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Hermenêutica RESUMO

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Hermenêutica – Resumo NP1
Aspecto Histórico 
De origem etimológica grega, é percebida modernamente como a teoria ou a filosofia da interpretação viabilizando a percepção do texto além de suas palavras, de sua simples aparência. Sua origem grega expressa à compreensão do fato não perceptível. A palavra hermeios de origem grega referia-se ao sacerdote do oráculo de Delfos. Na mitologia grega hermeios simbolizava um deus-mensageiro-alado tido como o descobridor da linguagem e da escrita. O deus grego Hermes era respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de compreensão humana no sentido de alcançar o significado das coisas e para transmiti-lo aos demais seres. Assim, Hermes seria um "deus intérprete", considerado a entidade sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja, vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse compreender.
Fundamentação histórica
A expressão latina ars interpretandi (a arte da interpretação), foi substituída na teologia protestante, pelo termo hermenêutica. Na Antigüidade grega, a hermenêutica relacionava-se com à gramática, à retórica e à dialética e sobretudo com o método alegórico, para permitir a conciliação da tradição (os mitos) com a consciência filosoficamente esclarecida. Mais tarde, a arte da interpretação foi assumida por teólogos judeus, cristãos e islâmicos, além de ser aplicada a interpretação do Corpus iuris canonici na tradição da jurisprudência. Isso mostra que a hermenêutica, já entendida como a arte da interpretação, se tornava presente cada vez que a tradição entrava em crise, sobretudo na época da Reforma Protestante.
Na filosofia contemporânea, a hermenêutica é um dos temas polêmicos, uma vez que tradicionalmente a filosofia se ocupa com a descoberta das essências, entendendo-se aqui essência como verdade, como aquilo que pode ser cognoscível.
Da Aplicação 
A hermenêutica no campo jurídico é empregada para dizer o meio e o modo por que se devem interpretar as leis, para que dessa forma se obtenham o exato sentido ou o fiel pensamento do legislador. Dessa forma, ela está encarregada de elucidar a respeito da compreensão exata da regra jurídica a ser aplicada aos fatos concretos, ou seja, é responsável pelo estudo e sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito, como explica Maximiliano. 
Hermenêutica na Antiguidade Clássica
O termo Hermenêutica, de origem grega (hermeneuein), é possivelmente oriundo de "Hermes", o deus grego que, na mitologia grega, foi considerado o inventor da linguagem e da escrita, e considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano, que traduzia tudo o que a mente humana não compreendesse, sendo chamado de "deus-intérprete".
Hermes, o mensageiro dos deuses, também tinha a função de trazer as instruções dos deuses para o entendimento do ser humano, i.e., era intérprete da vontade divina, o que já mostra as ligações iniciais entre hermenêutica e a teologia. O certo é que este termo originalmente exprimia a compreensão e a exposição de uma sentença "dos deuses", a qual precisa de uma interpretação para ser apreendida corretamente.
A hermenêutica surgiu primeiramente na teologia pagã, depois migrou para a teologia cristã, de onde migrou para a filosofia e só depois para o direito.
A palavra hermeios de origem grega referia-se ao sacerdote do oráculo de Delfos. Na mitologia grega hermeios simbolizava um deus-mensageiro-alado tido como o descobridor da linguagem e da escrita. O deus grego Hermes era respeitado pelos demais como sendo aquele que descobriu o meio de
compreensão humana no sentido de alcançar o significado das coisas e para transmiti-lo aos demais seres.
Assim, Hermes seria um "deus intérprete", considerado a entidade sobrenatural dotada de capacidade de traduzir, decifrar o incompreensível, ou seja, vinculava-se a sua figura a função de transmutação, de transformação de tudo aquilo que a compreensão humana não alcançava em algo que esta conseguisse compreender.
Na Antiguidade grega, a hermenêutica relacionava-se com à gramática, à retórica e à dialética e sobretudo com o método alegórico, para permitir a conciliação da tradição (os mitos) com a consciência filosoficamente esclarecida.
Em Roma, o Imperador Justiniano proibiu qualquer interpretação às suas leis, em especial referente ao terceiro prefácio ao “Digesto”, determinando que quem ousasse tecer comentários interpretativos à sua compilação incorreria em crime de falso e as suas obras seriam sequestradas e destruídas.
Hermenêutica na Idade Média (Século V a XV)
O processo metodológico de interpretação iniciou-se com Santo Agostinho, através da obra "Da Doutrina Cristã", buscando uma compreensão das escrituras adotando a metodologia de interpretação literal e alegórica.
Durante a idade média, Tomás de Aquino se destacou por tentar interpretar as escrituras com o pensamento de Aristóteles.
Seguindo a este período, vem a Reforma protestante, pregando que a bíblia deveria ser a única fonte da fé, infalível e autossuficiente, não devendo se utilizar de fontes externas para sua interpretação.
A expressão latina ars interpretandi (a arte da interpretação), foi substituída na teologia protestante, pelo termo hermenêutica.
Mais tarde, a arte da interpretação foi assumida por teólogos judeus, cristãos e islâmicos, além de ser aplicada a interpretação do Corpus iuris canonici na tradição da jurisprudência.
Isso mostra que a hermenêutica, já entendida como a arte da interpretação, se tornava presente cada vez que a tradição entrava em crise, sobretudo na época da Reforma Protestante.
