Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TRANSPORTE DE SEDIMENTOS E MORFODINÂMICA Prof. Guilherme A. S. Franz Propriedades dos sedimentos As propriedades físicas do sedimento podem ser divididas em dois grupos: • propriedades inerentes ao sedimento (e.g., mineralogia, tamanho dos grãos, velocidade de queda, densidade, porosidade,) • propriedades comportamentais (e.g., resistência à erosão, formas de transporte) Distribuição Granulométrica • Os sedimentos naturais consistem em sua maioria em uma combinação de diferentes tamanhos de grãos minerais: • argila (< 0,004 mm) • silte (0,004 – 0,063 mm) • areia (0,063 – 2 mm) • cascalho (2 – 64 mm) Lama Distribuição Granulométrica • Ambientes marinhos e estuarinos são zonas ecologicamente ativas. • Sedimentos são combinações de diferentes granulometrias, assim como componentes significantes de biota (morta e viva), no interior e no topo dos sedimentos bentônicos. Distribuição Granulométrica A escala phi também é adotada para representar a distribuição de tamanhos de partículas de sedimento: 𝜑 = −𝑙𝑜𝑔2𝑑 𝑑 : diâmetro do grão emmm 𝑑 = 2−𝜑 Distribuição Granulométrica Distribuição Granulométrica • As areias naturais sempre contêm uma mistura de tamanhos de grãos, alguns dos quais podem sair da faixa de areia. • O método mais comum de medir a distribuição do tamanho de grão é peneirar usando peneiras cujas malhas diminuem de tamanho por uma razão definida, geralmente equivalente a metade de phi ou um quarto de phi. Distribuição Granulométrica • A distribuição granulométrica é geralmente apresentada como uma curva cumulativa mostrando a porcentagem em massa de grãos menor que d, versus d. • O sedimento é frequentemente caracterizado pelo seu diâmetro mediano de peneira d50 (o diâmetro para o qual 50% dos grãos em massa é mais fino). • A notação dn indica o diâmetro de grão para o qual n% dos grãos em massa é mais fino. Os percentis mais comumente usados são (em ordem crescente): d10, d16, d35, d50, d65, d84, d90. Distribuição Granulométrica Distribuição Granulométrica • Se o diâmetro do grão é denotado simplesmente por d em uma fórmula de previsão, geralmente pode ser considerado como sendo d50 do material do leito. • No entanto, nos cálculos da distribuição vertical da concentração de sedimentos em suspensão, é melhor basear a velocidade de sedimentação dos grãos em d50 do material em suspensão, que é frequentemente menor que d50 do material do leito. Distribuição Granulométrica • A distribuição dos tamanhos é indicada pelos tamanhos de percentil 10 e 90 (d10 e d90) ou, alternativamente, d16 e d84. • Uma medida comumente usada do grau de seleção do sedimento é o desvio padrão geométrico: Distribuição Granulométrica • As amostras de sedimentos são classificadas como bem selecionadas se contiverem uma faixa estreita de tamanhos de grãos e bem misturadas se contiverem uma ampla faixa. • Como um guia aproximado, se uma amostra de sedimento tiver d84/d16 < 2 (ou d90/d10 < 2,4), então ela é bem selecionada, enquanto que se tiver d84/d16> 16 (ou d90/d10 > 35), então está bem misturada. Distribuição Granulométrica Amostras de sedimento são classificadas em: • Bem selecionados (well sorted): tamanhos de grão uniformes ( Τ𝑑90 𝑑10 < 2) • Bem misturados (poorly sorted): grande variedade de tamanhos de grão ( Τ𝑑90 𝑑10 > 35) Distribuição Granulométrica • O exemplo de distribuição de tamanhos de grão abaixo tem d10 = 0,23 mm e d90 = 2,6 mm, de modo que d90/d10 = 11 e, portanto, tem uma seleção intermediária. Distribuição Granulométrica • Muitos sedimentos mistos têm uma distribuição granulométrica