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INTRODUÇÃO À QUÍMICA ELETROANALÍTICA ELETROANALÍTICA INTRODUÇÃO Os métodos eletroanalíticos apresentam algumas vantagens sobre os outros métodos espectrométricos de análise quantitativa instrumental: 1) as medidas são geralmente particular para um determinado estado de oxidação do elemento, ou seja, permite especiação, que é muito importante para o mundo biológico. - pode-se determinar a concentração de por exemplo Fe(II) e Fe(III), enquanto que os métodos espectrométricos determinam normalmente a concentração do ferro total na amostra. 2) os instrumentos são relativamente baratos. Custam de $4000 a $5000 com o mais sofisticado custando no máximo $25000, enquanto os espectrômetros custam normalmente mais de $25000. 3) eles fornecem informações sobre atividades das espécies que em estudos físico-químico e fisiológicos são mais importante do que as suas concentrações. Conceitos e Princípios de Eletroquímica Os métodos eletroanalíticos englobam um grupo de métodos de análise quantitativa instrumental que estão baseados nas propriedades elétricas da solução do analito quando esta faz parte de uma célula eletroquímica. Células ou Celas Eletroquímicas Consiste de dois eletrodos, denominados anodos e catodos, mergulhados em uma solução eletrolítica. Classificação de Células Eletroquímicas - Células Galvânicas: são aquelas que após a sua montagem produzem energia elétrica; - Células Eletrolíticas: são aquelas que só entram em funcionamento após ter sido fornecido a ela energia elétrica. Exemplo de uma Célula Galvânica Ela é constituída de um eletrodo metálico de zinco mergulhado em uma solução de sulfato de zinco e um eletrodo de cobre mergulhado em uma solução de sulfato de cobre. Estas duas soluções são interligadas por uma ponte salina, formada por um tubo, em forma de U, contendo no seu interior uma solução saturada de KCl. As extremidades do tubo são tampados por um material poroso (lã de vidro, asbesto, polímero usado em baterias de automóveis) que permite permear os íons K+ e Cl- para restabelecer o equilíbrio de cargas nas duas soluções durante a reação de oxi-redução. A ponte salina é usada para isolar as duas soluções evitando uma reação direta dos íons cobre com o eletrodo de zinco, mantendo o contato elétrico. Os eletrodos metálicos zinco e cobre são interligados externamente ao voltímetro por fios elétricos. Ao montar esta cela galvânica, os íons Zn(II) migram do eletrodo de zinco para a solução de sulfato de zinco e os íons Cu(II) migram do seio da solução de sulfato de cobre para o eletrodo de cobre, depositando-se sobre este eletrodo. Para restabelecer o equilíbrio de cargas, o íon sulfato migra em direção ao eletrodo de zinco e se afasta do eletrodo de cobre. Os íons Cl- da ponte salina migram para a solução de sulfato de zinco enquanto os íons K+ migram para a solução de sulfato de cobre. Exemplo de uma Célula Galvânica Na semi-cela do lado esquerdo (no ânodo) ocorre a semi-reação de oxidação: Zn Zn2+ + 2e- Exemplo de uma Célula Galvânica Na semi-cela do lado direito (no catodo) ocorre a semi-reação de redução: Cu2+ + 2e- Cu Exemplo de uma Célula Galvânica A reação global da cela galvânica acima é dada por: Zn + Cu2+ = Zn2+ + Cu Exemplo de uma Célula Galvânica Para atividades de Zn(II) e Cu(II) igual a 1,00, um potencial de 1,100V é obtido no início da reação. Quando a reação atinge o equilíbrio químico o potencial obtido é igual a 0,000V. Exemplo de uma Célula Eletrolitica A célula galvânica acima torna-se uma célula eletrolítica substituindo o voltímetro por uma bateria com potencial maior do que 1,100 V e conectando o terminal positivo no eletrodo de cobre e o negativo no eletrodo de zinco. Exemplo de uma Célula Eletrolítica A reação da célula galvânica acima atuando como célula eletrolítica é dada por: Zn2+ + Cu = Zn + Cu2+ RESUMINDO DUPLA CAMADA ELETRICA Processos Faradaicos: quantidade de um produto de uma reação química