Hermenêutica na Idade Moderna
Era dividida em Hermeneutica geral (engloba não somente textos escritos, mas também tudo que há no processo interpretativo. Isso inclui formas verbais e não-verbais de comunicação, assim como aspectos que afetam a comunicação, como proposições, pressupostos, o significado e a filosofia da linguagem, e a semiótica) e hermenêutica específica (se dedicava a apenas um assunto: ciência, mitologia, teologia, poesia, etc).
Função Hermenêutica da Ciência do Direito é articular no modelo teórico hermenêutico, surge como uma teoria hermenêutica por ter tarefa de
Interpretar as normas, visto que as normas são passíveis de interpretação.
A Hermenêutica é a teoria cientifica da arte de interpretar
O termo “hermenêutico” provém do verbo grego "hermēneuein" e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão".
Hermenêutica é um ramo da filosofia e estuda a teoria da interpretação, que pode referir-se tanto à arte da interpretação, ou a teoria e treino de interpretação.
A hermenêutica tradicional - que inclui hermenêutica Bíblica - se refere ao estudo da interpretação de textos escritos, especialmente nas áreas de literatura, religião e direito. 
A hermenêutica moderna, ou contemporânea, engloba não somente textos escritos, mas também tudo que há no processo interpretativo. Isso inclui formas verbais e não-verbais de comunicação, assim como aspectos que afetam a comunicação, como proposições, pressupostos, o significado e a filosofia da linguagem, e a semiótica. 
A hermenêutica filosófica refere-se principalmente à teoria do conhecimento de Hans-Georg Gadamer como desenvolvida em sua obra "Verdade e Método" (Wahrheit und Methode), e algumas vezes a Paul Ricoeur. 
Consistência hermenêutica refere-se à análise de textos para explicação coerente. Uma hermenêutica (singular) refere-se a um método ou vertente de interpretação.
Tudo no mundo é interpretado, logo a interpretação. Lato Sensu, abrange a tradução que um sujeito faz de todos os fenômenos, querem naturais, querem culturais.
A teoria hermenêutica guarda natureza procedimentale filia-se à objetividade, impõe-se como metodologia da interpretação das ciências humanas, desprendendo-se do sujeito para priorizar o objeto.
Objeto da hermenêutica interpreta os diversos mundos no seu respectivo tempo. Marx dizia que os filósofos apenas interpretaram de diversos modos o mundo, mas o que importa é transformá-lo. Logicamente, transformar requer previa interpretação deve ser transformadora do objeto a ser interpretado.
A hermenêutica, na sua forma verbal, sugere três significados: exprimir ou dizer, explicar e traduzir, que são expressos pelo verbo português interpretar.
Em relação ao Direito há dois conceitos, a hermenêutica jurídica “é o sistema de regras para interpretação das leis e a interpretação é a exposição do verdadeiro sentido de uma lei obscura por defeitos de sua redação, ou duvidosa com relação aos fatos ocorrentes, ou silenciosa.
A hermenêutica atual suplantou a temática meramente metodológica para ocupar-se também do problema material, não mais só com a melhor aplicação da norma, mas também com a identificação da melhor norma.
Aspectos técnicos
Funções de Interpretação
A interpretação é momento de contato direto do intérprete com a norma jurídica, ocorre quando o operador do direito procura encontrar, por meio de técnicas específicas, qual o real conteúdo e significado da norma jurídica. Por outro lado, a hermenêutica jurídica é a ciência formada pelo conjunto sistêmico de técnicas e métodos interpretativos.
A) conferir a aplicabilidade da norma jurídica às relações sociais que lhe deram origem; 
B) estender o sentido da norma a relações novas, inéditas ao tempo de sua criação; 
C) temperar o alcance do preceito normativo, para fazê-lo corresponder às necessidades reais e atuais de caráter social, ou seja, aos seus fins sociais e aos valores que pretende garantir.
Critérios de Interpretação 
A)O Princípio “In Claris Cessat Interpretatio”
B)A Vontade do Legislador e a Mens Legis.
C)O art. 5º, da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro
1-	O Princípio “In Claris Cessat Interpretatio”
-Enuncia que o texto legal, quando redigido de forma clara e objetiva, não necessita de interpretação.
-Sobre a matéria há escritos doutrinários que o Hermeneuta ou Exegeta em sua atividade interpretativa torcia o significado das normas jurídicas, no afã de atender aos seus interesses.
-O Princípio In Claris Cessat Interpretatio significa que ao proceder a interpretação de um texto legal, em sendo o mesmo de uma clareza sem contrastes, não se vê a necessidade da continuação do trabalho de revelar o sentido (finalidade) e o alcance (campo de incidência) da norma interpretada.
2 - A Vontade do Legislador e a Mens Legis.
-Falar em vontade do legislador é ater-se ao sentido da lei, ou seja, pesquisar a vontade daquele que produziu o texto legal.
-No contexto da vontade do legislador a doutrina sobre a matéria informa que na Antigüidade a lei era a vontade dos deuses. Contudo, ao transcorrer o tempo, veio o impasse decorrente da dinâmica dos fatos sociais.
-A conseqüência dessa divergência fez nascerem as Teorias Subjetiva e Objetiva.
a)A Teoria Subjetiva defendida pela Escola da Exegese, entende que ao se interpretar o texto legal deve-se buscar a vontade de quem a elaborou.
b)Para a Teoria Objetiva, defendida pela Escola Histórica do Direito, o trabalho do interprete é pesquisar a vontade da lei.
