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Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos M.Sc. Luiz Henrique César Vasconcelos João Pessoa/2014 Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Disciplina: Farmacodinâmica Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos A bomba cardíaca Dois componentes Mecânico Elétrico (auladeanatomia.com/cardiovascular) (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos A bomba cardíaca Célula miocárdica em repouso Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Potenciais de Ação cardíacos Músculo cardíaco (SILVERTHORN, 2010) Vm → - 90 mV Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Potenciais de Ação cardíacos Células nodais Vm → - 60 mV (SILVERTHORN, 2010) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Potenciais de Ação cardíacos Refratariedade (GOODMAN & GILMAN, 2010) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Potenciais de Ação cardíacos Efeitos da estimulação autônoma (SILVERTHORN, 2010) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos O eletrocardiograma (SILVERTHORN, 2010) FC → intervalo de tempo entre 2 QRS Intervalo P-Q/R → representa o tempo de condução A-V QRS → tempo de condução ventricular Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos O eletrocardiograma (SILVERTHORN, 2010) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Alteração no ritmo ou na condução do impulso cardíaco que reflete nos batimentos cardíacos Causas • Ritmicidade anormal do marcapasso • Estimulação autonômica • Mudança do marcapasso • Bloqueio da condução do impulso Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Alteração no ritmo ou na condução do impulso cardíaco que reflete nos batimentos cardíacos Causas • Vias anormais de transmissão do impulso • Geração ectópica de impulsos • Isquemia aguda • Cicatrização do miocárdio Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Ritmo harmônico Arritmia Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Tipos • Ritmos sinusais anormais − Bradicardia − Taquicardia • Bloqueios de condução − Bloqueio sinoatrial − Bloqueio atrioventricular (primeiro e segundo grau → retardo; terceiro grau → bloqueio) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Tipos • Taquicardias paroxísticas − Atriais − Ventriculares − Supraventriculares • Flutters • Fibrilações Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Bradicardia sinusal Causas • Estimulação vagal • Síndrome do seio carotídeo • Atletas → bradicardia de repouso (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Taquicardia sinusal Causas • Febre (↑ metabolismo basal das células nodais) • Estimulação simpática • Toxicidade cardíaca (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Bloqueio nodal sinoatrial (sinusal) Impulso é gerado mas não se propaga para o músculo atrial Nodo A-V assume o marcapasso → ↓ FC (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Bloqueio atrioventricular Causas • Isquemia do nodo A-V • Compressão A-V (tecido fibroso) • Inflamação do nodo A-V (cardiopatia reumática aguda) • Estimulação vagal Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Bloqueio atrioventricular 1º grau 2º grau (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Bloqueio atrioventricular 3º grau Síndrome de Stokes-Adams – escape ventricular • Ritmo mediado pelas fibras de Purkinge (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Taquicardias paroxísticas • Ocorrem subtamente e se desenvolvem por determinado período de tempo • Cessa com o marcapasso retornando ao nodo sinusal • Classificadas de acordo com a localização do foco taquicárdico (nodo sinusal, nodo A-V, foco ectópico ventricular) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Taquicardias paroxísticas • Causas − Intensificação do automatismo → estimulação adrenérgica, hipocalemia, estiramento cardíaco − Automatismo desencadeado → pós-despolarizações precoces • Estimulação adrenérgica • Intoxicação digitálica • Prolongamento do PA → Síndrome do QT longo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Síndrome do QT longo → Torsades de pointes (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Taquicardias paroxísticas • Causas − Reentrada → conexões acessórias entre os átrios e os ventrículos Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Reentrada • Características − Refratariedade heterogênea − Condução lenta em uma das vias Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Síndrome de Wolff-Parkinson-White Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Flutters e fibrilações • Fluxo reentrante bem definido (flutter) ou desorganizado (fibrilação) (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Flutters e fibrilações Flutter atrial (2/3 ondas P:1 QRS) Fibrilação atrial (ausência de ondas P) (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Flutters e fibrilações (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Flutters e fibrilações Fibrilação ventricular (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Arritmias