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Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 1 www.cursoenfase.com.br Sumário PROGRAMA DE AULA ..................................................................................................................... 3 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................. 3 TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO ........................................................................................................ 3 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 4 1.1 PODERES JURÍDICOS E EXECUÇÃO ................................................................................................... 4 1.2 PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO X FASE PROCEDIMENTAL EXECUTIVA ............................................. 5 1.3 EVOLUÇÃO HISTÓRICA .................................................................................................................. 6 1.4 MOMENTO ATUAL ...................................................................................................................... 7 2. COGNIÇÃO, MÉRITO E COISA JULGADA NA EXECUÇÃO ......................................................... 8 2.1 COGNIÇÃO NA EXECUÇÃO ............................................................................................................. 8 2.2 ADMISSIBILIDADE E MÉRITO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO. ............................................................... 8 2.3 COISA JULGADA NA EXECUÇÃO ........................................................................................................... 8 3. FORMAS EXECUTIVAS ........................................................................................................... 9 4. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO .................................................................................................. 11 4.1. NULLA EXECUTIO SINE TITULO (PRINCÍPIO DO TÍTULO EXECUTIVO) .......................................................... 11 4.2. NULLA TITULUS SINE LEGE .............................................................................................................. 11 4.3 PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE (OU PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL) ............................ 12 4.4 PRINCÍPIO DO DESFECHO ÚNICO (PRINCÍPIO DO RESULTADO) ................................................................. 24 4.5 PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO (ART. 775 DO CPC) ........................................................ 24 4.6 LEALDADE E BOA-FÉ PROCESSUAL ..................................................................................................... 25 4.7 PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE DAS FORMAS EXECUTIVAS ........................................................................... 26 4.8 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA TUTELA ESPECÍFICA OU PRINCÍPIO DA MÁXIMA COINCIDÊNCIA POSSÍVEL ............... 27 4.9 PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO ........................................................................................................ 28 4.10 PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE DA EXECUÇÃO ........................................................................... 28 5. FORMAÇÃO DO PROCEDIMENTO EXECUTIVO ..................................................................... 29 5.1. GENERALIDADES .......................................................................................................................... 29 5.2 DEMANDA FUNDADA EM OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA ............................................................................. 30 5.3 SUJEITOS PROCESSUAIS NA EXECUÇÃO ............................................................................................... 30 5.4 LITISCONSÓRCIO ........................................................................................................................... 30 5.5 AS DIFERENTES ESPÉCIES DE LEGITIMIDADE ......................................................................................... 31 5.6 INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ........................................................................................................... 34 5.6.1 Intervenções típicas ......................................................................................................... 34 Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 2 www.cursoenfase.com.br 5.6.2 Intervenções atípicas ....................................................................................................... 35 6. COMPETÊNCIA NA EXECUÇÃO .................................................................................................. 36 6.1. COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL ......................................................... 36 6.2. COMPETÊNCIA PARA EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL ............................................... 37 7. TÍTULO EXECUTIVO ................................................................................................................... 38 7.1. NATUREZA JURÍDICO DO TÍTULO EXECUTIVO ...................................................................................... 38 7.2. REQUISITOS FORMAIS DA OBRIGAÇÃO EXEQUENDA ............................................................................. 39 7.3 TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS (ART. 515) ........................................................................................ 39 Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 3 www.cursoenfase.com.br Programa de aula Contato1 O módulo de execução é dividido em dois pontos principais: i. Aspectos gerais da execução/efetivação judicial; A doutrina tem preferido chamar de efetivação judicial. É espécie de teoria geral da execução (teoria geral da efetivação). ii. Cumprimento de sentença e processo autônomo de execução. Algo parecido com um estudo de execução em espécie. Bibliografia Há livros muito completos, como, por exemplo, Manual de Execução de Araken de Assis. Contudo, trata-se de manual muito extenso, por isso não é recomendado. Para fins de concurso, recomenda-se o volume único do professor Daniel Assumpção da editora Juspodivm. É uma leitura rápida e suficiente. Outro livro de execução, que ainda não foi lançado, mas é recomendado, é o livro do professor Fredie Didier. No entanto, é uma obra mais aprofundada, de leitura mais extensa. TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO O professor destaca que em concursos tem caído questões mais controvertidas objeto de informativos e precedentes do STF e STJ, bem como temas não tão específicos, por exemplo, execução de alimentos (embora não tenha tanta relevância na área federal), cumprimento de sentença (fase geral do cumprimento de sentença), processo autônomo de execução e etc. Mas temas como expropriação de bens, detalhes sobre penhora, arrematação, execução contra devedor insolvente não têm caído muito em concursos. 1 Contatos: http://www.joaolordelo.com joaolordelo.mpf@gmail.com Portal Ênfase.Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 4 www.cursoenfase.com.br Vale destacar que execução contra a fazenda pública (que cai muito) será objeto de módulo específico. 