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Manual do curso Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos

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Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 1 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual do Curso 
APRIFARMA: Aprimoramento 
em Diabetes para Farmacêuticos 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 2 
 
2 
SUMÁRIO 
Apresentação ................................................................................................................................ 7 
Módulo I – Noções gerais diabetes mellitus (DM) .................................................................... 9 
Objetivo ..................................................................................................................................... 9 
Unidade 1: Diabetes mellitus .................................................................................................... 9 
Conceito ................................................................................................................................ 9 
Classificação .......................................................................................................................... 9 
Metabolismo normal da glicose .......................................................................................... 10 
Fisiopatologia do DM2 ........................................................................................................ 10 
Fatores de risco para o DM2 ............................................................................................... 11 
Unidade 2: Epidemiologia do DM2 ......................................................................................... 12 
Problema de saúde pública ................................................................................................. 12 
Mortalidade do DM2 ........................................................................................................... 13 
O DM2 e as comorbidades .................................................................................................. 14 
O DM2 é uma doença séria ................................................................................................. 15 
Unidade 3: Métodos e critérios para diagnóstico DM ............................................................ 15 
Categorias de tolerância a glicose ....................................................................................... 15 
Importância do diagnóstico e seguimento da doença ........................................................ 16 
Sintomas clássicos e sintomas gerais .................................................................................. 17 
Módulo 2: Tratamento do Diabetes Mellitus ........................................................................... 19 
Objetivo ................................................................................................................................... 19 
Modalidades de tratamento ............................................................................................... 19 
Educação em diabetes ........................................................................................................ 19 
Tratamento não farmacológico ........................................................................................... 20 
Tratamento farmacológico .................................................................................................. 20 
Sete Comportamentos de autocuidado .............................................................................. 21 
Módulo 3: Tratamento não farmacológico ............................................................................ 22 
Objetivo ................................................................................................................................... 22 
Unidade 1: Alimentação saudável ........................................................................................... 22 
Orientação nutricional ........................................................................................................ 22 
Definição de metas realistas – metas a curto e longo prazo .............................................. 23 
Mudanças de hábito alimentar ........................................................................................... 23 
Plano alimentar individualizado .......................................................................................... 23 
Saber lidar e tratar a hipoglicemia ...................................................................................... 23 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 3 
 
3 
Aprender a escolher os alimentos – diet/light .................................................................... 24 
Contagem de carboidrato ................................................................................................... 25 
Unidade 2: Atividade física ...................................................................................................... 25 
Benefícios da atividade física no DM .................................................................................. 25 
O que fazer? ........................................................................................................................ 26 
Algumas dicas para começar: .............................................................................................. 27 
Unidade 3: Apoio do profissional farmacêutico ...................................................................... 27 
Benefícios do controle glicêmico ........................................................................................ 27 
Por que controlar a glicemia e a pressão? .......................................................................... 28 
Módulo 4: Tratamento farmacológico no diabetes mellitus tipo 1 (DM1) ......................... 29 
Objetivo ................................................................................................................................... 29 
Introdução ............................................................................................................................... 29 
Unidade 1: Objetivos do tratamento no DM1 ........................................................................ 29 
Tipos de insulina .................................................................................................................. 29 
Esquemas de insulinoterapia .............................................................................................. 31 
Efeitos adversos da insulina ................................................................................................ 31 
Unidade 2: Insulinoterapia ...................................................................................................... 33 
Insulina basal ....................................................................................................................... 34 
Insulina prandial, ou bolus .................................................................................................. 34 
Insulina de correção, ou bolus de correção ........................................................................ 35 
Módulo 5: Tratamento farmacológico do DM2 ..................................................................... 36 
Objetivo ................................................................................................................................... 36 
Unidade 1: Objetivos do tratamento no DM2 ........................................................................ 36 
Obter e manter o controle metabólico ............................................................................... 36 
Metas do tratamento farmacológico para o DM2 .............................................................. 36 
Como atingir as metas do tratamento farmacológico para o DM2? .................................. 37 
Como fazero paciente aderir ao uso de vários medicamentos para a mesma doença? ... 38 
O que é considerado na escolha do medicamento para tratar o DM? ............................... 38 
Nota importante aos farmacêuticos ................................................................................... 39 
Unidade 2: Tratamento com antidiabéticos orais (ado's) e injetáveis (incretinomiméticos) . 40 
Antidiabéticos orais e injetáveis disponíveis no Brasil ........................................................ 41 
Potencial de redução de A1C .............................................................................................. 42 
Terapia convencional com insulinas ................................................................................... 42 
Esquemas de insulinização no DM2 .................................................................................... 43 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 4 
 
4 
Insulinoterapia intensiva ..................................................................................................... 44 
Unidade 3: Educação em tratamento farmacológico ............................................................. 45 
O uso de vários medicamentos para a mesma doença ...................................................... 45 
Dispensando medicamentos para tratamento da hiperglicemia em diabetes ................... 46 
Como orientar pessoas com DM na dispensação de medicamentos seguindo as 
orientações da RDC 44/2009 ............................................................................................... 47 
Orientação a um indivíduo com diabetes e várias comorbidades ...................................... 47 
Módulo 6: Farmacoterapia e interações medicamentosas no DM2 ................................. 49 
Objetivo ................................................................................................................................... 49 
Unidade 1: Agentes que aumentam a secreção de insulina ................................................... 49 
Introdução ........................................................................................................................... 49 
Sulfonilureias ....................................................................................................................... 49 
Indicações ............................................................................................................................ 50 
Efeitos adversos .................................................................................................................. 50 
Contraindicações ................................................................................................................. 50 
Interações medicamentosas ............................................................................................... 50 
Glinidas ................................................................................................................................ 51 
Indicação ............................................................................................................................. 51 
Efeitos adversos .................................................................................................................. 51 
Contra indicações ................................................................................................................ 51 
Interações medicamentosas ............................................................................................... 51 
Considerações para atenção farmacêutica em pacientes que utilizam sulfonilureias ou 
glinidas ................................................................................................................................ 52 
Unidade 2: Agentes que não aumentam a secreção de insulina ............................................ 52 
Metformina ......................................................................................................................... 52 
o Advertência – Acidose lática ....................................................................................... 54 
Acarbose .............................................................................................................................. 56 
Unidade 3: Agentes que aumentam a secreção de insulina ................................................... 58 
glicose dependente e diminuem a secreção de glucagon ...................................................... 58 
Introdução ........................................................................................................................... 58 
Gliptinas .............................................................................................................................. 61 
Unidade 4: Interações de outros medicamentos com o controle glicêmico .......................... 62 
Módulo 7: Complicações do diabetes .................................................................................... 64 
Objetivo ................................................................................................................................... 64 
Unidade 1: Complicações agudas ............................................................................................ 64 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 5 
 
5 
Cetoacidose diabética (CAD) ............................................................................................... 64 
Sinais e sintomas ................................................................................................................. 65 
Tratamento .......................................................................................................................... 65 
Estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH) ........................................................................ 65 
Critérios diagnósticos .......................................................................................................... 65 
Sinais e sintomas do EHH .................................................................................................... 65 
Tratamento .......................................................................................................................... 66 
Como prevenir a CAD e o EHH?........................................................................................... 66 
Conclusão ............................................................................................................................ 66 
Hipoglicemia ........................................................................................................................ 66 
Unidade 2: Complicações crônicas .......................................................................................... 67 
Olhos: catarata e retinopatia .............................................................................................. 68 
Rins ...................................................................................................................................... 68 
Sistema nervoso .................................................................................................................. 68 
Sistema cardiovascular ........................................................................................................ 69 
Módulo 8: Monitoração da glicemia em conformidade com a RDC 44/2009 ................ 70 
Objetivo ................................................................................................................................... 70 
Monitorando a glicemia ...................................................................................................... 71 
Metas da SBD ...................................................................................................................... 71 
Modelo de diário glicêmico– controle da glicemia capilar ................................................ 72 
Orientando para a automonitoração glicêmica .................................................................. 72 
Passo a passo da monitoração pelo farmacêutico .............................................................. 73 
Módulo 9: Insulinização .............................................................................................................. 75 
Objetivo ................................................................................................................................... 75 
Introdução ........................................................................................................................... 75 
Aplicação de insulina em conformidade com a RDC 44/2009 ............................................ 75 
Orientação para aplicação de insulina na farmácia ............................................................ 75 
Orientação para autoaplicação de insulina ......................................................................... 76 
Conservação de insulina ...................................................................................................... 77 
Cuidados no armazenamento ............................................................................................. 77 
Cuidados no transporte ....................................................................................................... 78 
referências Bibliográficas ........................................................................................................... 79 
Sites consultados .......................................................................................................................... 84 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 6 
 