que se aproxima de uma distribuição log-normal; isto é, o logaritmo do tamanho de grão tem uma distribuição de frequência aproximadamente normal (Gaussiana) por peso. • Se apenas o d50 e uma medida de seleção, como d84/d16, são conhecidos em um local, os outros percentis podem ser aproximados assumindo uma distribuição log-normal. Textura Clay = Argila ou Argilosa Sandy Clay = Argila Arenosa Silty Clay = Argila Síltica Clayed Sand = Areia Argilosa Clayed Silt = Silte-Argilosa Sand = Areia ou Arenosa Silty Sand = Areia Síltica Sandy Silt = Silte Arenosa Silte = Silte ou Siltosa Diagrama de Shepard Classe Textural Textura Diagrama de Shepard Classe Textural 1 2 3 1 = Argila-síltica-arenosa 2 = Areia-síltica-argilosa 3 = Silte-argilo-arenosa Textura Diagrama de Shepard 70% Argila , 20% Silte, 10% Areia Textura Diagrama de Shepard 70% Argila , 20% Silte, 10% Areia Textura Diagrama de Shepard 70% Argila , 20% Silte, 10% Areia Textura Diagrama de Shepard 70% Argila , 20% Silte, 10% Areia Argila Síltica Textura Diagrama de Shepard 40% Argila , 30% Silte, 30% Areia Textura Diagrama de Shepard 40% Argila , 30% Silte, 30% Areia Argila-síltica-arenosa Textura Diagrama de Shepard 10% Argila , 40% Silte, 50% Areia Textura Diagrama de Shepard 10% Argila , 40% Silte, 50% Areia Areia Síltica Textura Diagrama de Shepard 0% Argila , 60% Silte, 40% Areia Textura Diagrama de Shepard 0% Argila , 60% Silte, 40% Areia Silte Arenosa Propriedades dos sedimentos • A mineralogia da areia e a forma dos grãos determinam suas propriedades hidráulicas. • A maioria das areias é composta principalmente de grãos de quartzo. Estes geralmente têm uma densidade próxima a 2650 kg m-3 e são grosseiramente esféricos (ou seja, seus eixos maior e menor não costumam variar mais do que um fator de 2). • Proporções variadas de conchas inteiras ou quebradas de criaturas marinhas estão frequentemente presentes. Conchas têm uma densidade de cerca de 2400 kg m-3. • Propriedades dos sedimentos • Outros minerais, como carvão com uma densidade de cerca de 1400 kg m-3, também podem estar presentes. • Grãos que possuem baixa densidade e/ou forma plana comportam-se hidraulicamente como os grãos de quartzo de menor diâmetro e, como resultado da seleção hidráulica pelos fluxos predominantes, são geralmente encontrados misturados com tais grãos. • Como resultado, é prática comum para os cálculos de transporte de sedimentos tratar os grãos em uma amostra como se todos fossem representados pelos grãos de quartzo por razões de similaridade. Propriedades dos sedimentos • As misturas de água e sedimento ocorrem em diferentes proporções. Existe uma ampla variedade de medidas para esta proporção, cujo uso depende do tipo de mistura e do histórico acadêmico do usuário. • A medida mais fundamental é a concentração em volume, e isso geralmente é o mais simples de usar nas análises teóricas. • Os resultados experimentais são geralmente obtidos pela pesagem do sedimento, portanto a concentração em massa é a mais apropriada. Propriedades dos sedimentos • Nas discussões do leito fixo, a porosidade é mais usada. Ao considerar efeitos de flutuabilidade, a densidade aparente é mais apropriada. • A porosidade dos leitos de sedimentos assentados depende do grau de seleção e do grau de compactação. Densidade • A densidade das partículas que compõem o sedimento é de aproximadamente 𝜌𝑠 =2650 kg/m3. • Densidade da água doce 𝜌𝑤 ≈ 1000 kg/m3. • Densidade da água do mar 𝜌𝑤 ≈ 1027 kg/m3. • Gravidade específica 𝑠 = 𝜌𝑠/𝜌𝑤 ≈ 2,65. Porosidade Porosidade (𝜀) é o volume de poros (espaços vazios) entre as partículas de