em um eletrodo é proporcional à corrente. A superfície metálica do eletrodo é mostrada com um excesso de carga positiva como conseqüência de um potencial positivo aplicado. Esse conjunto de cargas na superfície do eletrodo e na solução adjacente a esta superfície é chamado de dupla camada elétrica. Anodos e Catodos Por definição, o catodo de uma célula eletroquímica é o eletrodo no qual ocorre a semi-reação de redução e o anodo é o eletrodo onde ocorre semi- reação de oxidação. Junções Líquidas A interface entre duas soluções contendo diferentes eletrólitos ou diferentes concentrações do mesmo eletrólito é denominado de junção líquida. Uma célula eletroquímica possui geralmente uma ou mais junções líquidas, embora seja possível montar uma célula eletroquímica sem nenhuma junção líquida. Junções Salinas em uma Célula Galvânica A célula galvânica acima apresenta 2 junções líquidas: - uma entre a solução de sulfato de zinco e uma das extremidades da ponte salina e - a outra entre a solução de sulfato de cobre e a outra extremidade da ponte salina. Alguns Exemplos de Junção Líquida - Junção líquida de eletrólitos iguais com diferentes concentrações: OBS: os íons H+ e Cl- tendem a difundir da esquerda para direita. Porém como a mobilidade do íon H+ é cerca de 4,6 vezes maior do que a do íon Cl-, o lado esquerdo assume uma carga negativa e o lado direito carga positiva. Outros Exemplos de Junção Líquida - junção líquida de diferentes eletrólitos com concentrações iguais, tendo uma espécie iônica em comum: OBS: Não há praticamente difusão do íon Cl- , mas a mobilidade maior do íon H+ em relação à do íon K+ confere uma carga positiva ao lado esquerdo da junção e negativa ao lado direito. Outros Exemplos de Junção Líquida - junção líquida de eletrólitos diferentes com concentrações e espécies iônicas diferentes: OBS: as diferentes mobilidades das 4 espécies iônicas confere diferenças de cargas nos dois lados. É justamente este tipo de junção que mais frequentemente ocorre nos métodos eletroanalíticos. Potencial de Junção Líquida É uma diferença de potencial elétrico que se desenvolve em uma junção líquida, resultante de uma separação de cargas que ocorre devido à difusão das várias espécies iônicas através da interface. Para junções líquidas do tipo abaixo é possível calcular o potencial de junção líquida, conhecendo a mobilidade dos dois íons. Todavia, é raro uma célula eletroquímica de importância analítica que tem uma composição tão simples que permita tal cálculo. Junção Líquida Potencial de Junção Líquida HCl 0,1M | HCl 0,01M + 40mV KCl 0,1M | KCl 0,01M - 1,2mV Problemas Causados pelo Potencial de Junção Líquida O potencial de junção líquida consiste na maior dificuldade dos métodos potenciométricos diretos. Eles não podem ser medidos isoladamente nem tampouco calculados com exatidão. Na prática, reduz-se intensamente o potencial de junção líquida pelo uso de uma ponte salina formada por uma solução concentrada de um eletrólito. Por que uma ponte salina reduz o potencial de junção líquida? Numa célula eletroquímica, a corrente é carregada indistintamente por todas as espécies iônicas e a fração da corrente carregada por cada espécie depende diretamente das suas concentrações relativas e das suas mobilidades. Assim, quando os íons de um eletrólito particular se acham presentes em concentrações relativamente grandes em uma ponte salina, são eles que carregam a maior parte da corrente. Este efeito reduzconsideravelmente o potencial de junção líquida, contrapondo-se às diferenças entre as concentrações e as mobilidades dos íons da cela eletroquímica. Por quê a Ponte Salina de KCl é a mais Utilizada? A ponte salina mais comumente usada envolve uma solução saturada de KCl (4,2 mol L-1 a 25 oC), onde as mobilidades dos íons K+ e Cl- são muito próximas (diferem cerca de 4%). A ponte salina simplesmente reduz o potencial de junção líquida, mas nunca consegue eliminá-lo por completo. A Tabela a seguir