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EAD HIPERTENSÃO PORTAL DA EDUCAÇÃO

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AN02FREV001/REV 4.0 
1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
FARMACOTERAPÊUTICA NA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
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CURSO DE 
FARMACOTERAPÊUTICA NA 
HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
1 SISTEMA RENAL 
2 FARMACOTERAPÊUTICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
2.1 FÁRMACOS DIURÉTICOS 
2.2 FÁRMACOS SIMPATICOLÍTICOS 
2.3 VASODILATADORES 
2.4 BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO 
2.5 INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (ECA) 
2.6 BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II 
2.7 ANTAGONISTA DOS RECEPTORES DE ENDOTELINA 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 SISTEMA RENAL 
 
 
O sistema renal tem como função filtrar o sangue que chega bombeado pelo 
coração, regulando o volume intravascular. A estrutura renal é constituída de dois 
rins, dois ureteres, bexiga e uretra. O sangue chega ao rim pela artéria renal e no 
interior de cada rim, essa artéria se ramifica em numerosas arteríolas aferentes, 
presentes na região do córtex. Cada uma dessas arteríolas se ramifica em pequenos 
capilares denominados, glomérulos. 
Os glomérulos presentes aos milhares em cada rim são constituídos por 
pequenos enovelados de capilares. O sangue flui no interior dos capilares onde é 
filtrado através da parede desses. A capacidade de cada glomérulo em filtrar o 
sangue por volume compreende 125 ml por minuto. Este filtrado se acumula no 
interior da cápsula de Bownmann – formado por uma membrana interna que envolve 
intimamente os capilares glomerulares e uma externa que separa a interna, na 
cavidade formada o filtrado glomerular é acumulado. O filtrado glomerular passa 
pela parede dos capilares, a qual retém um grande número de proteínas, por meio 
de um sistema coletor formado pelos segmentos do túbulo contornado proximal, alça 
de Henle, túbulo contornado distal e ducto coletor. Ao passar por esse sistema 
diversas substâncias são reabsorvidas através da parede tubular, e ao mesmo 
tempo, outras são excretadas para o interior dos mesmos. 
Pelo túbulo contornado proximal há reabsorção intensa de glicose por 
transporte ativo através da parede tubular e retornando ao sangue que circula no 
interior dos capilares peritubulares, externamente aos túbulos. Além da glicose, 
nesse segmento há reabsorção de aminoácidos e de proteínas e de 70% de 
eletrólitos, como sódio e cloreto, fazendo com que um volume significativo de água 
seja também reabsorvido. A seguir, o filtrado alcança a alça de Henle, dividida no 
ramo descendente e ascendente. O ramo descendente da alça é permeável à água 
e ao cloreto de sódio diferente do ramo ascendente, que é impermeável à água. 
Dessa forma, o filtrado ao fluir por essa alça tem os íons de sódio bombeados para o 
exterior da alça, carregando o cloreto resultando em um acúmulo de cloreto de sódio 
 
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no interstício medular renal. Esse aumento de osmolaridade faz com que um volume 
de água flua do interior para o exterior do ramo descendente da alça de Henle. No 
ramo ascendente da alça de Henle flui, por transporte ativo, o cloreto de sódio do 
interior para o exterior da alça. 
 
 
FIGURA 1 – ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO NÉFRON 
 
FONTE: Aires, 1999. 
 
 
No segmento do túbulo contornado distal ocorre bombeamento do sódio do 
interior para o exterior do túbulo por meio de uma bomba de sódio e potássio, o 
contrário ocorre com o potássio. O transporte de íons sódio do interior para o 
exterior do túbulo atrai cloreto e, por sua vez, atrai água. No túbulo contornado distal 
observamos um fluxo de sal e água do lúmen tubular para o interstício circunvizinho. 
A quantidade de cloreto de sódio e água reabsorvidos no túbulo distal depende do 
nível plasmático do hormônio aldosterona, secretado pelas glândulas suprarrenais. 
Quanto maior for o nível de aldosterona, maior será a reabsorção de cloreto de sódio 
e água e maior também será a excreção de potássio. Além da aldosterona, o 
 
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hormônio antidiurético (ADH), secretado pela neuro-hipófise, torna a membrana do 
túbulo distal mais permeável à água, possibilitando a sua reabsorção. No ducto 
coletor, ocorre reabsorção de cloreto de sódio e água, como no segmento anterior, 
de da mesma forma a reabsorção desses é controlada pelo nível de aldosterona e 
ADH. 
 
