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PCC - RESUMO

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CITAÇÃO
 Moacyr Amaral Santos aponta que a citação“é o chamamento do réu a juízo pra defender-se da ação contra ele proposta.” Moacyr Amaral Santos
 O legislador definiu a citação no artigo 213 do Código de Processo Civil (CPC)  como: “Art. 213.  Citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender.”
 A citação é um ato escrito, constitutivo da relação processual e é um ato determinado pelo juiz.
 Ato do juiz – “Art. 285.  Estando em termos a petição inicial, o juiz a despachará, ordenando a citação do réu, para responder; do mandado constará que, não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor.” CPC
 A citação se faz necessária para validade do processo nos termos do artigo 214 do CPC.
 A nulidade da citação ou sua falta implica na nulidade do processo, contudo o comparecimento espontâneo supre a sua falta.
 O réu é o destinatário da citação, nos ditames do artigo 215 do CPC “Art. 215  Far-se-á a citação pessoalmente ao réu, ao seu representante legal ou ao procurador legalmente autorizado.”
 Contudo em algumas situações especiais convém destacar que: o absolutamente incapaz será citado na pessoa de seu representante; o relativamente incapaz pessoalmente com a assistência de seu representante; a União, o Estado, o Distrito Federal e os Territórios na pessoa de seus Procuradores; o Município na pessoa do prefeito ou então do  procurador do município;  a massa falida na pessoa do síndico (administrador judicial); a herança jacente ou vacante na pessoa do curador; o espólio na pessoa do inventariante; as pessoas jurídicas por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; as sociedades sem personalidade jurídica - pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; a pessoa jurídica estrangeira - pelo gerente, representante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no brasil; o condomínio - administrador ou síndico.
 Importante destacar que o advogado apenas poderá receber citação em nome de seu cliente se tiver poderes expressos e específicos para tanto.
 E ainda em relação ao destinatário da citação mister destacar que a jurisprudência e a doutrina acolhem a teoria da aparência, na qual reputa-se válida a citação da pessoa jurídica quando esta é recebida por quem se apresenta como representante legal da empresa e recebe a citação sem ressalva quanto à inexistência de poderes de representação em juízo.A citação válida gera os seguintes efeitos: torna o juízo prevento, induz litispendência e faz litigiosa a coisa. E ainda que ordenada por juiz incompetente: constitui em mora o devedor, interrompe a prescrição que retroagirá à data da propositura da ação.
 A citação será realizada onde quer que o réu se encontre. O militar, em serviço ativo, será citado na unidade em que estiver servindo se não for conhecida a sua residência ou nela não for encontrado.
 Como todo ato processual, a citação deverá ser realizada nos dias úteis, das 6 às 20 horas, salvo se autorizado nos termos do artigo 172, § 2º do CPC.
 Entretanto nos moldes do artigo 217 do CPC a citação não será realizada, salvo para evitar o perecimento do direito:  a quem estiver assistindo a qualquer ato de culto religioso;   ao cônjuge ou a qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha reta, ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes; aos noivos, nos 3 (três) primeiros dias de bodas; aos doentes, enquanto grave o seu estado.
A citação pode ser feita pelo correio, por oficial de justiça, por edital, ou por meio eletrônico.
 A regra é que a citação seja feita pelo correio, exceto: nas ações de estado; quando for ré pessoa incapaz ou pessoa de direito público; nos processos de execução; quando o réu residir em local não atendido pela entrega de correspondência; quando o autor a requerer de outra forma.
 O procedimento da citação pelo correio consistirá basicamente na remessa ao réu de cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente consignada em seu inteiro teor a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, comunicando, ainda, o prazo para a resposta e o juízo e cartório, com o respectivo endereço. A carta será registrada para entrega ao réu, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Sendo o réu pessoa jurídica, será válida a entrega a pessoa com poderes de gerência geral ou de administração.
 A citação também poderá ser realizada por oficial de justiça.
 O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deverá conter: I - os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou residências; II - o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição inicial, bem como a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis; III - a cominação, se houver; IV - o dia, hora e lugar do comparecimento; V - a cópia do despacho; VI - o prazo para defesa; VII - a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do juiz.
 Incumbe ao oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo lendo-lhe o mandado e entregando-lhe a contrafé; certificando se o citando recebeu ou recusou a contrafé; e obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no mandado.
 Contudo se o oficial de justiça por 3 vezes houver procurado o réu em seu domicílio ou residência, sem o encontrar e suspeitar de ocultação poderá ser realizada a citação por hora certa.
 O procedimento da citação por hora certa consiste basicamente na intimação de qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer vizinho, que, no dia seguinte, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que designar. No dia e hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao domicílio ou residência do citando, a fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, o oficial de justiça procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando se tenha ocultado em outra comarca. Da certidão da ocorrência, o oficial de justiça deixará contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho, conforme o caso, declarando-lhe o nome. Feita a citação com hora certa, o escrivão enviará ao réu carta, telegrama ou radiograma, dando-lhe de tudo ciência.
 A citação também poderá ser realizada por edital, quando: for desconhecido ou incerto o réu; for ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; ou nos casos expressos em lei. (ex: ação de usucapião).
 Convém destacar que considera-se inacessível, para efeito de citação por edital, o país que recusar o cumprimento de carta rogatória. No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.
 São requisitos da citação por edital: I - a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto às ao fato de o réu ser incerto, ignorado, ou estar em local inacessível; II - a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
III - a publicação do edital no prazo máximo de 15 dias, uma vez no órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver; IV - a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 e 60 dias, correndo da data da primeira publicação; V - a advertência a que se refere o art. 285, segunda parte, se o litígio versar sobre direitos disponíveis.
 A parte que requerer, dolosamente, a citação por edital, incorrerá em multa de 5 vezes o salário mínimo vigente na sede do juízo, em benefício do citando.