3 - O art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro
►Diz o art. 5º, da Decreto-Lei nº 4.657, de 04 de Setembro de 1942: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.”
Espécies de Interpretação
Interpretação Lógica
Lógico-analítico 
Apreensão de conceitos que produz uma afirmação ou negação, por meio de uma proposição e desenvolve um raciocínio no sentido da combinação de dois ou mais juízos, para dar origem a um silogismo. A aplicação da norma jurídica a um caso concreto se expressa através de um silogismo jurídico – Premissa maior: Se A, deve ser B. Premissa menor: O fato ocorreu de acordo com o que é previsto em A. Conclusão: Então, B -. A é a hipótese fática e B é a consequência.
Lógico-sistemático -
Processo comparativo que confronta um texto com outro texto da própria lei em que está em exame, ou várias leis entre si do mesmo ramo do ordenamento, a fim de se estabelecer um entendimento.
Lógico-jurídico 
Este tipo de procedimento para análise e interpretação é aquele que investiga a razão da norma, ou seja, a ratio legis, levando-se em consideração seu contexto, tal como: o momento histórico em que foi criada, bem como a idéia de virtude normativa da norma (efetividade da norma).
Interpretação Pública Autêntica
A própria lei revela o significado de outra norma jurídica. Assim, o próprio legislador cria um esclarecimento e a norma interpretadora passa a ter a mesma legitimação e a mesma incidência que a norma interpretada. Com isso satisfaz a exigência da certeza do direito e promove a uniformidade no tratamento jurídico com relação a fatos idênticos.
Interpretação Pública Judicial
A jurisprudência realizada pelos órgãos do Poder Judiciário, que são, conforme o artigo 92 da CF/88, os que seguem:
I - o Supremo Tribunal Federal.
I A - o Conselho Nacional de Justiça.
II - o Superior Tribunal de Justiça.
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais.
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho.
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais.
VI - os Tribunais e Juízes Militares.
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.
Os entendimentos jurisprudenciais direcionam a interpretação da lei, em qualquer julgado, mesmo que não seja reiterado, isso porque sempre constitui uma forma de interpretação judicial, o magistrado precisa interpretar a fonte do direito (lei) de uma determinada maneira e aplicá-la ao fato concreto.
Mesmo que a lei for obscura, indecisa ou omissa o magistrado é obrigado a decidir e para tanto vai ter de adaptar, estender, aproximar o sentido da lei. Afinal, de acordo com o artigo 5 da CF/88, inciso XXXV " a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
A interpretação judicial vincula normalmente apenas as partes integrante do processo (efeito inter partes), exceção quanto às ações coletivas e súmulas vinculantes (efeito erga omnes).
Interpretação Pública Administrativa
A realizada pelos integrantes do Poder Executivo, ou da Administração Pública. 
a) regulamentar – quando o administrador promove interpretação de leis regulamentadoras por meio da edição de decretos, portarias etc.
b) casuística – quando o administrador decide algum processo administrativo aplicando assim a norma a um caso concreto.
Interpretação Pública Casuística
Corresponde ao direito consuetudinário, ou seja, à prática reiterada e constante de uma determinada interpretação tem o condão de condicionar as futuras interpretações gerando uma orientação interpretativa para uma determinada norma.
Interpretação Privada (do jusperito)
Trata-se da interpretação doutrinária, ligada, portanto, à ciência do Direito. Materializa-se em livros, tratados, artigos, comentários, pareceres, preleções de todos os cientistas do direito. É também chamada de communis opinio doctorum (opinião comum dos doutores). Este tipo de interpretação não é obrigatória como a interpretação pública autêntica, porém tem grande força de persuasão.
Interpretação Gramatical
Também chamada de técnica gramatical, literal, semântica ou filológica. Busca o sentido literal do texto normativo, verificando o sentido dos vocábulos e a sua correspondência com a realidade. Para tanto as palavras não podem ser analisadas isoladamente, mas sim no contexto. Termos técnicos devem prevalecer sobre os sentidos comuns das palavras. Se o sentido gramatical for incompatívelcom o lógico ou contextual estes últimos serão priorizados. O uso impróprio ou não preciso de palavras comuns e técnicas leva o intérprete a ter de reconstruir o sentido de acordo com a natureza da relação jurídica contemplada.
Subsunção
Aplicação da norma ao fato. Para que haja a subsunção precisa haver três elementos: a norma jurídica, o fato e o aplicador do direito - o juiz (na sentença), o tribunal (no acórdão), o servidor público (no auto de infração), o particular (nos contratos). Só há subsunção se houver os três elementos.
Interpretação Histórica
A interpretação que faz uso da técnica histórica tem por fim esclarecer e interpretar a norma mediante a reconstrução do seu conteúdo significativo de origem no momento em que foi criada.
Histórica próxima - Faz menção ao momento em que a norma foi elaborada, as circunstâncias que precederam a elaboração da lei. Ex: Anteprojetos de lei etc.
Histórica remota - Pauta-se pela reconstrução do significado original da norma, ou seja, o momento em que o instituto surgiu no direito, analisando dados filosóficos, éticos, religiosos, sociológicos etc.
Interpretação Sistemática
Há a supremacia das normas constitucionais em relação às demais normas (infraconstitucionais). Assim, a interpretação sistemática é aquela que procura examinar a norma, não mais no seu aspecto intrínseco, ou seja, interno, mas sim, a sua relação com as demais normas do ordenamento jurídico que compõe um sistema de normas positivas.