2 FARMACOTERAPÊUTICA NA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
 
 
A hipertensão essencial caracteriza-se pela elevação da pressão arterial que 
geralmente está associada a um aumento global da resistência vascular periférica 
enquanto que o débito cardíaco está normal. 
 
PA = DC x RVP  DC e/ou  RVP =  PA 
 
 DC = inibem a contratilidade miocárdica ou diminuem a pressão de enchimento 
ventricular; 
 
 RVP = relaxamento do músculo liso vascular ou atuam sobre o sistema nervoso 
autônomo simpático. 
 
A hipertensão secundária ou maligna decorre de patologias como a doença 
Cushing, hiperaldosterismo, feocromocitoma, tumores renais, hipertireoidismo, 
aterosclerose e doenças endócrinas. Fatores de risco cardiovasculares incluem o 
tabagismo e o aumento dos níveis plasmáticos de LDL, dislipidemias, diabetes 
melitus e histórico familiar. 
O tratamento da hipertensão arterial inicia-se por medidas não 
farmacológicas por meio da restrição de sal e de álcool e do controle do peso 
corporal. Posteriormente, são adotadas medidas farmacológicas sempre 
acompanhadas as medidas anteriores. Os locais de controle da pressão são 
arteríolas (resistência venosa), vênulas (vasos de capacitância), coração (débito 
cardíaco) e sistema renal (volume intravascular). 
Os agentes terapêuticos utilizados são: 
 Diuréticos; 
 Fármacos simpaticolíticos; 
 
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 Vasodilatadores; 
 Bloqueadores dos canais de cálcio; 
 Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina; 
 Antagonistas dos Receptores de Angiotensina II; 
 Antagonistas dos Receptores de Endotelina. 
 
 
 
2.1 FÁRMACOS DIURÉTICOS 
 
 
Os agentes diuréticos promovem perda de fluido sem reduzir 
significativamente o volume plasmático, aumentando a excreção de água e sódio. 
A administração de água e álcool promove uma diurese hídrica por aumentar 
a volemia e o bloqueio do hormônio antidiurético. Os agentes osmóticos não são 
absorvidos pelo organismo e ficam diluídos em água na luz tubular, resultando em 
aumento da pressão osmótica no fluido. Como exemplos podem citar a glicose, o 
manitol, a ureia e a sacarose. Além de aumentar o volume de fluido extracelular e 
reduzir a reabsorção de sódio e água, os osmóticos inibem a renina e levam ao 
aumento da liberação de prostaglandinas que promovem vasodilatação renal o que 
favorece a excreção. Os efeitos adversos da administração de diuréticos osmóticos 
incluem edema pulmonar, desidratação, hiponatremia, dor de cabeça, náusea e 
vômito. 
A acetazolamida é um diurético inibidor da anidrase carbônica, enzima 
encontrada em muitos locais do néfron e em células epiteliais, que catalisa a 
desidratação do H2CO3 promovendo a reabsorção proximal do bicarbonato. Dessa 
forma, a acetazolamida impede a reabsorção de bicarbonato desfavorecendo a troca 
por Na+ para o interior aumentando assim a diurese. A utilização da acetazolamida 
como diurético não é muito comum tendo em vista outros agentes, entretanto, esse 
fármacoé usado no tratamento do glaucoma reduzindo a taxa de humor aquoso e 
diminuição da pressão intraocular e para facilitar a excreção de ácido úrico e cistina 
com a elevação do pH urinário. Deve-se evitar o uso de inibidores de anidrase 
carbônica em pacientes com cirrose hepática. 
 