INTIMAÇÕES
 José Frederico Marques define a intimação como “ o ato pelo qual se comunica a alguém, para sua ciência, de algum ato praticado ou que se deva praticar.”
O CPC por sua vez define como: “Art. 234.  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer algumacoisa.” CPC
 São destinatários das intimações: as Partes, os Advogados, o Ministério Público, e os Auxiliares da Justiça. As intimações servem para impulsionar o andamento do processo.
 A intimação quando endereçada a parte será realizada na pessoa do advogado, dado que o advogado tem poderes para praticar os atos processuais, exceto, por exemplo a intimação para prestar depoimento pessoal, que então deverá ser pessoal.
 A intimação pode ser feita por carta AR, pelo oficial do cartório, ou Diário Oficial eletrônico.
 A intimação do Ministério Público, em qualquer caso será feita pessoalmente. 
A contagem do prazo será efetuada da seguinte maneira: I - quando a citação ou intimação for pelo correio, da data de juntada aos autos do aviso de recebimento; II - quando a citação ou intimação for por oficial de justiça, da data de juntada aos autos do mandado cumprido; III - quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento ou mandado citatório cumprido; IV - quando o ato se realizar em cumprimento de carta de ordem, precatória ou rogatória, da data de sua juntada aos autos devidamente cumprida; V - quando a citação for por edital, finda a dilação assinada pelo juiz;
VI - interposição de recurso conta-se da data, em que os advogados são intimados da decisão, da sentença ou do acórdão.
 CARTAS
 Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial ou requisitados por carta, conforme hajam de realizar-se dentro ou fora dos limites territoriais da comarca.
 Expedir-se-á carta de ordem se o juiz for subordinado ao tribunal de que ela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e carta precatória nos demais casos.
 As cartas devem conter: I - a indicação dos juízes de origem e de cumprimento do ato; II - o inteiro teor da petição, do despacho judicial e do instrumento do mandato conferido ao advogado; III - a menção do ato processual, que Ihe constitui o objeto; IV - o encerramento com a assinatura do juiz.
 Havendo urgência, transmitir-se-ão a carta de ordem e a carta precatória por telegrama, radiograma ou telefone.
Módulo II – Vícios dos atos processuais. Conceito. Espécies. Sistema de nulidades no direito processual civil.
 A nulidade é definida como a sanção cominada pelo ordenamento jurídico ao ato praticado em desrespeito as formalidades legais.
Humberto Theodoro Junior  define como: “A nulidade é, portanto, uma sanção que incide sobre a declaração de vontade contrária a algum preceito do direito positivo.”
 Nunca é demais relembrar que são requisitos para a validade do ato:
·                    Capacidade do agente – Capacidade de ser parte, capacidade de estar em juízo, e capacidade postulatória
·                    Objeto lícito – repressão contra os atos praticados contra a dignidade da justiça,  e contra os atos simulados pelas partes.
·                    Forma prescrita ou não defesa em lei – finalidade instrumental do processo
 O sistema de nulidades vigente no País atribui graus de intensidade para a nulidade, como por exemplo:
 Ato válido – harmonização com a lei. Aptidão para produzir os efeitos desejados pelo agente.
 Ato inválido – confronto com a lei. Inaptidão para produzir os efeitos jurídicos desejados.
 Com base em tal gradação, temos como espécies de atos:
 Atos nulos – são os atos processuais que não obedecem à forma determinada pela lei. Apresentam Vício insanável, que comprometem a execução da função jurisdicional (ordem pública – pressupostos processuais e condições da ação). Não produzem eficácia no mundo jurídico, produzem aparência exterior até que o juiz declare a nulidade, que pode ser de ofício. Ex: “Art. 247.  As citações e as intimações serão nulas, quando feitas sem observância das prescrições legais.” CPC
 Atos anuláveis – apresentam defeitos que podem retirar a sua eficácia jurídica. Produzem efeitos até que seja arguido pelo interessado. Embora viciado, é capaz de produzir efeitos, se a parte prejudicada não requerer sua invalidação (interesse privado – disponível – faculdade processual da parte). São passíveis de convalidação e dependem de requerimento da parte prejudicada. Ex: “Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais.” CPC
 Atos inexistentes - Não reúnem nem os mínimos requisitos de fato para que se possa reconhecer a sua existência. São Fatos irrelevantes para a ordem jurídica. Ex: ato praticado por advogado que não representa a parte. “Art. 37.  Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. Parágrafo único.  Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos.” CPC
SISTEMAS DE NULIDADES
 ABSOLUTISMO DA LEI – Teve origem no sistema do antigo direito francês, em que qualquer violação à forma prescrita, por menor que seja, anula o ato.
 Moacyr Amaral Santos in Primeira Linhas de Direito Processual Civil, chegou até a indicar que “Agarram-se os animais pelos chifres e os homens pela palavra.”
 Tal sistema de nulidades pecava pelo excesso de rigor.
 EQÜIDADE – Em tal sistema o Juiz decidirá quando a não observância da forma, estabelecida em lei, gera nulidade.
 Diametralmente oposto ao sistema do absolutismo da lei o sistema de equidade trazia insegurança em razão da  ausência de uniformidade na aplicação, e por concentrar  poder excessivo nas mãos do juiz.
 BENTHAM (jurista inglês) – Pregava tal jurista que deveria haver a decretação de nulidade apenas quando houvesse má-fé. Tal sistema tinha como pilar a presunção de má-fé quando da violação da forma
 Tal sistema invertia o princípio da boa-fé preconizado em nosso ordenamento jurídico, e poderia trazer procrastinação do procedimento em razão dos inúmeros incidentes que poderiam surgir.
 ATO PROCESSUAL COMO MEIO - Ato processual é o meio de que se servem os sujeitos da relação processual para buscar a aplicação da lei ao caso concreto.
“Art. 244.  Quando a lei prescrever determinada forma, sem cominação de nulidade, o juiz considerará válido o ato se, realizado de outro modo, Ihe alcançar a finalidade.” CPC
 Em tal sistema leva-se em consideração a finalidade e o prejuízo.
 Só poderá ser arguida a nulidade pela parte prejudicada, nunca pela parte que causou a nulidade. A arguição poderá ser feita contestação ou simples petição, desde que na primeira oportunidade, sob pena de preclusão, nos termos do artigo 245 do CPC.
 O reconhecimento da nulidade depende de decretação judicial, pois cabe ao juiz declarar quais atos serão atingidos.
 “Art. 249.  O juiz, ao pronunciar a nulidade, declarará que atos são atingidos, ordenando as providências necessárias, a fim de que sejam repetidos, ou retificados.” CPC
 Convém destacar que o sistema do ato processual como meio é o sistema adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Módulo III – Formação, Suspensão e Extinção do Processo: Formação do Processo. Suspensão do Processo. Conceito. Hipóteses de Ocorrência. Extinção do Processo. Conceito. Hipóteses de Extinção do Processo Sem Resolução de Mérito. Hipóteses de Extinção do Processo Com Resolução de Mérito.
 