Interpretação Teleológica
Também conhecida como finalística, busca alcançar a finalidade para a qual a norma foi criada, obtenção do bem comum, respeitando-se os valores sociais a que se destina a norma. O texto constitucional indica as finalidades do Estado Democrático de Direito, da ordem jurídica, social e política.
Interpretação Sociológica
Interpretação própria do homem moderno, decorre do aprimoramento das ciências sociais, visa que a regra seja compreendida nos contextos de sua aplicação, no âmbito das relações sociais.
5.4 Efeitos da Interpretação 
Interpretação Extensiva
Intérprete conclui que a norma disse menos do que deveria dizer, ou seja, ele estende a sua aplicação para outras situações não mencionadas explicitamente.
Interpretação Restritiva
Intérprete atribui à norma um alcance menor do que aquele previsto originariamente no texto.
Interpretação Declarativa
Intérprete dá à norma uma interpretação coincidente exatamente com o texto, nem ampliando nem reduzindo a sua aplicação.
Interpretação Modificativa Atualizadora
Resultado da interpretação sociológica ou teleológica. Intérprete se vê na necessidade de atualizar a norma diante de uma nova realidade que não foi prevista pelo legislador, quando da edição da norma.
Interpretação Modificativa Corretiva
Resultado da interpretação sistemática. Quando duas normas estiverem em antinomia no ordenamento jurídico, a fim de evitar a exclusão de uma e aplicação de outra, o sentido de uma das normas é para que ela possa compatibilizar-se no ordenamento jurídico.
Interpretação Ab-Rogante
Se o preceito normativo é mal construído e não se consegue aludir com clareza mínima as hipóteses que se pretende alcançar com a norma. Aplicável quando houver entre duas disposições legais uma contradição insanável, podendo-se eliminar uma das regras e aplicar a outra (ab-rogação simples), ou eliminar as duas e aplicar uma terceira (dupla ab-rogação). Obs.: ab-rogação é a revogação total de uma norma e derrogação é a revogação parcial, de apenas trechos da norma a qual continua em vigor contendo as alterações.
Sistemas Interpretativos
● Dogmático - exegético ou jurídico tradicional, baseado na literalidade. Formas: ○ extremada - pressupõe que a lei é clara e corresponde ao pensamento do legislador ○ moderada - aplica-se a lei, mas em casos duvidosos, recomenda a consulta às fontes do texto.
● Histórico-evolutivo - criado por Savigny, utiliza os quatro elementos básicos da interpretação (gramatica, lógico, histórico e sistemático). ○ a interpretação deve buscar o ato intelectual (intenção) do legislador ○ interpretam-se as normas segundo as necessidades da vida social 
● Livre pesquisa - busca novos horizontes e novas fontes jurídicas, às vezes até se sobrepondo ao texto legal. ○ extremada - direito livre, baseado na justiça social e com total liberdade para o intérprete; ○ moderada - direito sociológico, aplica-se aos casos omissos segundo o espírito da lei.
Integração das Leis
Em caso de lacunas na lei o aplicador do Direito deve utilizar:
1. Analogia.
2. Costumes.
3. Princípios Gerais de Direito.
4. Equidade.
Analogia
Afirma MAXIMILIANO que a analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em Lei a disposição relativa a um caso semelhante
Costumes
Segundo MAXIMILIANO, o costume é uma norma jurídica sobre determinada relação de fato e resultante da prática diurna e uniforme, que lhe dá força de lei. O autor menciona, ainda, que ao conjunto de tais regras não escritas chama-se Direito Consuetudinário.
Princípios gerais do Direito
Os princípios gerais de direito são enunciações normativas de cunho genérico, que condicionam e norteiam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação, quer para a elaboração de novas normas.
Há de se mencionar que os princípios gerais de direito não são preceitos de ordem ética, política, sociológica ou técnica, mas elementos componentes do direito. São normas de valor genérico que orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua explicação e integração, sendo que algumas são de tamanha importância que são expressamente contidas em lei.
Equidade
É reconhecido que a eqüidade invocável como auxiliar da interpretação e aplicação do direito não se revela somente pelas inspirações da consciência e da razão natural, mas também, e principalmente, pelo estudo atento, pela apreciação inteligente dos textos da lei, dos princípios da ciência jurídica e das necessidades da sociedade.
● Interpretação integradora: lógica (coerência) e axiológica (justiça social)
Hermenêutica – Aspecto Filosófico
A Hermenêutica em Schleiermacher.
Não existe uma hermenêutica geral, mas diversas hermenêuticas como a filológica, a teológica e a jurídica.
Deve-se levar em consideração o contexto histórico no qual foi escrito o texto. Compreensão é a experimentação dos processos mentais do autor do texto. Tudo o que é compreensível é posto em unidades sistemáticas ou círculos compostos de várias partes. O círculo como um todo define uma parte, e as partes definem o círculo. Ocorre, portanto, uma interação dialética entre o todo e a parte, um dá sentido ao outro, sendo que a compreensão é circular. Esse é o chamado círculo hermenêutico.
A Hermenêutica em Dilthey.