mostra os potenciais de junção líquida que são obtidos para diferentes concentrações de cloreto de potássio para a célula eletroquímica: Hg|Hg2Cl2, HCl (0,1 mol l -1)|KCl (x mol l-1)|KCl(0,1 mol l-1),Hg2Cl2|Hg Se o íon cloreto interfere na medida a solução de KCl pode ser substituída por KNO3 e se o potássio interfere na medida ela pode ser trocada por NaCl. ------------------------------------------------------------------------------------------------- Concentração (xM) 0,1 0,2 0,5 1,0 2,5 3,5 Pot. de Junção Líq. (mV) 26,8 20,0 12,6 8,4 3,4 1,1 ------------------------------------------------------------------------------------------------- Célula Eletroquímica sem Junção Líquida É possível montar uma cela eletroquímica na qual os eletrodos compartilham o mesmo eletrólito, ou seja, sem junção líquida como mostra a figura abaixo. Logo, o potencial de junção líquida é zero. OBS: a reação de redução e a oxidação ocorre em duas etapas e a reação global de oxi-redução é dada pela equação: 2AgCl(s) + H2(g) = 2Ag(s) + 2H + (aq) + 2Cl - (aq) Representação Esquemática de uma Cela Eletroquímica Os químicos propuseram algumas regras para se representar esquematicamente uma célula eletroquímica. São elas: 1) São indicados à esquerda o ânodo e as informações relativas a ele; 2) À direita, são colocados na ordem inversa o cátodo e as informações sobre ele; 3) Linhas verticais simples são usadas para representar limites de fases em que são estabelecidos potenciais; 4) Duas linhas verticais indicam uma ponte salina; 5) Usa-se virgula para separar os diversos componentes dispersos em uma solução; 6) A vírgula também é usada para separar duas fases nas quais não é estabelecida nenhuma diferença de potencial. Aplicação das Regras de Representação de uma Cela Eletroquímica Zn | ZnSO4(aZn2+) = 1,00) || CuSO4(aCu2+) = 1,00) | Cu Aplicação das Regras de Representação de uma Cela Eletroquímica Pt, H2(p=1 atm) | HCl(0,01M), AgCl(sat) | Ag EQUAÇÃO DE NERNST Potenciais de Cela Eletroquímica – Equação de Nernst Considere a cela eletroquímica representada por: Pt, H2(p=1 atm) | HCl(0,01 mol l -1 ), AgCl(sat) | Ag, e cuja reação global da cela é dada por: 2 AgCl(s) + H2(g) = 2Ag(s) + 2H +(aq) + 2Cl-(aq). A constante de equilíbrio para esta reação é dada por: onde a(x) são as atividades das espécies envolvidas na reação e p é a pressão parcial em atm. 2 Potenciais de Cela Eletroquímica – Equação de Nernst Como as atividades das espécies sólidas na reação são consideradas por definição como igual a 1,00, tem-se que a constante de equilíbrio torna-se: É conveniente definir uma outra quantidade Q dada por: onde o subscrito i indica que os termos em parênteses são atividades ou pressão parcial instantânea antes do equilíbrio ser atingido. OBS: A quantidade Q não é, então, constante. Varia continuamente até o equilíbrio ser atingido, onde ele se torna igual ao K. Potenciais de Cela Eletroquímica – Equação de Nernst Da termodinâmica pode ser demonstrado que a variação de energia livre G para a reação anterior é dada por: G = RT ln(Q) - RT ln(K) Onde: R é a constante dos gases e é igual a 8,3145 J mol-1 K-1 e T é a temperatura em Kelvins. OBS: a equação acima indica que a magnitude de G de cela eletroquímica depende de quão longe a reação da cela está do equilíbrio químico. Pode ser mostrado que o potencial da cela Ecela está relacionada com a energia livre da reação da cela pela equação: G = - nFEcela Onde: F é a constante de Faraday e é igual a 96.487 C mol-1 e n é nº de elétrons associado ao processo de oxidação/Redução; n = 2 para a cela eletroquímica apresentada anteriormente. Potenciais de Cela Eletroquímica – Equação de Nernst Substituindo G = - nFEcela em G = RT ln(Q) - RT ln(K) e rearranjando os termos, encontra-se que: que dá O último termo da equação acima é uma constante chamada de Potencial de Cela Padrão e é representado por Eºcela ou seja: Potenciais de Cela Eletroquímica – Equação de Nernst Partindo da