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caderno de processo civil - execução

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CADERNO 
DE 
PROCESSO CIVIL 
 
 
1 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
Sumário 
 
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 4 
1- NOÇÕES GERAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO ................................... 5 
2 - CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO ................................................................. 6 
2.1 - Execução comum e execução especial ................................................. 6 
2.2- Execução judicial e Execução Extrajudicial .......................................... 6 
2.3 - Execução Direta e Execução Indireta .................................................... 7 
3 - PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO .......................................................................... 8 
3.1 - Princípio da Efetividade ............................................................................ 9 
3.2 - Princípio da Tipicidade ............................................................................ 9 
3.4 - Princípio da boa-fé processual ............................................................. 10 
3.5 - Princípio da Responsabilidade Patrimonial ....................................... 11 
3.6 - Princípio do Desfecho Único ................................................................. 11 
3.7 - Princípio do Contraditório ...................................................................... 12 
3.8 - Princípio da Menor Onerosidade da Execução .................................. 13 
3.9 - Princípio da Cooperação ........................................................................ 16 
3.10 - Princípio da Proporcionalidade .......................................................... 16 
3.11 - Princípio da Adequação ....................................................................... 18 
3.12 - Princípio da Disponibilidade da Execução ....................................... 18 
3.13 - Responsabilidade Objetiva do Exequente ........................................ 19 
3.14 - Princípio da Atipicidade dos meios executivos .............................. 20 
4 - FORMAÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO........................................... 21 
4.1 - Demanda Executiva ................................................................................. 22 
4.1.1 - Elementos objetivos ......................................................................... 22 
4.1.2 - Elementos Subjetivos ....................................................................... 23 
4.2 - Competência ............................................................................................. 31 
4.3 - Petição Inicial ............................................................................................ 34 
4.3.1 - Conceito .............................................................................................. 34 
4.3.2 - Requisitos de validade ..................................................................... 35 
4.3.3 - Efeitos decorrentes da propositura da execução ....................... 39 
4.3.2.1 - Averbação da pendência executiva............................................ 39 
4.3.2.2 - Interrupção da Prescrição ............................................................ 40 
4.3.2.3 - Prevenção ........................................................................................ 41 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
4.3.2.3 - Litispendência................................................................................. 41 
4.3.2.4 - Litigiosidade do Objeto ................................................................. 41 
4.3.2.5 - Indisponibilidade patrimonial relativa........................................ 42 
4.3.2.6 - Direito do executado ao parcelamento da dívida exequente 43 
4.3.3 - Requisitos específicos do processo de execução ..................... 43 
5 - TÍTULOS EXECUTIVOS .................................................................................. 46 
5.1 - Conceito ..................................................................................................... 46 
5.2 - Natureza Jurídica ..................................................................................... 46 
5.3 - Taxatividade dos títulos .......................................................................... 47 
5.4 - Atributos da Obrigação representada no título executivo .............. 47 
5.5 - Espécies de títulos executivos .............................................................. 50 
5.5.1 - Títulos Executivos Judiciais ........................................................... 50 
5.5.2 - Títulos executivos extrajudiciais ................................................... 56 
6 - NEGÓCIOS PROCESSUAIS E TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL . 77 
7 - TÍTULO EXECUTIVO ESTRANGEIRO .......................................................... 79 
8 - ENUNCIADOS DA JORNADA DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL SOBRE 
O TEMA ................................................................................................................... 81 
9 - RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ......................................................... 81 
9.1 - Bens do devedor – art. 789 e 790, III, CPC .......................................... 86 
9.2 - Bens do sucessor à título singular – art. 790, I, CPC ....................... 88 
9.3 - Bens gravados ou alienados em fraude à execução ou contra 
credores – art. 790, V e VI, CPC............................................................. 92 
9.4 - Bens do cônjuge ou companheiro – art. 790, IV, CPC. ..................... 92 
10 - DA DEFESA DO DEVEDOR NAS EXECUÇÕES FUNDADAS EM 
TÍTULO EXTRAJUDICIAL .................................................................................. 109 
10.1 – Dos embargos à execução ................................................................ 110 
10.2 – Outras defesas do executado ........................................................... 136 
11 - MODALIDADES DE EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL (FAZER, NÃO 
FAZER, ENTREGAR COISA E PAGAR) .......................................................... 139 
11.1 - EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL NAS OBRIGAÇÕES DE ENTREGAR 
COISA ....................................................................................................... 140 
11.2 - EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER E 
NÃO FAZER. ............................................................................................ 144 
11.3 - EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL NAS OBRIGAÇÕES DE PAGAR .. 147 
12 - DOS ATOS EXECUTIVOS DE CONSTRIÇÃO ......................................... 149 
12.1 - PENHORA .............................................................................................. 149 
12.1.1 - Penhoras Especiais ...................................................................... 158 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
12.1.1.1 - Penhora on-line .......................................................................... 158 
12.1.1.2 - Penhora sobre o faturamento ................................................... 165 
12.1.1.3 - Penhora de mão própria ........................................................... 166 
12.1.1.4 - Penhora no rosto dos autos .................................................... 168 
12.1.1.5 - Penhora de quotas sociais ou ações ..................................... 168 
12.1.1.6 - Procedimento da Penhora ........................................................ 170 
12.2 - AVALIAÇAO .......................................................................................... 173 
12.3 - EXPROPRIAÇÃO .................................................................................. 175 
12.3.3. Adjudicação ..................................................................................... 176 
12.3.4 - Alienação ........................................................................................ 180 
12.3.4.1. Alienação por iniciativa do particular
..................................... 180 
12.3.4.2. Alienação por leilão judicial ...................................................... 182 
12.3.5. Alienação antecipada (Forma de expropriação atípica) ......... 188 
13 - SATISFAÇÃO DO CRÉDITO ...................................................................... 188 
14 - SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO .................................................................. 190 
15 - EXTINÇÃO DA EXECUÇÃO ....................................................................... 195 
16 - FRAUDE CONTRA CREDORES E FRAUDE À EXECUÇÃO ................ 197 
17 - EXECUÇÃO CONTRA A FAZENDA PÚBLICA ....................................... 204 
18 - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA .............................................................. 209 
18.1 - Cumprimento de Sentença Obrigação de Fazer ............................ 209 
18.2 - Cumprimento de sentença de obrigação de entregar coisa certa
 ................................................................................................................... 210 
18.3 - Cumprimento de sentença de exigibilidade da obrigação de 
pagar quantia certa. ............................................................................... 211 
18.3.1 – Prisão Civil – Obrigação de pagar valor certo........................ 212 
18.4 - Cumprimento da Obrigação ............................................................... 213 
18.5 - Não pagamento da dívida em 15 dias .............................................. 214 
18.6 - Inclusão do nome do executado em cadastros de inadimplentes
 ................................................................................................................... 214 
18.7 - Expedição do mandado de penhora e avaliação ........................... 215 
18.8. Defesa do executado no cumprimento de sentença ...................... 215 
19. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA .................................................................... 219 
ANEXO – EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ............................................................. 223 
 
 
 
 
4 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
APRESENTAÇÃO 
 
Prezado aluno, tenho o imenso prazer de estar participando com você 
desse desafio de estudar processo civil – processo de execução. O caderno está 
dividido com a visão macroscópica da disciplina, apresentando conteúdo do processo 
de execução e cumprimento de sentença. 
 
A intenção é fazer um curso didático, apresentando as principais posições 
doutrinárias e jurisprudenciais sobre os temas de direito processual civil. Lembrando 
que o material aqui produzido deve ser complementado com livros doutrinários, 
jurisprudência e informativos dos tribunais. 
 
Essa apostila foi criada com base na legislação estudada e nos livros 
doutrinários e aulas dos professores Fredie Didier Jr, Daniel Assumpção Neves, 
Fabrício Bastos, Alexandre Câmara, Haroldo Lourenço e outros, com a finalidade de 
otimizar o conteúdo e facilitar a revisão nos estudos. 
 
Desejo a todos uma excelente leitura e boas reflexões. Estou à disposição 
para ouvir críticas e sugestões. Sucesso e bons estudos! 
 
“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se 
não puder andar, rasteje, mas continue em frente de 
qualquer jeito.” (Martin Luther King Jr) 
 
Rio de Janeiro, setembro de 2019. 
 
Com carinho, Roberta Ramos. 
Advogada - Professora de Processo Civil e Prática Jurídica UCAM/RJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
CADERNO DE PROCESSO CIVIL 
PROCESSO DE EXECUÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA 
 
1- NOÇÕES GERAIS DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
O processo de execução ou fase de execução está previsto no 
ordenamento jurídico brasileiro como uma forma de obter a satisfação do direito 
material. O nosso ordenamento jurídico ainda apresenta diferentes modalidades de 
execução, que serão usados a depender do critério adotado. É o que extraímos da 
execução das obrigações de fazer/não fazer, entregar e pagar e outras. 
 