cardíacas Desfibrilação (GUYTON; HALL, 2011) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Consiste em • Combater a arritmia • Prevenir seu aparecimento Antiarrítmicos podem provocar arritmias → diagnóstico preciso → certificar-se que os riscos foram minimizados Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classes • Classe I → Bloqueadores de canais de Na+ • Classe II → Antagonistas β-adrenérgicos • Classe III → Bloqueadores dos canais de K+ • Classe IV → Bloqueadores de canais de Ca2+ Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe I → bloqueadores de canais de Na+ • Diminuem a automaticidade das células nodais por: − Deslocar o limiar para potenciais mais positivos − Diminuir a inclinação da DDL na fase 4 • Agem nos miócitos ventriculares → redução da reentrada → redução da velocidade de condução e aumento do período refratário Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe I → bloqueadores de canais de Na+ (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe I → bloqueadores de canais de Na+ (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamentodas arritmias Classificação dos antiarrítmicos da classe I (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IA • Quinidina • Procainamida • Disopiramida (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IA • Quinidina − Indicada para o flutter atrial → redução da frequência de disparo atrial − Efeito vagolítico → pode aumentar a velocidade de condução A-V → taquicardia ventricular − Associação com β-bloqueador ou verapamil → redução da taquicardia ventricular Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IA • Quinidina − Contra-indicado para pacientes com síndrome do QT longo → precipitar a Torsades de pointes → devido à redução da ação colinérgica no nodo A-V (GOODMAN & GILMAN, 2010) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IA • Procainamida − Indicada no início da fibrilação atrial e para a taquicardia ventricular − Redução da ocorrência de arritmias reentrantes por infarto agudo do miocárdio − Poucos efeitos anticolinérgicos Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IA • Disopiramida − Indicada para taquicardia supraventricular − Possui efeitos anticolinérgicos mais pronunciados que a quinidina → contra-indicada em síndrome do QT longo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IB • Lidocaína • Mexiletina • Fenitoína (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IB • Agem sobre os canais de Na+ abertos ou inativados → durante PA • Efetivos no bloqueio de tecidos despolarizados → miocárdio enfermo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IB • Lidocaína − Utilizada no tratamento de taquicardias ventriculares em situações de emergência − Não prolonga o intervalo QT → seguro para ser utilizado por pacientes com síndrome do QT longo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IB • Mexiletina − Utilizada como adjuvante de outros agentes antiarrítmicos → quinidina, amiodarona e sotalol Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IB • Fenitoína − Uso limitado − Empregado em arritmias ventriculares infantis Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IC • Flecainida • Encainida • Moricizina • Propafenona (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IC • Utilização muito limitada • Flecainida é utilizada para quadros potencialmente fatais, não responsivos a outras medidas Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe II → antagonistas β-adrenérgicos • Diminuem a frequência de despolarizações na fase 4 do PA → automaticidade diminuída • Prolongam a repolarização na fase 3 → aumenta o período refratário → redução da reentrada Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe II → antagonistas β-adrenérgicos (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe II → antagonistas β-adrenérgicos • Utilizados no tratamento de taquiarritmias supraventriculares e ventriculares precipitadas por estimulação adrenérgica • Antiarrítmicos mais utilizados na clínica • Por não prolongarem o intervalo QT → podem ser utilizados em pacientes com síndrome do QT longo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe II → antagonistas β-adrenérgicos • 1a geração → não seletivos (propranolol) • 2a geração → β1 seletivos (atenolol, metoprolol, acebutolol, bisoprolol) • 3a geração → antagonismo β1 e α1 (labetalol e carvedilol) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Promovem uma fase de platô mais longa → repolarização retardada → PA mais duradoudo (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Não agem sobre a geração do impulso → pouco efeito sobre células nodais • Prolongamento do PA → aumenta o período refratário → reduz a reentrada • Risco forte de incidência de pós- despolarizações → contra-indicado em pacientes com síndrome do QT longo Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Ibutilida • Utilizado nos casos de flutter e fibrilação atriais → impedir a reentrada • Dofetilida • Mesma aplicação clínica