sedimento sobre o volume total da mistura (sólidos, água, ar) 𝜀 = 𝑉𝑝/𝑉𝑡 Depende do histórico de deposição e do grau de seleção do sedimento Concentração volumétrica Concentração volumétrica é o volume das partículas de sedimento por unidade de volume total da mistura: 𝐶 = 𝑉𝑠 𝑉𝑡 = (1 − 𝜀)Concentração mássica ou densidade seca Densidade seca (dry density) ou concentração mássica (mass concentration) é a massa do sedimento seco por unidade de volume total: 𝜌𝑑𝑟𝑦 = 𝑀𝑠 𝑉𝑡 = 𝜌𝑠(1 − 𝜀) Densidade aparente ou molhada Densidade aparente (bulk density) é a massa total da mistura (saturada) por unidade de volume total da mistura: 𝜌𝐵 = 𝑀𝑡 𝑉𝑡 = 𝜌𝑤𝜀 + 𝜌𝑠(1 − 𝜀) Ângulo de repouso • O ângulo de repouso ∅𝑖 é o ângulo com a horizontal em que os grãos começam a rolar. • O valor de ∅𝑖 para sedimentos não coesivos depende da forma, seleção e compactação dos grãos. A concentração (ou porosidade) do leito também depende dos mesmos fatores, e ∅𝑖 é aumenta com a concentração do leito (diminui com a porosidade). Ângulo de repouso Ângulo de repouso Permeabilidade • O fluxo de água através de um meio poroso, como um leito de areia, depende da permeabilidade do meio. • Várias expressões têm sido propostas para expressar a permeabilidade de areia, cascalho e rocha em termos de diâmetro de grão e porosidade. • Todos os métodos dão um forte aumento da permeabilidade com a porosidade, mas diferem por um fator de 2. • A permeabilidade também varia com a forma dos grãos, sua compactação e orientação, e a distribuição do tamanho dos grãos. Permeabilidade Permeabilidade é importante nas seguintes aplicações: • amortecimento da energia das ondas, devido ao bombeamento viscoso de água através do leito; • arrastamento de sedimentos pelas ondas, porque o bombeamento de água para dentro e para fora do leito aumentará e reduzirá, respectivamente, o peso efetivo dos grãos; • estabilização de praia por drenagem artificial; • transferência de poluentes para dentro e para fora do leito; • percolação através de praias de cascalho; • estabilidade de quebra-mares e estruturas de rocha. Fluidização do leito • Um fluxo ascendente de água através de um leito de areia exerce uma força de arrasto ascendente sobre os grãos. • Se esta força for maior que o peso flutuante dos grãos, o leito se torna fluidizado. • O peso dos grãos não é mais suportado pelo repouso em outros grãos, mas por forças exercidas pelo fluido, e o leito se comporta como um fluido, de modo que um objeto pesado colocado no leito afunda através dele. Fluidização do leito https://youtu.be/HyI7wK5A-5Q Fluidização do leito https://youtu.be/xjSYzT3CUnA Características dos sedimentos costeiros • A areia é convencionalmente definida como sedimento com diâmetros de grão na faixa de 0,062 a 2 mm. • Os sedimentos mais finos são classificados como argilas e siltes (lamas), e suas propriedades são fortemente influenciadas pela coesão eletroquímica e biológica. • Em sedimentos mistos, o efeito da coesão é importante na determinação das propriedades do sedimento se mais de 10% do sedimento for mais fino que 0,062 mm. • Essas misturas são mais resistentes à erosão do que uma areia pura ou uma lama pura. Características dos sedimentos costeiros • Grãos maiores que 2 mm são classificados como cascalhos. • A permeabilidade dos cascalhos é um fator importante na determinação do comportamento do cascalho (e.g., inclinação da praia), e uma proporção de areia misturada com o cascalho pode reduzir sua permeabilidade. Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Não-coesivos: • São encontrados em áreas com correntes ou ondas intensas (e.g., praias e canais estuarinos) Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Não-coesivos: • Formados primariamente por areia ou cascalho • O tamanho dos grãos controla a mobilidade, transporte e velocidade de queda • Podem ser transportados em contato com o fundo por arrastamento (transporte de fundo) • Geralmente formam formas de fundo Velocidade de Queda • A velocidade de queda ou velocidade de sedimentação de um grão é definida como a velocidade terminal atingida pelo grão sob a ação da gravidade em fluido. • Depende de vários parâmetros: tamanho e formato do grão, gravidade específica, viscosidade do fluido. • A força de arrasto sobre um corpo submerso é dada pela equação: 𝐹𝐷 = 1 2 𝐶𝐷𝜌𝑤𝑤𝑠 2𝐴 Velocidade de Queda • A ação combinada da gravidade e do empuxo resulta na força: 𝐹𝑔 = 𝜌𝑠 − 𝜌𝑤 𝑔 𝜋 6 𝑑3 • Em situação de equilíbrio (𝐹𝐷 = 𝐹𝑔) e assumindo que o grão tem a forma de uma esfera (𝐴 = 𝜋 4 𝑑2): 𝑤𝑠 = 4 𝑠 − 1 𝑔𝑑 3𝐶𝐷 0.5 Velocidade de Queda 𝑤𝑠 = 𝜐 𝑑 10.362 + 1.049𝐷∗ 3 1/2 − 10.36 Viscosidade cinemática da água: 𝜐 = 1 × 10−6[𝑚2𝑠−1] Diâmetro adimensional do grão: 𝐷∗ = 𝑔(𝑠 − 1) 𝜈2 1/3 𝑑 Velocidade de Queda Velocidade de Queda Exercício Qual a velocidade de queda de partículas de sedimento com −3𝜑, −1𝜑 e 1𝜑 de tamanho? Tipos de Transporte • A areia no mar pode ser movida por correntes (maré, vento ou ondas), ou por ondas, ou muito comumente pelas correntes e ondas atuando juntas. • A areia é transportada pelos processos básicos de arrastamento, transporte e deposição. • Estes três processos ocorrem ao mesmo tempo e podem interagir uns com os outros. Tipos de Transporte • Arrastamento (entrainment) ocorre como resultado do atrito exercido no leito do mar pelas correntes e/ou ondas, com difusão turbulenta, possivelmente levando grãos a suspensão. • O transporte de fundo ocorre por grãos rolando, pulando e deslizando ao longo do leito em resposta ao atrito e, no caso de leitos inclinados, gravidade. • O transporte de fundo é o modo dominante de transporte para fluxos lentos e/ou grãos grandes. Tipos de Transporte • Se o fluxo for rápido o suficiente (ou as ondas grandes o suficiente) e os grãos suficientemente finos, a areia será colocada em suspensão até uma altura de vários metros acima do leito, e levada pelas correntes. • Esse modo de transporte é conhecido como transporte em suspensão e geralmente é muito maior que o transporte de fundo. • Em situações típicas marinhas e estuarinas, o meio de transporte predominante é o transporte de fundo para grãos mais grosseiros do que cerca de 2 mm, e transporte em suspensão para grãos mais finos do que cerca de 0,2 mm. Tipos de Transporte • A deposição ocorre quando os grãos ficam em repouso no transporte de fundo ou quando a suspensão é sedimentada. • Na maior parte do tempo, o arrastamento de alguns grãos para suspensão e a sedimentação de outros grãos, devido ao seu peso, ocorre simultaneamente. Tipos de Transporte Taxa de transporte • A taxa de transporte de sedimentos é definida como a quantidade de sedimento por unidade de tempo passando por um plano vertical de largura unitária perpendicular à direção do fluxo. • A quantidade de sedimento pode ser medida em massa ou em volume, de modo que em unidades SI a taxa de transporte de sedimentos é dada em kg m-1 s-1 ou m3 m-1 s-1 (= m2s-1), respectivamente. • Unidades práticas como toneladas por metro por dia são também frequentemente usadas. A taxa de transporte de sedimentos no mar tem uma magnitude e uma direção e, portanto, é uma quantidade vetorial. Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • São encontrados em áreas com correntes e ondas pouco intensas (e.g., zona intertidal de estuários, mangue) Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • Formados primariamente por argila e silte (lama) • Geralmente não geram grandes formas de fundo• Forças eletroquímicas causam floculação e consolidação • A floculação pode aumentar significativamente a velocidade de queda dos sedimentos em suspensão Floculação Floculação Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • Podem ser encontrados em 4 estados: suspensos, lodo fluido (concentrações altas junto ao fundo), depósitos recentes, e consolidados Consolidação Fonte: Camenen e Van Bang (2011) Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • Consolidação é a expulsão gradual da água intersticial pelo próprio peso do sedimento de fundo acompanhado pelo aumento da sua densidade e resistência à erosão • Grau de consolidação defini a mobilidade e transporte • Sedimentos contendo mais de a 10% de material fino (< 63 um) podem exibir propriedades coesivas Consolidação Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • Contaminantes são adsorvidos nas lamas estuarinas, que podem atuar como fonte ou poço de contaminantes ao longo do tempo dependendo das condições físico-químicas do ambiente (e.g., pH e temperatura) • Os contaminantes podem ser liberados do sedimento por operações de dragagens, erosão, ou expulsão da água intersticial durante o processo de consolidação Características dos sedimentos costeiros Os sedimentos são separados em não-coesivos e coesivos • Coesivos: • Contém altas proporções de biomassa • Bactérias nocivas podem estar presentes em sedimentos ricos em matéria orgânica, particularmente onde são descarregados esgotos ou produtos residuais de atividades antropogênicas • Possuem cor escura e cheiro provenientes da decomposição da matéria orgânica Características dos sedimentos costeiros A presença e a atividade de organismos bentônicos podem afetar o sedimentos em diversas maneiras Bioestabilização: • Secreção de substâncias poliméricas extracelulares (mucos viscosos) por microalgas, bactérias, fungos, etc. • O crescimento de vegetação, como mangue, também aumenta a estabilização do sedimento Características dos sedimentos costeiros A presença e a atividade de organismos bentônicos podem afetar o sedimentos em diversas maneiras Bioestabilização: • Secreção de substâncias poliméricas extracelulares (mucos viscosos) por microalgas, bactérias, fungos, etc. • O crescimento de vegetação, como mangue, também aumenta a estabilização do sedimento • A atividade biológica também pode causar a desestabilização do sedimento (escavação do sedimento por organismos em busca de alimento e água) Características dos sedimentos costeiros A presença e a atividade de organismos bentônicos podem afetar o sedimentos em diversas maneiras Bioturbação : • Retrabalho dos sedimentos por atividades biológicas que têm o efeito de misturar os sedimentos e alterar a estrutura da matriz de sedimento, introduzindo oxigênio em áreas que de outra forma seriam anóxicas Transporte de areia O transporte de areia desempenha um papel vital em muitos aspectos da engenharia costeira, estuarina e marítima. O movimento da areia influencia: • a construção de portos economicamente viáveis (custos de dragagem para portos e canais de aproximação são frequentemente críticos para a viabilidade); Transporte de areia O transporte de areia desempenha um papel vital em muitos aspectos da engenharia costeira, estuarina e marítima. O movimento da areia influencia: • a construção de usinas costeiras e refinarias (areia pode