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Equilíbrio de Oxi-Redução Ricardo Alexandre Cavalcanti de Lima Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Exatas e da Natureza Departamento de Química Disciplina: Química Analítica Clássica O processo de Oxidação – Redução Oxidação: reação com o oxigênio de uma substância. Redução: reação de remoção de oxigênio de uma substância. Conceito antigo Conceito atual: conceito estendido e baseado na transferência de elétrons Oxidação: uma espécie iônica, ou um átomo em um íon ou molécula, sofre um aumento de seu número de oxidação. Redução: descreve o oposto, isto é, a diminuição do número de oxidação. As reações REDOX dão-se por transferência de elétrons, pois não existem elétrons livres em solução. Assim, numa Reação REDOX, qualquer oxidação (ou redução) é acompanhada de uma redução (ou oxidação). Em uma reação de Oxi-Redução ocorre a variação do Número de Oxidação das espécies envolvidas. O processo de Oxidação – Redução Exemplo 1. Reação de oxidação de zinco metálico com íons cúpricos: Cu++(Aq.) + Zn (s) Zn ++ (Aq.) + Cu (s) Neste caso, tem-se uma reação com transferência de carga. Os elétrons serão transferidos do Zn (s) para os íons Cu++(Aq), ocorrendo a redução do Cu(II) e oxidação do Zn (s) metálico. 1. Cu++(Aq.) + 2 e - Cu (s) (Meia Reação de Redução) 2. Zn (s) Zn ++ (Aq.) + 2 e - (Meia Reação de Oxidação) Reação Soma: 3. Cu++(Aq.) + Zn (s) Zn ++ (Aq.) + Cu (s) (Reação REDOX) Cu++(Aq.) (agente oxidante): reduzido pelo metal Zn (s) (agente redutor), com a oxidação do zinco a Zn(II) aquoso. Balanceamento de Equações Redox Exemplo: Balancear a equação MnO4 - + NO2 - ↔ Mn2 + + NO3 - 1. Escreve-se as duas semi-reações envolvidas: MnO4 - ↔ Mn2 + e NO2 - ↔ NO3 - 2. Balanceamento de massa para a semi-reação do MnO4 -: considerando-se os quatro átomos de oxigênio presentes no lado esquerdo da equação, adicionamos 4H2O do lado direito da equação, o que significa que temos de adicionar 8H+ do lado esquerdo: MnO4 - + 8H+ ↔ Mn2 + + 4H2O 3. Balanceamento de carga para a semi-reação do MnO4 -: precisamos adicionar cinco elétrons do lado esquerdo da equação. MnO4 - + 8H+ + 5e- ↔ Mn2 + + 4H2O Balanceamento de Equações Redox Exemplo: Balancear a equação MnO4 - + NO2 - ↔ Mn2 + + NO3 - 4. Balanceamento de massa para a semi-reação do NO2 -: adicionamos uma H2O do lado esquerdo da equação para suprir o oxigênio necessário e 2H+ do lado direito para balancear o hidrogênio. NO2 - + H2O ↔ NO3 - + 2H+ 5. Balanceamento de carga para a semi-reação do NO2 -: adiciona-se dois elétrons no lado direito para balancear as cargas NO2 - + H2O ↔ NO3 - + 2H+ + 2e- 6. Multiplica-se a primeira por 2 e a segunda por 5 para que o número de elétrons perdido seja igual ao número de elétrons ganho. Então combinamos as duas semi-reações para obter: 2MnO4 -+16H++10e-+5NO2 -+5H2O ↔ 2Mn 2++ 8H2O+5NO3 -+10H++10e- 7. Rearranjo: 2MnO4 - + 6H++ 5NO2 - ↔ 2Mn2++ 3H2O + 5NO3 - Reações de Oxidação-Redução em Células Eletroquímicas Muitas reações de