FORMAÇÃO DO PROCESSO
 O processo civil tem início por provocação da parte.
 Tal assertiva se faz com base no princípio da inércia da jurisdição.
 O brocardo jurídico ne procedat iudex ex officio bem descreve a situação, ou seja, a jurisdição não será prestada de ofício, de onde conclui que o processo civil terá início por provocação da parte, por meio de petição inicial.
 Aliás, é o que está insculpido no artigo 262 do CPC:“Art. 262.  O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.”
 Provocada a jurisdição por meio de petição inicial, a mesma deverá ser distribuída ou despachada para que a medida judicial seja considerada proposta.
 Eis o que dispõe o artigo 263 do CPC: “Art. 263.  Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara...”
 Estando, ao menos, aparentemente em ordem, o juiz determinará a citação do réu.
 Com a citação do réu completa-se a relação processual.
 DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO
 Conforme apontado anteriormente, o processo tem início por provocação das partes, contudo se desenvolverá por impulso oficial, nos termos do artigo 262 do CPC: “Art. 262.  O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial.”
 SUSPENSÃO DO PROCESSO
 Via de regra o processo se desenvolve, caminha, evolui com a finalidade de compor a lide, porém em determinadas situações a marcha por ser obstada pela suspensão.
 Ponte de Miranda aponta que “A instância suspende-se quando deixa de fluir para continuar depois, ou, pelo menos, com possibilidade disso.”
 