1. Introdução Execução é uma forma de tutela que tem por objetivo efetivar um direito definido em um título executivo. São atividades que o julgador torna a fim de satisfazer um direito, um crédito. Em muitas oportunidades, a execução (gênero) é chamada no NCPC de execução, cumprimento de sentença, de efetivação. Ou seja, a execução pode ser chamada de cumprimento de sentença, que é o cumprimento de um título executivo judicial; processo autônomo de execução em relação aos títulos executivos extrajudiciais; ou ainda efetivação (expressão mais ampla para execução). Execução é uma forma de tutela que tem por objetivo efetivar um direito definido em um título executivo. Título é a fonte de um direito (documento que representa a existência de um direito). 1.1 Poderes jurídicos e execução Os poderes jurídicos são constantemente divididos em (i) direitos potestativos e (ii) direitos a uma prestação (direitos subjetivos em sentido estrito); Direito potestativo é um direito de interferência, é um direito que não exige da parte contrária uma prestação específica. Exemplo: divórcio – independe da vontade ou prestação da outra parte. Os direitos a uma prestação, por outro lado, são direitos subjetivos em que alguém tem um crédito em relação a outra pessoa. Alguém tem uma faculdade de exigir de outra pessoa uma conduta específica. O entendimento clássico é de que a execução serve para efetivar direitos de prestação, ou seja, direitos relacionados a obrigação de fazer, não fazer e dar. Por conta disso, o entendimento clássico também é no sentido de que somente se sujeita a execução a sentença condenatória; enquanto que a sentença constitutiva ou desconstitutiva não dependeria de execução, uma vez que o efeito constitutivo ou desconstitutivo se efetivaria com o próprio verbo (ato decisório) do órgão judicial. Portanto, o entendimento clássico é que a sentença constitutiva não é título executivo. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 5 www.cursoenfase.com.br Veremos que o NCPC deixou claro que a sentença declaratória é título executivo. Exemplo: declarar a existência de um débito em uma sentença. Em relação à sentença constitutiva, o entendimento clássico é de que não daria margem à execução, seja constitutiva positiva ou negativa. No entanto, o entendimento moderno (Fredie Didier) é no sentido de que é possível extrair de sentenças constitutivas atos materiais. O STF, por exemplo, tem precedentes no sentido de que a desconstituição de um contrato gera como efeito material a devolução das coisas. Exemplo: desconstituição de contrato de compra e venda. No final das contas, haverá um dever de uma parte devolver uma prestação e a outra devolver a contraprestação. Se o indivíduo comprou um carro e o contrato é desconstituído, há obrigação de devolver o carro e a outra parte devolver o dinheiro. A jurisprudência do STJ tem precedente de que a devolução de bens na desconstituição de contrato de compra e venda pode ser extraída da própria sentença desconstitutiva, o que revela a eficácia executória segundo o entendimento mais moderno. 1.2 Processo autônomo de execução x Fase procedimental executiva Antigamente, a atividade de execução não se desenvolvia no mesmo processo de conhecimento. Assim, após a condenação no processo de conhecimento, para efetivar o direito era necessário um novo processo, com citação da parte devedora (o que gerava morosidade). Assim, havia um ambiente em que a execução se desenvolvia dentro de um processo autônomo. Com o passar do tempo, o processo foi se tornando sincrético, no sentido de tentar efetivar as mais variadas tutelas (conhecimento, cautelar, executória) dentro de um mesmo processo. Hoje, a tutela executiva pode ser concedida dentro de um processo sincrético, havendo mera fase procedimental com intimação do devedor para cumprimento da obrigação. Hoje, há um sistema de autonomia das ações (que demanda o ajuizamento de uma nova ação para a execução) apenas em situações excepcionais, notadamente quando não há um título judicial. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 6 www.cursoenfase.com.br Os títulos executivos judiciais, atualmente, são efetivados sem necessidade de processo autônomo de execução. Mas há situações peculiares, como a sentença penal condenatória, que é título executivo, mas demanda a inauguração de uma execução, com citação e etc. O mesmo vale para a sentença arbitral ou sentença estrangeira. Com relação aos títulos executivos extrajudiciais, o processo autônomo é a regra. Exemplo: execução de um cheque demanda processo autônomo. Em síntese, há hoje uma tendência de tornar o processo ainda mais sincrético, mas ainda existe um sistema de autonomia do processo de execução para alguns títulos executivos judicias, como sentença penal condenatória, sentença arbitral, sentença estrangeira, e para os títulos executivos extrajudiciais. Nos extrajudiciais, segue-se um procedimento específico. Nos executivos judiciais que demandam processo autônomo, segue-se o procedimento de cumprimento de sentença após a citação. Portanto, há convivência ainda do sistema do sincretismo processual com o sistema da autonomia das ações. Mas essa convivência tem sido cada vez mais mitigada, mitigando-se o processo autônomo de execução. 1.3 Evolução histórica 1) Antes de 1990 A regra era, de fato, o processo autônomo de execução. Para executar um título executivo judicial era necessário inaugurar um novo processo. Apenas em alguns casos essa medida não era necessária, como na ação de despejo, ações possessórias e etc. 2) 1990 Em 1990, o Código de Defesa do Consumidor cria um processo sincrético no âmbito da tutela coletiva, relativamente à obrigação de fazer e não fazer. 3) 1994 Em 1994, o artigo 461 do CPC/73 fez o mesmo que o CDC havia feito em 1990, mas para o processo individual. Desse modo, sentenças condenatórias com obrigação de fazer ou não fazer passaram a ser efetivadas dentro do próprio processo de conhecimento como uma fase procedimental. Eram, portanto, ações sincréticas as que vinculavam obrigação de fazer ou não fazer. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 7 www.cursoenfase.com.br 4) 1995 Em 1995, os juizados especiais foram criados pela Lei nº 9.099/95 como procedimentos sincréticos como regra. Exceto para títulos extrajudiciais. 5) 2002 Em 2002, houve mais uma mudança no CPC/73. O artigo 461-A criou o processo sincrético para a obrigação de entregar coisa. Ou seja, dispensava o processo autônomo de execução. 6) 2005 Em 2005, a Lei nº 11.232 modificou uma série de artigosdo CPC/73, criando o processo sincrético também para a obrigação da pagar quantia, com algumas exceções: (i) títulos executivos extrajudiciais, (ii) sentença penal, (iii) sentença estrangeira, (iv) sentença arbitral, com o detalhe de que nesses casos, a partir da citação o procedimento era o do cumprimento de sentença. Além disso, existia procedimento autônomo em algumas execuções especiais: execução de alimentos, execução contra devedor insolvente e contra a fazenda pública nos casos de obrigação de pagar. 7) Novo CPC (2015) Pelo Novo Código de Processo Civil, a execução de todos os títulos executivos judiciais segue o procedimento de cumprimento de sentença. Vale ressaltar que há alguns títulos executivos judiciais que exigirão citação para a sua execução, pois vêm de um processo que não é o processo cível (lugar da execução), a exemplo da sentença estrangeira, sentença penal e arbitral. Esses títulos, portanto, ainda demandam a instauração de processo autônomo, mas não seguem o rito dos processos autônomos como os títulos extrajudiciais, mas sim o rito da fase de cumprimento de sentença. 1.4 Momento atual Como dito, o processo autônomo continua para o TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. Em relação aos títulos executivos judiciais, a execução é uma mera fase procedimental (sincretismo). Contudo, sentença penal condenatória, sentença arbitral, Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 8 www.cursoenfase.com.br sentença estrangeira (inclusive decisões interlocutórias estrangeiras) podem ser executadas no juízo cível, mas dependem de um novo processo. O NCPC aumentou os casos de processos sincréticos. 