oxidação-redução podem ser realizadas de duas formas fisicamente muito diferentes: oxidante e o redutor em contato direto Exemplo: pedaço de cobre é imerso em uma solução contendo nitrato de prata Ag+ + e- ↔ Ag(s) Cu(s) ↔ Cu 2+ + 2e- 2Ag+ + Cu(s) ↔ 2Ag(s) + Cu 2+ por meio de célula eletroquímica na qual os reagentes não estão em contato direto uns com os outros • agentes oxidante e redutor estão fisicamente separados um do outro • quando os eletrodos não estão conectados externamente, diz-se que a célula está em circuito aberto, não há ocorrência de reação líquida na célula, embora mostremos que esta tem potencial para realizar trabalho • O voltímetro mede a diferença de potencial, ou voltagem, que é uma medida da tendência da reação da célula de prosseguir em direção ao equilíbrio. Reações de Oxidação-Redução em Células Eletroquímicas CÉLULAS ELETROQUÍMICAS Constituição de uma célula eletroquímica: Dois condutores chamados eletrodos (podem ser de um material inerte como a platina) Solução eletrolítica Ponte salina Catodo (ou cátodo): eletrodo no qual ocorre a redução Anodo (ou ânodo): é o eletrodo no qual ocorre a oxidação Células galvânicas (voltaicas): armazenam energia elétrica. As reações que ocorrem nos eletrodos tendem a prosseguir espontaneamente e produzem um fluxo de elétrons do ânodo para o cátodo através de um condutor externo. Célula eletrolítica: requer uma fonte externa de energia elétrica para sua operação. CÉLULAS ELETROQUÍMICAS Célula galvânica Célula eletrolítica Representação Esquemática das Células Cu|Cu2+(0,0200 mol L-1)||Ag+(0,0200 mol L-1)|Ag • Linha vertical simples indica um limite entre fases (interface) • Linha vertical dupla representa dois limites, um em cada extremidade da ponte salina – potencial de junção líquida POTENCIAIS DE ELETRODO A diferença de potencial que se desenvolve entre os eletrodos de uma célula eletroquímica é uma medida da tendência da reação em prosseguir a partir de um estado de não-equilíbrio para a condição de equilíbrio. O potencial da célula (Ecel) está relacionado à energia livre da reação DG por: DG = -nFEcel Se os reagentes e produtos estão em seus estados padrão, o potencial da célula resultante é chamado potencial padrão da célula. Essa última grandeza está relacionada à variação da energia livre padrão para a reação e, portanto, com a constante de equilíbrio por DG0 = -nFE0cel = -RT ln Keq Quando Ecel > 0, DG 0 < 0: reação espontânea Quando Ecel < 0, DG 0 > 0: reação não espontânea Potenciais de meia-célula O potencial de uma célula é a diferença entre dois potenciais de meia-célula (ou de um eletrodo), um associado com a semi-reação do eletrodo da direita (Edireita), o outro associado com a semi-reação do eletrodo da esquerda (Eesquerda). Ecélula = Edireita – Eesquerda Potenciais absolutos não podem ser determinados. Entretanto, podemos determinar facilmente os potenciais relativos de eletrodo. Se substituirmos o eletrodo de Cu por um eletrodo de Cd imerso em uma solução de CdSO4, o voltímetro lerá