Segundo Fredie Didier “executar é satisfazer uma prestação devida. A 
execução pode ser espontânea, quando o devedor cumpre voluntariamente a 
prestação, ou forçada, quando o cumprimento da prestação é obtido por meio da 
prática de atos executivos pelo Estado.”1 
 
Em uma visão macroscópica do tema, podemos afirmar que a matéria é 
dividida em duas formas: processo autônomo de execução e cumprimento de 
sentença. A relevância da distinção reside no fato da execução de títulos executivos 
extrajudiciais e títulos executivos judiciais. Quanto ao primeiro será necessária a 
instauração de um processo autônomo de execução, e quanto ao último será feito por 
meio do cumprimento de sentença, que se desenvolve no mesmo processo, que 
chamamos de processo sincrético. 
 
Além disso, há de ser ressaltado que existem dois meios técnicos para o 
desenvolvimento da execução: sub-rogação (execução direta) e por coerção 
(execução indireta). Na primeira é o Estado-juiz substituindo a vontade do executado, 
se valendo dos atos materiais que melhor achar conveniente para o caso, para 
satisfação do direito, como por exemplo, escolher a penhora/expropriação, 
depósito/entrega de coisa. Na coerção o Estado-juiz não substitui a vontade do 
executado, a atuação é para convencê-lo a cumprir sua obrigação, satisfazendo o 
direito do exequente, é o que acontece quando o juiz fixa astreintes pelo 
descumprimento da obrigação, prisão civil do devedor de alimentos. 
 
1 Didier Jr. Fredie. Curso de direito processual civil: execução/ Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da 
Cunha, Paula Sarno Braga, Rafael Alexandria de Oliveira – 7. ed. Ver., ampl. E atual. – Salvador: Ed. 
Juspodvm, 2017, p. 45. 
 
6 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 
Ademais, cabe aqui mencionar que no processo de execução há atividade 
cognitiva do juiz, ou seja, o órgão jurisdicional deverá fazer a análise dos pressupostos 
processuais, realizar o juízo de admissibilidade e de mérito da execução. Cabendo ao 
juiz analisar a validade e aptidão do procedimento, bem como sobre o acolhimento ou 
não da pretensão veiculada. 
 
Por fim, vale reafirmar que o principal objetivo do processo de execução é 
satisfazer o direito reconhecido em um título executivo, que pertence ao exequente, e 
o processo executório é subsidiário, ou seja, há aplicação das regras do processo 
autônomo de execução no cumprimento de sentença e vice-versa. 
 
2 - CLASSIFICAÇÃO DA EXECUÇÃO 
 
A execução pode ser classificada em execução comum e especial; 
execução judicial e extrajudicial; execução judicial e extrajudicial; execução direta e 
indireta. 
 
2.1 - Execução comum e execução especial 
 
Aqui a referência é o tipo de procedimento usado na execução. A 
execução comum é aquela que serve para uma generalidade de créditos. E a 
execução especial é aquela que serve para a satisfação de créditos específicos, como 
é a execução de alimentos e a execução fiscal. 
 
Essa distinção é importante para a análise da possibilidade de cumulação 
de execução, que deve ser respeitada a regra disposta n art. 327, III e 780, ambos do 
CPC e a Súmula 27, STJ, que estabelece que para a cumulação de pedidos deve 
haver compatibilidade dos procedimentos. 2 
 
2.2- Execução judicial e Execução Extrajudicial 
 
 
2 STJ, 5ª. T., REsp n. 952.126/RS, rel. Min. Laurita Vaz, J. em 18.8.2011, publicado no DJe 1.9.2011; 
STJ, 5ª. T. AgRg no AgRg no REsp 888.328/RS, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, j. em 06.11.2008, 
publicado no DJe de 24/11/2008; STJ, 2ª T., REsp n. 1263294/RR, rel. Min. Diva Malerbi, j. em 
13.11.2012, publicado no Dje de 23.11.2012. 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
Execução judicial é aquela que se
realiza perante o Poder Judiciário. A 
execução extrajudicial é aquela que é feita fora do Poder Judiciário. O próprio 
ordenamento jurídico conferiu força executiva a prática de alguns atos fora do 
judiciário, mas a execução extrajudicial fica sujeita a controle jurisdicional, conforme a 
própria Constituição3 assegura. 
 
A execução de título judicial irá se desenvolver por meio do procedimento 
de cumprimento de sentença (art. 513 ao art. 538, CPC), e a execução por título 
extrajudicial será desenvolvido por processo autônomo, seguindo as normas do art. 
771 e seguintes do CPC. As execuções de títulos judiciais podem ser definitivas ou 
provisórias, e as execuções por títulos extrajudiciais só podem ser definitivas. 
 
2.3 - Execução Direta e Execução Indireta 
 
A execução forçada direta ou por sub-rogação é aquela em que o Poder 
Judiciário substitui a conduta do devedor, ou seja, prescinde da colaboração do 
executado para a efetivação da prestação, pois o juiz determina o cumprimento de 
medidas executivas que são cumpridas mesmo contra a vontade do executado. É o 
que acontece, por exemplo, quando o juiz determina a penhora. 
 
Ela pode ocorrer por meio do desapossamento, transformação e 
expropriação. 
 
No desapossamento o juiz determina a retirada da coisa da posse do 
executado e entrega ao exequente. É muito comum nas execuções de entrega de 
coisa. Exemplos: despejo, busca e apreensão, reintegração de posse. 
 
Na transformação o juiz determina que a conduta seja praticada por um 
terceiro, ou seja, não será o executado que cumprirá a determinação judicial, mas sim 
um terceiro. 
 
Na expropriação o juiz determina a expropriação de um bem do executado 
para pagamento do crédito. É comum nas execuções de pagar quantia. Exemplos: 
 
3 Art. 5º, XXXV, CRFB/88 - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a 
direito; 
 
8 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
adjudicação, alienação judicial, apropriação de rendimentos de empresas ou de 
estabelecimento e de outros bens)4. 
 
A execução forçada indireta deriva de uma decisão mandamental, ou seja, 
o juiz impõe uma prestação ao executado, influenciando a vontade do devedor como 
forma de incentivá-lo a cumprir a ordem judicial. A execução será cumprida com a 
participação do executado, e isso acontece com a coerção psicológica por parte do 
Estado-juiz, como por exemplo, conceder algum benefício ao executado caso ele 
cumpra. 
 
A execução indireta pode ser patrimonial ou pessoal. Na execução 
patrimonial, normalmente, há imposição de uma multa coercitiva. E na pessoal atinge-
se a pessoa do executado, é o caso da prisão civil do devedor de alimentos. Além 
disso, a execução indireta poderá servir como uma sanção positiva, ou seja, o 
executado cumprindo a imposição legal poderá gozar de alguns benefícios. Como por 
exemplo, redução pela metade dos honorários advocatícios5, isenção do pagamento 
de custas6. 
 
Ademais, deve ser ressaltado que a forma de execução deve ser escolhida 
pelo juiz utilizando o critério de ser a mais adequada para a efetivação do direito. 
 
3 - PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO 
 
 
4Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de 
outros bens. 
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, 
remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, 
acrescida de juros, custas e honorários advocatícios. 
5 Art. 827, § 1o No caso de integral pagamento no prazo de 3 (três) dias, o valor dos 
honorários advocatícios será reduzido pela metade. 
6Art. 701, § 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o 
mandado no prazo 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
O processo executivo também será abarcado pelas normas fundamentais 
da tutela jurisdicional, que o Código de Processo Civil consagra em capítulo próprio, 
bem como em regras específicas do processo de execução. 
 
3.1 - Princípio da Efetividade 
 
O princípio da efetividade decorre do princípio do devido processual legal, 
e tem como raciocínio que os direitos não podem apenas serem reconhecidos, mas 
devem ser efetivados. 
 
No CPC temos a previsão no art. 4º que reforça essa ideia, tendo como 
norma fundamental o direito à atividade satisfativa. Mas deve ser interpretado de 
forma a respeitar a aplicação das regras de proteção ao executado, devendo nortear a 
atividade jurisdicional para promover a satisfação integral do direito, bem como adotar 
todos os meios possíveis e necessários para a proteção integral da tutela executiva. 
 
 
 
3.2 - Princípio da Tipicidade 
 
 Os títulos executivos estão previstos em lei, ou seja, constituem numerus 
clausus. A previsão legal é do art. 515 (títulos executivos judiciais) e art. 784 (títulos 
executivos extrajudiciais). A força executiva de um título é dada pela lei, ou seja, não 
podem as partes criarem, dessa forma, só será título executivo se conter os requisitos 
previstos na lei. 
 
Os títulos executivos são dotados de abstração, ou seja, em sua análise o 
órgão jurisdicional não precisa verificar o negócio jurídico que o originou, não havendo 
discussão na fase executiva do direito material ali posto. Tanto isso é verdade que as 
matérias defensivas dos arts. 505, §1º e 535 não se referem ao direito material7. 
 