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Os diuréticos tiazídicos impedem a reabsorção de NaCl no lado luminal do 
túbulo contorcido distal por meio da inibição do transportador simporte de NaCl, 
resultando em maior excreção de Na+ e K+ no túbulo coletor. Produz uma diurese 
moderada de aproximadamente 5% de aumento de volume urinário. Os fármacos 
dessa classe incluem a hidroclorotiazida, clortalidona, clorotiazida e indapamida. 
Indicados terapeuticamente no edema da insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, 
síndrome nefrótica e hipertensão moderada. Por aumentar a reabsorção Ca2+ no 
túbulo contorcido distal, os tiazídicos também são indicados no tratamento de 
cálculos renais causados por hipercalciúria. A clorotiazida possui um tempo de meia-
vida de 1,5 h e biodisponibilidade oral variável (9-56%), por ser menos lipossolúvel 
é necessário a administração de altas doses e excretada na forma inalterada na 
urina. A clortalidona tem o tempo de meia-vida de 47h, biodisponibilidade oral de 
aproximadamente 65%, sua absorção é mais lenta e sua ação mais prolongada; é 
utilizada em dose única para controle da pressão arterial. Os efeitos adversos dos 
diuréticos tiazídicos são alcalose metabólica, hiperuricemia, hiperglicemia, aumento 
do nível plasmático de LDL, de triglicerídios e diminuição de HDL (hiperlipidemia), 
reações alérgicas (sulfonamidas estão associadas a reações cruzadas) e 
hiponatremia (elevação do nível de hormônio antidiurético por hipovolemia e 
aumento da sensação de sede). 
Os diuréticos de alça impedem seletivamente a reabsorção de NaCl no ramo 
ascendente espesso da alça de Henle por meio da inibição do transportador 
Na+/K+/2 Cl- da membrana luminal da alça, reduzindo a reabsorção de NaCl e o 
potencial de membrana que estimula a reabsorção de cátions na alça ocasionando 
em maior excreção Mg2+ e Ca2+. Além disso, aumentam a síntese renal de 
prostaglandinas ocasionando aumento do fluxo sanguíneo renal. Os fármacos 
diuréticos de alça incluem o ácido etacrínico, a bumetanida e a furosemida que são 
indicados para crise hipertensiva (administração intravenosa), edema pulmonar 
agudo, insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão moderada. São capazes de 
promover uma diurese maior que qualquer outro diurético. Em relação à 
farmacocinética, os diuréticos de alça sofrem rápida absorção, sua 
biodisponibilidade é variável entre os indivíduos, possui alta ligação às proteínas 
plasmáticas e sua eliminação se dá por secreção renal e por filtração glomerular. Os 
diuréticos de alça podem provocar os seguintes efeitos adversos: hipocalemia, 
 
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alcalose metabólica, hiponatremia, hipovolemia, hipotensão, hiperuricemia, 
hipocalcemia, hipomagnesemia e ototoxicidade. 
Os diuréticos poupadores de potássio incluem os antagonistas dos 
receptores de aldosterona – espironolactona, que se ligam ao receptor de 
mineralocorticoide da aldosterona e impedem a síntese de proteínas indutoras na 
expressão de canais de sódio e de transportador, como a bomba Na+/K+ ATPase e a 
amilorida e o triantereno que impedem o fluxo de sódio através dos canais de sódio 
presentes na membrana luminal (figura 2). Dessa forma, há um aumento da 
excreção de Na+ sem ocasionar a excreção concomitante de K+e H+. A 
espironolactoma é indicada em casos de hipertensão arterial moderada a grave, 
edema e hiperaldosterismo. Os efeitos adversos a espironolactona incluem 
hiperpotassemia, alterações endócrinas como ginecomastia, alteração da libido e do 
ciclo menstrual, hirsutismo e sangramento gástrico. É comum a associação de 
espironolactona com um diurético de alça a fim de evitar a hiperpotassemia. Os 
efeitos adversos dos outros poupadores de potássio são hiperpotassemia, 
deficiência de ácido fólico, diarreia e cefaleia (uso de amilorida) e câimbras nas 
pernas e tontura (uso de triantereno). 
 
 
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FIGURA 2 – MECANISMO DE AÇÃO DOS DIURÉTICOS POUPADORES DE 
POTÁSSIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Golan e cols., 2009. 
 
 
 
A tabela abaixo mostra as doses terapêuticas habituais e farmacodinâmicas 
dos fármacos diuréticos utilizados no tratamento da hipertensão arterial, edema e 
insuficiência cardíaca: 
 
 
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FONTE: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2002. 
 
 
 
2.2 FÁRMACOS SIMPATICOLÍTICOS 
 
 
Os agentes simpaticolíticos de ação central são de ação central incluem a 
metildopa, clonidina, guanabenz e guanfacina. Esses fármacos atuam como 
agonistas dos receptores alfa-2 adrenérgico no sistema nervoso central, resultando 
na redução da atividade simpática aferente e levando a diminuição da pressão 
arterial. 
 