6 
Sumário de figuras 
Figura 1: Metabolismo normal da glicose. .................................................................................. 10
Figura 2: Fisiopatologia do DM2 - fonte: adaptado de De Fronzo. Diabetes, 1988. ................... 11
Figura 3: História natural do DM2 - Correlação entre hiperglicemia e hiperinsulinemia e o 
aparecimento de complicações micro e macrovasculares. Fonte: adaptado de types 2 diabetes 
basics. International diabetes center, 2000. ............................................................................... 11
Figura 4: Índice de risco de morte em tolerância normal a glicose (NGT). ................................. 13
Figura 5: Proporção de mortes pelas doenças crônicas não transmissíveis aos 70 anos, por 
grupo de causas, 2008. Fonte: WHO, 2011. ................................................................................ 14
Figura 6: Pirâmide dos alimentos e prato saudável. ................................................................... 22
Figura 7: Pirâmide de atividade física. ........................................................................................ 26
Figura 8: Propriedades a farmacocinéticas das insulinas e análogos. ........................................ 30
Figura 9: Manual prático de diabetes - 1ª Edição ....................................................................... 31
Figura 10: Lipodistrofia. ............................................................................................................... 32
Figura 11: Padrão de secreção fisiológica normal da insulina. ................................................... 34
Figura 12: Bombas de insulina disponíveis no Brasil. .................................................................. 35
Figura 13: Cateteres para bomba de insulina. ............................................................................ 35
Figura 14: Representação gráfica do algoritmo para o tratamento do DM2. ............................. 38
Figura 15: Algoritmo referencial para a sequência de tratamentos durante a evolução do DM2.
 ..................................................................................................................................................... 40
Figura 16: Antidiabéticos orais e injetáveis disponíveis no Brasil. .............................................. 41
Figura 17: Potencial de redução de A1C. .................................................................................... 42
Figura 18: Condições clínicas que justificam a insulinoterapia oportuna. .................................. 43
Figura 19: Esquemas mais utilizados na insulinização do DM2 e doses iniciais de insulina basal.
 ..................................................................................................................................................... 44
Figura 20: Modelo de um quadro de horários dos medicamentos. ........................................... 48
Figura 21: Mecanismos de estimulação das células β do pâncreas para a produção de insulina 
(e-book SBD, 2011). ..................................................................................................................... 59
Figura 22: Tríade da cetoacidose. ............................................................................................... 64
Figura 23: Hiperglicemia. ............................................................................................................. 65
Figura 24: Locais de aplicação de insulina. .................................................................................. 76
 
Sumário de Tabelas 
Tabela 1: Fonte: WHO, 2011. ...................................................................................................... 14
Tabela 2: Valores de referência para o diagnóstico do diabetes e pré-diabetes. ....................... 15
Tabela 3: Metas de hemoglobina glicada (A1C) e glicemia conforme diretrizes da Sociedade 
Brasileira de Diabetes. Adaptada de SBD, 2011. ......................................................................... 17
Tabela 4: Correlações das glicemias com a HbA1C. Fonte: SBD, 2009. ...................................... 17
Tabela 5: SBD, 2011(a). Adaptado de SBD, 2009, e ADA, 2011. ................................................. 36
Tabela 6: SBD, 2011(b).Adaptado de SBD, 2009, e ADA, 2011. .................................................. 37
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 7 
 
7 
Apresentação 
A aprendizagem é parte de um complexo sistema que se encontra em constante evolução. Da 
sala de aula de corpo presente, estamos partindo para a era da tecnologia em que se torna 
possível adquirir conhecimento com a modalidade Educação à Distância (EAD) e assim colocar 
em prática a aprendizagem usando uma nova ferramenta. 
Esta etapa de EAD é uma evolução do curso presencial do mesmo nome e que levou o 
conhecimento proposto a mais de 1.800 farmacêuticos de quinze estados brasileiros e usará a 
mais adequada tecnologia disponível, incluindo recursos multimídia, associados ao 
acompanhamento dos alunos por monitores especializados em diabetes mellitus. 
Com o objetivo principal de contribuir para os programas de governo na redução de problemas 
de saúde decorrentes de diabetes (redução de internações, orientação para adesão ao 
tratamento, divulgação dos produtos e medicamentos disponíveis, monitoramento e orientação 
permanente da glicemia, etc.), a intenção desta etapa EAD é extrapolar a informação 
presencial e levar o conhecimento para um público muito maior. 
Ao colaborar na formação de profissionais que adquiram conhecimentos, habilidades e 
competências para praticar educação em diabetes, também faz parte dos nossos objetivos que 
a qualidade dessa educação seja o próprio processo de tratamento e as pessoas com diabetes 
que serão beneficiadas. 
O aprimoramento e o treinamento de profissionais farmacêuticos, que atuam em Farmácias 
Comunitárias, Farmácias Hospitalares e Postos de Saúde nas atividades de apoio ao 
autocuidado pelas pessoascom diabetes, mediante este sistema de e-learning, trará a 
exclusividade de uma tutoria especializada. Serão mais de vinte profissionais de saúde, 
compondo uma equipe multiprofissional com representantes das áreas da farmácia, medicina, 
enfermagem, nutrição, psicologia e educação física. 
O programa educacional irá abordar o diabetes mellitus desde noções gerais incluindo 
conceito, classificação, fisiopatologia, fatores de risco, epidemiologia, critérios para 
diagnósticos, sintomas, formas de tratamentos, interações medicamentosas, complicações e 
técnicas de monitoração e de insulinização. 
O programa está dividido em módulos com perguntas específicas, para revisão sobre retenção 
dos conteúdos e com uma prova ao final para certificação. Estamos avaliando as 
possibilidades para a realização de Oficinas presenciais por região, onde serão explorados os 
aspectos práticos educacionais da monitoração glicêmica, da insulinização e do 
aconselhamento em diabetes. 
O espaço digital (plataforma de e-learning) disponibiliza ferramentas de comunicação como: 
fórum, chat, enquetes, quizz, conteúdos multimídia, trabalhos de grupo… entre outras 
funcionalidades para realizar um treinamento com sucesso. 
Que esta etapa EAD possa contribuir na formação do farmacêutico educador em diabetes. 
Interiorizando e democratizando o curso de formação, esperamos estimular a capacidade 
autônoma do educador na medida em que pode ampliar de maneira ativa o seu conhecimento 
tornando-o ainda mais independente e substituindo a interação pessoal pela ação técnica dos 
recursos didáticos com apoio de tutoria para que propicie uma aprendizagem independente e 
flexível aos formadores. 
Torna-se cada vez mais necessário reinventar a atuação do farmacêutico no contato com os 
pacientes, para que além do profissional que é ele possa ser um educador em saúde mais 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 8 
 
8 
próximo do cidadão, ajudando a detectar mais cedo as potenciais complicações do diabetes, 
estruturando e construir uma rede de multiplicadores, visando desencadear um processo de 
avaliação e aplicação dos conhecimentos por meio de metodologia ativa e prática. 
Não podemos finalizar sem antes agradecer aos colegas que, generosamente, colaboraram na 
construção deste material emprestando seu tempo e conhecimento. 
 
 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 9 
 
9 
Módulo I – Noções gerais diabetes mellitus (DM) 
 
Objetivo 
Rever noções gerais de diabetes e discutir as melhores formas de transmiti-las a seus 
portadores para que possam conviver melhor com a doença. 
 
Unidade 1: Diabetes mellitus 
Conceito 
O DM é um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia 
crônica, com alterações do metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos, resultante de 
defeitos na secreção ou na ação da insulina, ou ambos. Independentemente de sua etiologia, o 
DM passa por vários estágios clínicos durante sua evolução natural. 
 