Vale ressaltar que em nosso ordenamento jurídico há um título executivo 
formado de forma unilateral, ou seja, somente o credor constitui o título executivo, é o 
 
7Precedentes para consulta: REsp 981440 SP (4º turma STJ); Ag Reg ARESP 197026 DF (3ª Turma 
STJ). Ratio decidendi: O órgão jurisdicional não pode se manifestar sobre a existência ou não do direito 
material. 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
que acontece quando a Fazenda Pública constitui a Certidão de Dívida Ativa (CDA – 
prevista na Lei 6.830/80). 
 
A doutrina ainda se preocupa em fazer a diferenciação do título executivo 
para o título injuntivo, sendo o primeiro um documento no qual a lei exige que tenha 
certeza, liquidez e exigibilidade, e pode embasar uma execução. E o segundo é um 
documento escrito que exterioriza uma obrigação, mas que não tem força executiva, 
não podendo, portanto, embasar uma execução, somente uma ação de conhecimento, 
como por exemplo, a ação monitória (art. 700, CPC). 
 
 Por fim, o princípio da tipicidade deriva do brocárdio latim Nulla executio 
sine titulo - Não há execução sem título- e Nullus titulo sine lege - Não há titulo sem 
lei. 
 
3.4 - Princípio da boa-fé processual 
 
O princípio da boa-fé processual deve estar presente em todas as fases do 
processo, inclusive no processo de execução, que na prática é um meio em que mais 
se praticam condutas desleais, fraudulentas e abusivas. 
 
O desrespeito à boa-fé processual poderá ensejar a aplicação de sanções 
previstas no art. 77, 80, 81 e 774, CPC. 
 
O art. 774, CPC tem especial relevância aqui porque está dentro do tema 
de estudo da execução, e elenca cinco espécies de atos atentatórios à dignidade da 
justiça. 
 
Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça 
a conduta comissiva ou omissiva do executado que: 
I - frauda a execução; 
II - se opõe maliciosamente à execução, empregando 
ardis e meios artificiosos; 
III - dificulta ou embaraça a realização da penhora; 
IV - resiste injustificadamente às ordens judiciais; 
V - intimado, não indica ao juiz quais são e onde estão os 
bens sujeitos à penhora e os respectivos valores, nem 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL
IV - SEMESTRE 2020.1 
exibe prova de sua propriedade e, se for o caso, certidão 
negativa de ônus. 
Parágrafo único. Nos casos previstos neste artigo, o juiz 
fixará multa em montante não superior a vinte por cento 
do valor atualizado do débito em execução, a qual será 
revertida em proveito do exequente, exigível nos próprios 
autos do processo, sem prejuízo de outras sanções de 
natureza processual ou material. 
 
No entanto, há divergência doutrinária8 a respeito de se tratar de rol 
taxativo ou meramente exemplificativo, mas na prática essa divergência não tem muita 
relevância. 
 
3.5 - Princípio da Responsabilidade Patrimonial 
 
Toda a execução é real, nunca é pessoal, ou seja, o executado responderá 
com todos os seus bens presentes e futuros, e somente o seu patrimônio ou de 
terceiro será objeto da atividade executiva do Estado. O fato do corpo do devedor não 
pagar por suas dívidas deriva da humanização do processo 
 
Aqui vale dizer que nem a prisão civil do devedor de alimentos é 
considerada execução pessoal, ou seja, não há em nenhum ordenamento até então 
conhecido uma execução que se funde na pessoa do devedor. A prisão civil do 
devedor de alimentos constitui uma forma de execução indireta, que tem como 
objetivo fazer uma pressão psicológica no executado para que satisfaça o crédito do 
exequente. 
 
O princípio da efetividade serve de limite para o princípio da 
responsabilidade patrimonial, ou seja, no processo executivo deve ser estimulado o 
uso das medidas de coerção indiretas, de forma a utilizar a medida mais adequada ao 
caso, respeitando-se a dignidade do devedor. 
 
3.6 - Princípio do Desfecho Único 
 
 
8 Rol restritivo: Abelha Rodrigues, Manua, p. 64. 
Rol exemplificativo: Araken de Assis, Manual, n. 72, p. 330. 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
O único objetivo do processo de execução é a satisfação do direito do 
exequente. Dessa forma, as regras processuais devem ser adequadas a essa 
finalidade, orientando a atividade jurisdicional a chegar a cumprir o objetivo da 
execução. 
 
Esse princípio parte da ideia de que toda execução tem seu fim, ou seja, a 
execução pode chegar ao final pela satisfação do crédito do exequente, ou ter seu fim 
quando for extinta sem resolução de mérito, nos casos do art. 485, CPC. 
 
Art. 924. Extingue-se a execução quando: 
I - a petição inicial for indeferida; 
II - a obrigação for satisfeita; 
III - o executado obtiver, por qualquer outro meio, a 
extinção total da dívida; 
IV - o exequente renunciar ao crédito; 
V - ocorrer a prescrição intercorrente. 
 
Dessa forma, o desfecho único prega que a finalidade do processo de 
execução é a satisfação do crédito do exequente, sendo esta a única tutela 
jurisdicional possível de ser obtida. 
 
3.7 - Princípio do Contraditório 
 
O desenvolvimento do processo pressupõe a participação efetiva e 
adequada dos sujeitos interessados ao longo do procedimento. Atualmente o 
contraditório parte de quatro vertentes: necessidade de informação, direito de ser 
ouvido; participação efetiva; vedação à decisão surpresa e possibilidade de reação. 
 
O princípio do contraditório é um direito inviolável, assegurado não só na 
norma constitucional, mas também na norma infraconstitucional. O procedimento em 
que não se assegure o contraditório não será válido. 
 
No entanto, vale dizer que no processo de execução o contraditório será 
eventual, uma vez que o executado é chamado ao processo para cumprir a obrigação 
e não para se manifestar sobre a pretensão do exequente, ou seja, não ocorre de 
forma tão aprofundada como no processo de conhecimento. 
 
 
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UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
3.8 - Princípio da Menor Onerosidade da Execução 
 
A execução deve se desenvolver de forma menos onerosa possível para o 
executado, ou seja, no pode servir como instrumento de vingança. É um princípio que 
se aplica à todas as execuções, seja de titulo judicial ou extrajudicial, execução direta 
ou indireta e qualquer que seja a prestação (fazer, não-fazer, dar coisa, dar quantia). 
 
Dessa forma, é consagrado na lei que quando houver vários meios de 
satisfazer o direito do credor, o juiz mandará que a execução se faça pelo modo 
menos gravoso ao executado (art. 805, CPC). 
 
Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder 
promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo 
modo menos gravoso para o executado. 
Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida 
executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios 
mais eficazes e menos onerosos, sob pena de 
manutenção dos atos executivos já determinados. 
 
Esse princípio é uma das normas de proteção ao executado, ele norteia a 
escolha do meio executivo pelo juiz, ou seja, ele deve ser usado no sentido de que 
havendo mais de uma forma de execução, deverá ser escolhido o meio menos 
gravoso ao executado. A visão aqui é pela adequação e necessidade do meio, e não 
do resultado que será alcançado. 
 
Ademais, não poderá o executado invocar esse princípio para se eximir do 
cumprimento da obrigação, e muito menos para reduzir o valor da execução. Como já 
dito, esse princípio norteia o meio utilizado para se alcançar o resultado, ou seja, a 
opção deve ser pelo meio menos gravoso, pressupondo que os diversos meios sejam 
igualmente eficazes. 
 
Se em um processo de execução for pleiteado pelo exequente a 
indisponibilidade de todos os bens do executado, por mais gravoso que seja, passa a 
ser ônus do executado mencionar os bens que são suficientes para a execução. 
 
 
14 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
Para o STJ não existe preponderância apriorística da menor onerosidade 
frente a efetividade, ou seja, a análise tem que ser casuística, é o que se extrai do 
REsp 1337790/PR. 
 
PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. 
NOMEAÇÃO DE BENS À PENHORA. PRECATÓRIO. 
DIREITO DE RECUSA DA FAZENDA PÚBLICA. ORDEM 
LEGAL. SÚMULA 406/STJ. ADOÇÃO DOS MESMOS 
FUNDAMENTOS DO RESP 1.090.898/SP 
(REPETITIVO), NO QUAL SE DISCUTIU A QUESTÃO 
DA SUBSTITUIÇÃO DE BENS PENHORADOS. 
PRECEDENTES DO STJ. 1. Cinge-se a controvérsia 
principal a definir se a parte executada, ainda que não 
apresente elementos concretos que justifiquem a 
incidência do princípio da menor onerosidade (art. 620 do 
CPC), possui direito subjetivo à aceitação do bem por ela 
nomeado à penhora em Execução Fiscal, em desacordo 
com a ordem estabelecida nos arts. 11 da Lei 6.830/1980 
e 655 do CPC. 2. Não se configura a ofensa ao art. 535 
do Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de 
origem julgou integralmente a lide e solucionou a 
divergência, tal como lhe foi apresentada. 3. Merece 
acolhida o pleito pelo afastamento da multa nos termos 
do art. 538, parágrafo único, do CPC, uma vez que, na 
interposição dos Embargos de Declaração, a parte 
manifestou a finalidade de provocar o 
prequestionamento. Assim, aplica-se o disposto na 
Súmula 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados 
com notório propósito de prequestionamento não têm 
caráter protelatório". 4. A Primeira Seção do STJ, em 
julgamento de recurso repetitivo, concluiu pela 
possibilidade de a Fazenda Pública recusar a substituição 
do bem penhorado por precatório (REsp 1.090.898/SP, 
Rel. Ministro Castro Meira, DJe 31.8.2009). No 
mencionado precedente, encontra-se como fundamento 
decisório a necessidade de preservar a ordem legal 
conforme instituído nos arts. 11 da Lei 6.830/1980 e 655 
 
15 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
do CPC. 5. A mesma ratio decidendi tem lugar in casu, 
em que se discute a preservação da ordem legal no 
instante da nomeação à penhora. 6. Na esteira da 
Súmula 406/STJ ("A Fazenda Pública pode recusar a 
substituição do bem penhorado
por precatório"), a 
Fazenda Pública pode apresentar recusa ao oferecimento 
de precatório à penhora, além de afirmar a inexistência 
de preponderância, em abstrato, do princípio da menor 
onerosidade para o devedor sobre o da efetividade da 
tutela executiva. Exige-se, para a superação da ordem 
legal prevista no art. 655 do CPC, firme argumentação 
baseada em elementos do caso concreto. Precedentes 
do STJ. 7. Em suma: em princípio, nos termos do art. 9°, 
III, da Lei 6.830/1980, cumpre ao executado nomear bens 
à penhora, observada a ordem legal. É dele o ônus de 
comprovar a imperiosa necessidade de afastá-la, e, para 
que essa providência seja adotada, mostra-se insuficiente 
a mera invocação genérica do art. 620 do CPC. 8. Diante 
dessa orientação, e partindo da premissa fática delineada 
pelo Tribunal a quo, que atestou a "ausência de motivos 
para que (...) se inobservasse a ordem de preferência dos 
artigos 11 da LEF e 655 do CPC, notadamente por nem 
mesmo haver sido alegado pela executada 
impossibilidade de penhorar outros bens (...)" - fl. 149, 
não se pode acolher a pretensão recursal. 9. Recurso 
Especial parcialmente provido apenas para afastar a 
multa do art. 538, parágrafo único, do CPC. Acórdão 
submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da 
Resolução 8/2008 do STJ. 
 
Dessa forma, o princípio da menor onerosidade evita que a execução seja 
abusiva, vedando qualquer comportamento abusivo do credor para satisfação do seu 
crédito. Tem-se aqui a proteção e exaltação do princípio da boa-fé processual (art. 5º, 
CPC), exigindo do credor um comportamento com lealdade e com ética processual. 
 
Por fim, vale salientar que esse princípio tem grande incidência no estudo 
da impenhorabilidade dos bens, bem como sobre a efetividade da execução. Nesse 
 
16 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
sentido, o STJ decidiu que não se pode alegar bem de família quando é produto de ato 
ilícito9. 
 
3.9 - Princípio da Cooperação 
 
É um princípio que é lido conjuntamente com a lealdade, boa-fé 
processual, contraditório e ampla defesa. Parte da premissa expressa no art. 6º, CPC, 
na qual aduz que “todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se 
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. A cooperação dos 
sujeitos tem como finalidade o alcance da tutela jurisdicional efetiva. 
 
Esse princípio também reforça a ideia da ética processual, exaltando o 
diálogo que deve existir entre as partes e com o órgão jurisdicional. 
 
No processo executivo, a lei traz a utilização desse princípio por ambas as 
partes. 
 
1º) O executado tem o dever de indicar bens à penhora (art. 774, V, CPC); 
2º) Quando o executado impugna o valor da execução deve apresentar o 
valor devido (art. 525, §4º, CPC); 
3º) Deve o juiz advertir o executado antes de puni-lo (art. 772, II, CPC); 
4º) Antes de conhecer da prescrição, deve o juiz dar oportunidade do 
exequente manifestar-se (art. 10; art. 487, parágrafo único; art. 921, §1º, CPC). 
 
Dessa forma, esse princípio deriva do próprio modelo processual adotado 
pelo Código de Processo Civil de 2015, ou seja, modelo comparticipativo/cooperativo 
de processo. 
 
3.10 - Princípio da Proporcionalidade 
 
Alguns princípios aqui trabalhados se chocam dentro do processo de 
execução. É comum vermos a afirmação de que o princípio da efetividade se choca 
com o princípio da dignidade da pessoa humana, que costuma ser invocado para a 
proteção do executado (embora também possa ser usado para a proteção do 
exequente). 
 
9 REsp 1091236/RJ. 
 
 
17 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 
Esse princípio está positivado no art. 8º, CPC que prevê a necessidade do 
juiz observar a proporcionalidade e razoabilidade ao aplicar o ordenamento jurídico, 
sendo, portanto, aplicável e respeitado no processo de execução. 
 
Esse princípio influenciou a doutrina e a jurisprudência a considerarem a 
ordem de nomeação de bens disposta no art. 83510 relativa, ou seja, será observado 
sempre o caso concreto, devendo ser relativizada em prol do exequente e também do 
executado. 
 
 
10Art. 835. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem: 
I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira; 
II - títulos da dívida pública da União, dos Estados e do Distrito Federal com cotação em mercado; 
III - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado; 
IV - veículos de via terrestre; 
V - bens imóveis; 
VI - bens móveis em geral; 
VII - semoventes; 
VIII - navios e aeronaves; 
IX - ações e quotas de sociedades simples e empresárias; 
X - percentual do faturamento de empresa devedora; 
XI - pedras e metais preciosos; 
XII - direitos aquisitivos derivados de promessa de compra e venda e de alienação fiduciária em 
garantia; 
XIII - outros direitos. 
§ 1o É prioritária a penhora em dinheiro, podendo o juiz, nas demais hipóteses, alterar a ordem prevista 
no caput de acordo com as circunstâncias do caso concreto. 
§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia 
judicial, desde que em valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento. 
§ 3o Na execução de crédito com garantia real, a penhora recairá sobre a coisa dada em garantia, e, se a 
coisa pertencer a terceiro garantidor, este também será intimado da penhora. 
Art. 836. Não se levará a efeito a penhora quando ficar evidente que o produto da execução dos bens 
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução. 
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis, independentemente de determinação judicial expressa, o 
oficial de justiça descreverá na certidão os bens que guarnecem a residência ou o estabelecimento do 
executado, quando este for pessoa jurídica. 
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante legal será nomeado depositário provisório de 
tais bens até ulterior determinação do juiz. 
 
 
18 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
3.11 - Princípio da Adequação 
 
Esse princípio orienta o processo de execução afirmando que o meio 
empregado para a satisfação do crédito do exequente deve se adequado/compatível 
com a natureza da prestação. 
 
Exemplo: a prisão civil do devedor de alimentos se mostra adequada a 
prestação, uma vez que o direito aos alimentos pressupõe uma medida executiva 
coercitivamente mais forte. 
 
No entanto, merece aqui ser ressaltado o caso do WhatsApp, em que no 
ano de 2015, no Brasil, alguns juízes penais determinaram a suspensão do aplicativo 
em todo o território nacional, até que fossem fornecidas algumas informações 
solicitadas pelo magistrado. As decisões foram revistas, mas restou claro a 
desproporção da medida no caso concreto, uma vez que milhões de pessoas foram 
afetadas pela decisão sem terem contribuído minimamente para o desrespeito do 
comando judicial. Lembrando que a medida foi aplicada com base no art. 3º, CPP, 
uma vez que o ordenamento jurídico admite a aplicação do direito processual civil para 
a solução de questões penais. 
 
3.12 - Princípio da Disponibilidade da Execução 
 
O exequente pode dispor da execução (art. 775 e art. 513, CPC), ou seja, 
pode o exequente desistir total ou parcialmente do processo de execução, ainda que o 
direito material subjacente seja indisponível. 
 
Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a 
execução ou de apenas alguma medida executiva. 
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-
se-á o seguinte: 
I - serão extintos a impugnação e os embargos que 
versarem apenas sobre questões processuais, pagando o 
exequente as custas processuais e os honorários 
advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da 
concordância do impugnante ou do embargante. 
 
 
19 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
A ideia desse princípio é que o exequente pode desistir de todo o processo 
executivo, bem como de algum ato executivo, independentemente do consentimento 
do executado. No entanto, caso o executado tenha apresentado defesa (impugnação 
ao cumprimento de sentença ou embargos à execução) que tenha como objeto 
questões relacionadas à relação jurídica material (mérito da execução), o exequente 
para desistir da demanda dependerá da concordância do executado (art. 775, 
parágrafo único, II, CPC). 
 