METILDOPA - ação anti-hipertensiva se dá pela estimulação dos receptores 
alfa-adrenérgicos centrais pela -metildopamina ou -metiloradrenalina. Reduz a 
resistência vascular periférica com diminuição variável na frequência cardíaca e no 
débito cardíaco. Sofre extenso metabolismo de primeira passagem apresentando 
baixa biodisponibilidade (25%), seu efeito farmacológico dura 24 horas podendo ser 
administrado uma vez ao dia (1-2 g/dia por via oral). Os efeitos adversos da terapia 
com metildopa incluem hipotensão postural, boca seca, sedação, cefaleia, distúrbios 
 
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do sono, impotência, visão embaraçada, sinais parkinsonianos, depressão, aumento 
da secreção de prolactina e hipertermia. 
O trimetafam é um bloqueador ganglionar administrado por via endovenosa 
de rápida ação no tratamento da crise hipertensiva, da dissecção da aorta e para 
indução de hipotensão em neurocirurgia; seu efeito anti-hipertensivo depende, em 
grande parte, do acúmulo de sangue nos vasos de capacitância. 
Os bloqueadores de neurônios adrenérgicos, guanetidina, guanadrel e 
reserpina promovem depleção de noradrenalina nas terminações simpáticas. 
Os agentes betabloqueadores clinicamente utilizados no tratamento da 
pressão arterial são propranolol, atenolol, carvedilol e metoprolol. Esses fármacos ao 
antagonizarem os receptores beta-adrenérgicos reduzem o débito cardíaco. 
 
PROPRANOLOL - bloqueador beta-adrenérgico não seletivo útil na redução 
da pressão arterial em casos de hipertensão leve a moderada, na hipertensão grave 
é capaz de impedir a taquicardia reflexa decorrente do uso de vasodilatadores e 
capaz de inibir a estimulação da produção de renina. O fármaco leva a efeitos 
adversos como diarreia, constipação, náusea e vômitos, aumento dos níveis 
plasmáticos de triglicerídeos e LDL. A retirada abrupta pode ocasionar síndrome de 
abstinência caracterizada por nervosismo, taquicardia, aumento da angina, elevação 
da pressão arterial e infarto do miocárdio. Pacientes asmáticos e diabéticos 
constituem uma contraindicação a esse fármaco; 
 
METOPROLOL – equipotente ao propranolol na inibição do receptor beta-1 
adrenérgico, porém, menor potência no bloqueio do receptor beta-2 adrenérgico. 
Pode ser seguramente utilizado por asmáticos e diabéticos. 
Os bloqueadores do receptor alfa-adrenérgico, fentolamina, 
fenoxibenzamina e prazosin mostram maior eficiência quando associado com 
bloqueadores beta-adrenérgicos e/ou diuréticos. O efeito colateral comum é a 
hipotensão postural. Os bloqueadores alfa-adrenérgicos não alteram o perfil lipídico 
como observado na terapia com os betabloqueadores. 
 
PRAZOSIN – atua bloqueando os receptores alfa-adrenérgicos nas 
arteríolas e vênulas e reduz a pressão arterial pela dilatação dos vasos de 
 
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resistência e de capacitância. A utilização de prazosin leva a retenção de sal e de 
líquidos, quando administradossem diuréticos. 
 
 
2.3 VASODILATADORES 
 
 
Os vasodilatadores reduzem diretamente a resistência vascular periférica 
por meio do relaxamento da musculatura lisa arteriolar. Podem ser vasodilatadores 
orais, como a hidralazina e minoxidil e parenterais, como o nitroprussiato, diazóxido 
e fenoldopam. 
 
HIDRALAZINA – derivado da hidrazina, dilata as arteríolas, mas não as 
veias. Sofre boa absorção e é rapidamente metabolizada pelo fígado apresentando 
baixa biodisponibilidade (25%) e seu tempo de meia-vida é de 2 a 4 horas. É eficaz 
no tratamento da hipertensão arterial grave. Os efeitos adversos são cefaleia, 
náusea, anorexia, palpitações, sudorese e rubor; 
 
MINOXIDIL - vasodilatador ativo por via oral, seu efeito resulta da abertura 
dos canais de K+ pelo metabólito ativo-sulfato de minoxidil capaz de dilatar as 
arteríolas, mas não as veias. É utilizado na hipertensão grave não responsiva a 
outros anti-hipertensivos. O minoxidil possui boa absorção pelo trato gastrintestinal, 
sofre metabolização hepática e seu tempo de meia-vida é de aproximadamente 4 
horas. O efeito hipotensor persiste por mais de 24 horas ocorrendo estimulação 
simpática reflexa. Geralmente é associado com um betabloqueador ou um diurético 
devido à retenção de sódio e de líquidos. Além desse efeito, o tratamento com 
minoxidil leva a hipertricose, intolerância a glicose e trombocitopenia; 
 