Classificação 
A classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Associação 
Americana de Diabetes (American Diabetes Association - ADA) e recomendada pela 
Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) inclui quatro tipos: DIABETES MELLITUS TIPO 1 
(DM1), DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2), DIABETES MELLITUS GESTACIONAL (DMG) e 
OUTROS TIPOS ESPECÍFICOS DE DIABETES MELLITUS. 
O DM1 caracteriza-se pela destruição autoimune das células beta do pâncreas, geralmente 
ocasionando deficiência absoluta de insulina, isto é, o paciente necessitará de insulina exógena 
desde o diagnóstico. Em geral, o DM1 é diagnosticado nos jovens ou em crianças, e por isso já 
foi chamado de diabetes juvenil. Representa entre 5% e 10% dos casos de DM. 
O DM2 caracteriza-se por defeito na ação e/ou na secreção da insulina. Em geral, ambos os 
defeitos estão presentes quando a hiperglicemia se manifesta, porém pode haver predomínio 
de um deles. Os pacientes com DM2 não dependem de insulina exógena para sobreviver, mas 
podem necessitar de insulinoterapia para obter controle metabólico adequado. Normalmente o 
DM2 é diagnosticado em pessoas com sobrepeso ou obesidade, com idade acima de 40 anos, 
e está presente em 90% a 95% das pessoas com DM. Com as mudanças nos hábitos da 
população, vem aumentado a incidência de DM2 também em crianças e adolescentes. 
O DMG é a forma de DM que aparece durante a gravidez e que pode ou não persistir após o 
parto. Não exclui a possibilidade de existir DM2 antes da gravidez sem ter sido diagnosticado. 
O acompanhamento dessas gestantes deve ser intensivo e com uso de insulina para o controle 
da glicemia. Na maioria dos casos, ocorre reversão do DM após a gravidez, porém existem de 
10% a 63% de risco de desenvolver DM2 dentro de 5 a 16 anos após o parto, portanto essas 
mulheres devem ser seguidas mais de perto devido ao risco de DM2 ao longo dos anos. 
 
Outros tipos específicos de DM incluem formas menos comuns, cujos defeitos ou processos 
causadores podem ser identificados. Aqui chamamos a atenção para: 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 10 
 
10 
• doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, neoplasia, entre outras); 
• endocrinopatias (síndrome de Cushing, aldosteronoma, entre outros); 
• induzidos por fármacos ou agentes químicos (corticoides, hormônios tireoideanos, 
ácido nicotínico, glicocorticoides, agonistas betadrenérgicos, tiazídicos, entre outros); 
• infecções (rubéola congênita, citomegalovírus, entre outros). 
 
Metabolismo normal da glicose 
Os carboidratos, presentes em maior quantidade em alguns alimentos, como arroz, massas, 
pão, tubérculos, cereais, grãos, farináceos, além de outros, são metabolizados e transformados 
em glicose, que é o principal estimulador da secreção fisiológica de insulina pelo pâncreas, 
durante o processo digestivo. Veja quadro abaixo. 
 
Figura 1: Metabolismo normal da glicose. 
A insulina secretada, único hormônio com efeito hipoglicemiante, exerce sua ação promovendo 
o armazenamento da glicose nos músculos (glicogênio muscular), no fígado (glicogênio 
hepático) e no tecido adiposo (após metabolização para lipídios). 
Em condições fisiológicas normais, a glicemia oscila em pequena faixa de concentração, 
mantendo a oferta de nutrientes aos tecidos, e sua ação é regulada por alguns hormônios 
hiperglicemiantes, como o glucagon, o cortisol, a adrenalina e o hormônio de crescimento. 
 
Fisiopatologia do DM2 
Entre os distúrbios metabólicos que levam à hiperglicemia crônica que caracteriza o DM2, 
encontramos dois mecanismos básicos – a resistência insulínica e a deficiência na produção 
da insulina. Não podemos garantir qual deles ocorre primeiro. Veja a figura seguinte. 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 11 
 
11 
 
Figura 2: Fisiopatologia do DM2 - fonte: adaptado de De Fronzo. Diabetes, 1988. 
Ao longo da evolução natural do DM2, os dois mecanismos coexistem em proporções 
diferentes para cada paciente. Em pacientes obesos, a tendência é aumentar a resistência 
insulínica; em praticamente todos os pacientes, o declínio da produção de insulina se acentua 
com o passar dos anos. Com o estabelecimento da hiperglicemia, começam as alterações 
microvasculares e, posteriormente, as alterações macrovasculares. Essas alterações são a 
gênese das complicações crônicas de maior repercussão na morbimortalidade do DM2. Veja a 
figura seguinte. 
 
Figura 3: História natural do DM2 - Correlação entre hiperglicemia e hiperinsulinemia e o 
aparecimento de complicações micro e macrovasculares. 
Fonte: adaptado de types 2 diabetes basics. International diabetes center, 2000. 
 
Fatores de risco para o DM2 
São fatores de risco para o DM2: 
• idade superior a 45 anos; 
• excesso de peso a partir de IMC maior do que 25 (sobrepeso);Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 12 
 
12 
• obesidade central – cintura abdominal maior do que 94 cm em homens e maior do que 
80 cm em mulheres; 
• dislipidemia – HDL baixo e triglicéridos elevado; 
• hipertensão arterial; 
• doença cardiovascular, cerebrovascular ou doença vascular periférica (DVP); 
• antecedente familiar de diabetes (mãe ou pai); 
• diabetes gestacional prévio, macrossomia fetal e abortos de repetição; 
• diagnóstico prévio de síndrome dos ovários policísticos. 
 
Unidade 2: Epidemiologia do DM2 
Problema de saúde pública 
As doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as doenças cardiovasculares (DCV), o 
câncer, as doenças crônicas respiratórias e o diabetes, são a principal causa de mortalidade 
em todo o mundo, respondendo por 63% das mortes ocorridas em 2008. 
Em indivíduos com menos de 60 anos, 80% dos casos de doenças cardíacas, de derrame e de 
diabetes podem ser prevenidos, uma vez que os principais fatores de risco para essas doenças 
são modificáveis e incluem, principalmente, tabagismo, abuso de álcool, dieta não saudável, 
pouca prática de atividade física, sobrepeso e obesidade, hipertensão arterial, hiperglicemia e 
hipercolesterolemia. 
Em 2011, dados da Federação Internacional de Diabetes apontam que cerca de 366 milhões 
de indivíduos no mundo são portadores de diabetes, o que, mesmo sendo possivelmente um 
dado subnotificado, ultrapassa a estimativa de que esses eram 285 milhões em 2010. Estima-
se que, em 2030, o Brasil será o quinto país em número de indivíduos com diabetes, com 
aproximadamente 13 milhões de portadores da doença. 
Esses números traduzem uma epidemia de diabetes que se iniciou nos países desenvolvidos 
há algumas décadas e que também ocorre nos países em desenvolvimento. Atualmente, mais 
de 80% dos portadores de diabetes vivem em países de baixa e média renda. Assim, 
indubitavelmente, o diabetes é importante questão de saúde pública em todo o mundo não 
apenas pela mortalidade, mas, especialmente, pela morbidade que gera em seus portadores. 
A morbidade atribuída ao diabetes advém de suas complicações, cujas ocorrências estão 
relacionadas, principalmente, à hiperglicemia crônica. 
A nefropatia diabética é a principal causa de insuficiência renal crônica terminal no mundo e 
acomete de 20% a 40% dos portadores de diabetes. 
As neuropatias periféricas são uma das complicações mais frequentes do diabetes, estando 
presentes em até 50% dos pacientes e são responsáveis por inúmeros gastos, amputações e 
elevada morbimortalidade. 
Nesse contexto, o pé diabético e suas implicações são considerados uma das mais graves 
complicações. As amputações de membros inferiores são pelo menos 10 vezes mais comuns 
entre portadores de diabetes em relação à população não diabética, em países desenvolvidos, 
uma vez que mais da metade dessas amputações deve-se ao diabetes. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 13 
 
13 
O diabetes é uma das principais causas de dificuldade visual e cegueira nos países 
desenvolvidos. 
Indivíduos com diabetes utilizam de duas a três vezes mais recursos de saúde quando 
comparados a indivíduos que não têm diabetes, podendo levar a doença a consumir até 15% 
do orçamento nacional de saúde. 
 
Mortalidade do DM2 
As DCV, compreendidas como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e doença 
vascular periférica, são responsáveis por 50% a 80% das mortes em pessoas com diabetes. O 
diabetes é considerado um equivalente de doença coronariana. Por outro lado, muitos 
portadores de DCV, se investigados, têm o diagnóstico de diabetes ou seus estágios pré-
clínicos, especialmente intolerância à glicose. 
Pacientes com DM2 têm risco de mortalidade por DCV de 2 a 4 vezes maior do que não 
diabéticos; além disso, a doença ocorre mais precocemente, é mais grave. Sua prevalência 
chega a 55% entre adultos diabéticos em comparação com 2% a 4% na população geral. 
 
Figura 4: Índice de risco de morte em tolerância normal a glicose (NGT). 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 14 
 
14 
 
Figura 5: Proporção de mortes pelas doenças crônicas não transmissíveis aos 70 anos, por grupo 
de causas, 2008. Fonte: WHO, 2011. 
Mundo Mortes em milhões % de mortes 
Doença isquêmica cardíaca 7.25 12.8% 
AVC e outras doenças cerebrovasculares 6.15 10.8% 
Infecções do trato respiratório inferior 3.46 6.1% 
Doença pulmonar obstrutiva crônica 3.28 5.8% 
Doenças diarreicas 2.46 4.3% 
HIV/AIDS 1.78 3.1% 
Cânceres de traqueia, brônquios e pulmão 1.39 2.4% 
Tuberculose 1.34 2.4% 
Diabetes mellitus 1.26 2.2% 
Acidentes de trânsito 1.21 2.1% 
Tabela 1: Fonte: WHO, 2011. 
 