Se a desistência for de algum ato executivo, o exequente não precisará da 
anuência do executado. 
 
Dessa forma, manifestada a desistência haverá a extinção da execução. 
Cabendo ao exequente arcar com as custas processuais e honorários advocatícios 
(art. 90 e art. 775, I, CPC)11. 
 
Por fim, cabe mencionar que a regra acima tratada refere-se ao processo 
de execução individual, pois se for execução de sentença coletiva, vigora o princípio 
da indisponibilidade, ou seja, se o legitimado que obteve a sentença coletiva não 
executá-la, caberá ao Ministério Público ou a outro legitimado coletivo propor a 
execução. 
 
3.13 - Responsabilidade Objetiva do Exequente 
 
 
11Art. 90. Proferida sentença com fundamento em desistência, em renúncia ou em 
reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que 
desistiu, renunciou ou reconheceu. 
§ 1o Sendo parcial a desistência, a renúncia ou o reconhecimento, a responsabilidade 
pelas despesas e pelos honorários será proporcional à parcela reconhecida, à qual se 
renunciou ou da qual se desistiu. 
§ 2o Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas 
serão divididas igualmente. 
§ 3o Se a transação ocorrer antes da sentença, as partes ficam dispensadas do 
pagamento das custas processuais remanescentes, se houver. 
§ 4o Se o réu reconhecer a procedência do pedido e, simultaneamente, cumprir 
integralmente a prestação reconhecida, os honorários serão reduzidos pela metade. 
 
 
20 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
Esse princípio traz a afirmação de que o exequente responderá 
objetivamente pelos danos causados ao executado, independentemente de culpa. A 
regra foi consagrada no art. 520, I, CPC e art. 776, CPC. A responsabilidade aqui não 
deriva de um ato ilícito, mas sim de um ato-fato lícito processual, ou seja, se houver 
dano deverá ser indenizado. 
 
3.14 - Princípio da Atipicidade dos meios executivos 
 
 A atipicidade dos meios executivos significa dizer que existe um rol 
exemplificativo dos meios executórios aplicáveis na execução, ou seja, há um espaço 
para a criatividade jurisdicional, sempre tendo como diretriz a satisfação da pretensão 
do exequente, é o que preceitua o art. 536, §1º, CPC. 
 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a 
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz 
poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da 
tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado 
prático equivalente, determinar as medidas necessárias à 
satisfação do exequente. 
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá 
determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, 
a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o 
desfazimento de obras e o impedimento de atividade 
nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de 
força policial. 
 
 Dentro dessa linha de raciocínio, podemos citar o art. 139, IV, CPC que se 
refere ao poder geral de cautela do juiz, e o dispositivo em comento se aplica a 
qualquer atividade executiva, seja fundada em título judicial (provisória ou definitiva), 
seja de titulo extrajudicial, seja para efetivar prestação pecuniária, seja para efetivar 
prestação de fazer, não fazer ou dar coisa distinta de dinheiro. É um dispositivo com 
ampla incidência, mas que deve ser interpretado com cautela. 
 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as 
disposições deste Código, incumbindo-lhe: 
(...) 
 
21 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, 
mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para 
assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas 
ações que tenham por objeto prestação pecuniária; 
 
 Há autores que sustentam a existência do princípio da tipicidade dos meios 
executórios na execução por título executivo extrajudicial. (art. 824 e 825, CPC). Essa 
tipicidade, segundo esses autores, só será aplicável na execução por quantia certa12.– 
sustenta a tipicidade na execução por quantia certa quando for de título extrajudicial. 
 
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela 
expropriação de bens do executado, ressalvadas as 
execuções especiais. 
 
Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou 
de estabelecimentos e de outros bens. 
 
 Pelo que se percebe o juiz poderá determinar as medidas mandamentais, 
indutivas e coercitivas para que a execução seja cumprida, aqui também tem a ideia 
dos meios de execução indireta do comando judicial. 
 
4 - FORMAÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO 
 
 Segundo Fredie Didier “entende-se por procedimento executivo o conjunto 
de atos praticados no sentido de alcançar a tutela jurisdicional executiva, isto é, a 
efetivação/satisfação da prestação devida, seja ela uma prestação de fazer, de não 
fazer, de pagar quantia ou de dar coisa distinta de dinheiro”. 
 
 Em nosso ordenamento possuímos dois modelos de execução, e esses 
são relativos aos procedimentos: Modelo autônomo (processo autônomo) e modelo 
sincrético (processo sincrético). A depender da natureza da obrigação certificada no 
título, bem como na classificação se for título executivo judicial ou extrajudicial, é 
possível que o legislador estabeleça especificidades de atos a serem praticados. 
 
12 Argumento de José Miguel Garcia Medina. 
 
22 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 
4.1 - Demanda Executiva 
 
 O intuito da atividade executiva (demanda executiva) tem como objetivo 
satisfazer dever jurídico certificado em título judicial ou em título extrajudicial. A 
demanda fundada em título judicial pode ser iniciada por provocação da parte 
interessada ou de ofício pelo juiz, sendo por meio do processo sincrético na forma de 
cumprimento de sentença. A demanda fundada em título extrajudicial sempre será 
iniciada por provocação da parte interessada, e será por meio do processo autônomo 
de execução. 
 
 Nos casos em que a demanda executiva for por processo autônomo, será 
iniciada por meio da petição inicial, devendo obedecer os requisitos formais. No caso 
de cumprimento de sentença, a fase executiva será iniciada por simples petição. 
 
 A demanda executiva possui elementos objetivos e subjetivos. Os 
objetivos são a causa de pedir e pedido, e o subjetivo são as partes. 
 
 
4.1.1 - Elementos objetivos 
 
Causa de pedir: Como em toda e qualquer demanda, é necessário que a parte 
exponha sua pretensão, expondo os motivos de sua pretensão executiva. A causa de 
pedir deve conter a afirmação da existência de um direito à efetivação do direito 
(prestação certa, líquida e exigível), provada por meio de um título judicial ou 
extrajudicial, e a existência do inadimplemento por parte do executado (devedor). 
 
Pedido: O pedido abrange o objeto mediato e o objeto imediato. O pedido imediato 
refere-se à pretensão do exequente, a obtenção das providências executivas por parte 
do órgão jurisdicional. E o pedido mediato refere-se
ao bem da vida que se pretende 
alcançar, seja o pagamento de uma quantia, o cumprimento de uma obrigação de 
fazer, não fazer, etc. Além disso, o pedido deve ser expresso, ou seja, deve o 
exequente indicar com precisão a qualidade e quantidade do objeto da prestação 
exequenda. 
 
 
23 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 Há possibilidades de o pedido ser alternativo, é o que ocorre na demanda 
executiva fundada em obrigação alternativa (art. 800, CPC). E aqui a alternatividade 
poderá ser de coisa e fato, quantia e coisa ou quantia e fato. 
 
 No caso de cumulação de demandas executivas contra o mesmo devedor, 
ainda que fundadas em títulos diferentes, devem ser observadas algumas regras, tais 
como competência do juízo e identidade no procedimento (art. 780, CPC), o que muito 
se aproxima do disposto no art. 327, CPC (estudado na fase do processo de 
conhecimento). Dessa forma, a cumulação de demandas exige: identidade de partes, 
juízo competente para apreciar as demandas executivas cumuladas e que o 
procedimento executivo seja idêntico. 
 
Art. 780. O exequente pode cumular várias execuções, 
ainda que fundadas em títulos diferentes, quando o 
executado for o mesmo e desde que para todas elas seja 
competente o mesmo juízo e idêntico o procedimento. 
 
Além disso, também devem ser analisados os pressupostos objetivos para 
o processo de execução, uma vez que se relacionam com a forma procedimental e 
com a ausência de fatos que impeçam a regular formação do processo, tais como 
forma procedimental adequada, inexistência de litispendência, coisa julga e petição 
apta, ou seja, petição que tenha preenchido os requisitos de validade. 
 
4.1.2 - Elementos Subjetivos 
 
 O elemento subjetivo da demanda refere-se as partes do processo, e aqui 
as tratamos como exequente e executado, ou seja, credor e devedor do objeto da 
prestação exequenda. Mas a relação jurídica processual executiva é formada, ao 
menos, por três sujeitos: juiz, demandante e demandado. 
 
 O demandante e o demandado figurarão no polo ativo e passivo 
respectivamente, e para tanto há de ser feita a análise sobre a legitimidade de cada 
um. 
 
 No polo ativo, a legitimidade poderá ser ordinária originária, ordinária 
superveniente ou extraordinária. Será ordinária originária quando o demandante for o 
próprio credor do titulo executivo, ou seja, estará em juízo em nome próprio por direito 
 
24 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
próprio (art. 778, caput, CPC). A legitimidade ordinária superveniente ocorrerá quando 
o demandante atua em nome próprio e por seu interesse, mas sua legitimidade surgiu 
após a origem do título, é o que ocorre nos casos de cessão de direitos (art; 778, §1º, 
CPC). A legitimidade extraordinária, em que o demandante atua em nome próprio 
pleiteando direito alheio, é o exemplo em que o Ministério Público atua como substituto 
do credor (art. 778, §1º, I, CPC). 
 