A vida só pode ser compreendida a partir dela mesma, assim, a experiência é algo temporal, histórico, ela não pode ser encaixada em categorias científicas. A expressão pode se referir a uma linguagem, a um conceito, algo que demonstre a marca da vida interior do homem.  E a compreensão tem o seu objeto na expressão da própria vida, pois ela é o processo mental que possibilita o entendimento da experiência humana.
6.3 A Hermenêutica em Heidegger.
Leitura fenomenológica da hermenêutica. A interpretação não é originalmente um método; ela representa o próprio comportamento da existência humana. Tanto a compreensão como a interpretação são igualmente modos que constituem essa existência. A hermenêutica é ligada com as dimensões ontológicas da compreensão e com a fenomenologia. Em sua obra, O ser e o tempo, HEIDEGGER se refere ao seu próprio método fenomenológico de investigação como sendo uma hermenêutica. Para ele, a ontologia transforma-se em uma hermenêutica da existência, pois “o logos de uma fenomenologia do dasein tem o carácter de herméneuein (interpretar) através do qual se tornam conhecido ao dasein,a estrutura do seu próprio ser e o significado autêntico do ser dado na sua compreensão.” Portanto, ele concebe o poder ontológico de compreender e interpretar como o ponto central da hermenêutica, e essa característica define as potencialidades do próprio ser do dasein.
O leitor tem sempre uma pré-compreensão sobre aquilo que interpretará. Não há interpretações inalteradas. Antes de tudo, o homem tem em mente a pré-compreensão, que nos abre um novo sentido, uma nova possibilidade de interpretação. Para HEIDEGGER, a compreensão trabalha dentro de um conjunto de relações já interpretadas, atuando no círculo hermenêutico que é inseparável da existência do intérprete. Não se pode conceituar a compreensão a não ser que seja inserida num contexto histórico-social
Toda vez que o homem realiza uma interpretação, ele se projeta para uma possibilidade, que antecipa algo que está por vir. Quando se compreende algo, já se possui uma pré-compreensão, um conceito prévio a que se refere.
6.4 A Hermenêutica em Gadamer.
Conceitos chave: tradição e preconceito
A tradição nos é transmitida por meio da linguagem, tem por base a lingüística. A verdade pode ser compreendida partindo-se de todas as expectativas de sentido que nos chegam por meio da tradição. Assim, intérprete está preso a um meio cultural e em uma tradição, sem a qual não pode ter acesso a um texto.
Os preconceitos são pré-julgamento falsos ou corretos existentes antes de se formular qualquer juízo sobre as coisas. A interpretação se inicia a partir de conceitos prévios, que serão ao longo do tempo substituídos por outros mais corretos e convincentes. A compreensão começa com os nossos preconceitos (pré-juízos), que são muito mais do que juízos individuais, mas a realidade histórica de nosso ser.
Toda interpretação correta tem que se desviar da arbitrariedade. A compreensão somente alcança sua verdadeira possibilidade quando as opiniões prévias, com as quais ela inicia, não são arbitrárias. No procedimento jurisprudencial um preconceito, não significa sempre um falso juízo, é como uma pré-decisão jurídica, tida antes de ser proferida uma sentença definitiva.  Entretanto, os preconceitos de um indivíduo são mais que seus juízos, são
6.5 A Hermenêutica Pós-Positivista.
Em breve síntese, é possível apontar que as características da proposição pós-positivista de Streck, com relação às quatro plataformas centrais da Teoria do Direito, são as seguintes:
a) as Fontes Jurídicas são compostas pelas Regras Jurídicas e pelos Princípios Jurídicos, a serem articulados hermeneuticamente para produção da Norma Jurídica, sem que se possa empregar a Moral como elemento corretivo do Direito, haja vista a sua autonomia;
b) as Normas Jurídicas são concebidas hermeneuticamente, como o resultado da atribuição de sentido a um Texto Normativo, para fins de responder a um problema consubstanciado num caso concreto surgido na faticidade, mediante a articulação entre Regra(s) e Princípio(s);
c) no atinente ao Ordenamento Jurídico, o autor não apresenta uma variação com relação ao modelo da pirâmide hierárquica juspositivista, salvo quanto à necessária assimilação dos Princípios Jurídicos, em razão das demais peculiaridades de sua formulação teórica; e,
d) a Decisão Jurídica ocorre diante uma situação concreta (pergunta), quando o intérprete encontra no Ordenamento Jurídico uma Regra para resolução da controvérsia, a qual será conformada de acordo com os Princípios correlatos para, a partir desta articulação, extrair a Norma (resposta).
6.6 Hermenêutica Constitucional.
A Hermenêutica Constitucional é uma ciência que tenta ampar os operadores do Direito em uma direção mais segura, sempre tendo em vista a necessidade de coadunar o ordenamento jurídico com a Constituição Federal, não se esquecendo sempre das necessidades sociais constantes, como a moralidade, a justiça, a segurança, a boa-fé, entre outros valores da humanidade conquistados ou desejados, o bem comum.
Do outro lado temos o movimento novo no Direito Constitucional, mais difundido como Neoconstitucionalismo, tentando trazer a Constituição como ferramenta constante nas medidas judiciais e, porque não, sociais. Apesar dos exageros parece estar despontando uma sequência mais racional nessa nova visão do Direito, pois não é um movimento que se restringe ao Direito Constitucional, mas ao Direito como ciência, devido a subordinação dos ramos do Direito ao contexto constitucional. Inúmeras ferramentas estão aflorando nessa nova visão do Direito Constitucional, ajudando na evolução para a aplicação mais acertada do Direito às necessidades sociais. Apesar de os contrapontos críticos e as virtudes exageradas, aponta no horizonte social essa fase de afirmação - já mais evidente no Direito Processual Civil, como indica o Projeto do CPC - diferente do movimento do constitucionalismo, cuja relevância se fixou no tempo, mas com importância equivalente por ultrapassar as fronteiras já alcançadas. 
