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MÉTODOS DE PESQUISA EM PSICOLOGIA Capítulo I Tipos de conhecimentos: Conhecimento empírico: O conhecimento empírico é aquele comum a todo Ser Humano por ser produzido pela sua própria existência. Sendo assim, todo indivíduo produz conhecimento a partir de sua interação com o mundo, sendo este conhecimento o resultado da experiência individual do sujeito, e dependente diretamente da cultura, da sociedade, do momento histórico, do meio ambiente físico no qual vive. ➔ É um conhecimento vivencial; ➔ Nenhum Ser Humano consegue viver sem o conhecimento empírico ou vivencial; ➔ Por ser fruto da experiência individual, o conhecimento empírico não serve genericamente, ou seja, não pode ser uma lei; ➔ A ciência não se contrapõe, necessariamente, ao conhecimento empírico, muitas vezes se aproveita deste conhecimento como ponto de partida para pesquisas que resultarão em leis e princípios científicos; ➔ Por ser obra do acaso, este conhecimento torna-se ametódico e assistemático, sendo uma experiência muito individual, além de fortemente influenciado pelas condições do meio ambiente. O conhecimento empírico possui três características fundamentais que o qualificam. O conhecimento empírico é: 1. Ametódico: não é produzido intencionalmente, pois depende do acaso; 2. Assistemático: não representa, necessariamente uma regra, um princípio de algo que ocorre de que é válido de modo genérico; 3. Dependente: é fortemente influenciado pela cultura, sociedade e ambientes físico e geográfico. Conhecimento religioso/teológico: Muito provavelmente o conhecimento religioso surgiu paralelamente ao conhecimento empírico, sendo uma forma de explicar fenômenos para os quais a experiência individual não conseguia fornecer elementos suficientes para sua compreensão. ➔ O conhecimento religioso precisa utilizar um conceito-chave na sua explicações, sendo este conceito de caráter dogmático, ou seja, aceito como verdade sem ser discutido; ➔ O conhecimento religioso é sustentado pela fé religiosa, ou seja, a crença de que todos os fenômenos acontecem pela vontade de entidades ou energias sobrenaturais. ➔ Ao redor do mundo, o conhecimento religioso é organizado em diferentes religiões que possuem seus próprios conjuntos de crenças, rituais e códigos morais, a exemplo do cristianismo, islamismo, hinduísmo, judaísmo, etc. O conhecimento religioso possui um campo de explicação e validade muito bem delimitado, mas muitas vezes este se sobrepõe ao conhecimento empírico e à ciência. Assim, o conhecimento religioso possui três características fundamentais: 1. Dogmatismo: baseia-se em uma idéia, conceito ou condição que não é passível de ser contestada e/ou testada, sempre apresentando motivos não-racionais para esta condição; 2. Não testável: pois não aceita ser testado - comprovado: por ser construído a partir de um ponto-chave de caráter hipotético. O conhecimento religioso não aceita ser testado, exceto por seus próprios princípios ou métodos, o que pode ser considerado tendencioso. Todo conhecimento religioso tem lógica interna (coerência entre seus conceitos, componentes), mas isto não garante que é verdadeiro ou científico; 3. Depende da crença/fé: como não dispõe de qualquer evidência que não seja atribuída a um profeta, mestre ou mesmo diretamente a Deus, o conhecimento religioso nasce com um ato de fé do indivíduo. Características do conhecimento religioso: Valorativo: o conhecimento religioso baseia-se em julgamentos subjetivos e não em fatos e acontecimentos com provados. Inverificável: por lidar com questões espirituais, metafísicas, divinas e sobrenaturais, o conhecimento religioso não é submetido à verificação científica. Infalível: o conhecimento religiosos explica os fenômenos e mistérios da vida através de proposições dogmáticas (verdades absolutas) que não podem ser refutadas. Sistemático: independente da religião os fenômenos e mistérios da vida através de proposições dogmáticas (verdades absolutas) que não podem ser refutadas. Inspiracional: o conhecimento religiosos é baseado em doutrinas e ensinamentos revelados de forma sobrenatural. Conhecimento Filosófico: O conhecimento filosófico, antecedeu, historicamente, o aparecimento da ciência, surgindo há algumas centenas de anos antes desta. É o tipo de conhecimento baseado na reflexão e construção de conceitos e ideias, a partir do uso do raciocínio em busca do saber. ➔ O conhecimento filosófico surgiu a partir da capacidade do ser humano de refletir, principalmente sobre questões subjetivas, imateriais e suprassensível, como os conceitos e ideais. ➔ Mesmo sendo racional, o conhecimento filosófico dispensa a necessidade da verificação científica, visto que os seus objetos de estudo não apresentam um caráter material. ➔ A principal preocupação do conhecimento filosófico é questionar e encontrar respostas racionais para determinadas questões, mas não necessariamente comprovar algo. Características do conhecimento filosófico: Sistemático: acredita que a base para a resolução das questões seja a reflexão; Elucidativo: Tenta entender os pensamentos, os conceitos, os problemas e demais situações da vida que são impossíveis de serem desvendados cientificamente; Crítico: todas as informações devem ser profundamente analisadas e refletidas antes de serem levadas em consideração; Especulativo: As conclusões são baseadas em hipóteses e possibilidades, devido ao uso de teorias abstratas. Conhecimento Científico: O conhecimento científico deve ser compreendido como o estágio mais recente na evolução do conhecimento humano. É a informação e o saber que parte do princípio das análises dos fatos reias e cientificamente comprovados. ➔ para ser reconhecido como um conhecimento científico, este deve ser baseado em observações e experimentações, que servem vara atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria; ➔ A razão deve estar atrelada a lógica da experimentação científica, caso contrário o pensamento se configura apenas como o conhecimento filosófico; Para que um conceito ou idéia obtenha o reconhecimento da ciência, são necessários três aspectos. São eles: 1. Método: necessita ser produzido a partir da aplicação de um conjunto de princípios que tenham o status de científico; 2. Sistemático: deve buscar produzir e retratar regras, princípios ou leis que expliquem a natureza do fenômeno pesquisado; 3. Objetivo: deve ser relatado da forma mais simples e direta possível vara garantir que suas explicações sejam compreensíveis para todos os indivíduos. Capítulo II Características do método científico Para que o método tenha o reconhecimento como científico, é necessário que contemple algumas regras. O que é método? É um conjunto de princípios gerais que norteiam, orientam a conduta do pesquisador durante o decorrer de sua pesquisa. É através do método que se garante a validade de sua pesquisa. É através do método que se garante a validade do conhecimento descoberto, sendo assim, é a parte mais importante da pesquisa. 