2. Cognição, mérito e coisa julgada na execução 2.1 Cognição na execução Existe uma discussão sobre se há cognição e se há mérito na atividade de execução. A doutrina clássica entende que não há mérito nem cognição. É como se fosse uma atividade mecânica, sem nenhum elemento de conhecimento. Hoje, contudo, prevalece que há cognição na execução e isso ocorre em diversos momentos. Exemplo: incidente de desconsideração da personalidade jurídica: pode ocorrer na execução e vai demandar atividade cognitiva. Exemplo: uma obrigação de entrega de coisa pode se converter em perdas e danos durante a fase de execução, demandando atividade cognitiva. 2.2 Admissibilidade e mérito do procedimento executivo. Segundo a doutrina clássica, não há mérito na execução. Isso é um erro, pois o mérito da execução é efetivar/realizar/satisfazer um direito de prestação de fazer, não fazer ou dar (pedido), certificado no título executivo (causa de pedir). Então, existe mérito na execução também. 2.3 Coisa julgada na execução Existe, inclusive, trânsito em julgado na execução, conforme artigo 924 do CPC: Art. 924. Extingue-se a execução quando: I - a petição inicial for indeferida; II - a obrigação for satisfeita; III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a extinção total da dívida; IV - o exequente renunciar ao crédito; V - ocorrer a prescrição intercorrente. Art. 925. A extinção só produz efeito quando declarada por sentença. Perceba que nos casos do artigo 924 existe uma extinção da própria relação de direito material, notadamente nos incisos II e V, o que impede nova discussão da matéria. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 9 www.cursoenfase.com.br Ou seja, nos casos do artigo, a execução será extinta e haverá formação de coisa julgada. Esta sentença, inclusive, é apta ao ajuizamento de ação rescisória. Exemplo: em processo autônomo de execução em que a prescrição fica evidente, é possível indeferir a inicial, sem possibilidade de nova propositura, por conta da formação da coisa julgada. Desse modo, é possível afirmar que há cognição, há mérito e há coisa julgada na execução. 3. Formas executivas Basicamente, existem duas formas ou duas técnicas de execução. Existe a execução direta (também conhecida como execução por sub-rogação) e existe a execução indireta. i. Execução por sub-rogação ou direta: ocorre quando o Estado-juiz substitui a vontade do devedor. Aqui não existe colaboração do devedor. Independentemente de sua participação ou vontade. Exemplo: na penhora online o dinheiro passa diretamente para o credor, sem colaboração do devedor. Busca e apreensão é outro exemplo. Essas técnicas de execução são formas de execução direta. ii. Execução indireta: tem por objetivo fazer uma pressão psicológica no devedor. Aqui o Judiciário não pode substituir o devedor ou prefere não fazê-lo, então realiza uma coerção mental para que o devedor cumpra a sua obrigação. Essa execução indireta é feita através de decisões mandamentais. Essa pressão psicológica pode ocorrer: Com uma ameaça de piora. Exemplo: inclusão do executado no cadastro de restrição ao crédito (artigo 782, § 3º do CPC) – possibilidade de o juiz colocar o nome do executado no cadastro de inadimplentes. Art. 782. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz determinará os atos executivos, e o oficial de justiça os cumprirá. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 10 www.cursoenfase.com.br § 1o O oficial de justiça poderá cumprir os atos executivos determinados pelo juiz também nas comarcas contíguas, de fácil comunicação, e nas que se situem na mesma região metropolitana. § 2o Sempre que, para efetivar a execução, for necessário o emprego de força policial, o juiz a requisitará. § 3o A requerimento da parte, o juiz pode determinar a inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes. § 4o A inscrição será cancelada imediatamente se for efetuado o pagamento, se for garantida a execução ou se a execução for extinta por qualquer outro motivo. § 5o O disposto nos §§ 3o e 4o aplica-se à execução definitiva de título judicial. Da mesma forma, no caso de cumprimento de sentença no caso de pagar quantia, se o devedor não paga no prazo de 15 dias, ele sofre uma multa de 10% mais honorários. Essa multa também é uma forma de pressão psicológica. Através de uma sanção premial. Sanção premial é uma ameaça de melhora. Exemplo: é o que ocorre no processo executivo autônomo de títulos extrajudiciais. Se o devedor pagar o valor devido no prazo de 3 dias, terá direito a redução de honorários em 50%, conforme artigo 827, § 1º, do CPC: Art. 827. Ao despachar a inicial, o juiz fixará, de plano, os honorários advocatícios de dez por cento, a serem pagos pelo executado. § 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos honorários advocatícios será reduzido pela metade. Não existem no estudo da execução regras que determinem quando o juiz realizará um forma direta ou indireta de execução. A técnica adotada dependerá do caso concreto. Exemplo: indivíduo contrata artista para pintar quadro. Se o artista não realiza a obrigação, o juiz não pode substituir a obrigação, por se tratar de obrigação infungível. Ao final, tal obrigação se transformará em perdas e danos. O meio de se efetivar nesse casoseria uma execução indireta. Ademais, é possível usar uma forma de execução indireta, mesmo quando couber execução direta. Geralmente, a execução indireta é com mais frequência tentada inicialmente por ser menos onerosa. A tentativa inicial é fazer com que o cumprimento Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 11 www.cursoenfase.com.br seja voluntário, vale dizer, que devedor cumpra a sua obrigação sem precisar de medida coercitiva. 4. Princípios da execução 4.1. Nulla executio sine titulo (princípio do título executivo) Trata-se de princípio básico que informa que não há execução sem título executivo. Esse título executivo pode ser judicial, caso oriundo de atividade jurisdicional, ou pode ser título executivo extrajudicial. A obrigatoriedade da apresentação do título para a execução serve para a segurança do executado, uma vez que a execução coloca o devedor em situação de desvantagem, o que demanda a demonstração de elemento que aponte a verossimilhança da situação de crédito (o título executivo). 4.2. Nulla titulus sine lege Informa que os títulos executivos derivam da lei. Quem diz o que é título executivo, seja ele judicial ou extrajudicial é a lei. Na vigência do CPC/73 havia dúvida forte a respeito da execução das decisões antecipatórias dos efeitos da tutela. Essas decisões não estavam previstas no rol dos títulos executivos judiciais ou extrajudiciais. Em razão disso, parte da doutrina, como Marinoni, defendia que haveria nessa hipótese situação de execução sem título (exceção ao princípio). Contudo, o novo CPC dispõe claramente que a decisão de tutela provisória é também um título executivo judicial, conforme artigo 515, I, do CPC: Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título: I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; Perceba que o novo CPC no artigo 515, I, deixou claro que não apenas as sentenças são título executivo judicial, mas também as decisões interlocutórias. Obs.: As decisões liminares que deferem pedido de tutela provisória, por exemplo, decisão que determina fornecimento de medicamentos, geralmente são acompanhadas Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 12 www.cursoenfase.com.br de mecanismo executivo de execução indireta (coerção psicológica), que é a fixação de multas. Essas multas são originárias do Direito francês e se chamam astreintes (mecanismo de execução indireta). Havia discussão acerca da forma de execução delas. Por exemplo: a parte consegue liminar para obtenção de medicamento e o mesmo não é entregue; as astreintes podem ser executadas ou demandam trânsito em julgado? Para esclarecer a matéria o CPC trouxe o artigo 537, § 3º: Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. (...) § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) Ou seja, é possível a deflagração de atos materiais de execução, de cumprimento provisório dessa multa (imediata exequibilidade da multa), mas o levantamento do dinheiro só após o trânsito em julgado (levantamento somente após o trânsito em julgado). 