A FEDERAL. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA EM SEDE DE REMESSA. Firmando-se o ato coator na premissa de que a área em que se erige a construção é tida não edificável, por marginar ribeirão, é indiferente que a sentença conclua pela ausência de supressão da mata ciliar sem prova técnica. As notificações deduzem apenas a falta de observação da reserva de distância prescrita na legislação federal, não implicando vício a conclusão de que a vegetação ribeirinha se mantém intacta, havendo ou não prova disso. Em se tratando de área urbana consolidada, sem quebra da ordem jurídica, pode o Município, no que couber, completar normas gerais, observando-seainda o primado da razoabilidade. (TJ-SC - MS: 325164 SC 2011.032516-4, Relator: Ricardo Roesler, Data de Julgamento: 31/08/2011, Segunda Câmara de Direito Público, Data de Publicação: Apelação Cível em Mandado de Segurança n. , de Blumenau) ACÓRDAO APELAÇAO CÍVEL MANDADO DE SEGURANÇA - CONSTRUÇAO DE MURO EM ÁREA URBANA CONSOLIDADA - NAO COMPROVAÇAO DE ÁREA DE RESTINGA - RECURSO DESPROVIDO. 1) estando os lotes em questão situados em área onde existam casas, comércio, transporte público, rede de esgoto, recolhimento de lixo, abastecimento de água, bem como os proprietários dos imóveis recolham IPTU tratar-se de área urbana consolidada, preenchendo os referidos requisitos da Resolução do CONAMA nº 303/02, especialmente o inciso XIII, do artigo 2º. 40 (TJ-ES - Remessa Ex-officio: 48070064406 ES 048070064406, Relator: ELPÍDIO JOSÉ DUQUE, Data de Julgamento: 18/03/2008, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/05/2008). A intenção ao se apresentar três jurisprudências de nossos tribunais foi demonstrar julgamentos diferentes para cada situação. Nas duas primeiras citações observamos que o Tribunal de Justiça de Santa Catarina é pacífico quanto a não ocupação de APP, uma delas situada em área urbana, inclusive com a obrigação de demolir obras em solos non edificandi. Já a terceira citação, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo reconhece a consolidação em área urbana por falta de comprovação de que a área em tese seria uma APP, já que estaria provida de toda uma infraestrutura urbana, que é promovida pelo Poder Público. Abaixo se tem duas imagens de uma APP consolidada em zona urbana após uma noite chuvosa, bem como a sua localização na imagem de satélite. O local está situado às margens do Lago Jacareí na cidade de Fortaleza-CE. Fonte: LIMA, 2016 41 Fonte: Google (2016) Observando as fotos e a imagem de satélite vê-se que não houve preservação das várzeas de inundação do lago Jacareí para possíveis cheias no período chuvoso, o que acarreta na invasão do excedente hídrico nos imóveis e nas vias adjacentes, que se tornou, em décadas passadas, uma área consolidada pelo forte e agressivo mercado imobiliário nas terras alencarinas, que acaba provocando transtornos à população. 42 6 CONCLUSÃO Não se pretende aqui incentivar o uso indiscriminado e a ocupação das APPs para que se tornem consolidadas. Mas se a Lei, a partir da sua promulgação, ao invés de ter criado o termo área consolidada, fosse mais intervencionista e obrigasse a recuperar a área? Procuramos evidenciar que a cada caso se aplicam peculiaridades ambientais, econômicas e sociais. Neste estudo tem-se como objeto apenas o que se denominou áreas consolidadas pelo Código Florestal de 2012, mas, se quisermos imaginar o quão complexo é recuperar uma área status quo ante, basta imaginarmos o desastre ocorrido no ano de 2015 em Minas Gerais, que ficou mundialmente conhecido como Desastre de Mariana. Quanto tempo será necessário para recuperar todo aquele ecossistema? Quantos bilhões ou trilhões de Reais serão necessários? O quanto se perdeu em biodiversidade? Que impactos sociais foram causados e como recuperar, se é que seja possível? Para Coase “enquanto assinalar direitos de propriedade é essencial para a realização de transações de mercado, o resultado último (em termos de valor de maximização do valor da produção) independe de como a lei os assinala, desde que não existam custos de transação” (PINHEIRO e SADDI, 2005, p. 105). 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Política Nacional de Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2005. BELTRÃO, Antônio Figueiredo Guerra. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2009. CURIA, Luiz Roberto. CÉSPEDES, Livia. NICOLETTI (Org.). (constituição federal e normas infralegais). Vade Mecum Saraiva. 19.ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2015. p. ISBN 978-85-02-61659-2. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 6 ed. Ampl. São Paulo: Saraiva, 2005. GOOGLE. Google Earth. Version X. ano. Nota (Fortaleza). Disponível em: < https://www.google.com/earth/>. Acesso em: 04/06/2016. LIMA. Eliomar de. Blog do Eliomar [internet]. Fortaleza. Disponível em: <http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/chove-em-61-dos-184-municipios- cearenses/>. Acesso em 03 abr 2016. MOTTA, Ronaldo Seroa da. Economia ambiental. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. OLIVEIRA, Antônio Inagê de. Introdução à Legislação Ambiental Brasileira e Licenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. PROUDHON. 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