 Mas aqui é importante lembrar que a legitimidade para a causa não se 
confunde com a legitimidade para o processo (legitimatio ad processum). A 
legitimidade para o processo é a capacidade de estar em juízo, isto é, para praticar e 
receber atos processuais. Exemplo clássico para diferenciação entre essas duas 
espécies de legitimidade é sobre o menor de 16 anos (art. 3º CC), que tem 
legitimidade ad causam para propor a execução, mas não tem a legitimidade ad 
processum por não ter capacidade de estar em juízo, exigindo a lei que este seja 
representado para a prática de atos da vida civil. 
 
 O citado art. 778, CPC trata da legitimidade ad causam ativa para o 
processo de execução, exigindo a lei que este seja promovido pelo credor ou pelas 
pessoas legitimadas13. Se não for caso de legitimação extraordinária ou sucessiva, 
deverá o juiz extinguir o processo de execução, por ilegitimidade ativa ad causam. 
 
Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a 
quem a lei confere título executivo. 
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela 
prosseguir, em sucessão ao exequente originário: 
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, 
sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito 
resultante do título executivo; 
 
13Destaque-se que, segundo a teoria da asserção, o que importa é que o credor afirme possuir direito de 
crédito – ou estar autorizado por lei a postular direito de outrem em nome próprio – consubstanciado em 
título executivo em face do devedor ou dos demais sujeitos indicados no art. 779. (...) Ressalve-se por fim 
que, conforme a teoria da exposição, as partes somente seriam legítimas nas situações narradas 
se provassem sua pertinência subjetiva com o direito material. Assim, não bastaria a alegação; a 
legitimidade ad causam somente poderia ser verificada com a análise do título executivo.” 
 
 
25 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
III - o cessionário, quando o direito resultante do título 
executivo lhe for transferido por ato entre vivos; 
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou 
convencional. 
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de 
consentimento do executado. 
 
Credor a quem a lei confere título executivo: É a legitimidade atribuída a quem 
figura no titulo executivo como credor. E aqui o termo “credor” engloba qualquer tipo 
de obrigação, seja de pagar, fazer, não fazer, entregar coisa distinta de dinheiro. Há 
casos em que a própria lei confere legitimidade a quem não conste no título, é o 
exemplo do advogado que pode executar a sentença na qual tenha sido fixado seus 
honorários (art. 23, Lei 8.906/94). 
 
Legitimidade do Ministério Público: O Ministério Público poderá promover demanda 
executiva nos casos previstos em lei – art. 778, §1º, I, CPC – podendo ser legitimado 
ordinário originário (casos em que também figure como credor no titulo executivo), 
onde estará agindo em nome próprio um interesse próprio; poderá ser legitimado 
extraordinário, agindo em nome próprio defendendo direito alheio, é o que acontece 
quando executa um Termo de Ajustamento de Conduta, bem como execução de 
sentenças de direitos difuso ou coletivo (art. 3º da Lei 7.347/1985), sentenças de ação 
por ato de improbidade administrativa (art. 17 da Lei 8.429/1992) e execução de 
sentença penal condenatória quando o credor for pobre (art. 68, CPP). 
 
 Cabe salientar que no Informativo 592 do STJ (REsp 888.081/MG), foi 
reconhecida a inconstitucionalidade progressiva do art. 68, CPP, afirmando que 
nesses casos a Defensoria Pública deverá ser intimada para que, sendo o caso, 
assuma o polo ativo da demanda. Ou seja, o Ministério Público só atua enquanto não 
criada a Defensoria Pública. 
 
 Nas ações coletivas o Ministério Público tem legitimidade ativa para a 
execução, no entanto, as regras são diferentes14. 
 
Legitimidade do espólio, herdeiros e sucessores: Aqui refere-se a legitimação 
ordinária superveniente em razão da sucessão causa mortis, tendo legitimidade o 
 
14 Remetemos o leitor ao estudo do processo civil coletivo. 
 
26 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
espólio, os herdeiros e os sucessores para dar inicio à atividade executiva ou assumir 
o polo ativo no lugar do falecido, em sucessão processual. Se o falecimento do 
legitimado ordinário originário ocorrer antes de iniciada a demanda executiva, basta 
que os sucessores demonstrem com provas suficientes a sua legitimidade. Se a 
demanda já estiver em curso no momento do falecimento, deverá ser feita a 
habilitação dos sucessores (art. 687 a 692, CPC), de forma incidental e o processo 
principal ficará suspenso até a sua resolução. 
 
Legitimidade do cessionário e do
sub-rogado: Alguns direitos podem ser objeto de 
cessão. E quando isso acontece o crédito do credor originário é cedido para um 
terceiro, que passa a ter legitimidade superveniente para executar o titulo. Dessa 
forma, para provar a sua legitimidade o cessionário deverá provar nos autos o 
instrumento da cessão de crédito. Nas hipóteses de sub-rogação legal ou 
convencional também poderá o sub-rogado ter legitimidade para promover a demanda 
executiva. Não existe uma obrigatoriedade do novo credor (tanto na cessão como na 
sub-rogação) assumir o polo ativo da demanda executiva, podendo aguardar o fim da 
demanda para depois cobrar do antigo credor, e então, nesse caso, o antigo credor 
passa a ter legitimidade extraordinária (atua em nome próprio defendendo direito que 
não mais lhe pertence). 
 
 No polo passivo também poderá ocorrer legitimidade ordinária originária, 
ordinária superveniente e extraordinária (art. 779, I, II, III, IV, V e VI, CPC). 
 
Art. 779. A execução pode ser promovida contra: 
I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo; 
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor; 
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento 
do credor, a obrigação resultante do título executivo; 
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial; 
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia 
real ao pagamento do débito; 
VI - o responsável tributário, assim definido em lei. 
 
Sujeito que figura no título como devedor: Devedor é aquele apontado no titulo 
executivo como tal, ou seja, é aquele que está obrigado a solver a obrigação. Dessa 
forma, este terá legitimidade passiva ordinária primária para participar da demanda. 
São considerados devedores para fins de legitimidade passiva na execução: o 
 
27 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
devedor constante no título, o avalista, o fiador convencional, o endossante (podendo 
haver entre eles litisconsórcio passivo facultativo). 
 
Legitimidade passiva do espólio, herdeiros e sucessores: Aqui trata-se da 
legitimidade ordinária superveniente pela morte do devedor originário, devendo 
também observar as regras do art. 687 a 692, CPC. Há de ressaltar que o direito 
material traça a regra de que os herdeiros e sucessores só respondem pelas dívidas 
do falecido nos limites da herança, por força do benefício do inventário, que exclui a 
responsabilidade civil do espólio, herdeiro e sucessores além da herança. 
 
Responsabilidade do espólio na execução de título 
extrajudicial- “Recurso especial. 1. Ação de execução. 
Dívida contraída pelo autor da herança. Penhora 
diretamente sobre bens do espólio. Possibilidade. 1. 
Decorre do art. 597 do CPC36 que o espólio responde 
pelas dívidas do falecido, determinação também contida 
no art. 1.997 do CC, sendo induvidoso, portanto, que o 
patrimônio deixado pelo de cujus suportará esse encargo 
até o momento em que for realizada a partilha, quando 
então cada herdeiro responderá dentro das forças do que 
vier a receber. Em se tratando de dívida que foi contraída 
pessoalmente pelo autor da herança, pode a penhora 
ocorrer diretamente sobre os bens do espólio e não no 
rosto dos autos, na forma do que dispõe o art. 674 do 
CPC, o qual só terá aplicação na hipótese em que o 
devedor for um dos herdeiros. 2. Recurso especial 
provido” (STJ, REsp 1.318.506/RS, Rel. Min. Marco 
Aurelio Bellizze, j. 18.11.2014). 
 
Novo devedor: Aqui refere-se a legitimidade ordinária superveniente por ato inter 
vivos, ou seja, é a famosa assunção de dívida ou cessão de débito, que se dá pela 
transferência da dívida a um novo sujeito. Para que isso ocorra é necessária a 
concordância do credor, uma vez que há modificação do patrimônio que responderá 
pela dívida, bem como evita a ocorrência de fraude (art. 299, CC)15 
 
 
15Art. 292 do Código Civil. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga 
ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe 
apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, 
prevalecerá a prioridade da notificação. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788597015232/epub/OEBPS/Text/pt04ch01.html#fn36
 
28 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 Além disso, existe para a formação do processo executivo há exigência da 
presença do pressuposto processual de interesse de agir, que se evidencia pela 
exigibilidade do crédito exequendo, ou, pela adequação da via eleita, quando se exige 
a indicação de título judicial ou extrajudicial tipificado em lei. Ademais, o título 
executivo constitui pressuposto processual, e a sua ausência gera a consequência de 
extinção do processo executivo. 
 