 
As hipóteses de Ocorrência estão relacionadas no art. 265 do CPC:
I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador;
 II - pela convenção das partes;
 III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz;
 IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo;
c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente;
 V - por motivo de força maior;
 VI - nos demais casos regulados pelo CPC. (Exemplos: art. 60, 63 do CPC)
 Necessário destacar que no caso de morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, ou de seu representante legal, provado o falecimento ou a incapacidade, o juiz suspenderá o processo, salvo se já tiver iniciado a audiência de instrução e julgamento; caso em que: o advogado continuará no processo até o encerramento da audiência; b) o processo só se suspenderá a partir da publicação da sentença ou do acórdão.
 A duração da suspensão do processo pode ser:
 
·                    No caso de morte do procurador de qualquer das partes - 20 dias
 
·                    Suspensão do processo por convenção das partes – máximo 6  meses.
·                    Nos casos enumerados nas letras a, b e c do inciso IV do artigo 265 do CPC - o período de suspensão nunca poderá exceder 1 (um) ano.
 Quando da suspensão do processo resta vedada a prática de atos processuais, e consequentemente também restarão suspensos os prazos.
 EXTINÇÃO DO PROCESSO
 Depois de iniciado o processo, regularmente desenvolvido, a consequência lógica é que se dê a extinção do mesmo.No processo de conhecimento se busca um provimento jurisdicional que traga certeza jurídica em relação ao direito posto em juízo.
 Portanto o normal é que o processo seja extinto com a resolução do mérito, contudo, de forma anômala o processo pode ser extinto sem a resolução do mérito.
 O Artigo 267 do Código de Processo Civil elenca as hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito.
 Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito:
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; (lei 9307/96)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código. (litisconsórcio necessário)
 Agora verificaremos de forma mais aprofundada as hipóteses:
 
·                    Indeferimento da petição inicial - O indeferimento da petição inicial se dará nas hipóteses previstas pelo artigo 295 do CPC, ou seja: I - quando for inepta (quando Ihe faltar pedido ou causa de pedir; quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; quando o pedido for juridicamente impossível; ou quando contiver pedidos incompatíveis entre si); II - quando a parte for manifestamente ilegítima; III - quando o autor carecer de interesse processual; IV - quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); V - quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;  Vl - quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único, primeira parte, e 284.  Necessário apontar que se indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, reformar sua decisão.
 