cerca de 0,7 V a mais que a célula original. Concluímos que o potencial de meia-célula para o Cd é cerca de 0,7 V menor que o do Cu (isto é, o Cd é um redutor mais forte que o Cu). Reações redox em eletrodos e células galvânicas Eletrodo Padrão de H2 2H + + 2e ↔ H2 Possui uma situação de atividades unitárias para ambos produto e reagente. aH+ = 1 e aH2 = 1 (1 atm) Para esse eletrodo foi estipulada uma diferença de potencial de 0,000 V Assim, esse eletrodo de referência não apresenta resistência a qualquer reação espontânea de outra semi-reação sob estudo. Qual o potencial padrão da seguinte semi-reação: Cu2+ + 2e ↔ Cu, quando a situação é aCu(II) = 1 e aCu = 1 ? Emedida = E 0 Cu(II)/Cu + E 0 H2/H+ E0Cu(II)/Cu = Emedida - E 0 H2/H+ E0Cu(II)/Cu = Emedida E0Cu(II)/Cu = 0,034 V E0H2/H+= 0,000 V G H2 Cu Cu2+ H2 ↔ 2H + + 2e Cu2+ + 2e ↔ Cu2+ e e 0,340 V H+ E0Cu/Cu(II) = -0,034 V espontâneo não espontâneo Potencial de Eletrodo e Potencial Padrão de Eletrodo Um potencial de eletrodo é definido como o potencial de uma célula na qual o eletrodo em questão é aquele do lado direito e o eletrodo padrão de hidrogênio é o da esquerda. Ecélula = Edireita – Eesquerda = EAg – EEPH = EAg – 0,000 = Eag O potencial padrão de eletrodo, E0, de uma semi-reação é definidocomo seu potencial de eletrodo quando as atividades dos reagentes e produtos são todas iguais a unidade. Potencial de Eletrodo e Potencial Padrão de Eletrodo Reações redox em eletrodos e células galvânicas Espontaneidade de uma reação → DG < 0 DH < 0 e DS > 0 Para uma reação geral do tipo: aA + bB + ... ↔ mM + nN + .... Tem-se: b B a A n N m M0 logRT303,2GG aa aa DD DG0 = energia livre padrão (a = 1) b B a A n N m M ba nm 0 x ]B[]A[ ]N[]M[ logRT303,2GG DD A = B = M = N = 1 Então: ba nm 0 ]B[]A[ ]N[]M[ logRT303,2GG DD Mas: DG = -nFE n: número de moles de elétrons envolvidos F: constante de Faraday = 96490 C/mol E: diferença de potencial Assim: ba nm 0 ]B[]A[ ]N[]M[ logRT303,2nFEnFE (divisão por -nF) ba nm 0 ]B[]A[ ]N[]M[ log nF RT 303,2EE Equação de Nernst Reações redox em eletrodos e células galvânicas ba nm 0 ]B[]A[ ]N[]M[ log nF RT 303,2EE Equação de Nernst A 25ºC ou 298 K, tem-se: ba nm 0 ]B[]A[ ]N[]M[ log n 059,0 EE Para qualquer reação de oxi- redução do tipo Ox + ne ↔ Red ][ ][Re log 059,00 // Oxi d n EE redoxiredoxi Reações redox em eletrodos e células galvânicas Combinações de meias-reações em células galvânicas ELÉTRONS Zinco Cobre ZnSO4 CuSO4 Ponte Salina ÂNODO Zn Zn++ + 2e- ÂNODO Zn Zn++ + 2e- CÁTODO Cu + 2e- Cu CÁTODO Cu + 2e- Cu IGALVÂNICA KNO3 [Cu2+] = 10-1 mol L-1 [Zn2+] = 10-2 mol L-1 ][ ][ log 059,0 2 0 // 22 Cu Cu n EE CuCuCuCu 1 Cu/Cu 10log 2 059,0 340,0E 2 V310,0E Cu/Cu2 ][ ][ log 059,0 2 0 // 22 Zn Zn n EE ZnZnZnZn 2 Zn/Zn 10log 2 059,0 763,0E 2 V822,0E Cu/Cu2 Cu2+ + 2e ↔ Cu Zn ↔ Zn2+ + 2e Cu2+ + Zn ↔ Cu + Zn2+ Emed = ECu(II)/Cu + EZn/Zn(II) = ECu(II)/Cu – EZn(II)/Zn Emed = 0,310 – (– 0,822 ) = 1,132 V Reações redox em eletrodos e células galvânicas A célula galvânica continuará por um período de tempo