equação: pode ser constatado que o potencial de cela padrão, Eºcela, pode ser definido como: É o potencial da cela quando os reagentes e produtos apresentam atividades ou pressão igual a unidade. Substituindo na equação acima a equação: tem-se que: Esta equação é a famosa Equação de Nernst de uma cela eletroquímica que tem ampla aplicação em eletroanalítica. CONSIDERAÇÕES TERMODINÂMICAS F = e- N q = nF l l W = n F E G = H – T S G0 = H0 - T S0 G0 = - RTlnk K = e - G / RT ou 0 uma RT RECAPITULANDO ax = fx [X] PARTE II Importância do Conhecimento de Potenciais de Eletrodo O conhecimento do potencial de um eletrodo isolado pode ser usado para prever potenciais de uma cela combinada, além de poder ser usado também para calcular constantes de equilíbrio de processos de oxi-redução. É possível conhecer o potencial de um eletrodo isolado? Potencial é uma medida relativa. Assim, não é possível medir o valor absoluto do potencial de uma semi-reação, ou seja, de um eletrodo isolado. Todos os instrumentos medem sempre diferenças de potencial, ou seja, é necessário que este eletrodo esteja sempre associado a outro eletrodo de referência e a medida obtida é a diferença entre os potenciais dos dois eletrodos. Como resolver o problema??? Usando Eletrodo Padrão ou Normal de Hidrogênio (EPH ou ENH)!!!! Eletrodo Padrão ou Normal de Hidrogênio (EPH ou ENH) A IUPAC adotou, por convenção, que o EPH tem em todas temperaturas um potencial exatamente igual a zero volt, logo o potencial isolado de um eletrodo pode ser determinado montando uma cela eletroquímica em que este eletrodo esteja ligado ao ENH. Pode-se representar a célula eletroquímica abaixo da seguinte forma: Pt, H2(p=1 atm) | H +(a=1,00) || Mn+(a=1,00) | M OBS: medida do potencial dessa cela fornece o potencial do eletrodo isolado, já que o potencial do EPH foi adotado como sendo zero; OBS: no EPH, a folha de platina deve ser recoberta por uma camada de negro de platina (redução química ou eletroquímica do H2PtCl6 para aumentar a área superficial e assegurar uma rápida e reversível semi-reação eletródica). OBS: Quando se associa o ENH a um eletrodo experimental, ele pode atuar como cátodo ou como ânodo espontaneamente (célula galvânica), dependendo dos potenciais relativos entre os dois eletrodos. Definição de Potencial de Eletrodo (sempre o potencial de redução) A “União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC)” convencionou que: “Potencial de eletrodo é igual à f.e.m de uma célula eletroquímica constituída de um eletrodo padrão de hidrogênio e o eletrodo experimental e que o termo potencial de eletrodo é reservado exclusivamente para as semi-reações escritas como reduções” Sinal do Potencial de Eletrodo O sinal do potencial de eletrodo é determinado pelo sinal obtido quando o eletrodo de interesse é acoplado a um eletrodo padrão de hidrogênio em uma cela galvânica.Um sinal positivo para o potencial de eletrodo indica que a semi-reação de redução é espontânea (G = - nFE) e um valor negativo indica que a semi-reação de oxidação é que é espontânea. Potencial de Oxidação Não existe objeção em se usar o termo potencial de oxidação para denotar o potencial do eletrodo para a semi-reação inversa, porém um potencial de oxidação nunca deve ser chamado de potencial de um eletrodo. Efeito das Atividades nos Potenciais de Eletrodo - Equação de NERNST Considere que o eletrodo experimental da cela eletroquímica anterior foi acoplado a um ENH em uma cela galvânica. Tem-se dois casos: Primeiro caso: o eletrodo experimental atuando como anodo e o EPH como catodo. - as semi-reações eletródicas neste caso são dadas por: M(s) = M n+ (aq) + ne - (anodo) 2H+ (aq) + 2e - = H2 (g) (catodo) - a reação global é: 2 M(s) + 2n H + (aq) = 2 M n+ (aq) + n H2 (g) - substituindo os valores de constantes R e F e transformando o logaritmo natural para logaritmo decimal, a equação de Nernst, a temperatura ambiente (298,15K) para esta cela galvânica é dada por: Efeito das