4.3 Princípio da patrimonialidade (ou princípio da responsabilidade patrimonial) Esse princípio pode ser extraído do art. 789 do NCPC: CAPÍTULO V DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. Significa que, no âmbito cível, para fins de cumprimento de uma obrigação o devedor responde com o seu patrimônio. Trata-se de situação diversa do que ocorria no passado. No período da Lei das XII Tábuas (Direito romano), o corpo do devedor respondia por suas dívidas. Exemplo: morte ou castigos. No mesmo sentido, em momento anterior, a Lei de Talião. Durante momento específico da história da escravidão também o corpo do devedor continuava sendo atingindo, mas não apenas com a sua morte, mas com Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 13 www.cursoenfase.com.br trabalhos forçados (o escravo devia sua força de trabalho ao credor). Isso também ocorreu no período romano, mas seguiu até períodos mais modernos. Por fim, o patrimônio passou a ser o elemento maior do direito obrigacional. Esta foi a opção do nosso Código Civil desde o início. Atualmente não há que se cogitar que alguém responda por dívida com o seu corpo, muito embora a prisão possa servir como medida executiva, como veremos na execução de alimentos. Obs.: Limitação da responsabilidade – impenhorabilidade Existe limitação a essa responsabilidade do indivíduo por meio de seus bens, que é basicamente a impenhorabilidade de alguns bens. Há bens que são absolutamente impenhoráveis e alguns que são relativamente impenhoráveis. Os relativamente impenhoráveis só podem ser penhorados na inexistência de outros bens. São aqueles previstos no artigo 834. Já o 833 prevê os bens absolutamente impenhoráveis. Vale lembrar que o NCPC optou por não colocar a expressão absolutamente no artigo 833 (como fazia o CPC/73): Art. 833. São impenhoráveis: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2o; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 14 www.cursoenfase.com.br VIII - a pequena propriedade rural, assim definida emlei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. § 1o A impenhorabilidade não é oponível à execução de dívida relativa ao próprio bem, inclusive àquela contraída para sua aquisição. § 2o O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de penhora para pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem, bem como às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a constrição observar o disposto no art. 528, § 8o, e no art. 529, § 3o. § 3o Incluem-se na impenhorabilidade prevista no inciso V do caput os equipamentos, os implementos e as máquinas agrícolas pertencentes a pessoa física ou a empresa individual produtora rural, exceto quando tais bens tenham sido objeto de financiamento e estejam vinculados em garantia a negócio jurídico ou quando respondam por dívida de natureza alimentar, trabalhista ou previdenciária. Art. 834. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis. O artigo 834 considera relativamente impenhoráveis apenas os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis. O artigo 833 prevê um rol de bens que não podem ser penhorados, ainda que sejam o único bem de executado. Por outro lado, os relativamente impenhoráveis só podem ser executados se forem os únicos bens do executado. São absolutamente impenhoráveis, conforme artigo 833: I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 15 www.cursoenfase.com.br Exequente e executado, se quiserem, podem de comum acordo, celebrar negócio jurídico processual e, por ato voluntário, definir que determinado bem não será penhorado. Há diversos bens inalienáveis (materiais ou imateriais), por exemplo, bens que são objeto de ações delituosas, direitos da personalidade (imateriais), bens de uso comum do povo, bens que não foram desafetados e etc. II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; Móveis, pertencer e utilidades domésticas da residência, salvo aqueles de elevador valor, por exemplo, quadro de renomado artista, TV avaliada em R$ 30.000,00 e etc. III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; A rigor vestuário não pode ser penhora, salvo se tiver elevado valor. IV – os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º; Trata-se do inciso mais importante. Perceba que o valor que a pessoa recebe para sobreviver é impenhorável. Existem exceções a essa impenhorabilidade: 1ª exceção: dívida de alimentos. 2ª exceção: valores da remuneração que excederem 50 salários mínimos. 3ª exceção: Lei da ação popular. A lei prevê o desconto em folha de pagamento. Logo, se o agente público é condenado a pagar em ação popular, pode haver desconto em folha de salário até o integral ressarcimento do dano. Esta previsão se estende a todos os casos de ação coletiva, como, por exemplo, na ação de improbidade administrativa. É comum que a parte que responde a ação de improbidade administrativa alegue a impenhorabilidade da remuneração (verba alimentar). Contra tal defesa o Ministério Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 16 www.cursoenfase.com.br Público argumenta que a lei de ação popular autoriza a penhora e a ação de improbidade é também ação coletiva. 4ª exceção: o STJ entende que honorários advocatícios, embora possuam natureza alimentar, podem ser penhorados quando ultrapassar o razoável. REsp 1.264.358: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PRELIMINARES. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA, DE COTEJO ANALÍTICO E DE ATUALIDADE DA DIVERGÊNCIA. INOCORRÊNCIA. PENHORA DE HONORÁRIOS PROFISSIONAIS. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. IMPENHORABILIDADE. RELATIVIZAÇÃO. ELEVADA MONTA. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 833, § 2º, DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. IRRETROATIVIDADE DA LEI PROCESSUAL CIVIL. ATO JURÍDICO PERFEITO. EMBARGOS DESPROVIDOS. I - Não se vislumbram, no presente recurso, as preliminares invocadas pela embargada em sede de impugnação, consistentes na ausência de similitude fática, de cotejo analítico e de falta de atualidade da divergência, de modo que os embargos podem ser conhecidos. II - Pretende a embargante fazer prevalecer posicionamento firmado pela col. Terceira Turma desta Corte no julgamento do AgRg no REsp n. 1.374.755/SP, da relatoria do e. Ministro Sidnei Beneti, onde se assentou a impenhorabilidade absoluta dos honorários profissionais. III - Nos termos da Súmula Vinculante n. 47, do Supremo Tribunal Federal, "Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa natureza". IV - O Superior Tribunal de Justiça, não obstante possua firme jurisprudência no sentido de reconhecer a natureza alimentar dos honorários advocatícios, o que conduziria, a princípio, à sua impenhorabilidade, também já assentou premissa afirmando que, sendo os honorários de elevada monta, como in casu, essa característica pode ser relativizada, possibilitando a penhora desses valores. (Precedentes). V - Em homenagem à teoria do isolamento dos atos processuais, entendo inaplicável o art. 833, § 2º, do CPC/2015 ao presente caso, uma vez que as decisões que impuseram, confirmaram ou reformaram a determinação de penhora dos honorários