O DM2 e as comorbidades 
O diabetes frequentemente se associa com outras doenças. Para o DM2, no momento do 
diagnóstico, cerca de 40% dos pacientes já são hipertensos. 
A dislipidemia desempenha papel importante como fator de risco para doenças 
aterotrombóticas, uma vez que essas são responsáveis por três em cada quatro mortes entre 
as pessoas com DM2. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 15 
 
15 
Em cerca de 25% dos pacientes com diabetes, a primeira manifestação de doença arterial 
coronariana (DAC) é o infarto do miocárdio ou a morte súbita. Lembre-se de que as DCV são a 
principal causa de morte nos pacientes com DM2. Além da incapacitação e morte prematura, a 
hospitalização para o tratamento dessas doenças é mais prolongada. A depressão também é 
comorbidade associada ao diabetes, e estudos indicam que os portadores de diabetes 
possuem níveis de depressão duas vezes maiores do que os de pessoas sem doenças 
crônicas. 
O DM2 é uma doença séria 
As complicações geradas pelo diabetes, como DAC, DAP, AVC, neuropatias, amputações, 
doença renal, cegueira, bem como as comorbidades que frequentemente o acompanham, são 
debilitantes para os indivíduos e geram redução da expectativa de vida. Os procedimentos 
diagnósticos e terapêuticos, as hospitalizações, a invalidez e a morte prematura elevam os 
custos em saúde. 
 
Unidade 3: Métodos e critérios para diagnóstico DM 
Categorias de tolerância a glicose 
O diagnóstico do diabetes, conforme diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) 
publicadas em 2009 com base nas publicações da Associação Americana de Diabetes (ADA), 
pode ser realizado de acordo com os critérios identificados no quadro a seguir, além da 
presença dos sintomas clássicos comentados mais abaixo. 
 
Classificação Glicemia de jejum 
Glicemia 2 horas 
após 75 g de 
glicose 
Glicemia 
casual 
Hemoglobina 
glicada 
Sem alteração < 100 < 140 < 200 < 6,5% 
Pré-diabetes > 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 5,7% e 6,4% 
Diabetes 
Mellitus ≥ 126 ≥ 200 
≥ 200 + 
sintomas 
 clássicos 
≥ 6,5% 
Tabela 2: Valores de referência para o diagnóstico do diabetes e pré-diabetes. 
Adaptada de SDB, 2008/2011. 
 
Tome nota 
Glicemia de jejum é a medida da glicemia no sangue venoso, obtida por método 
laboratorial, após jejum de pelo menos 8 horas. Para diagnóstico e acompanhamento 
de DM não é aconselhado jejum por tempo muito maior do que o recomendado. 
Duas horas após 75 g de glicose, também chamado de Teste Oral de Tolerância a 
Glicose (TOTG), ou simplesmente Teste de Tolerância a Glicose (TTG), é a medida 
da glicemia no sangue venoso, obtida por método laboratorial, após ingestão forçada 
de 75 g de glicose diluída com água purificada para um total de 150 ml. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 16 
 
16 
Casual é a medida da glicemia no sangue venoso, obtida por método laboratorial, ou 
no sangue capilar, através do glicosímetro, a qualquer tempo após refeição. 
 
Além dos valores de glicemia citados acima, recentemente foi preconizada a utilização da 
hemoglobina glicada (HbA1C ou A1C) como parâmetro para diagnóstico.Mas, antes de 
explicar esse conceito, vamos entender o que é a HbA1C. 
A hemoglobina glicada, ou HbA1C, ou simplesmente A1C, é um conjunto de substâncias 
formadas por reações entre a hemoglobina A e alguns açúcares. O teste da A1C reflete a 
média dos níveis glicêmicos dos últimos dois a quatro meses. Desde a publicação do estudo 
Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), esta é utilizada como ferramenta de 
prognóstico para as complicações crônicas do diabetes, ou seja, quanto maior o resultado, 
maior o risco do desenvolvimento de complicações crônicas. 
 
Importância do diagnóstico e seguimento da doença 
O diabetes mellitus, em especial o do tipo 2 (DM2), é mais comum de ser diagnosticado em 
exames de rotina ou quando uma de suas complicações já está instalada. Isso acontece pela 
demora na manifestação ou na identificação de sintomas do paciente. 
Já no caso do diabetes mellitus do tipo 1 (DM1), os sintomas são mais intensos e rapidamente 
percebidos pelo paciente ou familiares, pois é bastante comum o aparecimento desse tipo de 
DM em crianças e jovens. Por ser decorrente de falha do sistema imunológico que destrói as 
células do pâncreas que produzem insulina, sua instalação é mais rápida. 
Sabe-se, porém, que, desde o começo da doença, se não houver controle adequado, iniciam-
se as complicações. Sendo assim, destaca-se a importância do profissional de saúde conhecer 
os sintomas do diabetes para orientar adequadamente a população para prevenção e 
diagnóstico precoce e consequente seguimento da doença. 
O diagnóstico do diabetes usualmente causa uma série de sentimentos e incertezas. Neste 
momento, o controle da doença passa a ser essencial para a garantia de sua qualidade de vida 
a curto, médio e longo prazo. Sendo assim, a monitoração da glicemia deve fazer parte do dia 
a dia da pessoa com diabetes. 
É importante que a pessoa com diabetes compreenda o objetivo da monitoração entendendo 
que este é um dos Sete Comportamentos essenciais para o Autocuidado. 
A automonitoração é uma ferramenta para a tomada de decisão da equipe profissional e do 
paciente sobre as diversas ações referentes ao seu tratamento. 
Ressalta-se que em casos como início do tratamento, ajuste da dose do medicamento, 
descompensação glicêmica, estresse clinico e cirúrgico, uso de medicamentos que alteram a 
glicemia (ex: corticoides) entre outras situações podem necessitar de uma monitoração 
controle mais intenso. 
FASE da VIDA META A1C (%) METAS DE GLICEMIA (mg/dl) 
 Jejum Pré-prandial Pós-prandial 
Adulto < 7% < 100 < 110 < 140 
Idosos < 8% 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 17 
 
17 
Tabela 3: Metas de hemoglobina glicada (A1C) e glicemia conforme diretrizes da Sociedade 
Brasileira de Diabetes. Adaptada de SBD, 2011. 
As metas apresentadas acima têm como objetivo fornecer um parâmetro para a prática clínica 
visando a diminuição do risco de desenvolvimento de complicações crônicas. Destaca-se que 
cada médico deve traçar a meta juntamente com o seu paciente considerando principalmente a 
idade do mesmo e consequentemente o risco de hipoglicemias. 
Hemoglobina glicada (%) Glicemia média estimada (mg/dl) 
6,0 126 
6,5 140 
7,0 154 
7,5 169 
8,0 183 
8,5 197 
9,0 212 
9,5 226 
10 240 
Tabela 4: Correlações das glicemias com a HbA1C. Fonte: SBD, 2009. 
Outra forma de realizar o controle glicêmico é por meio do Sistema de Monitoramento Contínuo 
de Glicose (CGMS). A glicose é mensurada por meio de um sensor colocado no tecido 
subcutâneo que verifica os níveis de glicose do tecido intersticial a cada 10 segundos e 
armazena a média dessas leituras a cada 5 minutos aproximadamente. O CGMS permite 
identificar as alterações dos níveis de glicose auxiliando na melhor adequação do tratamento. 
Os dados são transmitidos para um monitor externo durante as medições e depois para um 
software, permitindo a construção de gráficos para análise. 
Esse tipo de recurso pode ser utilizado como um exame complementar para auxiliar na 
definição da conduta terapêutica, e é feito, em geral, com a colocação de sensor por um 
período aproximado de três dias. 
 
Sintomas clássicos e sintomas gerais 
Os sintomas clássicos associados ao desenvolvimento do diabetes estão relacionados a uma 
resposta do organismo ao excesso de glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia). 
0 a 6 anos < 8,5% 
6 a 12 anos < 8% 
13 a 19 anos < 7,5% 
Gravidez < 6% 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 18 
 
18 
Sabiamente o nosso corpo usa recursos para eliminá-la por meio da sede (polidipsia), que 
provoca o aumento da ingesta hídrica, e consequentemente, o aumento do volume de urina 
(poliúria). Apesar da hiperglicemia, o organismo não consegue utilizar de maneira adequada 
essa glicose e, por isso, a pessoa com diabetes sem tratamento pode apresentar ainda 
polifagia (aumento da fome) e emagrecimento sem outra causa aparente. 
 