Atividades nos Potenciais de Eletrodo - Equação de NERNST Segundo Caso: o eletrodo experimental atuando como catodo e o EPH como anodo - as semi-reações eletródicas são dadas por: H2(g) = 2H +(aq) + 2e- (anodo) Mn+(aq) + ne- = M(s) (catodo) - a reação global da cela é dada por: 2Mn+(aq) + nH2(g) = 2M(s) + 2nH +(aq) - A equação de Nernst para esta cela galvânica, a 298,15K, é dada por: - ou por Potencial Padrão de Eletrodo – Eº Para os dois casos acima, as equações de Nernst revelam que a constante Eº é igual ao potencial do eletrodo quando o termo logaritmo é zero. A condição acima ocorre quando o quociente do termo logaritmo é igual a unidade, ou seja, quando as atividades de todos os reagentes e produtos é igual a unidade. Assim, o potencial padrão de eletrodo é definido como: É o potencial de eletrodo experimental acoplado a um ENH, quando todos os reagentes e produtos estão presentes com atividades igual a 1,000. O potencial padrão de eletrodo é uma importante constante física que fornece uma descrição quantitativa da força diretora de uma semi-reação em uma cela eletroquímica. Primeiro Caso Segundo Caso Recomendações sobre o uso do Potencial Padrão de Eletrodo – Eº Quatro fatores relacionados a esta constante devem ser mantidos em mente: 1) Como o potencial de eletrodo é dependente da temperatura (as propriedades elétricas como a resistência variam), a temperatura na qual ela foi medida deve ser especificada. 2) Ela é, na verdade, uma quantidade relativa, no sentido que ela é, na realidade, o potencial de redução de uma cela eletroquímica, onde no ânodo está um eletrodo padrão de hidrogênio, cujo potencial foi atribuído por convenção o valor de zero Volt. 3) O seu sinal (positivo ou negativo) é o mesmo daquele obtido no condutor elétrico ligado ao eletrodo de interesse, quando este está acoplado a um ENH, formando uma cela galvânica. 4) Como ela é uma medida da força diretora da semi-reação, ela independe de como está sendo expressa, em termos de mols, a equação da semi- reação. Eº independe de como está sendo expressa a concentração na semi-reação Como demonstrado abaixo o potencial de eletrodo independe de como está sendo expressa, em termos de mols, a concentração da semi- reação. Considere as duas semi-reações abaixo. Os valores de Eº é o mesmo para estas duas semi-reações, ou seja: 1) Ag+(aq) + e- = Ag(s) Eº = +0,799V 2) 100Ag+(aq) + 100e- = 100Ag(s) Eº = +0,799V Para estar seguro de que estes valores de Eº estão corretos, considere as equações de Nernst para as duas semi-reações, as quais são dadas por: 1ª Semi-reação: 2ª Semi-reação: + Tabelas de Potenciais Padrão de Eletrodo (Eº) OBS: Uma tabela mais extensa pode ser obtida no HANDBOOK . Algumas Considerações da Tabela de Potenciais Padrão de Eletrodo (Eº) Podemos fazer algumas considerações da Tabela de Potenciais Padrão de Eletrodo: 1) As espécies no lado esquerdo das semi-reações que apresentam altos valores positivos de Eº são mais facilmente reduzidos e por isso são fortes agentes oxidantes. 2) As espécies no lado direito das semi-reações que apresentam altos valores negativos de Eº são mais facilmente oxidados e por isso são fortes agentes redutores. 3) As semi-reações que apresentam altos valores positivos de Eº tem tendência a ocorrer como escritas, enquanto as semi-reações que apresentam altos valores negativos de Eº tem tendência a ocorrer no sentido inverso, ou seja, como oxidação. 