Teoria Geral da Hermenêutica
A hermenêutica jurídica é o ramo da hermenêutica que se ocupa da interpretação das normas jurídicas, estabelecendo métodos para a compreensão legal. Utilizando-se do círculo hermenêutico, o jurista coteja elementos textuais e extra-textuais para chegar-se a uma compreensão. Fundamentado na argumentação, a hermenêutica é um método humanístico de pesquisa, sendo distinto em escopo e procedimento do método científico. Sua função é fixar o sentido e o alcance da norma jurídica. O sentido, porque deve-se saber qual o significado, o que a norma quer passar ao operador do direito; o alcance, porquanto deve-se saber os destinatários para os quais a norma foi estatuída. 
Direito Romano
É o conjunto de normas vigentes em Roma desde a sua fundação no séc. VIII a. C até o séc. VI d. C, com a Codificação de Justiniano. A história do direito romano pode ser dividida em três períodos: arcaico, clássico e pós-clássico.
Período arcaico(de VIII a. C a II a. C): O direito era costumeiro, privado e arraigado à religiosidade da época. O Estado só intervia em caso de guerras ou para punir crimes mais graves. O cidadão era visto como membro de uma família, sendo protegido pelo grupo que integrava.
Marco histórico: A lei das XII Tábuas. Foi a transliteração do direito costumeiro vigente da época. Apesar de ser um avanço para o direito romano, é considerada uma lei arcaica e cruel, que não satisfez as necessidades práticas da sociedade romana.
Os Glosadores e Pós-Glosadores.
Sendo a primeira grande escola, os glosadores, tiveram um trabalho mais tímido, limitado, em relação ao texto. Mesmo sendo conhecedores de todo o conteúdo dos textos, suas glosas eram comentários que seguiam a ordem do texto. “Não queriam usá-lo na vida prática, queriam comprová-lo como instrumento de razão da verdade da autoridade”. O iniciador desta tradição, Irnério, consolidou o Corpus Iuris Civilis de Justiniano, além de editor de uma cópia, foi também autor de um formulário notarial e de um ensaio sobre as ações. Os integrantes desta escola, dada o baixo nível de conhecimento da população medieval, se apropriaram de um papel proeminente dentro da sociedade, já que eram capazes de ler, escrever, redigir documentos em jargão jurídico. Considerados novos clérigos, estamento insurgente, respeitado e até temido, nas comunas e cidades, por serem conselheiros de senhores e mercadores, usufruindo de seus treinamentos na nova arte do “direito douto”. Obra desta mesma escola, temos por Acúrsio, une todas as glosas anteriores e une-as na chamada “Magna Glosa”. Produzindo assim, uma autoridade a mais, tornando possível conhecer o direito não somente em sua literalidade, mas também, por meio de Acúrsio. Os glosadores, determinam um estilo relativamente simples de estudo, inicial, com grande reverência ao texto romano. Só os juristas do século XIV, com um saber mais consolidado, tinham mais liberdade, enorme avanço legislativo sobre o costume, possuíam diversas copias dos textosromanos, até mesmo pela reforma gregoriana da Igreja.
A segunda escola, dos comentadores (Pós-Glosadores), é composta por aqueles que se tornaram conselheiros dos príncipes, das comunas e dos particulares, emitindo pareceres e auxiliando na harmonização dos direitos locais, espalhados pela cristandade. Por meio do Ius Commune, se esforça em conciliar os direitos locais, acaba por viabilizar a convivência das tradições feudais com as novas tendências da vida europeia, monetarização da vida, comércio, e proporciona uma certa flexibilização nas transferências de terras e sucessões. Os comentadores, antecedidos por sucessores dos glosadores, são do século XIII e XIV, são possuidores de tarefas mais práticas e mais livres, na medida em que tratam dos temas sem seguir à risca os textos, e respondem à indagações e consultas, tem grandes nomes, como: Cino de Pistóia (1270-1336), Bártolo de Sassoferrato (1314-1357), entre outros. Bártolo, compositor de tratados e comentários, escreveu sobre diversas áreas do direito, privado e público, redigiu um tratado sobre o governo das cidades (Tractatus de Regimine Civitatum, entre 1355-1357). A geração intermediária entre os comentadores e glosadores, já discutia livremente as glosas, segundo Solmi. A influencia da escola de Bolonha se dá como cultural, seus alunos influirão na cultura jurídica das sociedades, criando sua própria maneira de estudar o direito (mos italicus). Se conflitam com os humanistas no pé de que não buscam o texto romano puro, mas sim seu valor contemporâneo, usando do que se possuía advindo da Antiguidade, para seus próprios interesses de pesquisa. Existentes também na França (mos gallicus), onde combateram a Igreja, à serviço do Rei. Na Alemanha, criaram uma classe de juristas comuns independentes de fronteiras geográficas. Na Itália foram conselheiros dos Podestá e Signorie, arbitrando disputas territoriais. Se constituíram diplomatas e administradores, fornecendo aos príncipes a “teoria da soberania”, cobertura ideológica e politica. Puderam redigir documentos e criaram um aparelho administrativo.