 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 19 
 
19 
Módulo 2: Tratamento do Diabetes Mellitus 
Objetivo 
Conhecer o tratamento do diabetes e criar estratégias para estimular seus portadores a manter 
seu tratamento com qualidade de vida. 
 
Modalidades de tratamento 
As modalidades de tratamento envolvidas em diabetes visam atingir as metas do controle 
glicêmico, assim como outras metas laboratoriais (que veremos em módulos seguintes) e 
abrangem a EDUCAÇÃO como um poderoso instrumento para o sucesso do TRATAMENTO 
NÃO FARMACOLÓGICO e TRATAMENTO FARMACOLÓGICO. 
O tratamento das pessoas com diabetes requer atenção em diversos aspectos no dia a dia. 
Para manter a glicemia controlada, é preciso melhorar os hábitos alimentares, praticar 
atividade física, tomar as medicações e acompanhar as taxas de glicemia através de 
monitoração frequente. Para as pessoas com diabetes, isso se torna um desafio, pois na 
maioria das vezes exige mudanças importantes dos hábitos de vida; por esse motivo, o 
educador farmacêutico deve estar apto a ouvi-las e orientá-las. 
O papel do educador farmacêutico é o de estimular o paciente a esses cuidados, 
proporcionando aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de técnicas e habilidades para 
o controle da doença, respeitando as diferenças individuais de cultura, condições econômicas, 
faixa de idade e outras. 
 
Educação em diabetes 
Educação em diabetes é a ferramenta principal do controle do diabetes. 
A educação é um processo contínuo, e o farmacêutico deve estar qualificado e consciente do 
seu papel de educador nesse processo. 
O propósito da educação é o controle do diabetes através do cuidado por parte das pessoas, 
familiares e cuidadores, tendo como consequência a melhora do estado de saúde e da 
qualidade de vida dessas pessoas. 
Educar é promover mudanças de comportamento. Para se obter essas mudanças, é 
necessário investigar o conhecimento prévio do paciente sobre diabetes, identificar seu nível 
de autonomia, hábitos alimentares, sua adesão ao tratamento farmacológico, além de 
identificar possíveis fatores de estímulo à adesão ao tratamento proposto que deve ser 
discutido em conjunto com a pessoa portadora da doença e/ou familiares e cuidadores. 
Outros fatores podem também influenciar nessas mudanças, como idade, estado emocional e 
intervenção de familiares. O farmacêutico pode fornecer informações básicas a partir das 
deficiências identificadas e orientar quanto à medicação, aos exames, à auto monitoração, à 
alimentação e à atividade física. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 20 
 
20 
Tratamento não farmacológico 
A orientação nutricional e o estabelecimento de um plano alimentar saudável são fundamentais 
para controlar pacientes com diabetes. Mudanças no estilo de vida e atividades físicas são 
terapias de primeiraescolha. 
Particularmente em DM2 comprovou-se que essa associação proporciona melhora na 
sensibilidade à insulina, diminui os níveis de glicemia e, de forma expressiva, auxilia no 
controle do peso, melhorando o perfil metabólico com controle dos lipídeos no sangue. 
A orientação nutricional deve ser individualizada, considerando as fases da vida, o peso, a 
estatura, o sexo, o diagnóstico nutricional, os hábitos alimentares, a atividade física, a 
utilização de fármacos e as doenças intercorrentes. A necessidade nutricional é semelhante à 
da população em geral, não sendo necessárias proibições. 
 
Tome nota 
O farmacêutico pode estar apto a oferecer informações sobre uma alimentação 
saudável e atividade física utilizando guias como a pirâmide alimentar, que orienta de 
forma clara e objetiva como deve ser a alimentação, e a pirâmide de atividade física, 
que indica quais exercícios fazer e com que frequência. 
 
Tratamento farmacológico 
O tratamento farmacológico se faz necessário quando mudanças no estilo de vida não são 
suficientes para atingir as metas de controle. 
Diferentes agentes orais estão disponíveis no mercado, e a escolha pela melhor opção 
dependerá da experiência profissional de cada médico e das condições clínicas de cada 
paciente. 
 
Na escolha do medicamento deve-se levar em conta: 
• tipo de diabetes (DM1, DM2, DM gestacional ou outros tipos); 
• controle glicêmico (valores de glicemia em diferentes horários e valores da A1C); 
• meta de tratamento, que deve ser individualizada, considerando-se o momento de cada 
paciente; 
• existência de complicações ou transtornos metabólicos e doenças associadas; 
• mecanismo de ação do fármaco; 
• eficácia do fármaco no controle glicêmico específico para aquele paciente; 
• eventos colaterais; 
• características da pessoa com DM (peso, idade, grau de resistência versus secreção 
de insulina, tempo de diagnóstico, facilidade de acesso e custo). 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 21 
 
21 
Tome nota 
Lembre-se de que o tratamento é individualizado e a escolha dos agentes orais e de 
suas doses pode ser diferente para cada pessoa. 
 
 
Sete Comportamentos de autocuidado 
A Associação Americana de Educadores em Diabetes (American Association of Diabetes 
Educators - AADE, associação formada por profissionais de saúde dedicados a ajudar as 
pessoas com diabetes no autocontrole estabelece os sete comportamentos do autocuidado 
como a única forma efetiva de mudança de comportamento, que são: 
• Comer saudavelmente: incorporar diariamente uma alimentação saudável, equilibrada 
e fracionada, considerando picos de ação de insulina e/ou medicação, tipo de atividade 
a ser realizada e outros. 
• Praticar atividade física: inserir atividade física no estilo de vida, relacionando-a a 
suas metas e condições de controle glicêmico. 
• Vigiar a glicemia: monitorar e interpretar os resultados das glicemias tomando 
decisões adequadas, para que se mantenha de acordo com suas metas de controle. 
• Tomar medicamentos: usar a medicação e/ou insulina de forma adequada, 
compreendendo e respeitando seus horários e tipo de ação no organismo, 
armazenamento, cuidados no preparo e na aplicação da insulina para a máxima 
efetividade terapêutica e/ou busca da equipe profissional quando necessário. 
• Resolver problemas: prevenir (seguindo horários de alimentação, medicação e 
atividade física), detectar (identificar sintomas) e tratar as complicações agudas 
(hipoglicemia e hiperglicemia), através de tomada de decisões e de comportamentos 
adequados para a correção e/ou busca da equipe profissional quando necessário. 
• Adaptarsaudavelmente: desenvolver estratégias comportamentais para lidar com 
problemas psicossociais, como viagens, mudanças de cidade, estado ou país, 
mudanças de fusos horários, mudanças de tipos de trabalho, doenças e/ou cirurgias 
em geral. 
• Reduzir os riscos: prevenir, detectar e tratar as complicações crônicas (retinopatia, 
nefropatia, amputações e outras). 
 
 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 22 
 
22 
Módulo 3: Tratamento não farmacológico 
Objetivo 
Conhecer a importância dos hábitos saudáveis como forma de apoio ao tratamento do 
diabetes, bem como criar estratégias para estímulo de mudanças de hábitos por seus 
portadores. 
 
Unidade 1: Alimentação saudável 
Orientação nutricional 
Como dissemos no módulo 2, o farmacêutico deve estar apto a oferecer informações sobre 
uma alimentação saudável, agradável, prazerosa e ao mesmo tempo em quantidade 
moderada. 
A alimentação para as pessoas com DM deve ser a recomendada para toda a família. A seguir, 
algumas sugestões para uma boa alimentação: 
• as fibras (saladas, frutas, alimentos integrais), que auxiliam no funcionamento intestinal 
e digestivo, ajudam a absorver gradativamente a glicose, fazendo com que a curva 
glicêmica seja melhor e aumentando a saciedade; 
• os carboidratos (cereais, grãos, farináceos, tubérculos) que fornecem energia para o 
corpo; 
• as proteínas (carnes, ovo, leite e derivados), que ajudam na reposição celular e na 
cicatrização; 
• diminuir o consumo das gorduras que prejudicam o organismo, como as gorduras 
aparentes da carne, pele de frango e de peixe e as frituras; 
• aumentar o consumo das gorduras que trazem benefícios, como azeite e castanhas, 
lembrando que, apesar de benéficas, também têm calorias e devem ser consumidas 
com moderação. 
 