4) Apesar dos altos valores negativos das semi-reações dos eletrodos de zinco e cádmio, podemos concluir, por exemplo, que uma folha de zinco mergulhada em uma solução de íons cádmio causará a deposição de cádmio metálico sobre o zinco pois, o cádmio é mais facilmente reduzido do que o zinco, ou o zinco é mais facilmente oxidado do que o cádmio. Calculando Potenciais de Cela e Semi-cela usando a Tabela de Eº Pode-se usar os Potenciais Padrões de Eletrodos encontrados na Tabela anterior para calcular os potenciais de semi-celas e de celas mediante aplicação da equação de NERNST. Vejamos os exemplos a seguir: Exemplo 1 - Semi-cela: um eletrodo de Zn imerso em uma solução 0,01 M de Zn2+ Calculando Potencias de Cela e Semi-cela usando a Tabela de Eº Exemplo 2 – Cela Eletroquímica: Zn | ZnSO4(aZn2+ = 0,10) || CuSO4(aCu2+ = 0,10) | Cu. - As semi-reações são: - Cálculo de ECatodo: - Cálculo de Eanodo: - Cálculo do Ecela (se o potencial de junção líquida é considerado desprezível): b) Outra maneira de calcular: + Efeitos de Reagentes Complexantes e Precipitantes nos Potenciais de Eletrodo Os agentes precipitantes e complexantes que reagem com as espécies participantes de um eletrodo tem um efeito marcante no potencial do eletrodo como mostra os exemplos a seguir. Exemplo do Efeito de um Reagente Precipitante Um exemplo típico é a variação do potencial de um eletrodo de prata em presença de uma solução saturada de AgI, contendo íons iodetos com atividade 1,000 (aI = 1,000). Considere que o produto de solubilidade de AgI (Kps(AgI) = 8,3 x 10 -17) e o Eº da semi-reação abaixo são conhecidos. Inicialmente podemos escrever a equação de Nernst da semi-reação acima, a qual dá: Ag+ + e- = Ag Eº = + 0,7991 - Exemplo do Efeito de um Reagente Precipitante (continuação) Em seguida podemos escrever a equação de aAg+ a partir do produto de solubilidade, a qual resulta em: Substituindo aAg+ = Kps/aI e o valor de Eº = +0,799 na equação de Nernst da semi-reação anterior (Ag+ + e- = Agº), encontramos que: que pode ser re-escrita como: Substituindo os valores conhecidos de Kps de AgI (Kps(AgI) = 8,3 x 10 -17) e da atividade de I-, (aI- = 1,000), tem-se que: _ Exemplo do Efeito de um Reagente Precipitante (continuação) Este exemplo mostra que o potencial de redução de íons prata torna- se muito menor quando em presença de íons iodeto. Qualitativamente este é um efeito esperado, uma vez que a diminuição na concentração de íons prata diminui também a tendência para a sua redução. Do tratamento acima pode ser verificado que quando a atividade do íon iodeto é igual a unidade, o potencial de eletrodo é igual a soma de duas constantes, ou seja, que representa o potencial padrão de eletrodo para semi-reação: Portanto, a equação de Nernst para o eletrodo de prata mergulhado em uma solução saturada com iodeto de prata é dada por: E = +0,799 + 0,0592 log Kps =-0,151V AgI(s) + e- = Ag(s) + I-(aq) Eº = -0,151V 0,0592 log a I- Exemplo do Efeito de um Reagente Precipitante (continuação) Conclui-se finalmente que quando em contato com uma solução saturada de iodeto de prata, o potencial do eletrodo de prata pode ser descrito: - ou em termos da atividade dos íons prata, com - ou em termos da atividade dos íons iodeto, com Generalizando, deduz-se que o potencial do eletrodo de prata, quando na presença de uma solução saturada de um eletrólito pouco solúvel (AgCl, AgI, BaCrO4, PbS, etc), pode ser descrito ou em termos da atividade dos íons prata ou em função das atividades dos ânions (Xn-: Cl-, I-, S2-, etc) precipitantes que formam um eletrólito pouco solúvel com íons Ag+, ou seja, Exemplo do Efeito de um Reagente Complexante O potencial de um eletrodo de prata em uma solução contendo íons prata e um reagente complexante como a amônia e o tiossulfato pode ser tratado de maneira análoga ao de um reagente precipitante. As reações e a constante de formação, Kf, dos complexos de prata com amônia e o tiossulfato são dadas por: O potencial do eletrodo para as duas reações é dado por: Considerando as atividades dos ligantes e dos complexos iguais a unidade, o potencial padrão de eletrodo para as semi-reações: pode ser calculado por: Algumas restrições quanto ao uso de Potenciais de Eletrodo Os potenciais de eletrodo são de grande importância no entendimento dos processos eletroanalíticos. Existem, entretanto, algumas restrições que devem ser claramente conhecidas ao se usar os potenciais de eletrodo. Primeira Restrição - Substituição de Concentrações por Atividades A suposição