1°. Verificação Empírica: (comportamento) o método deve trabalhar com o teste daobservação e com constructos que sejam observáveis. No conhecimento científico, a observação é mais relativa à mensuração, ou seja, condição do constructo de ser direta ou indiretamente passível de ser mensurado, observável. 2°. Definição Operacional: termos e componentes cuidadosamente claros e precisos, preferencialmente em forma de comportamentos no caso da psicologia, onde a possibilidade de acordo é maior. É fundamental que todos os termos envolvidos na pesquisa sejam facilmente compreendidos, tanto pelos seus consumidores. 3°. Observação Controlada: Toda atividade científica envolve o ato da coleta de dados/informações, onde a mensuração adequada das variáveis envolvidas deve ser garantida, tanto em termos da forma, como do instrumento utilizado. 4°. Generalização Estatística: É a condição de se estender a validade do conhecimento descoberto em um estudo às outras partes da população. 5°. Confirmação Empírica: um bom método científico de pesquisa produz dados que sejam sistemáticos, ou seja, que são pertinentes à realidade, A confirmação empírica é a possibilidade de se realizar novamente a pesquisa e chegar a resultados estatisticamente semelhantes, o que é determinado também por sua replicabilidade. O que é uma pesquisa? Uma pesquisa é um conjunto de atividades sistemáticas e metodologicamente orientadas, que têm por objetivo solucionar os problemas estudados, ou seja, pesquisa é a parte prática da atividade científica, que vai desde seu planejamento até a publicação dos resultados. Estudos longitudinais e transversais: Existem duas formas de realizar este tipo de estudo. A primeira é escolher um ou mais grupos e acompanhá-lo durante todo o período de tempo necessário. é o chamado estudo longitudinal, no qual se avalia a mesma variável, em um mesmo grupo de sujeitos, ao longo de um período de tempo. O pesquisador pode realizar um estudo transversal, que é no qual se estuda a mesma variável em grupos que estão em momentos diferentes. (A transversal não tem o mesmo nível de qualidade da longitudinal, mas se se chega a um resultado). principais tipos de pesquisa: A pesquisa descritiva é aquela que busca conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir e descreve o que ocorre na realidade, enquanto que a pesquisa experimental é aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade a partir de condições anteriormente definidas, buscando estabelecer relações causa e efeito. A pesquisa experimental procura explicar porque acontece um determinado fenômeno (x causa y). Não se pode fazer este tipo de pesquisa sem a realização de um experimento, seja em laboratório, seja em ambiente natural. ➔ A pesquisa descritiva responde basicamente a questões do tipo “o que ocorre?”, enquanto a experimental responde às do tipo “por que ocorre?” A validade de uma pesquisa ocorre em dois níveis: interno e externo. A validade interna: é aquela determinada pelo método que identifica relações causais de forma precisa, ou seja, experimental. Quanto mais precisa for a relação causal identificada, maior será sua validade interna. A validade externa: é aquela quando o método de pesquisa demonstra algo que é verdadeiro arap além dos limites do estudo, refletindo a realidade de uma forma muito precisa, o que é realizado pelas pesquisas descritivas. Quanto maior for a semelhança entre a realidade e o conhecimento, maior será a validade externa. Capítulo III O problema da pesquisa: é comumente confundido como o tema da pesquisa ou seus objetivos. Entretanto, o problema difere do tema já que este é algo mais amplo, vago, geral e pouco definido, de modo que não oferece a definição operacional necessária, tanto dos elementos a serem estudados, como do aspecto que precisa ser respondido. Já em relação aos objetivos, parece óbvia a relação, uma vez que toda a pesquisa tem como solucionar o problema proposto. O objetivo é, portanto, a operacionalização do problema de pesquisa, ou seja, qual a questão principal e as específicas que tentarão ser respondidas ao final vela pesquisa. Definir o problema da pesquisa é limitar o campo de observação e variáveis a serem estudados, ou seja, determinar o que interessa e o que não interessa ao pesquisador em função de seu objetivo. Hipóteses de pesquisa: é uma suposição que se faz para explicar o que se desconhece, ou seja, uma solução provisória para um problema, É provisória uma vez que deve ser testada antes de virar conhecimento científico, antes de adquirir o status de científico e sua decorrente confiabilidade. As hipóteses são fundamentais na pesquisa? Nem toda pesquisa se baseia em hipóteses ou precisa delas, havendo propostas que criticam sua utilização por, talvez, facilitarem a realização de pesquisas enviesadas. Assim, muitos pesquisadores planejam sua produção do conhecimento evitando formular hipóteses, em uma tentativa interessante de se restringir à questão do dado observado como fonte das possíveis respostas às suas perguntas. Do ponto de vista técnico, não há nenhuma formal (ou não) para o pesquisador ter que formular, necessariamente, hipóteses.
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