Figura 6: Pirâmide dos alimentos e prato saudável. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 23 
 
23 
Definição de metas realistas – metas a curto e longo prazo 
As pessoas com DM2 e com excesso de peso devem ser estimuladas a perder peso. O 
profissional de nutrição deve orientá-las e traçar em conjunto com elas metas realistas que 
possam ser modificadas gradualmente. 
Nas pessoas com DM2, a obesidade está quase sempre presente, portanto metas para a perda 
de peso também ajudarão no controle da glicemia. 
 Como já dissemos, as metas devem ser realistas e alcançáveis (pequenas); assim, à medida 
que vão sendo atingidas, novas pequenas metas podem ser estabelecidas. 
 
Mudanças de hábito alimentar 
Uma boa estratégia para começar a mudança de hábitos consiste em fracionar as refeições, 
diminuir seu volume e aumentar o uso de alimentos com fibras e/ou integrais. 
Assim, tenha sempre em mente: 
• fracionar ou dividir as refeições significa comer em intervalos de no máximo 3 horas, 
alternando refeições com lanches leves (café, lanche, almoço, lanche, jantar e lanche); 
• diminuir o volume das refeições, colocando uma quantidade menor que a habitual a 
cada semana, até que se atinja a quantidade ideal; 
• trocar, se possível, a maior parte dos alimentos brancos (arroz branco, pão branco, 
massa) por alimentos ricos em fibras e/ou integrais (arroz integral, pão integral, massa 
integral, frutas com casca, aveia); 
• restringir das calorias para favorecer a perda ponderal; 
O ideal é perder peso aos poucos, mantendo o peso adequado e os bons hábitos alimentares 
após atingir as metas. Sempre que possível o ideal é um plano alimentar individualizado, 
montado especialmente para cada paciente, pois fica mais fácil de ser seguido, de perder peso 
e, após o resultado final, manter o peso. 
 
Plano alimentar individualizado 
Saber valorizar cada mudança de hábito é muito importante, e, por menor que seja, é sempre 
uma vitória. Para o paciente é estimulante ser reconhecido pelo profissional pelas metas que 
se atingiu. Relembrá-lo do que ele deve mudar para o próximo encontro e/ou traçar com ele 
metas menores, no caso de ele não ter atingido as que foram estabelecidas anteriormente, 
também é melhor do que dar broncas. 
 
Saber lidar e tratar a hipoglicemia 
Ao diminuir as refeiçõese aumentar os exercícios, deve-se prestar ainda mais atenção às 
glicemias, pois estas podem baixar. Quando a glicemia estiver abaixo de 70 mg/dl 
consideramos hipoglicemia, que, em geral, é acompanhada de sintomas como tremores, 
sudorese, visão turva, cansaço, palidez e fome excessiva. A hipoglicemia deve ser tratada 
rapidamente através da ingestão de 1 colher de sopa de açúcar diluída em 1 copo de água ou 
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24 
150 ml de suco de laranja ou 150 ml de refrigerante comum ou 1 sachê de açúcar líquido. Após 
15 minutos fazer um teste de glicemia para avaliar se o nível de glicemia já voltou ao normal. 
Estando ainda abaixo de 70mg/dl, repetir um dos procedimentos citados. 
No caso de uma hipoglicemia em que o paciente esteja desacordado, tentar passar/massagear 
açúcar na mucosa da boca (parte interna da bochecha) ou aplicar o glucagon – hormônio 
antagônico à insulina (Glucagen é o nome comercial), disponível em farmácias e utilizado de 
forma injetável (veremos mais detalhes em outro módulo). É recomendado que o paciente com 
diabetes que faz uso de insulina tenha sempre um frasco de glucagon na geladeira para estas 
eventualidades. 
 
Aprender a escolher os alimentos – diet/light 
Muitas pessoas têm dificuldade em identificar o que é diet e o que é light, por isso é necessário 
saber explicar as diferenças: 
• Diet é o alimento, em geral industrializado, do qual foi feita a isenção total de algum 
ingrediente da sua composição. A maior parte dos alimentos diet no Brasil tem a 
isenção de açúcar, glicose ou sacarose. 
• Light é o alimento, em geral industrializado, do qual foi feita a diminuição de algum 
ingrediente. No mercado de hoje o mais comum é a diminuição de calorias e gorduras, 
mas muitas vezes, para a diminuição das calorias, é retirado integralmente também o 
açúcar, portanto o melhor é sugerir à pessoa com diabetes que leia sempre o rótulo 
dos produtos, verifique os seus ingredientes ou veja a quantidade de carboidratos nas 
informações nutricionais. 
 
Os rótulos são elementos essenciais de comunicação entre produtos e consumidores. Daí a 
importância de as informações serem claras e poderem ser utilizadas para orientar a escolha 
adequada de alimentos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é o 
órgão responsável pela regulação da rotulagem de alimentos e que estabelece as informações 
que um rótulo deve conter, visando à garantia de qualidade do produto e à saúde do 
consumidor. 
Eis algumas informações que sempre devem estar presentes nos rótulos: 
• Lote: é um número que faz parte do controle na produção. Caso haja algum problema, 
o produto pode ser recolhido ou analisado pelo lote ao qual pertence. 
• Conteúdo líquido: indica a quantidade total de produto contido na embalagem. O valor 
deve ser expresso em unidade de massa (quilo) ou volume (litro). 
• Origem: informação que permite ao consumidor saber quem é o fabricante do produto 
e onde ele foi produzido, para que possa entrar em contato se for necessário. 
• Informação nutricional obrigatória: é a tabela nutricional. Demonstra todos os 
nutrientes em peso e medida caseira em uma porção. Por essa porção o consumidor é 
orientado a escolher os alimentos mais adequados às suas necessidades diárias. A 
indicação para as pessoas com diabetes é sempre optar pelas porções com teores 
reduzidos em calorias, carboidratos e gorduras. 
• Prazo de validade: os produtos devem apresentar pelo menos dia e mês quando o 
prazo de validade for inferior a três meses; para produtos que tenham prazo de 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 25 
 
25 
validade superior a três meses, pelo menos mês e ano. Se o mês de vencimento for 
dezembro, basta indicar o ano com a expressão “fim de (ano)”. 
• Lista de ingredientes: informa os ingredientes que compõem o produto. A leitura 
dessa informação é importante, porque o consumidor pode identificar a presença de 
termos como açúcar, sacarose, glicose ou outros tipos de açúcar, como a dextrose. 
 
Observação 1: alimentos de ingredientes únicos como açúcar, café, farinha de trigo, leite e 
vinagre não precisam apresentar lista de ingredientes. 
Observação 2: a lista de ingredientes deve estar em ordem decrescente, isto é, o primeiro 
ingrediente é aquele que está presente em maior quantidade no produto, e o último, em menor 
quantidade. 
Importante: os produtos devem sempre indicar um contato de Serviço de Atendimento ao 
Consumidor (SAC) para esclarecimentos. 
 
Contagem de carboidrato 
 Essa é uma das opções de apoio ao controle do diabetes em que o paciente conta a 
quantidade de carboidratos ingerida em cada refeição (com a ajuda de tabelas mais as 
informações contidas nos rótulos dos alimentos) e, de acordo com orientações do profissional 
de nutrição, procura manter uma quantidade de carboidratos preestabelecida para cada 
refeição. Com isso ele pode utilizar maior variedade de alimentos e, em alguns casos, até 
doces, fazendo substituições dos carboidratos de suas refeições. 
No caso de pacientes insulinizados, eles serão orientados a aplicar as unidades de insulina 
ultrarrápida proporcionalmente à quantidade de carboidratos ingerida. Cada paciente tem a 
orientação específica dessa relação, isto é, quanto 1U de insulina o paciente precisa para cada 
“X” g de carboidratos ingeridos, e esse valor é definido em conjunto com o médico e o 
nutricionista. 
No caso de paciente em uso de medicação oral, o médico e/ou nutricionista vão definir junto 
com ele a quantidade de carboidratos ideal por refeição para que ele tenha a liberdade de 
variar os alimentos dentro da quantidade definida. 
Mesmo assim é muito importante lembrar ao paciente que não basta contar carboidratos, é 
preciso também estar atento à composição dos alimentos, considerando que a presença de 
fibras e proteínas retarda a absorção dos carboidratos simples, diminuindo o pico glicêmico 
pós-prandial, permitindo assim um melhor controle glicêmico e da obesidade. 
 