a realizar trabalho elétrico externo ao sistema, com o decréscimo de [Cu2+] e aumento de [Zn2+]. O valor de EZn(II)/Zn irá aumentar, enquanto que o valor de ECu(II)/Cu irá diminuir. Cu2+ + 2e ↔ Cu Zn ↔ Zn2+ + 2e Cu2+ + Zn ↔ Cu + Zn2+ Emed = 1,132 V EZn(II)/Zn = ECu(II)/Cu Trabalho elétrico cessa No equilíbrio: eq 20 Zn/Zneq 20 Cu/Cu ]Znlog[ 2 059,0 E]Culog[ 2 059,0 E 22 0 Zn/Zn 0 Cu/Cu eq 2 eq 2 22 EE ]Cu[ ]Zn[ log 2 059,0 )763,0(340,0 ]Cu[ ]Zn[ log 2 059,0 eq 2 eq 2 V103,1 ]Cu[ ]Zn[ log 2 059,0 eq 2 eq 2 4,37 ]Cu[ ]Zn[ log eq 2 eq 2 eqeq 2 eqeq 2 eq 4,37 eq 2 eq 2 ]Zn[]Cu[ ]Cu[]Zn[ K10 ]Cu[ ]Zn[ Cu2+ + Zn ↔ Cu + Zn2+ A equação de Nernst aplicada a sistemas redox O principal fundamento da Convenção Termodinâmica, é o estabelecimento da Equação da variação Energia Livre de GIBBS relacionada com o: Ke das reações REDOX: D G = - RT ln Ke E0 =- 0,05916 log Ke log Ke = n DE 0 ou ln Ke = nF DE 0 n 0,05916 RT Mas: DG = -nFE Em conseqüência, igualando-se as expressões - RT ln Ke = -nF DE0 ln Ke = nF ln DE0 = log Ke = nDE0 RT 0,05916 Reações redox para compostos orgânicos Em todos os exemplos focalizados até agora, a ênfase foi dada a compostos inorgânicos, sendo que os princípios e os fundamentos estabelecidos, também são válidos para compostos orgânicos; de um modo geral. Quando se falam em processos orgânicos, porém, vale uma regra geral: O exemplo acima é genérico e mostra a transformação de ácido carboxílico em aldeído. A REDUÇÃO de uma molécula orgânica corresponde, usualmente, ao aumento de seu conteúdo de hidrogênio e à diminuição do seu conteúdo em oxigênio. CR O OH [H] + [O] H O CR - DIMINUIÇÃO DO CONTEÚDO EM OXIGÊNIO Reações redox para compostos orgânicos Do mesmo modo, a conversão de aldeído em álcool, representa uma redução orgânica: Por sua vez, os álcoois podem ser reduzidos ao correspondente alcano, em um processo típico de redução orgânica, sendo tal reação acompanhada de uma diminuição do conteúdo de oxigênio na molécula: CR O H [H] + [O] CR - H H OH [H] + [O] CR - H H OH H H H CR DIMINUIÇÃO DO CONTEÚDO EM OXIGÊNIO AUMENTO DO CONTEÚDO EM HIDROGÊNIO Reações redox para compostos orgânicos De maneira mais geral a oxidação de um composto orgânico, é uma reação em que ocorre o aumento do conteúdo de qualquer elemento mais eletronegativo que o carbono Estado de oxidação MAIS BAIXO É evidente que em tais processos, sempre estão envolvidos pares REDOX. A OXIDAÇÃO de uma molécula orgânica corresponde, usualmente, ao aumento de seu conteúdo de oxigênio e à diminuição do seu conteúdo em hidrogênio. [H] [O] CR H H OHH H H CR [O] [H] CR O H [H] [O] OH O CR Estado de oxidação MAIS ALTO Reações redox para compostos orgânicos Os principais agentes redutores empregados em reações orgânicas são : HIDRETO DE LÍTIO E ALUMÍNIO: LiAlH4 CROMATO DE POTÁSSIO: K2Cr2O4 Os principais agentes oxidantes empregados em reações orgânicas são : PERIODATO DE POTÁSSIO: KIO4 PERMANGANATO DE POTÁSSIO: KMnO4 BORIDRETO DE SÓDIO: NaBH4
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