Fiador: Aqui refere-se a legitimidade passiva do fiador constante no título executivo 
extrajudicial, consagrando a hipótese do fiador convencional, tendo como objeto a 
execução do contrato principal e não do contrato de garantia acessório. No entanto, tal 
hipótese não afasta a posição já consolidada na doutrina sobre a possibilidade de 
execução baseada em um título executivo judicial. Em qualquer das hipóteses, o fiador 
poderá se valer do benefício de ordem indicando à penhora de bens do devedor antes 
que seus próprios bens sejam objeto de constrição judicial (art. 794, caput, CPC). 
Contudo, no caso do fiador convencional, o benefício de ordem só poderá ser 
invocado se o fiador tiver participado do processo de formação do título executivo 
extrajudicial. O CPC ainda permite que se o pagamento ocorrer por parte do fiador, 
este poderá executar o afiançado no mesmo processo (art. 794, §2º)16. 
 
Responsável titular do bem vinculado por garantia real ao pagamento do débito: 
Sabe-se que o adimplemento das obrigações pode ser garantido por meio dos direitos 
reais de garantia, quais sejam, hipoteca, penhor , anticrese e alienação fiduciária em 
garantia (arts. 1419 a 1430, CC e DL 911/1969 e Lei 9.514/1997). Em razão disso, o 
terceiro que prestou a garantia real, não é devedor, contudo, terá legitimidade passiva 
para a execução, conforme art. 779, V, CPC. 
 
Responsável Tributário: Aqui refere-se à uma responsabilidade secundária, ou seja, 
é um sujeito que não é o contribuinte, mas que tem a obrigação de satisfazer a dívida 
em decorrência de disposição expressa na lei (121, parágrafo único, II, CTN). 
 
Responsabilidade envolvendo direito de superfície: Trata-se de previsão do art. 
791, CPC17, na qual individualiza a tutela executiva quando recair sobre bens 
 
16 STJ, 4ª Turma, AgRg no AgRg no AREsp 174.654/RS, rel. Min. Raul Araújo, j. 3.6.2014 Dje. 
20.6.2014. 
17Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário de terreno 
submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida, exclusivamente, 
o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição 
 
29 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
gravados no direito real de superfície. A regra da lei é que se a execução for 
promovida em face do proprietário, apensas nesta medida poder-se-á praticar atos de 
constrição, não sendo motivo de desconstituição do direito real de superfície. Quando 
o executado for o superficiário, apenas a construção ou plantação estará sujeita à 
satisfação do crédito. 
 
 
Intervenção de Terceiro na execução 
 
 Além disso, importante aqui mencionar sobre a possibilidade de 
intervenção de terceiros no processo de execução, podendo serem intervenções 
típicas e atípicas. Não irei aqui esgotar o tema, mas consigno que a denunciação da 
lide não é compatível com o processo de execução, uma vez que sua natureza é
de 
ação regressiva, tendo característica de ação de conhecimento (art. 126, CPC). 
 
 O instituto do chamamento ao processo também não é compatível com o 
processo de execução, eis que a ideia aqui é que o juiz declare em uma mesma 
sentença a responsabilidade dos obrigados, e na execução não há declaração de 
responsabilidade, apenas haverá a busca pela satisfação do crédito. 
 
 Sobre o cabimento da assistência no processo de execução, a doutrina 
majoritária sustenta que deve haver uma interpretação extensiva do art. 119, parágrafo 
único, CPC, sendo possível na execução independentemente do ingresso de 
embargos à execução. É o exemplo do fiador, que é autorizado por lei a intervir na 
execução promovida ao afiançado em caso de demora pelo exequente (art. 834, CC), 
sendo certo que o fiador assiste o credor porque o resultado positivo da execução lhe 
 
exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a plantação, no segundo 
caso. 
§ 1o Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente na matrícula do 
imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o gravame, 
devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o terreno, a construção ou a plantação, de 
modo a assegurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas 
obrigações que a eles estão vinculadas. 
§ 2o Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de uso especial para fins 
de moradia e à concessão de direito real de uso. 
 
 
30 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
interessa, visto que uma vez extinta a obrigação principal, consequentemente a 
relação acessória da garantia também é extinta. 
 
 O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será cabível em 
todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na 
execução de título executivo extrajudicial, é o que se extrai da redação do art. 134, 
CPC18. 
 
 Sobre a intervenção do amicus curie no processo de execução, ainda há 
divergência doutrinária sobre o tema, uma vez que pode ocorrer em uma execução 
coletiva surja uma questão processual complexa que haverá especificidade e 
repercussão social19. 
 
 As intervenções atípicas referem-se as demais hipóteses não 
especificadas no CPC, sendo certo que no ordenamento jurídico existem outras 
formas de intervenção que podem ocorrem no processo de execução e no 
cumprimento de sentença. E aqui as referências são de fácil identificação, como por 
exemplo, no caso de adjudicação (art. 876, §§5º e 7º), na alienação do bem realizada 
pelo próprio exequente ou por corretor especializado (art. 880), alienação no leilão 
judicial por arrematação, que normalmente ocorre por quem não é o exequente. E, por 
fim, a intervenção anômala por parte dos credores para discussão do direito de 
preferência. 
 
 
18Desconsideração da personalidade jurídica e a questão do bem de família:“[...] A proteção legal 
conferida ao bem de família pela Lei nº 8.009/1990, consectária da guarida constitucional e 
internacional do direito à moradia, não tem como destinatária apenas a pessoa do devedor. Protege-se 
também sua família, quanto ao fundamental direito à vida digna. Assim, a determinação judicial de que, 
mediante desconsideração da personalidade jurídica da empresa falida, fossem arrecadados bens 
protegidos pela Lei nº 8.009/1990 traduz-se em responsabilização não apenas dos sócios pelo insucesso 
da empresa, mas da própria entidade familiar, que deve contar com especial proteção do Estado por 
imperativo constitucional (art. 226, caput). 2. A desconsideração da personalidade jurídica, por si só, 
não afasta a impenhorabilidade do bem de família, salvo se os atos que ensejaram a disregard também se 
ajustarem às exceções legais. Essas devem ser interpretadas restritivamente, não se podendo, por 
analogia ou esforço hermenêutico, apanhar situações não previstas em lei, de modo a superar a proteção 
conferida à entidade familiar” (REsp 1.433.636/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, p. 
15.10.2014). 
 
19 Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil – Volume único/ Daniel 
Amorim Assumpção Neves – 9. ed. – Salvador: Ed. JusPodivm, 2017, p. 1093. 
 
31 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
4.2 - Competência 
 
A regra de competência em sede executiva será diferenciada de acordo 
com o objeto da execução, sendo uma referente ao processo de execução de títulos 
executivos judiciais e outra referente ao processo de execução de títulos executivos 
extrajudiciais. 
 
Competência nas execuções fundadas em títulos executivos judiciais 
 
A competência na execução iniciada por meio do cumprimento de 
sentença, tem regras de fixação dispostas no art. 516, CPC. Quando o processo de 
conhecimento for de competência originária de tribunal (como se dá, por exemplo, 
quando proposta “ação rescisória”), será competente (por aplicação do critério 
funcional de fixação da competência interna) para a execução o próprio tribunal (art. 
516, I). Esta é regra aplicável a todos os tribunais, inclusive aos Tribunais Superiores e 
ao Supremo Tribunal Federal, nos casos de sua competência originária. Pois nessas 
hipóteses será preciso verificar, no Regimento Interno do Tribunal, a quem compete 
atuar como juiz da execução. 
 
Assim, por exemplo, no Supremo Tribunal Federal, a competência 
executiva é sempre do relator do processo de conhecimento (arts. 21, II, e 341 do 
RISTF). Já no Superior Tribunal de Justiça, a competência executiva é do Presidente 
da Corte quando é sua a decisão exequenda, e também quando tal decisão for do 
Plenário ou da Corte Especial (art. 301, I e II, do RISTJ); do Presidente do órgão 
fracionário (Seção ou Turma), quanto às suas decisões monocráticas ou às decisões 
dos órgãos que presidem (art. 302, I e II, do RISTJ); ou do relator, quanto às suas 
decisões acautelatórias ou de instrução e direção do processo (art. 302, III, do RISTJ). 
 
Nas hipóteses em que o processo de conhecimento (fase cognitiva do 
processo sincrético) tiver tramitado originariamente pelo juízo de primeira instância, 
será do mesmo órgão jurisdicional a competência funcional para a execução (art. 516, 
II), existindo, também, a possibilidade de promover a cisão da execução, nas regras 
estabelecidas no art. 516, parágrafo único. 
 