Unidade 2: Atividade física 
Benefícios da atividade física no DM 
Praticar atividade física regularmente é essencial para todos. Para quem tem diabetes, isso é 
ainda mais importante – exercício, no diabetes, é remédio. 
A atividade física é capaz de melhorar o controle glicêmico por meio de diversos mecanismos. 
Os músculos esqueléticos são grandes captadores de glicose, que usam para obter energia. 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 26 
 
26 
Ao promover contração muscular, a atividade física aumenta a absorção de glicose – inclusive 
a captação independente de insulina. E essa absorção aumentada pode durar até 48 horas. 
Além disso, o exercício tem como efeito crônico o aumento do número dos receptores de 
insulina nas células. Traduzindo: tem por efeito, a redução da resistência à insulina, que é uma 
das principais causas do diabetes tipo 2. 
Além de melhorar o controle glicêmico, a atividade física regular traz para a pessoa com 
diabetes outro benefício tão ou mais importante: a redução do risco de complicações. Sim, 
porque, se o diabetes causa danos macro e microvasculares, o exercício melhora a saúde dos 
vasos. Os grandes vasos ganham elasticidade (o que ajuda a combater a hipertensão) e se 
beneficiam da melhora do perfil lipídico (principalmente pelo aumento do HDL, a porção 
benéfica do colesterol). Resultado: menor risco de infarto e AVC (derrame). Já os microvasos 
se beneficiam pelo aumento da oxigenação dos tecidos periféricos e pela revascularização 
decorrentes da atividade física, enquanto o sistema nervoso autonômico ganha melhor 
modulação, o que reduz o risco de neuropatia. Isso sem contar que a atividade física regular 
ajuda a combater o excesso de peso, um dos fatores de risco para o DM2 e melhora a 
mobilidade articular, também prejudicadano diabetes descontrolado. 
 
O que fazer? 
Um instrumento que mostra como deve ser um programa de exercícios saudável é a pirâmide 
de atividade física. 
 
Figura 7: Pirâmide de atividade física. 
A ideia é trazer uma representação visual das recomendações para a prática regular de 
atividade física, visando o treinamento de todas as capacidades. Na base da pirâmide, 
encontramos as atividades do cotidiano – andar a pé, subir escadas, passear com o cachorro –
, que devem ser realizadas todos os dias. No andar de cima da pirâmide, estão as atividades 
aeróbias – corrida ou caminhada forçada, esportes como futebol e ciclismo –, que devem ser 
praticadas de 3 a 4 vezes por semana. Subindo mais um pouco na pirâmide da atividade física, 
vê-se dois tipos de atividades: exercícios de flexibilidade (alongamento, ioga) e exercícios de 
Aprimoramento em Diabetes para Farmacêuticos / 27 
 
27 
força (musculação, ginástica localizada), que devem ser realizados de 1 a 3 vezes por semana. 
Por fim, no topo da pirâmide estão as situações de inatividade, como assistir TV ou ficar no 
computador, que devem ser evitadas ao máximo. 
Claro que as recomendações da pirâmide são as ideais. Mas e aqueles que são totalmente 
sedentários e querem iniciar-se na vida ativa? Pode ser que olhem para tais recomendações e 
se sintam desencorajados. Mais do que pensar inicialmente em quantos minutos de exercícios 
aeróbios são necessários por semana ou em quantas séries devem ser feitas na musculação, é 
preciso sair do sedentarismo. E para isso não é preciso muito. 
Hoje, as pesquisas mostram que bastam 30 minutos de atividade física (qualquer movimento), 
todos os dias, de forma contínua ou acumulada, para reduzir em 39% os riscos de doenças 
cardiovasculares. Vale subir escadas, ir a pé até a padaria, passear com o cachorro, lavar o 
carro, cuidar do jardim, dançar... Adotar um padrão de vida ativo é o primeiro passo para 
ganhar saúde. 
 
Algumas dicas para começar: 
• Procurar uma atividade que seja agradável e traga prazer. 
• Aumentar a duração e a intensidade aos poucos. 
• Estabelecer objetivos realistas. 
• Fazer atividade em grupo ou com um amigo(a). 
• Variar as atividades. 
• Comemorar as conquistas. 
 
Unidade 3: Apoio do profissional farmacêutico 
 
Benefícios do controle glicêmico 
Para monitorar os níveis de glicose no sangue são utilizados dois métodos: medidas de 
hemoglobina glicada e testes de glicemia. 
A hemoglobina glicada é um parâmetro laboratorial que reflete os níveis glicêmicos médios nos 
120 dias anteriores à medida, portanto é indicada no acompanhamento regular do paciente. 
Em geral, recomenda-se que as medidas de hemoglobina glicada sejam realizadas ao menos 
duas vezes por ano ou com maior frequência em caso de alteração do esquema terapêutico. 
Os valores desejáveis de hemoglobina glicada são abaixo de 7%, e algumas sociedades 
médicas já consideram valores abaixo de 6,5% como desejáveis. 
Os testes de glicemia, por sua vez, refletem o valor real da glicemia em um dado momento. 
Podem ser feitos em laboratório, pelo próprio paciente (automonitoração) e/ou por familiares ou 
acompanhantes deste. 
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Os valores recomendados de glicemia variam ao longo do dia, mas, em geral, espera-se que 
em jejum eles sejam menores que 100 mg/dL e, 2 horas após uma refeição, menores que 140 
mg/dL. A frequência da realização dos testes de glicemia pode variar em função do controle do 
paciente, de alterações no esquema terapêutico e de fatores individuais, como mudança de 
rotina, aumento de estresse e presença de infecção e outros. 
É importante que o paciente seja orientado a anotar os seus valores de glicemia e as 
condições em que o teste foi realizado (como presença/ausência de refeição, atividade física, 
infecções e outros), para que essas medidas sirvam de apoio à equipe profissional na busca 
pelo melhor controle glicêmico. 
Cabe ressaltar que o controle glicêmico adequado previne as complicações do diabetes, como 
o aparecimento de neuropatia, nefropatia, retinopatia e complicações cardiovasculares. Os 
ganhos na qualidade de vida do paciente são visíveis quando há um retardo no aparecimento 
dessas complicações, e elas devem sempre ser contextualizados na realidade do paciente 
como forma de estímulo para obtenção do controle ideal. 
 
Por que controlar a glicemia e a pressão? 
Durante o processo educativo é importante esclarecer o paciente sobre quais são os 
parâmetros medidos, tomando sempre o cuidado de utilizar uma linguagem acessível e se 
certificando de que ele entendeu o que foi conversado. Esse questionamento deve ser feito 
sempre com perguntas que possibilitem respostas abertas, pois muitos pacientes se sentem 
constrangidos de dizer que não entenderam determinado assunto. 
Deve-se abordar as medidas de hemoglobina glicada, glicemia de jejum e pós-prandial, 
colesterol, triglicéridos, IMC e pressão arterial. Essa abordagem pode ser gradativa, 
começando com um ou dois parâmetros que sejam mais familiares ao paciente e partindo 
depois para outras avaliações desconhecidas por ele. 
Os pacientes devem conhecer quais são os valores esperados em cada um desses exames e 
ser encorajados a traçar metas realistas para sua obtenção. Essa consciência aumenta a 
adesão do paciente ao tratamento, já que ele consegue acompanhar de maneira objetiva seu 
progresso. 
A presença concomitante de hipertensão arterial em pacientes diabéticos é muito comum, o 
que aumenta consideravelmente a possibilidade de aparecimento de complicações. Isso ocorre 
porque muitos dos efeitos da glicemia e da pressão elevadas no organismo se sobrepõem, já 
que atingem os mesmos órgãos e sistemas. 
As complicações do diabetes associadas à hipertensão são principalmente a doença 
cardiovascular, a nefropatia e a retinopatia. 
Portanto, o paciente deve ser encorajado a controlar a glicemia e a pressão arterial e a 
conscientizar-se de seus efeitos no organismo. Essa abordagem com o paciente não deve ser 
feita em tom de ameaça, mas sim sob a ótica dos benefícios que um bom controle pode dar a 
ele. 
 
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Módulo 4: Tratamento farmacológico no diabetes mellitus tipo 1 
(DM1) 
Objetivo 
Conhecer as diferentes formas de tratamento farmacológico para apoio e esclarecimento dos 
pacientes, familiares e cuidadores. 
 
Introdução 
Por ser uma doença crônica caracterizada pela destruição total das células betapancreáticas, 
em geral de etiologia autoimune, o DM1 deve ser tratado, desde o diagnóstico, com insulina 
exógena. 
Existem vários fatores que afetam a absorção da insulina aplicada no tecido subcutâneo: local 
de aplicação; fluxo sanguíneo no subcutâneo; volume da injeção de insulina; atividade 
muscular no local da aplicação; tabagismo; e tipo da insulina. 
Após o diagnóstico do diabetes, e por um período que em geral pode durar de 2 a 6 meses, o 
pâncreas do paciente diabético pode produzir alguma insulina, necessitando, nesse período, de 
doses menores. Esse período é conhecido como “lua de mel". A lua de mel pode se manifestar 
em 50% a 60% dos casos de DM1. 
 
