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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 Anti-hipertensivos A hipertensão é caracterizada por uma elevação continua na condição normal da pressão arterial, sendo ela maior que 140mmHg, a sistólica, e 90mmHg, a diastólica. Ela é resultado do aumento do tônus do musculo liso arteriolar periférico, o que desencadeia o aumento da resistência arteriolar e leva a redução da capacitância do sistema venoso. A hipertensão é um fator de risco para desenvolvimento de doença renal crônica e insuficiência cardíaca. Mecanismos de controle da PA A regulação é feita para provê a perfusão adequada aos tecidos sem causar lesão. A perfusão é diretamente proporcional ao débito cardíaco e a resistência periférica, que é controlada principalmente por dois mecanismos: os barorreflexos e o sistema renina-angiotensina- aldosterona. Os anti-hipertensivos diminui a pressão arterial reduzindo o débito cardíaco e diminuindo a resistência periférica. • Barorreceptores e SNS Os barorreceptores alteram a atividade do SNS; assim, se tornam responsáveis pela regulação rápida da pressão arterial. Quando há uma queda na pressão, os neurônios sensíveis enviam menos impulsos aos centros cardiovasculares na medula espinal. O que determina uma resposta reflexa imediata de aumento do estimulo simpático e diminuição parassimpática ao coração e aos vasos o que leva a vasoconstrição e aumento do débito cardíaco, levando há um aumento compensatório da pressão sanguínea. • Sistema renina-angiotensina-aldosterona Os rins são os responsáveis pelo controle da pressão arterial, que ajusta o volume sanguíneo. Os barorreceptores nos rins, funcionam liberando a renina; com a baixa ingestão e a perda de sódio, há um aumento na liberação de renina no sangue, ela converse angiotensinogênio em angiotensina I, que é convertida em angiotensina II, com a participação da enzima conversora de angiotensina (ECA). A angiotensina II é um vasoconstritor que contrai as arteríolas e veias, gerando um aumento na pressão arterial; sua função é exercida sobre as arteríolas eferentes do gromérulo renal, levando a um aumento da filtração gromerular. A angiotensina II estimula a secreção de aldosterona, levando ao aumento da reabsorção renal do sódio e ao aumento do volume sanguíneo, contribuindo para o aumento adicional da pressão arterial. Esses efeitos são mediados pela estimulação dos receptores da angiotensina II tipo 1. Estratégias de tratamento Existe uma relação entre pressão arterial e risco de eventos cardiovasculares, por isso é importante reduzir a PA elevada, para que diminuam as chances de doença cardiovascular. Para o controle da hipertensão, geralmente são associados mais de um fármaco, na maioria das vezes são diuréticos tiazídicos, IECA’s, bloqueadores de angiotensina (BRA) ou bloqueadores dos canais de cálcio (BCC). Quando não controlada, é necessário que haja associação de outros fármacos, que auxiliem na minimização dos efeitos adversos. OBS.: em casos de que o paciente tiver S maior ou igual a 160 mmHg ou D maior ou igual a 100mmHg, deve-se iniciar o tratamento com dois anti-hipertensivos. • Cuidados Individualizados e adesão do paciente ao tratamento Embora muitos pacientes não tenham sintomas, a hipertensão crônica pode causar AVE e doença cardíaca. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 A hipertensão é uma doença que pode coexistir com outra doenças, algumas delas podem ser agravadas ou melhoradas pelo uso de alguns anti-hipertensivos; assim é importante definir o fármaco certo para cada paciente. Normalmente, o paciente hipertenso é assintomático, tendo isso em vista, o tratamento é direcionado para evitar sequelas futuras, ao invés de aliviar algum desconforto atual. Diuréticos São fármacos que aumentam o volume de urina excretado. Sua maioria são inibidores dos transportadores renais de íons e diminuem a reabsorção de Na+ em diferentes partes do néfron. Como resultado, os íons Na+ e outros, como o Cl–, entram na urina em quantidades maiores do que a quantidade normal juntamente com água, que é carregada passivamente para manter o equilíbrio osmótico. Assim, eles aumentam o volume de urina e frequentemente