Escola da Exegese ou Dogmática
Essa escola não aprovava quaisquer outras fontes senão a própria lei, esta representava todo o Direito conhecido. Havia o encantamento das codificações que eram avaliadas como obras perfeitas e completas, não se aventando a possibilidade de lacunas ou a atividade criativa da jurisprudência.
Esta escola, em sua tradução original, adotou ideias deveras incoerentes e radicais como a de que o juiz, ao se deparar com situações não previstas, deveria se abster de julgar. (TEIXEIRA, 2014)
A importância dessa escola no início do século XIX é explicável pelo momento histórico, vez que surge juntamente ao Código de Napoleão que foi inicialmente considerado obra irretocável.
Neste contexto, vale a citação extraída do livro “História Resumida do Direito” do autor Ralph Lopes Pinheiro, ao mencionar Napoleão Bonaparte “Minha verdadeira glória não está em ter ganho quarenta batalhas; Waterloo apagará a lembrança de tantas vitórias. O que não se apagará, o que viverá, eternamente, é o meu Código Civil”. (PINHEIRO, 1981, p.88)
Importante ressaltar que a burguesia, classe dominante à época, vinha de um período de sofrimento, por vezes praticado pelo arbítrio judicial, razão pela qual levavam às últimas consequências a teoria da separação dos poderes, e achavam que se o juiz tivesse liberdade de interpretação, haveria a possibilidade da tirania regressar, por isso faziam do magistrado um vassalo do legislador. (TEIXEIRA, 2014)
Na atualidade, em função da impossibilidade da aplicação de princípios rígidos e intolerantes, esta escola possui valor meramente histórico.
Escola Histórico-Evolutiva
Ao contrário do que imaginavam os exegetas, nessa escola a lei se reveste de vida própria e se desprende totalmente do legislador; deixando-se de buscar a“mens legislatoris”, a intenção do legislador, para se buscar a “mens legis”, ou seja, o espírito da própria lei, extraída pelo aplicador em qualquer tempo. (TEIXEIRA, 2014)
Assim, o relevante não é mais “o que o legislador queria no momento da elaboração”, mas sim “o que ele iria querer se vivesse no momento e contexto atuais.” A ideia principal era adaptar a velha lei aos novos tempos, “dando vida aos Códigos”.(HERKENHOFF, 1999. P. 43)
É de se salientar que, inobstante tal linha de pensamento, o intérprete não tinha qualquer discricionariedade, devendo manter-se no âmbito do texto legal pela inadmissibilidade de que o sistema fosse omisso. (HERKENHOFF, 1999. P. 43)
12. Escola da Livre Investigação Científica
Essa escola ainda circundava a vontade do legislador e a investigação da chamada “occasio legis” (ocasião da lei) era inerente.
Ainda assim, passível distingui-la da escola dogmática em função do entendimento de que a lei possuía limites impostos pelo tempo e que nesses casos o intérprete não deveria imprimir força ao entendimento da norma, admitindo que as lacunas deveriam ser integradas. Seu diferencial estava no fato de aceitar outras fontes, não somente a lei. (TEIXEIRA, 2014)
Malgrado, ressai-se que o intérprete não tinha o poder de contrariar o texto legal, mas tão só explicá-lo ou completá-lo, quando necessário. A livre investigação só teria cabimento no caso de lacuna das fontes formais do Direito e não quando a norma fosse considerada injusta. (id., 2014)
Escola do Direito Livre
Essa escola teve início quando da publicação da obra “A Luta pela Ciência do Direito”, em 1906, por Hermann Kantorowicz (com o pseudônimo de Gnaeus Flavius), vez que trazia uma revolucionária concepção de interpretação e aplicação do Direito ao defender a plena liberdade do juiz no momento de decidir os litígios, podendo, até mesmo, confrontar o que reza a lei (MELLO FILHO, 2014).
Para os adeptos do Direito Livre, o ordenamento jurídico não deve estar vinculado apenas ao Estado, mas ser livre em sua realização e constituir-se de convicções numa relação de tempo e espaço, deixando de ser uma imposição estatal para ser legitimado, também, pela sociedade em razão de suas necessidades. (id., 2014)
Na aplicação do direito deve prevalecer a ideia deste enquanto justiça, podendo o juiz agir não somente através da Ciência Jurídica, mas também pela sua convicção pessoal. Nessa ocasião o magistrado teria o animus de aplicação da norma dentro de uma percepção de justo.
Nessa escola, o arbítrio do juiz é de grandes proporções, vez que, em função de uma convicção de justiça, o magistrado pode decidir até mesmo contra legem. (MELLO FILHO, 2014)
Essa corrente de interpretação desenvolvida na Alemanha, entende que o objetivo único do Direito é a Justiça e, portanto haja ou não uma lei escrita, o magistrado estará autorizado a se basear por essa finalidade maior. A grande máxima dessa escola é “fiat justitia, pereat mundus”, que quer dizer “faça-se justiça, ainda que o mundo pereça”. (TEIXEIRA, 2014)
Jurisprudência do Conceito
A jurisprudência dos conceitos foi a primeira sub-corrente do positivismo jurídico, segundo a qual a norma escrita deve refletir conceitos, quando de sua interpretação.