entrar na água de resfriamento); Transporte de areia O transporte de areia desempenha um papel vital em muitos aspectos da engenharia costeira, estuarina e marítima. O movimento da areia influencia: • defesa das inundações costeiras (integridade das praias e bancos offshore é crucial para dissipar o ataque de ondas); Transporte de areia O transporte de areia desempenha um papel vital em muitos aspectos da engenharia costeira, estuarina e marítima. O movimento da areia influencia: • a perda ou o crescimento de praias de lazer (cruciais para o sucesso de muitas estâncias de férias); Transporte de areia O transporte de areia desempenha um papel vital em muitos aspectos da engenharia costeira, estuarina e marítima. O movimento da areia influencia: • a segurança das plataformas e oleodutos offshore (queda de plataformas ou quebra de oleodutos), e muitas outras aplicações. Transporte de areia • A taxa líquida de acreção ou erosão de uma área do fundo marinho depende da diferença nas taxas em que a areia entra e sai da área. • Se a areia é levada para dentro de uma região mais rapidamente do que é levada fora da região, então o fundo sofre acreção; se o inverso for verdadeiro, então ele será erodido. • Mesmo que a taxa de transporte de sedimentos seja muito grande, o nível do fundo não mudará se o transporte for igual em toda a área. Transporte de areia As operações necessárias para fazer uma previsão do padrão de erosão e acreção em uma área de estudo são: • Calcular as distribuições hidrodinâmicas de correntes e ondas e quantidades dependentes, como tensão de cisalhamento do fundo; • Calcular a distribuição resultante das taxas de transporte de sedimentos; • Calcular a distribuição das taxas de erosão/acreção. Transporte de areia • Nosso foco será nos processos físicos que afetam o transporte de areia, mas, além disso, influências biológicas podem desempenhar um papel importante, embora em menor grau do que nas lamas. • As secreções de muco podem ajudar a ligar os grãos; inversamente, os moldes de vermes podem causar pontos altos que são mais facilmente erodidos pelas correntes; organismos escavadores podem misturar os 10 cm superiores dentro de 4 a 6 horas, achatando padrões ondulados formados pela corrente. • Pouco trabalho ainda foi feito sobre a quantificação de influências biológicas em sedimentos. Transporte de areia • Embora existam atualmente poucos métodos quantitativos para lidar com os efeitos biológicos, os engenheiros devem estar cientes de que eles podem estar presentes e podem tornar as previsões pouco confiáveis, especialmente em áreas onde as correntes e ondas são fracas. • Em áreas de correntes fortes ou ondas grandes, os principais efeitos são geralmente hidrodinâmicos e os efeitos biológicos podem ser justificadamente ignorados. Tensão de cisalhamento de fundo • Os efeitos das correntes e ondas na dinâmica dos sedimentos ocorrem principalmente através do atrito que eles exercem no fundo do mar. • Isso é expresso em termos da tensão de cisalhamento no fundo, que é a força de atrito exercida pelo fluxo por unidade de área do fundo. Tensão de cisalhamento de fundo A tensão de cisalhamento de fundo, 𝜏0, que tem unidades de força por unidade de área (Nm-2 em unidades SI), também pode ser escrita em unidades de velocidade (ms-1 em unidades SI) como a velocidade de atrito (ou velocidade de cisalhamento), 𝑢∗, que é definida através da relação: Onde 𝜌 é a densidade da água. Tensão de cisalhamento de fundo • Esta conversão é feita puramente por conveniência matemática para não repetir a escrita de Τ𝜏0 𝜌 1/2. • A velocidade