NITROPRUSSIATO - vasodilatador utilizado por via parenteral (infusão 
intravenosa) na emergência da crise hipertensiva e insuficiência cardíaca grave 
dilatando as arteríolas e veias. Sofre rápida metabolização pela captação nos 
eritrócitos (CN-). Seu efeito é imediato sendo observada redução significativa da 
pressão arterial com duração em até 10 minutos após administração, tendo esse 
 
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efeito duração por mais de 24 horas. A preparação de nitroprussiato é sensível à luz 
devendo ser utilizada logo após o preparo. A toxicidade caracteriza-se pelo acúmulo 
de cianeto, arritmia, hipotensão excessiva e morte. 
 
 
2.4 BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO 
 
 
Os agentes bloqueadores de canais de cálcio surgiram após pesquisas no 
ano de 1960 surgindo os análogos da difenilpiperazina. Em 1962 foi introduzido na 
clínica o verapamil, um potente vasodilatador coronariano. O protótipo das di-
idropiridinas, a nifedipina surgiu em 1967. Esses agentes são classificados em 
relação à estrutura química: fenilalquilaminas (nifedipina, galopamil e tiapamil), di-
idropiridinas (nifedipina, nisoldipia, felodipina e amlodipina) e benzotiazepinas 
(diltiazem). Os bloqueadores dos canais de cálcio possuem afinidade pelos canais 
de cálcio do tipo L no músculo liso vascular e cardíaco onde levam a um menor 
influxo de cálcio e vasoconstrição e dilatação da musculatura coronariana. 
São atualmente fármacos de primeira escolha no tratamento da hipertensão 
arterial essencial devido à eficácia e melhor tolerância pelos pacientes em 
comparação com outros agentes anti-hipertensivos, sendo uma alternativa no 
tratamento de pacientes idosos. Não causam retenção de sódio e não comprometem 
a função renal. Ao contrário dos betabloqueadores não altera o perfil lipídico e a 
glicemia, sendo uma opção para pacientes com dislipidemias e diabéticos. 
O verapamil e o diltiazem além de ser vasodilatador periférico e coronariano 
produzem leve depressão da condução atrioventricular, útil no tratamento de 
arritmias cardíacas. A nifedipina e nicardipina são úteis na terapia da hipertensão 
leve a moderada se mostrando equivalentes aos betabloqueadores ou diuréticos. 
Apesar de bem tolerados na clínica, os bloqueadores dos canais de cálcio 
podem ocasionar os efeitos adversos de vasodilatação periférica, rubor, bradicardia, 
náusea, constipação (mais comum com o verapamil), cefaleia (mais frequente com o 
diltiazem) e edema. Além de ação cardiodepressora. A amlodipina possui menor 
intensidade desses efeitos devido à sua ação lenta e duradoura. 
 
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Algumas interações medicamentosas significativas devem ser evitadas como 
bloqueadores dos canais de cálcio e digoxina (aumento da sua concentração 
plasmática), aumentando o risco de intoxicação digitálica; associação com 
betabloqueadores em razão do risco de depressão miocárdica e bloqueio de 
condução; e combinação com fármacos que atuam no sistema nervoso central, 
como os barbitúricos por afetarem a farmacocinética de diversos fármacos. 
 
 
2.5 INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (ECA) 
 
 
Os inibidores da ECA consistem nos fármacos captopril, enalapril, lisinopril, 
benazepril, fosinopril, cilazapril, ramipril, quinapril, perindopril, trandolapril, delapril. 
Esses fármacos são indicados como monoterapia ou em associação com diuréticos 
ou outros anti-hipertensivos. Ao inibirem a ECA levam a menor formação de 
angiotensina II um potente vasoconstritor e estimulador da secreção de aldosterona 
reduzindo, portanto, a resistência vascular periférica sem causar taquicardia reflexa 
e sem reduzir o débito cardíaco. Além disso, aumenta o fluxo sanguíneo renal por 
ação preferencial de vasodilatação da arteríola eferente. Estudos com pacientes 
diabéticos apontaram os inibidores da ECA como únicos anti-hipertensivos que 
aumentam à sensibilidade a insulina e retardam a nefropatia diabética. São úteis no 
tratamento da insuficiência cardíaca, melhorando a sobrevida destes pacientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA 3 – LOCAL DE AÇÃO DOS INIBIDORES DA ECA (1) E DOS 
BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II 
 
 
FONTE: Katzung, 2003. 
 