E, nos casos de execução de sentença penal condenatória de sentença 
arbitral ou de sentença estrangeira homologada pelo STJ, a competência será pelas 
regras gerais determinadas na competência interna (art. 516, III e arts. 42 a 66 e art. 
 
32 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
109, X, CRFB/88). Contudo, apesar das regras especificas, poderá o exequente optar 
por promover a execução nas regras gerais, quais sejam, foro do domicílio atual do 
executado, no lugar onde se encontrem os bens sujeitos à execução ou no lugar onde 
deve ser cumprida a obrigação de fazer ou não fazer (art. 516, parágrafo único). 
 
Competência nas execuções fundadas em títulos executivos extrajudiciais 
 
Já no que diz respeito à competência para a execução fundada em título 
extrajudicial, o regime é diferente. A regra geral é a da fixação da competência pelos 
critérios gerais de determinação da competência interna (art. 781, caput), sendo a 
matéria tratada pelos arts. 42 a 66. 
 
Nesse sentido, a execução poderá ser proposta no foro do domicílio do 
executado, no foro de eleição constante do título ou no lugar onde situados os bens a 
ela sujeitos (art. 781, I); tendo mais de
um domicílio o executado, a execução poderá 
ser em qualquer um deles (art. 781, II); sendo o domicílio do executado incerto ou 
desconhecido poderá se proposta no lugar onde for encontrado ou no foro do domicilio 
do exequente (art. 781, III); havendo mais de um executado com diferentes domicílios, 
a execução poderá ser feita em qualquer um dos endereços, ficando a cargo do 
exequente a opção de escolha (art. 781, IV); a execução poder ser sempre proposta 
no foro onde se praticou o ato ou em que ocorreu o fato que originou o título (art. 781, 
V). 
 
Contudo, apesar das regras atinentes à competência, o art. 68, CPC 
preconiza que os juízos poderão formular entre si pedido de cooperação para a prática 
de qualquer ato processual, e essa cooperação pode ocorrer no plano internacional ou 
no âmbito nacional, podendo ser feita por auxílio direto ou por carta de ordem ou 
precatórias ou rogatórias. (arts. 28, 34, 36, 69, CPC). 
 
Assim, para facilitar nossa fixação, o quadro abaixo demonstra as regras 
de competência nos processos de execução, no qual o exequente poderá propor a 
ação em qualquer dos seguintes foros. 
 
REGRAS GERAIS 
a) de domicílio do executado; 
 
33 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
b) de eleição 
c) de situação dos bens sujeitos à execução; 
d) do lugar em que se praticou o ato ou em que ocorreu o fato 
que deu origem ao título, mesmo que nele não resida o 
executado 
ESPECIFICIDADES 
a. devedor com mais de um domicílio: a ação pode ser proposta 
em qualquer deles; 
b. devedor com domicílio incerto: a ação pode ser proposta no 
local em que ele for encontrado ou do domicílio do exequente; 
c. pluralidade de devedores com domicílios distintos: o 
exequente pode escolher o foro de domicílio de qualquer um 
deles. 
 
 
Conflito de Competência no processo de execução 
 
 Assim como ocorre no processo de conhecimento, pode ser que ocorra 
conflito de competência em relação aos processos executivos. O conflito de 
competência ocorre quando dois ou mais juízes se dizem competentes para 
apreciação da causa. E ocorrendo isso, aplica-se o art. 771, CPC, no qual remete à 
aplicação das regras relativas ao processo de conhecimento. 
 
 Nesse sentido, vale a leitura da jurisprudência temática: 
 
“Conflito de competência. Processo civil. Execução de 
sentença proferida pela Justiça Estadual. Art. 575, II, do 
CPC. Intervenção da União no feito. Deslocamento da 
competência para a Justiça Federal. 
Estatui o art. 575, II, do CPC que a competência para 
conhecer de execução fundada em título judicial é do 
Juízo que decidiu a causa no primeiro grau de jurisdição. 
2. Todavia, depreende-se que a intervenção da União no 
feito executivo, como sucessora processual da extinta 
RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A), enseja o 
 
34 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
deslocamento da competência para a Justiça Federal 
(art. 109, I, da Constituição da República). 3. Conflito 
conhecido para declarar a competência do Juízo Federal 
da 3ª Vara e Juizado Especial Previdenciário de Santo 
Ângelo – SJ/RS, o suscitante” (STJ, CC 54.762/RS, 1ª 
Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 
14.03.2007, DJU 09.04.2007, p. 219). 
 
“Conflito negativo de competência. Execução. Carta 
precatória. Embargos de terceiro. 
1. O pedido de retenção por benfeitorias contém 
discussão ampla, envolvendo a própria ordem, do Juízo 
deprecante, de apreensão do bem, ao final, adjudicado. 
Embora o Juízo deprecado tenha praticado atos 
decisórios, a determinação quanto à constrição do bem, 
sobre o qual se pretende a retenção por benfeitorias, 
partiu do Juízo deprecante, suscitante. Nessa hipótese, a 
análise de questões relativas à retenção de benfeitorias 
no imóvel adjudicado compete ao Juízo deprecante, 
mormente porque o Juiz Estadual, ao cumprir carta 
precatória expedida por Juiz Federal, não age investido 
de jurisdição federal. 2. Conflito conhecido para declarar 
competente o Juízo Federal da 1ª Vara de Criciúma – 
SJ/SC” (STJ, CC 54.682/SC, 2ª Seção, Rel. Min. Carlos 
Alberto Menezes Direito, j. 22.11.2006, DJU 01.02.2007, 
p. 390). 
 
4.3 - Petição Inicial 
 
4.3.1 - Conceito 
 
 Conceitualmente, petição inicial é o instrumento da demanda, ou seja, 
documento formal que materializa a pretensão autoral frente ao Poder Judiciário, 
devendo ser composta por algumas regras e formalidades previstas em lei. 
 
 O procedimento executivo nem sempre será iniciado por uma petição 
inicial, na realidade, a exigência dessa peça é específica do processo autônomo de 
execução, ou seja, nos casos de execução de títulos executivos extrajudiciais o 
processo será iniciado por meio de petição inicial que deverá conter todos os 
requisitos de validade de uma petição inicial. 
 
35 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
 
 Nos casos de cumprimento de sentença, meio pelo qual se deflagra a 
execução de títulos executivos judiciais, não é necessária uma petição inicial, mas sim 
uma petição que exponha, de maneira clara e objetiva, sobre as partes, a causa de 
pedir e o pedido. 
 
4.3.2 - Requisitos de validade 
 
 A petição inicial para dar início ao processo autônomo de execução deve 
observar alguns requisitos de validade, aplicando-se as disposições dos arts. 319 e 
320, CPC, bem como os requisitos específicos do art. 798, CPC. 
 
Art. 798. Ao propor a execução, incumbe ao exequente: 
I - instruir a petição inicial com: 
a) o título executivo extrajudicial; 
b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de 
propositura da ação, quando se tratar de execução por 
quantia certa; 
c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o 
termo, se for o caso; 
d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a 
contraprestação que lhe corresponde ou que lhe 
assegura o cumprimento, se o executado não for 
obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a 
contraprestação do exequente; 
II - indicar: 
a) a espécie de execução de sua preferência, quando por 
mais de um modo puder ser realizada; 
b) os nomes completos do exequente e do executado e 
seus números de inscrição no Cadastro de Pessoas 
Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica; 
c) os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível. 
Parágrafo único. O demonstrativo do débito deverá 
conter: 
I - o índice de correção monetária adotado; 
II - a taxa de juros aplicada; 
 
36 
UCAM ARARUAMA – 9º PERÍODO – PROCESSO CIVIL IV - SEMESTRE 2020.1 
III - os termos inicial e final de incidência do índice de 
correção monetária e da taxa de juros utilizados; 
IV - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o 
caso; 
V - a especificação de desconto obrigatório realizado. 
 
Art. 799. Incumbe ainda ao exequente: 
I - requerer a intimação do credor pignoratício, 
hipotecário, anticrético ou fiduciário, quando a penhora 
recair sobre bens gravados por penhor, hipoteca, 
anticrese ou alienação fiduciária; 
II - requerer a intimação do titular de usufruto, uso ou 
habitação, quando a penhora recair sobre bem gravado 
por usufruto, uso ou habitação; 
III - requerer a intimação do promitente comprador, 
quando a penhora recair sobre bem em relação ao qual 
haja promessa de compra e venda registrada; 
IV - requerer a intimação do promitente vendedor, quando 
a penhora recair sobre direito aquisitivo derivado de 
promessa de compra e venda registrada; 
V - requerer a intimação do superficiário, enfiteuta ou 
concessionário, em caso de direito de superfície, 
enfiteuse, concessão de uso especial para fins de 
moradia ou concessão de direito real de uso, quando a 
penhora recair sobre imóvel submetido ao regime do 
direito de superfície, enfiteuse ou concessão; 
VI - requerer a intimação do proprietário de terreno com 
regime de direito de superfície, enfiteuse, concessão de 
uso especial para fins de moradia

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