de atrito não corresponde a uma velocidade 'real' no fluxo (embora possa ser relacionada às flutuações turbulentas nas componentes reais da velocidade). Tensão de cisalhamento de fundo • Para muitos propósitos, é utilizada uma forma adimensional da tensão de cisalhamento de fundo e sua relação com o sedimento, ou seja, o parâmetro de Shields, definido por: Tensão de cisalhamento de fundo • A tensão de cisalhamento de fundo gerada depende não apenas da velocidade do fluxo, mas tambémda rugosidade do leito do mar. • Isto pode ser medido pela rugosidade de Nikuradse, ks (que pode ser relacionada ao tamanho de grão), ou pelo comprimento de rugosidade, z0 (que pode ser derivado do perfil de velocidade). Os dois estão conectados através da relação: • As notações acima se aplicam aos valores gerais, possivelmente variáveis no tempo, da tensão de cisalhamento do leito e das outras quantidades. Tensão de cisalhamento de fundo • No entanto, também é útil distinguir entre diferentes mecanismos de geração usando subscritos. A tensão de cisalhamento do leito pode ser gerada por: - uma corrente, com as quantidades médias de tempo indicadas por 𝜏0, 𝑢∗ e 𝜃 (ou seja, o mesmo que a notação geral); - uma onda, com as amplitudes das grandezas oscilatórias denotadas por 𝜏𝑤, 𝑢∗𝑤 e 𝜃𝑤; - um movimento combinado de onda e corrente, com as grandezas médias ao longo de um ciclo de onda denotadas por 𝜏𝑚, 𝑢𝑚 e 𝜃𝑚, e os valores máximos das grandezas durante um ciclo de onda denotadas por 𝜏𝑚𝑎𝑥, 𝑢∗𝑚𝑎𝑥 e 𝜃𝑚𝑎𝑥. Tensão de cisalhamento de fundo • Flutuações turbulentas causam grandes variações sobre os valores dados acima, mas para a maioria dos propósitos práticos, os valores médios são suficientes. • A tensão total de cisalhamento do leito (𝜏0) é composta de contribuições devido: - ao atrito (skin friction, 𝜏0𝑠 ) produzido por (e atuando sobre) os grãos de sedimentos; - a resistência ao arrasto (𝜏0𝑓) produzida pelo campo de pressão associado ao fluxo sobre ondulações e/ou feições maiores no leito; - uma contribuição de transporte de sedimentos (𝜏0𝑡) causada pela transferência de momento para mobilizar os grãos. Tensão de cisalhamento de fundo • As três componentes podem ser somadas: 𝜏0 = 𝜏0𝑠 + 𝜏0𝑓 + 𝜏0𝑡 • Da mesma forma, três contribuições para 𝜏0, 𝑢∗ e 𝜃 podem ser identificadas, usando os subscritos s, f e t • As tensões de cisalhamento de fundo devido a ondas, ou ondas combinadas com correntes, podem ser subdivididas em contribuições de atrito relacionado ao grão, arrasto de forma e transporte de sedimento da mesma maneira que as mostradas para as correntes. Tensão de cisalhamento de fundo • Se o fundo é plano e o transporte de sedimentos não é intenso, 𝜏0 = 𝜏0𝑠, e a distinção entre as quantidades total e de atrito relacionado ao grão não é necessária. • Este caso não é incomum para grãos grossos (digamos, d50> 0,8 mm), mas as areias mais finas são geralmente onduladas (possivelmente com formas de leito maiores). Tensão de cisalhamento de fundo • É importante estar ciente de que apenas a contribuição do atrito relacionado ao grão (skin friction) age diretamente nos grãos do sedimento, e é, portanto, essa contribuição que é usada para calcular o limiar de movimento, transporte de fundo e concentração de referência ou taxa de ressuspensão. • Por outro lado, é a tensão de cisalhamento total de fundo que corresponde à resistência geral do fluxo e determina as intensidades de turbulência que influenciam a difusão do sedimento em suspensão para níveis mais altos na coluna de água. • A não observância dessas distinções levaria a sérios erros nos cálculos.
Compartilhar