·                    Inércia da(s) parte(s) – O feito será extinto sem resolução do mérito quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; ou então quando o autor não promover os atos e diligências que Ihe competir abandonando a causa por mais de 30 dias. Porém antes de extinguir o feito, o determinará a intimação pessoal da parte para suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas. Permanecendo inerte, ai sim ocorrerá a extinção do processo sem resolução do mérito.
 
·                    Ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo – A ausência dos pressupostos processuais implica  na extinção do feito sem resolução do mérito.
 São pressupostos processuais de constituição do processo: jurisdição (O processo deve ser conduzido e julgado por alguém que tenha poder jurisdicional); pedido (uma das características da jurisdição é a inércia, portanto depende de pedido da parte. O pedido limita a atuação do poder jurisdicional); citação (parte da doutrina passou a admitir a citação como pressuposto de constituição do processo. Contudo convém destacar que antes da citação já existe o processo para o autor e o juiz, porém este processo está incompleto. É com a citação que  arelação processual está completa. O processo somente passa a existir de forma completa com a citação o réu) e capacidade postulatória (atos praticados por quem não tem capacidade postulatória serão inexistentes se não houver regularização no prazo, nos termos do artigo 37, parágrafo único do CPC).
 São pressupostos processuais de desenvolvimento válido do processo: juiz competente e imparcial (somente terá o procedimento válido se for conduzido por um juiz competente e imparcial. Competência ou incompetência não é atributo do juiz, mas do Juízo, ao passo que a parcialidade ou imparcialidade é atribuição do juiz. Existem dois graus de incompetência: absoluta e relativa. Existem dois graus de imparcialidade: suspeição e impedimento. Somente nos casos mais graves é que o vício transcende ao processo. O que pode gerar nulidade é o impedimento e a incompetência absoluta.); petição inicial apta (Necessário que a petição inicial seja apta. A inépcia da inicial, não sendo percebida, gera nulidade. O art. 295, parágrafo único do CPC enumera as causas de inépcia. Porém importante destacar que a aptidão dainicial é pressuposto processual de validade. Normalmente, a inépcia da inicial gera a nulidade do processo, no entanto em se tratando de inépcia em decorrência da falta de pedido, haverá vício de inexistência, uma vez que o pedido é pressuposto de existência do processo.); capacidade para ser parte e capacidade para estar em juízo (capacidade processual (No direito civil há distinção entre a capacidade de direito e a capacidade de fato. Capacidade de direito – é a aptidão de ser titular de direitos e contrair obrigações. Todas as pessoas possuem. É atributo inerente à personalidade humana. Capacidade de fato – é a aptidão para exercer pessoalmente, diretamente estes atos. Dentre as pessoas físicas, algumas podem exercer estes direitos e obrigações por si só, enquanto que outras necessitam ser auxiliadas (representadas ou assistidas). Tem capacidade de fato as pessoas físicas maiores e capazes. No processo civil: Capacidade de ser parte – é a aptidão para poder figurar no processo como autor ou réu. Todas as pessoas possuem capacidade de ser parte (tanto as pessoas físicas como jurídicas), isto porque todas possuem capacidade de direito. No entanto, o CPC entendeu por bem atribuir a capacidade de ser parte também à alguns entes despersonalizados (entes que não são pessoas), a fim de facilitar o ajuizamento de algumas ações. Exemplo: massa falida, espólio, condomínio em edifício. Capacidade processual – é a aptidão para estar em juízo sem precisar ser representado ou assistido. Atributo das pessoas físicas. Possuem capacidade processual as pessoas físicas maiores e capazes. Direito Civil - Capacidade de direito e Capacidade de fato. Direito Processual Civil - Capacidade de ser parte  e Capacidade processual); pressupostos processuais negativos (inexistência de circunstâncias) (tais como litispendência, coisa julgada e perempção)
 
·                    Perempção, litispendência ou coisa julgada – Conforme apontado anteriormente perempção, litispendência e coisa julgada são pressupostos de desenvolvimento válido do processo.
 