Foi, portanto, a precursora da ideia de que o direito provém de fonte dogmática, imposição do homem sobre o homem e não consequência natural de outras ciências ou da fé metafísica.
Entre as principais características da jurisprudência dos conceitos estão: o formalismo, com a busca do direito na lei escrita; a sistematização; a busca de justificação da norma específica com base na mais geral.
Ou seja, segundo esta escola, o direito deveria, prevalentemente, ter base no processo legislativo, embora devesse ser justificado por uma ideia mais abrangente relativa a um sentido social.
Jurisprudência dos Interesses
O positivismo jurídico, escola que, a partir do final do Século XIX, caracteriza o direito como de fonte dogmática (imposição do próprio homem) teve esta fase após a Jurisprudência dos conceitos. Na jurisprudência dos interesses, interpreta-sea norma, basicamente, tendo em vista as finalidades às quais esta se destina.
Caracteriza-se esta escola pela idéia de obediência à lei e subsunção como conflito de interesses em concreto e em abstrato[3], devendo prevalecer os interesses necessários à manutenção da vida em sociedade, materializados nessa mesma lei. É, pois, uma escola de cunho nitidamente teleológico.
Jurisprudência dos Valores
A jurisprudência dos valores caracteriza uma forma de se entenderem os conceitos de incidência e interpretação da norma jurídica, bem como sua divisão em regras e princípios, além de conceitos como igualdade, liberdade e justiça. Esta corrente é amplamente citada em inúmeras fontes, de diversas origens.
Zezética e Dogmática
Primeiramente, para uma melhor compreensão do artigo, deve-se definir o que seria zetética e o que seria dogmática. Pois bem, zetética vem de zetein e significa perquirir, ter dúvida e dogmática vem de dokein e significa doutrinar, ensinar. Assim sabido, vê-se que os estudantes do curso de Direito são poucos zetéticos e por demais dogmáticos.
Distinguem-se assim, em linhas gerais, a zetética da dogmática: uma como especulação descompromissada, em que nada se extrai à dúvida se não comprovável, e a outra como questionamento partindo de um pressuposto arbitrário e preocupado com seu curso de ação. Ou seja: busca a zetética investigar o ser de algo, do que ele é, e a dogmática o dever ser, de que decisão tomar sobre ele.
Antinomias Jurídicas
Podem ser classificadas como técnicas, normativas, valorativas, teleológicas e de princípios.
As antinomias jurídicas reais são aquelas em que se percebe um conflito mutuamente exclusivo e/ou incompatível, sendo impossíveis de resolver dentro das linhas e critérios designados pelo ordenamento. Importante notar que a antinomia real não impossibilita sua resolução pontual, ou seja, quando o Poder Judiciário, em qualquer de suas instâncias, decide uma solução pragmática para um conflito real está suprimindo, casuisticamente, a antinomia. Esta variedade de incoerência em um ordenamento representa um erro lógico tão grande que tem como única solução viável para resolução do conflito em nível amplo a exclusão, omissão ou edição de uma das normas conflitantes, já que a mera reinterpretação do conflito pode, por sua vez, ser incompatível com outros elementos do ordenamento.
Por outro lado, as antinomias jurídicas aparentes são aquelas em que se percebe uma solução interpretativa do conflito, devendo o magistrado e o operador do Direito como um todo, utilizar de determinados critérios lógicos, doutrinários e até normativos para resolvê-lo.
17.1 Critérios para a resolução de antinomias aparentes
É importante, primeiramente, notar que raramente alguma lista de critérios a serem observados para resolver um antinomia entre duas normas terá consenso absoluto da comunidade jurídica. Diversos autores buscaram em suas obras criar doutrinas para a definição de critérios, separados por ordem de importância, para esta situação.
Em geral, é possível traçar a origem destas doutrinas a três critérios básicos, a serem aplicados em diferentes situações:
a) Critério Cronológico: trata-se da prevalência da norma posterior, em caso de antinomia entre duas normas criadas ou vigoradas em dois momentos cronológicos distintos. Designa-se a este princípio o termo em latim "lex posterior derogat legi priori", ou seja, lei posterior derroga leis anteriores. O uso deste critério coaduna com os demais critérios temporais continuamente utilizados pelo Direito, encontrando-se lado a lado com o princípio da vigência e eficácia das normas.
b) Critério Hierárquico: consiste na preferência dada, em caso de antinomia, a uma norma portadora de status hierarquicamente superior ao seu par antinômico. Diversos exemplos são citáveis dentro do ordenamento brasileiro, como conflitos entre dispositivos constitucionais (hierarquicamente superiores) e leis ordinárias (hierarquicamente inferiores) ou entre leis ordinárias (hierarquicamente superiores) e decretos (hierarquicamente inferiores). Nomeia-se este princípio no latim "lex superior derogat legi inferiori", ou lei superior derroga leis inferiores.
c) Critério Específico: baseia-se na supremacia relativa a uma antinomia da normas mais específica ao caso em questão. Desta forma, no caso da existência de duas normas incoerentes uma com a outra, verifica-se se ao dispor sobre o objeto conflituoso, uma delas possui caráter mais específico, em oposição a um caráter mais genérico. Diferente dos outros critérios, este possui certo grau de subjetividade, pois se em muitos casos é possível detectar facilmente o par "genérico/específico", em número significativo esta diferença se encontra difusa e difícil de localizar. Denomina-se também"lex specialis derogat legi generali", ou lei especial derroga leis genéricas.

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