alteram seu pH, bem como a composição iônica da urina e do sangue. Os diuréticos tiazídicos geralmente são usados como tratamentos inicial para hipertensão; seu mecanismo inicial é baseado na redução do volume, que leva a diminuição da pressão arterial; isso é importante para reduzir as chances de derrame, infarto ou insuficiência cardíaca. OBS: é imprescindível o monitoramento dos eletrólitos séricos dos pacientes que fazem uso de diuréticos. • Diuréticos tiazídicos Eles diminuem a pressão arterial, por aumentar a excreção de sódio e água; o que leva a uma redução do volume extracelular, o que leva a redução do débito cardíaco. Com o tratamento prolongado, o volume do plasma volta ao normal, mas persiste o efeito hipotensor. Os tiazídicos são úteis no tratamento, quando combinados com outros anti-hipertensivos, como beta-bloqueadores, IECA’s, BRA’s e diuréticos poupadores de potássio. EX: hidroclorotiazida e clortalidona Túbulo Contorcido proximal • No túbulo contorcido proximal, localizado no córtex renal, praticamente toda glicose, bicarbonato, aminoácidos e outros metabólitos são reabsorvidos. • O túbulo proximal é o local dos sistemas de secreção de ácidos e bases orgânicos • A maioria dos diuréticos entra no líquido tubular por esse sistema. O sistema secretor de ácidos orgânicos é saturável, e os diuréticos da corrente sanguínea competem com os ácidos orgânicos endógenos, como o ácido úrico, pela transferência. Ramo descendente da alça de Henle • O filtrado remanescente, que é isotônico, avança para o ramo descendente da alça de Henle e entra na parte medular dos rins. • Os diuréticos osmóticos exercem parte de sua ação nessa região. Ramo ascendente da alça de Henle • As células do epitélio tubular ascendente são únicas na condição de impermeáveis à água. • O ramo ascendente da alça de Henle é o principal local de reabsorção de sal, fármacos que afetam esse local, como os diuréticos de alça, têm o maior efeito diurético. Túbulo contorcido distal • As células do túbulo contorcido distal também são impermeáveis à água. • A reabsorção de cálcio é mediada pela passagem através de um canal e, então, ele é transportado por trocador Na+/Ca2+ para o líquido intersticial. • A excreção de Ca2+ é regulada pelo hormônio da paratireoide nesse ramo do túbulo. Túbulo e ducto coletor • As células principais do túbulo e do ducto coletor são responsáveis pelo transporte de Na+, K+ e água, e as células intercaladas são responsáveis pela secreção de H+. • Os receptores do hormônio antidiurético (HAD ou vasopressina) promovem a reabsorção de água dos túbulos e ductos coletores. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 OBS.: os tiazídicos podem causar hipopotassemia, hiperuricemia e hiperglicemia. • Diuréticos de alça Atuam de maneira rápida bloqueando a reabsorção de sódio e cloreto nos rins, até em pacientes com má função renal ou os que não responderam aos tiazídicos. Causam a diminuição da resistência vascular e o aumento do fluxo sanguíneo renal; também podem causar hipopotassemia. Porém, aumentam o conteúdo de Ca2+ na urina (os tiazídicos diminuem). Eles são usados para tratar sintomas de insuficiência cardíaca e edema; e, geralmente, não são usados de maneira isolada. Ex: furosemida, torsemida, bumetanida e ácido etacrínico.• Diuréticos poupadores de potássio Reduzem a perda de potássio na urina. A aldosterona tem a vantagem adicional de diminuir a remodelação cardíaca que ocorre nas situações de insuficiência cardíaca. Eles são usados algumas vezes associados ao tiazídicos e de alça, para reduzir a privação do potássio caudada por estes. Ex: amilorida, triatereno, espironalactona e eplerenona β-bloqueadores São uma opção de tratamento para pacientes hipertensos ou com insuficiência cardíaca concomitante. Eles reduzem a pressão arterial diminuindo o débito cardíaco, diminuem o efluxo simpático do SNC e inibem a liberação de renina; o que leva a uma redução na formação de angiotensina II e na secreção de aldosterona. OBS.: O protótipo dos β-bloqueadores é o propranolol, que atua em receptores β1 e β2. Bloqueadores seletivos de receptores β1, como metoprolol e atenolol, estão entre os β-bloqueadores mais comumente prescritos. O nebivolol