advocatícios foram tomadas sob a égide do CPC/1973, não sendo possível, Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 17 www.cursoenfase.com.br com tal retroatividade, macular-se ato jurídico perfeito, o que se veda pela Constituição Federal (art. 5º, inciso XXXVI) e pelo próprio CPC/2015, em seu art. 14. Embargos desprovidos. (EREsp 1264358/SC, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 18/05/2016, DJe 02/06/2016) Obs.1: O STJ admite também a penhorabilidadede gratificação de férias e décimo terceiro salário: Processual civil. Recurso Especial. Ação revisional. Impugnação ao cumprimento de sentença. Penhora on line. Conta corrente. Valor relativo a restituição de imposto de renda. Vencimentos. Caratér alimentar. Perda. Princípio da efetividade. Reexame de fatos e provas. Incidência da Súmula 7/STJ. - Apenas em hipóteses em que se comprove que a origem do valor relativo a restituição de imposto de renda se referira a receitas compreendidas no art. 649, IV, do CPC é possível discutir sobre a possibilidade ou não de penhora dos valores restituídos. - A devolução ao contribuinte do imposto de renda retido, referente a restituição de parcela do salário ou vencimento, não desmerece o caráter alimentar dos valores a serem devolvidos. - Em princípio, é inadmissível a penhora de valores depositados em conta corrente destinada ao recebimento de salário ou aposentadoria por parte do devedor. - Ao entrar na esfera de disponibilidade do recorrente sem que tenha sido consumido integralmente para o suprimento de necessidades básicas, a verba relativa ao recebimento de salário, vencimentos ou aposentadoria perde seu caráter alimentar, tornando-se penhorável. - Em observância ao princípio da efetividade, não se mostra razoável, em situações em que não haja comprometimento da manutenção digna do executado, que o credor não possa obter a satisfação de seu crédito, sob o argumento de que os rendimentos previstos no art. 649, IV, do CPC gozariam de impenhorabilidade absoluta. - É inadmissível o reexame de fatos e provas em recurso especial. Recurso especial não provido. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 18 www.cursoenfase.com.br (REsp 1059781/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/10/2009, DJe 14/10/2009) Obs.2: tema polêmico a respeito do inciso IV é a situação em que a pessoa recebe o salário, mas deixa em sua conta e não gasta. A economia feita com o salário (não a poupança) pode ser penhorado? O STJ tem posicionamentos divergentes sobre o assunto. Tem posicionamento no sentido de que o salário acumulada perde o caráter alimentício, passando a ser uma reserva ou economia (STJ, 2ª Seção, EREsp 1.330.567-RS, DJ 2014); No mesmo ano, porém, em 2014, o STJ decidiu também pela manutenção da natureza alimentar do salário, mesmo quando aplicado em fundo de investimento (STJ, 1T, REsp 1.164.037/RS, DJ 2014). PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PENHORA DE SALÁRIO. ALCANCE. APLICAÇÃO FINANCEIRA. LIMITE DE IMPENHORABILIDADE DO VALOR CORRESPONDENTE A 40 (QUARENTA) SALÁRIOS MÍNIMOS. 1. A Segunda Seção pacificou o entendimento de que a remuneração protegida pela regra da impenhorabilidade é a última percebida - a do último mês vencido - e, mesmo assim, sem poder ultrapassar o teto constitucional referente à remuneração de Ministro do Supremo Tribunal Federal. Após esse período, eventuais sobras perdem tal proteção. 2. É possível ao devedor poupar valores sob a regra da impenhorabilidade no patamar de até quarenta salários mínimos, não apenas aqueles depositados em cadernetas de poupança, mas também em conta-corrente ou em fundos de investimento, ou guardados em papel-moeda. 3. Admite-se, para alcançar o patamar de quarenta salários mínimos, que o valor incida em mais de uma aplicação financeira, desde que respeitado tal limite. 4. Embargos de divergência conhecidos e providos. (EREsp 1330567/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 10/12/2014, DJe 19/12/2014) Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 19 www.cursoenfase.com.br RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MEDIDA CAUTELAR DE ARRESTO. AÇÃO DE IMPROBIDADE. INDISPONIBILIDADE DE RECURSOS ORIUNDOS DE RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. NATUREZA SALARIAL. IMPENHORABILIDADE. ART. 649, IV DO CPC. OFENSA CONFIGURADA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. As verbas salariais, por serem absolutamente impenhoráveis, também não podem ser objeto da medida de indisponibilidade na Ação de Improbidade Administrativa, pois, sendo impenhoráveis, não poderão assegurar uma futura execução. 2. O uso que o empregado ou o trabalhador faz do seu salário, aplicando-o em qualquer fundo de investimento ou mesmo numa poupança voluntária, na verdade, é uma defesa contra a inflação e uma cautela contra os infortúnios, de maneira que a aplicação dessas verbas não acarreta a perda de sua natureza salarial, nem a garantia de impenhorabilidade. 3. Recurso especial provido. (REsp 1164037/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 09/05/2014) Obs.3: O STJ já decidiu também que o depósito em fundo de previdência privada complementar (PGBL) também é, em princípio, impenhorável (EREsp 1.121.719/SP). PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. SALDO EM FUNDO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR. IMPENHORABILIDADE. INDISPONIBILIDADE DE BENS DETERMINADA À LUZ DO ART. 36 DA LEI 6.024/74. MEDIDA DESPROPORCIONAL. 1. O regime de previdência privada complementar é, nos termos do art. 1º da LC 109/2001, "baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal", que, por sua vez, está inserido na seção que dispõe sobre a Previdência Social. 2. Embora não se negue que o PGBL permite o "resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante" (art. 14, III, da LC 109/2001), essa faculdade concedida ao participante de fundo de previdência privada complementar não tem o condão de afastar, de forma inexorável, a natureza essencialmente previdenciária e, portanto, alimentar, do saldo existente. 3. Por isso, a impenhorabilidade dos valores depositados em fundo de previdência privada complementar deve ser aferida pelo Juiz casuisticamente, de modo que, se as provas dos autos revelarem a necessidade de utilização do saldo para a subsistência Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 20 www.cursoenfase.com.br do participante e de sua família, caracterizada estará a sua natureza alimentar, na forma do art. 649, IV, do CPC. 4. Ante as peculiaridades da espécie (curto período em que o embargante esteve à frente da instituição financeira e sua ínfima participação no respectivo capital social), não se mostra razoável impor ao embargante tão grave medida, de ter decretada a indisponibilidade de todos os seus bens, inclusive do saldo existente em fundo de previdência privada complementar - PGBL. 5. Embargos de divergência conhecidos e providos. (EREsp 1121719/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 12/02/2014, DJe 04/04/2014) Neste precedente, o STJ decidiu que a previdência privada seria também impenhorável, pois seria algo próximo de uma aposentadoria comum. V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteisao exercício da profissão do executado; VI - o seguro de vida; VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; Se a obra não estiver penhorada, os materiais necessários para a obra são impenhoráveis. VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; Os incentivos governamentais a instituições privadas são impenhoráveis. X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; A poupança é impenhorável até 40 salários mínimos. Mas e se o sujeito tiver 5 contas com até 39 salário mínimos, é possível a penhora? A penhora é possível, pois o limite de até 40 salários mínimos é para o total de contas, logo se o sujeito tiver 5 contas- poupanças é possível a penhora naquilo que somado ultrapassar os 40 salários. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 21 www.cursoenfase.com.br XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra. Renúncia à impenhorabilidade: O devedor protegido pela impenhorabilidade pode renunciar a esse direito? 1ª corrente: corrente clássica do STJ. Entende que a impenhorabilidade é matéria de ordem pública (pode ser conhecida a qualquer momento), indisponível e não pode ser renunciada. REsp 864.962/RS PROCESSUAL CIVIL - EXECUÇÃO - IMPENHORABILIDADE DE BENS ÚTEIS E/OU NECESSÁRIOS ÀS ATIVIDADES DA EMPRESA INDIVIDUAL - PRECEDENTES - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DO ARTIGO 97 DO CTN. 1- Não houve prequestionamento do artigo 97 do CTN. Incide o óbice da Súmula 282/STF, por analogia. 2 - Pacífica a jurisprudência desta Corte no sentido de que os bens úteis e/ou necessários às atividades desenvolvidas por pequenas empresas, onde os sócios atuam pessoalmente, são impenhoráveis, na forma do disposto no art. 649, VI, do CPC. Na hipótese, cuida-se de empresa individual cujo único bem é um caminhão utilizado para fazer fretes, indicado à penhora pelo próprio devedor/proprietário. 3. Inobstante a indicação do bem pelo próprio devedor, não há que se falar em renúncia ao benefício de impenhorabilidade absoluta, constante do artigo 649 do CPC. A ratio essendi do artigo 649 do CPC decorre da necessidade de proteção a certos valores universais considerados de maior importância, quais sejam o Direito à vida, ao trabalho, à sobrevivência, à proteção à família. Trata-se de defesa de direito fundamental da pessoa humana, insculpida em norma infraconstitucional. 4. Há que ser reconhecida nulidade absoluta da penhora quando esta recai sobre bens absolutamente impenhoráveis. Cuida-se de matéria de ordem pública, cabendo ao magistrado, de ofício, resguardar o comando insculpido no artigo 649 do CPC. Tratando-se de norma cogente que contém princípio de ordem pública, sua inobservância gera nulidade absoluta consoante a jurisprudência assente neste STJ. 5. Do exposto, conheço parcialmente do recurso e nessa parte dou-lhe provimento. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 22 www.cursoenfase.com.br (REsp 864.962/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/02/2010, DJe 18/02/2010) No mesmo sentido: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. BEM DE FAMÍLIA. IMPENHORABILIDADE. RENÚNCIA. DESCABIMENTO. IMÓVEL DE PROPRIEDADE DA MÃE DO DEVEDOR. PROVEITO ECONÔMICO REVERTIDO PARA O NÚCLEO FAMILIAR. INEXISTÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA DO INCISO V DO ART. 3º DA LEI N. 8.009/1990. 1. A Lei n. 8.009/1990 é norma cogente e de ordem pública, por isso não remanesce espaço para renúncia à proteção legal quanto à impenhorabilidade do bem de família. 2. A exceção prevista no inciso V do art. 3º da Lei n. 8.009/1990, referente à "hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar", restringe-se a situações em que a garantia foi ofertada para constituição de dívida que se reverte em proveito da própria entidade familiar, de modo que, nas hipóteses em que a hipoteca em verdade é suporte a dívida de terceiros, a impenhorabilidade do imóvel deve, em princípio, ser reconhecida. 3. No caso em apreço, muito embora o imóvel dado em garantia fosse de titularidade da mãe do devedor, este morava em município diferente, tinha família e economia próprias, além do que a dívida era particular (notadamente saldos negativos em conta-corrente), de sorte que a exceção do art. 3º, inciso V, da Lei n. 8.009/1990 não incide e a impenhorabilidade do imóvel deve ser reconhecida, porquanto não há mínimos indícios de que o ato de disponibilidade tenha se revertido em proveito do núcleo familiar da proprietária. 4. Recurso especial provido. (REsp 1180873/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 26/10/2015) 2ª corrente: entendimento mais moderno, também do STJ: é possível a renúncia, desde que contemple patrimônio disponível, tenha sido feita por livre decisão do executado e não recaia sobre bens de família e bens inalienáveis. REsp 1.365.418/SP RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - EMBARGOS À ADJUDICAÇÃO - INDICAÇÃO DE BEM À PENHORA PELO DEVEDOR - POSTERIOR ALEGAÇÃO DE NULIDADE ANTE A Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 23 www.cursoenfase.com.br IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA (ART. 649, V, DO CPC) - AFASTAMENTO DA TESE PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. INSURGÊNCIA DO EXECUTADO. 1. Hipótese em que o executado indica bem à penhora e, posteriormente, invoca a nulidade da adjudicação em razão da impenhorabilidade absoluta (art. 649, V, do CPC) do objeto da constrição, por constituir equipamento essencial ("colheitadeira") à continuidade do exercício da profissão. Inviabilidade. Bem móvel voluntariamente oferecido pelo devedor à garantia do juízo execucional. Patrimônio integrante do ativo disponível do executado. Renúncia espontânea à proteção preconizada no inciso V do art. 649 do CPC. Vedação ao comportamento contraditório (venire contra factum proprium). 2. Os bens protegidos pela cláusula de impenhorabilidade (art. 649, V, do CPC) podem constituir alvo de constrição judicial, haja vista ser lícito ao devedor renunciar à proteção legal positivada na norma supracitada, contanto que contemple patrimônio disponível e tenha sido indicado à penhora por livre decisão do executado, ressalvados os bens inalienáveis e os bens de família. Precedentes do STJ. 3. No caso, não há nulidade no procedimento expropriatório, porquanto, além de o bem penhorado ("colheitadeira") compor o acervo ativo disponível do recorrente/executado, este o ofertou deliberadamente nos autos da execução, de ordem a evidenciar contradição de comportamento da parte ("venire contra factum proprium"), postura incompatível com a lealdade e boa-fé processual.4. Recurso especial desprovido. (REsp 1365418/SP, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 04/04/2013, DJe 16/04/2013) Isso será rediscutido com o novo CPC pois ela criou cláusula geral atípica de negócios jurídicos processuais no artigo 190.2 Vale mencionar, ainda, os enunciados da Súmula do STJ de nº 364 e 449: O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 2 Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 24 www.cursoenfase.com.br (Súmula 364, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/10/2008, DJe 03/11/2008) A vaga de garagem que possui matrícula própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora. (Súmula 449, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/06/2010, DJe 21/06/2010) 4.4 Princípio do desfecho único (princípio do resultado) O princípio3 traz a ideia de que o fim normal da execução é a satisfação do crédito, enquanto que o fim anormal seria a extinção da execução ou extinção sem resolução de mérito, pois não faria sentido desenvolver todo um processo de conhecimento e não realizar a execução. Contudo, este entendimento mudou bastante ao decorrer do tempo, haja vista que há muitas maneira de se fazer defesa na execução ou no cumprimento de sentença, através, por exemplo, de embargos à execução, exceção de pré-executividade, o que tem como consequência a extinção da execução pela prescrição, por exemplo, ou por outro motivo, como um fim normal do processo. 4.5 Princípio da disponibilidade da execução (art. 775 do CPC) A regra, em fase executiva, é que o exequente possa desistir da execução em qualquer momento. Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva. Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante. Em caso de desistência, prevalece a regra do parágrafo único: 3 Trata-se de princípio antigo, que não faz muito sentido hoje, mas consta em livros de doutrina. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 25 www.cursoenfase.com.br Se o exequente desiste, são extintos a impugnação (defesa no cumprimento de sentença) e os embargos à execução (defesa no processo autônomo), se versarem apenas sobre questões processuais. Ou seja, se o executado apresentou defesa requerendo a extinção da execução sem resolução de mérito e o exequente desiste da ação, não faz sentido a não extinção da execução. Porém, se já tiver sido apresentada a defesa e esta trouxer elementos relativos ao mérito da questão, a desistência ficará condicionada à concordância do executado. 4.6 Lealdade e boa-fé processual Os artigos 1º ao 12 do NCPC preveem uma série de dispositivos fundamentais, dentre eles a proteção da boa-fé. A boa-fé, por ser uma norma processual fundamental, é princípio que não se aplica apenas à fase de conhecimento, mas também à fase de execução. Há nessa fase uma preocupação com o comportamento ético dentro do processo. Isto foi importado de um microssistema processual punitivo americano chamado Contempt of Court. Trata-se de microssistema processual punitivo americano nos casos em que houver desrespeito ao órgão jurisdicional, ou seja, quando houver violação da boa-fé. Essa importação deu origem a uma série de dispositivos desde o CPC de 1973, dentre eles o artigo 774 do novo CPC, que trata dos atos atentatórios à dignidade da justiça: Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão negativa de ônus. Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz fixará multa em montante não superior a vinte por cento do valor atualizado do débito em execução, a qual será revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 26 www.cursoenfase.com.br A consequência de se praticar ato contrário à boa-fé, configurando ato atentatório à dignidade da justiça, está prevista no parágrafo único: o juiz aplica uma multa de até 20% do valor atualizado do débito, que será revertida em proveito do exequente e pode ser exigida nos próprios autos. 4.7 Princípio da atipicidade das formas executivas O professor Fredie Didier trata bem do assunto e possui divergência em relação à Marinoni. O princípio significa que o juiz tem em suas mãos um PODER GERAL DE EFETIVAÇÃO, que lhe permite a utilização de formas executivas atípicas. Há, portanto, flexibilidade de se definir qual a maneira mais adequada para se compelir o devedor à satisfação do crédito. Isso está previsto no artigo 139, IV do NCPC: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo- lhe: (...) IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub- rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; O artigo 139 dispõe que o juiz pode se valer de todas as ferramentas de de execução diretas e indiretas e pode criar formas executivas, desde que sejam proporcionais. Isso pode ser feito, inclusive, nas obrigações de pagar, obrigações pecuniárias. Antigamente, na vigência do CPC/73, entendia-se que o juiz não podia fixar, por exemplo, multa periódica por atraso no pagamento de um débito em pecúnia (para além da multa de 10%, que deriva da lei e incide uma vez só, como veremos). Atualmente, é possível pelo artigo 139, inciso IV, do NCPC. Para Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart (professor da UFPR e membro do MPF), em se tratando de títulos judiciais, o juiz possui essa ampla flexibilidade para execução de maneira atípica. Este não parece ser o posicionamento majoritário. Marinoni entende que como o título extrajudicial não decorre de processo de conhecimento, com ampla instrução e contraditório, ele é mais limitado. Desse modo, para Marinoni,prestação pecuniária poderia se dar apenas por sub-rogação. Exemplo: em execução de cheque o Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 27 www.cursoenfase.com.br juiz não poderia fixar multa por atraso, por falta de previsão de multa por atraso na obrigação de pagar. Portanto, para ele as formas seriam típicas nos títulos extrajudiciais e atípicas no judiciais. Esta posição de Marinoni, contudo, não prevalece. Prevalece o entendimento do enunciado 12 do FPPC (Fórum Permanente de Processualista Cíveis): 12 – (arts. 139, IV, 523, 536 e 771) A aplicação das medidas atípicas sub-rogatórias e coercitivas é cabível em qualquer obrigação no cumprimento de sentença ou execução de título executivo extrajudicial. Essas medidas, contudo, serão aplicadas de forma subsidiária às medidas tipificadas, com observação do contraditório, ainda que diferido, e por meio de decisão à luz do art. 489, § 1º, I e II. (Grupo: Execução) 4.8 Princípio da primazia da tutela específica ou princípio da máxima coincidência possível Esse princípio informa que o credor deve receber aquilo que tem direito da forma mais coincidente possível. Ou seja, o credor tem que receber aquilo é que efetivamente devido. Se um devedor deve dinheiro, deve pagar em dinheiro. A conversão é o último caso. Exemplo: empresa causa dano ambiental. A tutela específica impõe que seja reparado o local onde ela causou o dano ambiental; se não for possível reparar o dano ambiental naquele local, ela deve reparar dano ambiental em outro local; em último caso, deve converter a obrigação em perdas e danos. Neste contexto, vale ressaltar o artigo 876 do CPC. Art. 876. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer que lhe sejam adjudicados os bens penhorados. O artigo prevê que o exequente pode ficar com o bem penhorado do devedor, em vez de ficar com dinheiro, se for do seu interesse. Isso permite que a pessoa receba a coisa penhorada, em vez de dinheiro. Não é algo muito ligado à tutela específica, mas o código permite essa facilidade ao exequente. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 28 www.cursoenfase.com.br A execução deve ser específica: propiciar ao credor a satisfação da obrigação tal qual houvesse o cumprimento espontâneo da prestação pelo devedor. Nesses casos, apenas se o credor não quiser o cumprimento específico, ou não for possível a tutela específica, será admitida a conversão da obrigação em perdas e danos (art. 499). Daí porque o artigo 876 permite que o credor fique com o bem em vez de com o produto da alienação. 4.9 Princípio do Contraditório Embora o princípio do contraditório não se aplique na execução com a mesma intensidade que incide no processo de conhecimento, ele também se aplica na execução. Na execução, tanto o exequente como o executado têm direito de ser cientificados dos atos processuais. As partes, na execução, podem recorrer dos pronunciamentos judiciais. 4.10 Princípio da menor onerosidade da execução O princípio pode ser traduzido no artigo 805 do CPC: Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Esse princípio impede a realização de atos executivos que, sem gerar satisfação ao exequente, gerem sacrifício ao executado, o que se demonstra no artigo 836 do CPC: Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. Ou seja, não faz sentido penhorar bem do devedor quando se percebe que o valor a receber da penhora será menor igual ao custo da execução. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 29 www.cursoenfase.com.br 5. Formação do procedimento executivo 5.1. Generalidades A demanda executiva (seja processo autônomo de execução, seja fase de cumprimento de sentença) será iniciada (i) por iniciativa da parte ou (ii) de ofício pelo juiz. A execução trabalhista, por exemplo, ocorre de ofício pelo próprio juiz. O CPC prevê que o juiz pode de ofício iniciar a fase de cumprimento de sentença nas obrigações que tenham por objeto obrigação de fazer ou não fazer ou entrega de coisa. Por outro lado, na obrigação de pagar, mesmo o cumprimento de sentença sendo uma mera fase incidental, não pode ser iniciado de ofício. Do mesmo modo o processo autônomo de execução, por exemplo, dos títulos extrajudiciais, pois, neste caso, deverá haver ação própria com petição inicial e atendimento aos seus requisitos. Portanto, a efetivação da execução pode se iniciar de ofício ou a requerimento da parte. De ofício, o CPC contempla as hipóteses de cumprimento de sentença na obrigação de (i) fazer, (ii) não fazer e (iii) entregar coisa; cumprimento de sentença na obrigação de pagar depende de requerimento; processo autônomo de execução depende de uma petição inicial. Há, portanto, possibilidade de início de ofício. Obs.1: o processo autônomo de execução é regulado a partir do artigo 771 do CPC. Mas ele também é aplicável à fase de cumprimento de sentença no que couber: Art. 771. Este Livro regula o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força executiva. O CPC regula de maneira mais ampla o processo autônomo de execução, inclusive a penhora, adjudicação, leilão e etc., o qual é aplicável ao cumprimento de sentença. Eles se tornam muito próximo a partir da penhora. A fase inicial do cumprimento de sentença e do processo autônomo de execução é diferente, mas a partir da penhora eles seguem rito bem próximo. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 30 www.cursoenfase.com.br 5.2 Demanda fundada em obrigação alternativa Muitas vezes a obrigação é uma obrigação alternativa. Exemplo: o devedor é obrigado a pagar algo ou outra coisa, obrigado a fazer algo ou outra coisa. Dispõe o art. 800 do CPC: Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato. Em se tratando de cumprimento de sentença, em vez de citação, haverá mera intimação, pois virá do mesmo processo de conhecimento. Se a escolha couber ao credor, ele já indica a opção seja no requerimento inicial do cumprimento de sentença, seja na petição inicial do processo autônomo de execução. 5.3 Sujeitos processuais na execução A execução em sentido amplo envolve uma composição mínima: autor(exequente), juiz e réu (executado). 5.4 Litisconsórcio É possível se falar em litisconsórcio na execução? O artigo 780 trata não apenas do litisconsórcio, mas de maneira ampla da cumulação de várias execuções. Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o executado for o mesmo e desde que para todas elas seja competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. A partir da leitura desse dispositivo a doutrina entende que é possível litisconsórcio na execução, seja ele ativo ou passivo. No mais das vezes é um litisconsórcio facultativo e que decorre de conveniência das partes envolvidas. Para Fredie Didier esse dispositivo permite o litisconsórcio, mas não permite a chamada coligação de credores ou devedores: só é possível formar o litisconsórcio se todos os credores ou todos os devedores estiverem vinculados à parte contrária em razão da mesma relação jurídica material ou conjunto de relações jurídicas materiais. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 31 www.cursoenfase.com.br Exemplo de Didier: A e B não podem demandar contra o devedor comum C, se o crédito de A se funda no título X e o de B, no Y. Neste caso, A e B não fazem parte da mesma ou mesmas relações jurídicas com C. Ademais, A não pode demandar contra os devedores C e D, se o seu crédito em face de C se funda no título X e o crédito em face de D, no Y. Essa questão é muito discutida na doutrina porque o artigo 7804 não é muito preciso. Veja que, conforme o dispositivo, o exequente pode cumular várias execuções, ainda que fundadas em títulos diferentes. Parece que o dispositivo não cria oposição em relação à mistura de títulos de diferentes origens. 5.5 As diferentes espécies de legitimidade Polo ativo Polo passivo a) Legitimação ordinária primária (art. 778, caput) Ocorre quando o exequente consiste na pessoa indicada como credor no título executivo, atuando em nome próprio por direito próprio. Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo. b) Legitimação ordinária superveniente ou secundária (§ 1º, exceto inciso I) O exequente, apesar de demandar em nome próprio e em seu direito, não é o credor originário do título, mas ganha a legitimação em razão de um fato superveniente ao título: a) Legitimação ordinária primária (art. 779, I) mesma coisa do polo ativo. Art. 779. A execução pode ser promovida contra: I – o devedor, reconhecido como tal no título executivo; b) Legitimação ordinária superveniente ou secundária (incisos II e III) II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; c) Legitimação extraordinária (incisos IV, V e VI) entendimento da doutrina: IV - o fiador do débito constante em título 4 Esse dispositivo é basicamente uma reprodução do artigo 573 do CPC/73. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 32 www.cursoenfase.com.br § 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. § 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento do executado. c) Legitimação extraordinária O exequente litiga em nome próprio, mas na defesa de interesse alheio. É o caso do MP. § 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: I - Ministério Público, nos casos previstos em lei; extrajudicial; V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI - o responsável tributário, assim definido em lei. Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem a lei confere título executivo. § 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir, em sucessão ao exequente originário: I - Ministério Público, nos casos previstos em lei; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo; III - o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe for transferido por ato entre vivos; IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. O caput traz o legitimado ordinário primário. O parágrafo primeiro prevê hipóteses de legitimação ordinária superveniente, exceto no inciso I (que é caso de legitimação extraordinária). Exemplo do inciso III: quando alguém recebe um cheque e passa a um terceiro, este terceiro é legitimado para executar. Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 33 www.cursoenfase.com.br Enfim, toda vez que houver uma cessão, transferência do título, isso pode gerar uma legitimação outra, que não a primária, uma legitimação secundária. A legitimação no polo passivo está no artigo 779: Art. 779. A execução pode ser promovida contra: I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título executivo; IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito; VI - o responsável tributário, assim definido em lei. O inciso I traz o legitimado ordinário. Os incisos II e III os legitimados ordinários supervenientes. Os incisos IV, V e VI os legitimados extraordinários. Em relação ao inciso VI, o CTN traz diversas hipótese, como, por exemplo, a pessoa que aliena um imóvel e fica responsável por um período pelas dívidas ou alguém que aliena bem hipotecado em favor de outra pessoa: quem comprou o imóvel pode perdê-lo, então irá responder no interesse do executado. Observações sobre a legitimação na execução: Obs.1: em relação à legitimidade ativa do espólio, herdeiros e sucessores, vigora o seguinte sistema: Durante a fase de conhecimento, basta haver prova suficiente da legitimidade; Iniciada a execução, diante da exigência de maior rigor para aproveitamento do crédito, deve ser instaurado processo de habilitação incidente (arts. 687 e 688), com suspensão do processo. Art. 687. A habilitação ocorre quando, por falecimento de qualquer das partes, os interessados houverem de suceder-lhe no processo. Art. 688. A habilitação pode ser requerida: Processo Civil – Execução O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
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