 
Em relação à farmacocinética, exceto o lisinopril e o captopril os outros 
fármacos são pró-fármacos e necessitam de metabolização hepática para formação 
do metabólito ativo. Os fármacos são administrados por via oral. Os efeitos adversos 
dos inibidores da ECA são rash cutâneo, hipercalemia, neutropenia, lesão renal, 
alteração do paladar, tosse seca e sibilos. A tosse é o efeito mais frequente e 
geralmente caracteriza-se por ser seca e noturna, é proporcionada pelo aumento de 
bradicinina a nível pulmonar, aparece após a primeira semana do início do 
tratamento, sendo reversível com a suspensão do fármaco. 
Uma das associações cautelosas na clínica com os inibidores da ECA é em 
paciente fazendo uso de diuréticos, o que aumenta o risco de hipotensão 
significativa. Recomenda-se que o diurético seja retirado antes de se iniciar a terapia 
com um inibidor da ECA. 
 
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2.6 BLOQUEADORES DO RECEPTOR DE ANGIOTENSINA II 
 
 
Os bloqueadores do receptor de angiotensina II atuam no eixo da renina ao 
bloquearem os receptores AT1 da angiotensina II, agente vasoconstritor e causador 
de retenção hídrica – ambos resultam no aumento da pressão arterial. Os fármacos 
losartana, valsartana, ibersartana e candersartana são utilizados na hipertensão 
arterial e na insuficiência cardíaca. Seus efeitos farmacodinâmicos são semelhantes 
aos inibidores da ECA com a vantagem de não atuarem sobre a bradicinina. 
São ativos por via oral, extensamente metabolizados pelo fígado e seu 
tempo de meia-vida em média é de 2 horas. Os metabólitos ativos apresentam um 
tempo de meia-vida de 6-9 horas. Todos os fármacos desta classe são 
administrados em dose única. 
Mostram-se eficazes como monoterapia para a hipertensão arterial e para 
tratamento da insuficiência cardíaca. Em geral são prescritos quando os pacientes 
não toleram os efeitos adversos proporcionados pelos inibidores da ECA. Os efeitos 
adversos dos bloqueadores do receptor de angiotensina II são raros, incluindo 
hepatotoxicidade, edema e sintomas neuropsiquiátricos. 
 
 
2.7 ANTAGONISTA DOS RECEPTORES DE ENDOTELINA 
 
 
A endotelina é um peptídeo produzido pelo endotélio de ação 
vasoconstritora ao se ligar aos seus receptores de endotelina ETA e ETB presentes 
nascélulas endoteliais e musculares lisas dos vasos. Está associada à hipertensão 
pulmonar e sistêmica, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal, 
remodelagem vascular, câncer e doença cerebrovascular. O bloqueio dos receptores 
de endotelina constitui atualmente um alvo promissor no tratamento dessas 
patologias. Na hipertensão arterial, o bloqueio dos receptores de endotelina impede 
a vasoconstrição mediada por endotelina. 
 
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BOSENTAN – antagonista não seletivo dos receptores de endotelina de 
natureza não peptídica administrado por via oral na dose habitual de 62,5-125 mg 
duas vezes ao dia. Possui uma biodisponibilidade oral de 50% e o tempo de meia-
vida é de 5,4h. 
Além do bosentan, outros fármacos da classe incluem o atrasentan (1000 
vezes mais seletivo para o receptor ETA e tempo de meia-vida de 26h) e o 
tezosentan (administrado por via intravenosa). O atrasentan é útil no tratamento do 
câncer prostático metastático e o tezosentan na síndrome hepatorrenal e falência 
cardíaca aguda. 
As doses terapêuticas e os intervalos entre as doses dos principais agentes 
anti-hipertensivos estão apresentados no quadro a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FONTE: Fuchs e cols., 2006. 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BRODY, T. M. et al. Farmacologia Humana da Molécula à Clínica. 4. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 
 
 
FUCHS, F. D.; WANNMACHER, L.; FERREIRA, M. B. C. Farmacologia Clínica. 
Fundamentos da Terapêutica Racional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 
 
 
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