é um bloqueador seletivo de receptores β1 que aumenta também a produção de óxido nítrico, levando à vasodilatação. Os β-bloqueadores seletivos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos que também têm asma. Os β-bloqueadores não seletivos, como propranolol e nadolol, são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilatação mediada por β2. • Usos terapêuticos Pode ser usado em pacientes hipertensos que possuem doenças cárdicas concomitantes, como taquicardia supraventricular, infarto do miocárdio, angina pectoris e insuficiência cardíaca crônica. OBS.: Não devem ser usados quando o paciente tiver doença broncoespástica como asma, bloqueio cardíaco de segundo e terceiro graus e doença vascular periférica grave. O beta-bloqueadores, geralmente, são administrados por via oral, e sofrem biotransformação de primeira passagem, como o propranolol, e pode demorar semanas para desenvolverem seu efeito pleno (esmolo, metoprolol e propranolol podem ser encontrados em IV). • Efeitos adversos Efeitos comuns: Os β-bloqueadores podem causar bradicardia, hipotensão e efeitos adversos no SNC, como fadiga, letargia e insônia. Também Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 podem diminuir a libido e causar disfunção erétil, o que pode reduzir acentuadamente a adesão do paciente. Alterações nos padrões lipídicos séricos: Os β-bloqueadores não seletivos podem desregular o metabolismo lipídico, diminuindo a lipoproteína de alta densidade (HDL) e aumentando os triglicerídeos. Retirada do fármaco: A retirada abrupta dos β-bloqueadores pode causar angina, infarto do miocárdio e mesmo a morte súbita de pacientes com doença cardíaca isquêmica. Por isso, esses fármacos devem ser reduzidos gradualmente ao longo de algumas semanas em pacientes com hipertensão e doença cardíaca isquêmica. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA’s) São a primeira escolha no tratamento da hipertensão em pacientes que tem muitas indicações, como doenças coronárias. Eles diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular periférica, sem aumentar reflexamente o débito, a frequência ou a contratilidade cardíaca. Eles bloqueiam a enzima conversora de angiotensina (ECA), que hidrolisa a angiotensina I para formar a angiotensina II (vasoconstritor). A ECA também é responsável pela degradação de bradicina, que aumenta a produção de oxido nítrico e prostaciclinas nos vasos sanguíneos (vasodilatadores). Os IECA’s diminuem os níveis de angiotensina II e aumentam os de bradicinina, o que acarreta uma vasodilatação das arteríolas e veias, resultado da baixa nos níveis de angiotensina II. Também diminuem os níveis de aldosterona, o que leva a uma menor retenção de sódio e água. OBS.: os IECA’s diminuem a pré-carga e a pós-carga cardíaca, o que reduz o trabalho cardíaco. Os IECA’s estão disponíveis por via oral, eles são convertidos pelo metabolismo ativo do fígado, com exceção do captopril e lisinopril (devem ser indicados pra quem tem insuficiência hepática). • Usos terapêuticos Retardam a progressão da nefropatia diabética e diminuem a albuminuria, sendo indicados para esse tipo de pacientes. Seus efeitos resultam na diminuição da pressão intraglomerular, pois causa uma vasodilatação da arteríola eferente. Eles podem ser usados no cuidado de pacientes que sofreram infarto do miocárdio, e também são prioridades quando se quer tratar disfunções sistólicas. • Efeitos adversos Os efeitos adversos comuns incluem tosse seca, exantema, febre, alteração do paladar, hipotensão e hiperpotassemia. OBS.: a tosse seca, que ocorre em cerca de 10% dos pacientes, parece ser decorrente do aumento dos níveis de bradicinina e substância P na árvore pulmonar e melhora dentro de poucos dias após a interrupção. O angioedema é uma reação rara, mas potencialmente fatal, que também pode ser atribuída ao aumento dos níveis de bradicinina. Os IECAs podem induzir malformações fetais e não devem ser usados em gestantes. Bloqueadores do receptor de angiotensina II Os BRA’s são alternativas para substituir os IECA’s, bloqueando os receptores de angiotensina 1, o que faz com que haja diminuição pela ativação de angiotensina II. Possui um efeito similar aos IECA’s, pois induzem a dilatação arteriolar e venosa e fazem o bloqueio da secreção de aldosterona; o que reduz a pressão arterial, a retenção de sal e água. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 OBS.: não aumentam os níveis de bradicinina; os efeitos adversos são similares aos dos IECA’s, mas o risco de tosse e angioedema são menores. OBS.: não deve ser associado aos IECA’s, pois seu mecanismo e efeitos adversos são muito similares. Inibidores da Renina O alisquireno, é o inibidor seletivo da renina, que está entre os tratamentos da hipertensão; ele inibe diretamente a renina, atuando no sistema renina-angiotensina-aldosterona, de maneira mais assertiva e direta. Os processos de redução da pressão arterial, são similares aos BRA’s, IECA’s e tiazídicos. OBS.: não deve ser associado aos IECA’s e BRA’s de maneira rotineira. E, também, pode causar tosse e angioedema. OBS.: O aliquireno é biotransformado pela CYP3A4 e é sujeito a interações de fármacos. Bloqueadores dos canais de cálcio Geralmente, indicado no caso de o paciente ter associado a hipertensão, diabetes ou angina. OBS.: Possuem uma meia-vida curta, por ser VO. • Classes dos BCC’s Difenilalquilaminas: o verapamil é o menos seletivo dos BBC’s e apresenta efeitos significativos nas células do músculo liso vascular. Muito usado no tratamento da angina e das taquicardias supraventriculares, também previne enxaqueca e cefaleias. Benzodiazepinicos: o diltiazem também afeta as células cardíacas e o músculo liso, porém apresentam um efeito inotrópico cardíaco negativo. Di-hidropiridinas: os fármacos dessa classe – nifedipino, anlopidino, felodipino, isradipino, nicardipino e nisoldipino – apresenta uma maior afinidade pelos canais de cálcio do coração, são particularmente benéficos no tratamento de hipertensão; eles interagem pouco com outros fármacos. • Ações A concentração intracelular de cálcio tem um papel importante na manutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. O cálcio entra nas células musculares através de canais de cálcio voltagem- -sensíveis. Isso dispara a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e da mitocôndria, aumentando adicionalmente o nível de cálcio citosólico. Os antagonistas de canais de cálcio bloqueiam a entrada dele se ligando aos canais de cálcio do tipoL no coração e nos músculos lisos dos vasos coronarianos e arteriolares periféricos. Isso causa o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas. Os BCCs não dilatam veias. • Usos terapêuticos Para a hipertensão, pode ser usado de maneira inicial ou adicional; úteis no tratamento de pacientes hipertensos, que tem outras doenças, como asma, diabetes e doença vascular periférica; são uteis no tratamento de angina e de fibrilação atrial. • Efeitos adversos Bloqueio atrioventricular de primeiro grau e constipação são efeitos adversos dose- dependentes do verapamil. Tontura, cefaleia, edema e sensação de fadiga causada pela redução da pressão arterial ocorrem mais frequentemente com di-hidropiridinas. Nifedipina e outras di- hidropiridinas podem causar hiperplasia gengival. OBS.: verapamil e diltiazem devem ser evitados em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou com bloqueio atrioventricular, devido aos efeitos inotrópicos (força de contração do músculo cardíaco) e dromotrópicos (velocidade de condução) negativos. Bloqueadores de adrenoceptoresα e adrenoceptores α e β Eles diminuem a resistência vascular periférica e reduzem a pressão arterial, relaxando os músculos lisos de artérias e veias. Esses fármacos causam mudanças mínimas no débito cardíaco, no fluxo sanguíneo renal e na velocidade de filtração glomerular; são eles: Prazosina, doxazosina e terazosina que produzem bloqueio competitivo de adrenoceptores α1. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 Como efeitos adversos, tem-se a retenção de sal e água, taquicardia reflexa e hipotensão postural. OBS.: os α-bloqueadores não são recomendados no tratamento inicial da hipertensão. O Labetalol e carvedilol bloqueiam os receptores α1, β1 e β2. O carvedilol, é usado principalmente no tratamento da insuficiência cardíaca, junto com o succinato de metoprolol e o bisoprolol, revelaram-se capazes de reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à insuficiência cardíaca. O labetalol é usado no tratamento da hipertensão gestacional e em emergências hipertensivas. Adrenérgicos de ação central • Clonidina Atua centralmente, produzindo inibição dos centros vasomotores simpáticos e diminuindo a estimulação simpática para a periferia; o que leva à redução da resistência periférica total e à diminuição da pressão arterial. Ela é usada primariamente no tratamento da hipertensão que não responde adequadamente ao tratamento com dois ou mais fármacos; o seu uso não reduz o fluxo sanguíneo renal ou a filtração glomerular e, portanto, é útil no tratamento da hipertensão complicada por doença renal. Os efeitos adversos podem ser: sedação, boca seca e constipação. Ocorre hipertensão de rebote após interrupção súbita da clonidina. • Metildopa É um α2-agonista que é convertido em metilnorepinefrina no SNC, causando diminuição do efluxo adrenérgico. Os efeitos adversos mais comuns da metildopa são sedação e sonolência. Seu uso é limitado devido aos efeitos adversos e à necessidade de múltiplas dosificações diárias. É usada principalmente para o tratamento da hipertensão na gestação, por ter registros de segurança. Vasodilatadores A hidralazina e o minoxidil, não são usados como fármacos primários no tratamento da hipertensão. Esses vasodilatadores produzem relaxamento do músculo liso vascular, primariamente em artérias e arteríolas. Isso resulta em diminuição da resistência periférica e, por isso, da pressão arterial. Esses fármacos produzem estimulação reflexa do coração, resultando em aumentos reflexos da contratilidade miocárdica, da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio. Essas ações podem causar angina pectoris, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca em indivíduos predispostos. Os vasodilatadores também aumentam a concentração plasmática de renina, causando retenção de sódio e água. Esses efeitos indesejados podem ser bloqueados pelo uso concomitante de um diurético e um β-bloqueador. Os efeitos adversos do tratamento com hidralazina incluem cefaleia, taquicardia, náusea, sudoração, arritmia e precipitação de angina. Uma síndrome semelhante ao lúpus pode ocorrer com doses elevadas, mas é reversível com a interrupção do uso do fármaco. Emergência Hipertensiva A emergência hipertensiva requer imediata redução da pressão arterial com tratamento administrado por via IV para prevenir ou limitar a lesão orgânica. É usada uma variedade de fármacos, incluindo BCCs (nicardipina e clevidipina), vasodilatadores de óxido nítrico (nitroprussiato e nitroglicerina), antagonistas adrenérgicos (fentolamina, esmolol e labetalol), o vasodilatador hidralazina e o agonista da dopamina fenoldopam. O tratamento é direcionado pelo tipo de lesão do órgão-alvo e/ou pelas comorbidades presentes. Hipertensão Resistente Hipertensão resistente é definida como a pressão arterial que permanece elevada, apesar da Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 administração de um regime ideal de três fármacos que inclui um diurético. As causas mais comuns de hipertensão resistente são baixa aderência ao tratamento, consumo excessivo de etanol, condições concomitantes, uso de medicação concomitante (simpaticomiméticos, anti- inflamatórios não esteroides ou medicação antidepressiva), dosagem e/ou fármacos insuficientes e uso de fármacos com mecanismos de ação similares. Tratamento Combinado O tratamento combinado com fármacos separados ou associados em comprimido e em doses fixas pode reduzir a pressão arterial mais rapidamente e com efeitos adversos mínimos. Deve-se considerar iniciar o tratamento com dois anti-hipertensivos naqueles pacientes cuja pressão arterial esteja 20/10 mmHg acima do objetivo. Uma variedade de formulações combinadas das várias classes farmacológicas está disponível, de forma a facilitar a adesão do paciente ao regime de tratamento, que requer medicamentos múltiplos para alcançar o objetivo na pressão arterial. Referências: GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª Ed. Rio de Janeiro; Editora Guanabara Koogan. 2012. WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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