da ibutilida Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Sotalol − Antiarrítmico misto (classes II e III) → utilizado em arritmias ventriculares graves, flutter e fibrilações atriais • Bretílio − Indicado apenas para pacientes com taquicardia ventricular recorrente ou fibrilação após fracasso da lidocaína Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Amiodarona (pertencente às 4 classes) − Bloqueio de canais de K+ → aumenta a refratariedade → reduz reentrada − Bloqueio dos canais de Na+ → reduz frequência de disparos das células marcapasso − Bloqueio β1 e dos canais de Ca 2+ → bloqueio do nó A- V e bradicardia • Não precipita a Torsades de Pointes Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Amiodarona (pertencente às 4 classes) − Em baixas doses → previne arritmias ventriculares em pacientes com ICC e/ou história de infarto − Em altas doses → útil nas taquicardias e fibrilação ventriculares após insucesso com outros antiarrítmicos − Previne o flutter e a fibrilação atrial paroxística recorrentes Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe III → bloqueadores de canais de K+ • Amiodarona (pertencente às 4 classes) (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IV → bloqueadores de canais de Ca2+ (GOLAN, 2009) Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IV → bloqueadores de canais de Ca2+ • Atuam principalmente nos tecidos nodais SA e A-V • Redução da automaticidade e da velocidade de transmissão do impulso → redução da FC • Previnem a reentrada quando envolve células nodais Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Classe IV → bloqueadores de canais de Ca2+ • Fármacos: verapamil e diltiazem − Utilizados na taquicardia supraventricular paroxística (início no nodo A-V) − Se em doses excessivas → bloqueio A-V − Verapamil + β-bloqueador → induzirICC Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Tratamento das arritmias Outros agentes antiarrítmicos • Adenosina → age em células nodais, especialmente o nodo A-V − Receptor A1 → Gi/o − Indicado como primeira escolha na taquicardia supraventricular paroxística Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Caso clínico Em uma manhã de inverno, o Dr. J, um professor de 56 anos de idade, está fazendo uma preleção sobre o tratamento das miocardiopatias para os alunos de segundo ano de medicina. Sente seu coração bater irregularmente e começa a ter náuseas. Consegue terminar a sua exposição, mas continua sentindo muita falta de ar durante todo o restante da manhã. A persistência dos sintomas o leva a procurar a emergência local. O exame físico revela batimentos cardíacos irregulares de 120 a 140 batimentos/min. A pressão arterial do Dr. J é estável (132/76 mm Hg) e a saturação de oxigênio é de 100% no ar ambiente. O eletrocardiograma (ECG) confirma a presença de fibrilação atrial, sem qualquer evidência de isquemia. São administrados vários bolus intravenosos de diltiazem e a freqüência cardíaca do Dr. J diminui para uma faixa de 80−100 batimentos/min; todavia, o ritmo permanece irregular. Outros exames laboratoriais e a radiografia de tórax não revelam uma causa subjacente para a fibrilação atrial do Dr. J. Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Caso clínico Durante a observação nas próximas 12 horas, o Dr. J continua apresentando fibrilação atrial. Embora a sua freqüência cardíaca esteja sob controle, continua tendo palpitações. Com monitoração ECG contínua, o cardiologista administra uma infusão intravenosa de ibutilida. Vinte minutos após a infusão de ibutilida, o ECG do Dr. J revela um retorno ao ritmo sinusal normal. Com base na sua idade e saúde geralmente boa, o Dr. J recebe alta com prescrição de aspirina. É orientado a chamar o seu médico caso apareçam mais sintomas de fibrilação atrial. O Dr. J sente-se bem a princípio, porém surgem palpitações recorrentes três semanas após o evento inicial. Após discutir o problema com o seu cardiologista, decide começar a tomar amiodarona, numa dose de manutenção de 200 mg/dia, além de continuar com a aspirina. O Dr. J tolera bem a amiodarona e não se queixa de nenhuma dificuldade na respiração. Permanece assintomático durante o restante de suas aulas de cardiologia. Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos Caso clínico Questões: 1. Por que o diltiazem diminuiu a freqüência cardíaca do Dr. J sem afetar o seu ritmo cardíaco subjacente, a fibrilação atrial? 2. Por que a ibutilida só deve ser administrada sob cuidadosa monitoração? 3. Por que a ibutilida e a amiodarona foram efetivas na conversão do ritmo cardíaco do Dr. J em ritmo sinusal normal? 4. Que efeitos adversos da amiodarona poderiam ocorrer com a administração de doses diárias mais altas? Arritmias cardíacas e fármacos antiarrítmicos M.Sc. Luiz Henrique César Vasconcelos (henrique.luiz89@gmail.com) Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências da Saúde Departamento de Ciências Farmacêuticas Disciplina: Farmacodinâmica
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