Unidade 1: Objetivos do tratamento no DM1 
Tipos de insulina 
A abordagem da terapêutica com uso da insulina é muito variável, e a estratégia deve ser 
adaptada a cada paciente, dependendo do seu controle glicêmico, estilo de vida, preferências e 
de sua aderência ao tratamento e mudanças de hábitos. Para isso, existem insulinas que, por 
suas diferentes características farmacocinéticas e farmacodinâmicas, são utilizadas para 
reposição hormonal. 
As primeiras insulinas produzidas foram obtidas de fontes porcinas e bovinas, até que se 
desenvolveu, através de engenharia genética, a insulina recombinante humana,e mais 
recentemente os análogos de insulina (http://www.diabetesebook.org.br/modulo-4/51-visao-
geral-e-perfis-das-insulinas-e-analogos-de-insulina). Análogos de insulina são preparações de 
insulina recombinante humana que sofreram alterações na cadeia de aminoácidos, por troca na 
posição ou substituição dos mesmos, a fim de apresentar perfil farmacológico de ação mais 
próxima do fisiológico. Existem análogos de insulina de ação longa, ultrarrápida e bifásica. 
A potência da insulina é medida em unidades (U). No Brasil, todas as preparações de insulina 
são na concentração de 100 unidades por ml, chamadas U-100, significando que em cada ml 
de solução há 100 unidades de insulina. (SBD, 2011, P. 175.) 
As insulinas são classificadas quanto ao início, pico e duração de ação. 
 
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Figura 8: Propriedades a farmacocinéticas das insulinas e análogos. 
Diferentes esquemas terapêuticos têm sido utilizados ao longo dos anos no manejo dos 
indivíduos com DM1. No entanto, o tratamento insulínico e as metas glicêmicas devem ser 
individualizados, considerando a idade do paciente, a história de hipoglicemias, principalmente 
as noturnas e despercebidas, o nível socioeconômico e/ou intelectual, os hábitos e estilo de 
vida, a prática de atividade física, a contagem de carboidratos, a presença de comorbidades ou 
doenças macrovasculares severas. 
Na prática, o tratamento com insulina deve incluir a reposição de insulina basal, que evita a 
lipólise e a liberação hepática de glicose no período interdigestivo, de insulina prandial (bolus 
refeição) e de doses complementares de insulina para corrigir as hiperglicemias pré-prandiais 
e/ou interalimentares (bolus correção) (http://www.diabetesebook.org.br/modulo-4/52-
esquemas-de-insulinizacao-no-diabetes-tipo-1-). 
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Esquemas de insulinoterapia 
 
Figura 9: Manual prático de diabetes - 1ª Edição 
Como mostrado no quadro acima, existem dois esquemas de insulinoterapia: o convencional e 
o intensivo. Vale ressaltar que o estudo prospectivo Diabetes Control and Complications Trial 
(DCCT) demonstrou que o tratamento intensivo do DM1, com três ou mais doses diárias de 
insulina de ações diferentes, é eficaz para reduzir a frequência de complicações crônicas do 
DM. Acredita-se que essa redução das complicações tenha sido causada por melhor controle 
metabólico, já que a hemoglobina glicada desses pacientes foi estatisticamente menor no 
tratamento intensivo (8,05%) do que no convencional (9,76%). (SBD, 2011, p. 61.) 
 
Efeitos adversos da insulina 
Hipoglicemia 
A limitação no alcance glicêmico ideal em DM1, excluídos fatores como falta de adesão ao 
tratamento e fraco suporte familiar, permanece sendo a hipoglicemia. 
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Uma glicemia plasmática abaixo de 70mg/dl, independente da faixa etária, é considerada 
hipoglicemia. Entretanto, níveis glicêmicos entre 60 e 70mg/dl se associam fortemente a 
episódios mais graves, pois se correlacionam com alterações dos hormônios 
contrarreguladores, essenciais na reversão espontânea da hipoglicemia. (SBD 2011 pag.64) 
Vale ressaltar que antes do advento dos análogos de insulina as hipoglicemias ocorriam em 
maior número e isso certamente contribuiu para certo receio por parte dos pais e dos 
profissionais de saúde em implementar o tratamento intensivo. 
 
Lipodostrofia (atrofia ou hipertrofia no local de aplicação) 
A aplicação de insulina, assim como qualquer outra substância injetável, exige cuidados no 
sentido de evitar o risco de infecções ou lipodistrofia no local administrado. 
O tipo mais comum de lipodistrofia é a lipo-hipertrofia. Os principais fatores de risco para o seu 
desenvolvimento são duração do tempo de uso da insulina, frequência do rodízio nos pontos 
de aplicação e a quantidade de vezes que a agulha é reutilizada na autoaplicação. 
 
Figura 10: Lipodistrofia. 
Nas regiões com lipodistrofia, a sensibilidade à dor pode diminuir significativamente. A 
absorção da insulina é irregular e pode levar ao descontrole glicêmico. Recomenda-se não 
aplicar em área com lipodistrofia. 
Para prevenção da lipodistrofia recomenda-se mais atenção no planejamento e na realização 
do rodízio e orientar o paciente quanto aos riscos da reutilização de agulhas. (SBD, 2011.) 
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Unidade 2: Insulinoterapia 
A insulina é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um agente 
essencial. 
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas. Por ser um polipeptídeo, ela não pode ser 
ingerida via oral, pois, nesse caso, seria digerida pelas enzimas do aparelho digestivo. Ela é 
sempre necessária no tratamento do DM1 e deve ser instituída imediatamente após o 
diagnóstico. 
Para o controle adequado é necessária tanto uma insulina de ação lenta, ou basal (controla a 
glicemia de jejum e entre as refeições), quanto uma insulina de ação rápida, ou ultrarrápida 
(controla a glicemia após a refeição). 
As necessidades diárias de insulina variam de acordo com a idade, a rotina diária, o padrão 
alimentar e, sobretudo, a presença ou não de alguma secreção residual de insulina pelas 
células betapancreáticas. De maneira geral, no início do quadro, a necessidade diária oscila 
entre 0,3 e 0,6 UI/kg/dia, podendo chegar a 1 UI/kg/dia no final do primeiro ano da doença. Em 
unidade anterior, foi estudado que existem inúmeras preparações insulínicas, que variam de 
acordo com a origem e o tempo de ação. 
Classicamente, o tratamento insulínico no DM1 pode ser dividido nos seguintes tipos: 
• Convencional: pacientes que utilizam uma ou duas doses fixas de insulina NPH ao 
dia, associada ou não à insulina regular, antes do café da manhã e do jantar. Esse 
esquema associa-se a taxas mais altas de hemoglobina glicada, a maior risco de 
complicações micro e macrovasculares e a uma baixa flexibilidade tanto dos horários 
alimentares quanto para a prática de exercícios físicos. A fim de se evitar hipoglicemias 
durante a madrugada, a insulina NPH pré-jantar pode ser dissociada da regular e 
aplicada no horário de dormir (bedtime). 
• Múltiplas doses de insulina, ou insulinização plena ou basal bolus: inclui uma 
dose de insulina basal e outra de insulina em bolus (antes das principais refeições). 
Esse modelo procura mimetizar o padrão de secreção fisiológica da insulina 
pancreática em resposta à ingestão alimentar por meio da aplicação de insulina de 
ação rápida ou ultrarrápida antes de cada refeição e da aplicação de insulina de ação 
intermediária (NPH - dividida em três ou mais doses/dia) ou de longa duração (ver tipos 
de insulinas na Figura 8 – página 29), para imitar a secreção fisiológica pré-prandial e 
noturna de insulina. Costuma-se usar aproximadamente 50% da dose diária total de 
insulina para controlar a glicemia basal e os 50% restantes para os bolus. 
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Figura 11: Padrão de secreção fisiológica normal da insulina. 
Para o esquema de insulinoterapia basal-bolus, no entanto, é imprescindível a monitoração 
frequente da glicemia capilar para determinar a quantidade de insulina a ser aplicada e evitar 
possíveis hiperglicemias e hipoglicemias. 
 
Insulina basal 
Fisiologicamente, a secreção de insulina basal regula a produção de glicose hepática para a 
manutenção da homeostase da glicemia – valores entre 70 mg/dl e 99 mg/dl no jejum e até 140 
mg/dl no pós-prandial. 
A aplicação de insulina com perfil basal deve simular a liberação relativamente baixa e 
constante da insulina endógena, e seu objetivo é inibir a gliconeogênese, que é a produção 
hepática de glicose, e a lipólise, que é a degradação da gordura,

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