de que as duas quantidades são iguais só é válida para soluções diluídas. Exemplo: o potencial padrão de eletrodo para a semi-reação Fe3+ + e- ↔ Fe2+ é igual a +0,771V (Eº = +0,771V). O potencial de eletrodo dessa mesma semi- reação medida experimentalmente em uma solução 1 mol L-1 de Fe3+, Fe2+ e ácido perclórico é de +0,732V. A razão para esta discrepância é vista se escrevermos a equação de Nernst na forma: onde, Fe2+ e Fe3+ são os coeficientes de atividades do Fe 2+ e Fe3+ na solução. Como Fe2+ > Fe3+, obtém-se um potencial de eletrodo menor do que o potencial padrão de eletrodo para semi-reação. Segunda Restrição - Efeito de Reações Laterais O potencial padrão de eletrodos são afetados pela ocorrência de reações laterais como, solvatação, associação, dissociação, precipitação, formação de complexos, etc, envolvendo as espécies de interesse que formam o eletrodo. Exemplo: exemplos desta restrição foram mostrados quando foram discutidos o efeito de reagentes precipitantes e complexantes no potencial de eletrodo. Fenômenos como estes podem ser avaliados se os equilíbrios envolvidos e as constantes do processo são conhecidas, mas nem sempre isso é possível na prática. Exemplo: um exemplo deste problema são as diferenças obtidas nas medidas experimentais do potencial de eletrodo da semi-reação Fe3+ + e- = Fe2+, que em meio de 1 mol L-1 de HClO4, HCl, e H3PO4 são, respectivamente, +0,732V, +0,70V e +0,6V. OBS: Estas diferenças tem sido atribuídas ao fato do Fe(III) formar complexos mais estáveis com o Cl- e PO4 3- que o Fe(II). Logo, a concentração real de Fe(III) não-complexado em tais soluções é menor do que a do Fe(II) não- complexado. Todavia, estes equilíbrios não são bem estabelecidos e a equação de Nernst para estes sistemas não pode ser proposta com exatidão. Terceira Restrição - Efeito da Velocidade das Semi-Reações Os potenciais padrão de eletrodo não dão informação sobre velocidade de uma semi-reação de eletrodo. Porém, esta informação é útil para prever que uma reação redox não irá ocorrer se as diferenças de potenciais entre os eletrodos não são suficientes. Os potenciais padrão de eletrodo têm sido utilizados para calcular indiretamente potenciais padrão de eletrodo para reações que não podem ser medidas experimentalmente. Exemplo: é possível obter através de cálculos, usando potenciais padrão de eletrodo e medidas de constantes de equilíbrio conhecidas, o potencial padrão de eletrodo da semi-reação abaixo, embora ela não possa ser medida experimentalmente. 2CO2 + 2H + + 2e- = H2C204 Eº = -0,49V Esta semi-reação em nível de eletrodo é irreversível e muito lenta. Potenciais Formais Para compensar, em parte, os efeitos das diferenças entre concentração e atividades e os erros resultante das reações laterais, tem sido proposta uma quantidade chamada de Potencial Formal em lugar do Potencial de Eletrodo. O Potencial Formal Ef é o potencial de uma semi-cela em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio quando as concentrações dos reagentes e produtos são todas iguais a 1 mol L-1 e a concentração de qualquer outro constituinte do sistema é cuidadosamente especificada. Exemplo: o potencial formal de redução de Fe(III) a Fe(II) é de +0,732V em 1 mol L-1 de ácido perclórico e de +0,70V em 1 mol L-1 de ácido clorídrico. CÁLCULO DE POTENCIAIS DE CÉLULA A PARTIR DE POTENCIAIS DE ELETRODOS EXERCÍCIO 1) Calcule os potenciais para a seguinte célula empregando a) concentrações e b) atividades Zn/ZnSO4 (CZnSO4) , PbSO4 (sol. sat.)/Pb Onde cZnSO4 = 5,00 x 10-4 M Potenciais Calculados para uma Célula Baseados em (a) Concentração e (b) Atividades É interessante comparar os potenciais calculados com os valores experimentais. Claramente, o uso de atividades proporciona melhora significante dos resultados para as forças iônicas altas PARTE III s Ag/AgCl Cd R = 15 Esta célula apresenta resistência de 15,00 Ag/AgCl Cd R = 15 o O FIM
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