A própria lei as define:
Perempção:
 
Art. 268. ...
Parágrafo único. Se o autor der causa, por três vezes, à extinção do processo pelo fundamento previsto no no III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.
 Litispendência e coisa julgada:
 
Art. 301. ...
...
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.
 
·                    Ausência das condições da ação – São condições da ação a possibilidade jurídica (inexistência de vedação legal), a legitimidade das partes (Art. 3º do CPC) e o interesse processual (necessidade de se buscar o o Poder Judiciário)
 
·                    Convenção de arbitragem - lei 9307/96
 Quando o autor desistir da ação – dispensa qualquer outro comentário, exceto que a desistência da ação depois da citação dependerá da concordância do réu.
 
Quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal – alguns direitos são considerados intransmissíveis por disposição da lei como por exemplo os direitos da personalidade. Sendo intransmissíveis os direitos, consequentemente a ação também será.
Confusão entre autor e réu – Reunião, na mesma pessoa, das qualidades de credor e devedor, implicando na extinção da obrigação. Temos a hipótese prevista no art. 381 do Código Civil.
 Nos demais casos prescritos neste Código – podem ser citados como outros exemplos de extinção do processo sem resolução do mérito a hipótese do parágrafo único do artigo 47 (litisconsórcio necessário) e
 
Salvo o disposto no art. 267, V, do CPC a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.
 Por outro lado, conforme já apontado, o esperado é que a extinção do processo ocorra com a resolução do mérito.
 A resolução do mérito está ligada à pretensão da parte.
 O artigo 269 do Código de Processo Civil aponta 5 hipóteses, a saber:
 Art. 269. Haverá resolução de mérito:
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido;
III - quando as partes transigirem;
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
 
·                    Quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor – acolhendo o pedido do autor o juiz estará julgando o pedido do autor procedente, rejeitando o julgará improcedente, ou então, nos casos de cumulação objetiva, o juiz poderá acolher apenas em parte os pedidos do autor, caso em que o juiz decidirá pela procedência parcial dos pedidos.
 
·                    Quando o réu reconhecer a procedência do pedido – hipótese em que o réu comparece para reconhecer que o pedido do autor é procedente. Nessa hipótese se faz necessária a conferência, por parte do juiz, quanto à capacidade do réu e se trata de direito disponível.
 Quando as partes transigirem – transação é negócio jurídico civil que extingue obrigações e pressupõe concessões mútuas das partes. Importante destacar que a transação não está limitada ao objeto da demanda, podendo ser mais ampla.
Quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição – a distinção entre prescrição e decadência está ligada ao direito substancial, são previstas no Código Civil, portanto fogem do âmbito dessa matéria.
 Quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação – ato unilateral do autor que atinge seu direito substancial. Se preenchidos os requisitos (capacidade, legitimidade e direito disponível) cabe ao juiz acolher a pretensão e extinguir o feito com resolução do mérito.
 Por fim importante destacar que a doutrina aponta que apenas a hipótese prevista pelo inciso I do artigo 269 do CPC deve ser considerada efetivamente como sentença de mérito, pois nela é que o juiz decide quanto ao pedido do autor acolhendo-o ou rejeitando-o.
Módulo IV – Processo e procedimentos de conhecimento. Procedimento comum: rito ordinário e sumário. Fase de Postulação. Petição Inicial. Requisitos da Petição Inicial.
 O Código de Processo Civil é dividido em 5 livros: Livro I – Do Processo de conhecimento; Livro II – Do processo de execução; Livro III – Do processo cautelar; Livro IV – Dos procedimentos especiais e Livro V Das disposições finais e transitórias.
 Muito doutrinadores indicam que a existência dos “processos” está ligada a existência de crises. No processo de conhecimento temos uma crise de incerteza, no processo execução uma crise de inadimplemento e no processo cautelar uma crise em razão da urgência na prestação jurisdicional.
 Nosso estudo está focado no Livro I do processo do conhecimento.
 Já estudamos, genericamente, que o processo começa pela provocação das partes e se extingue com uma sentença. Agora começaremos a estudar de forma mais detalhada o processo de conhecimento.
 Muito embora não seja possível a divisão de forma clara do processo de conhecimento em fases distintas, a doutrina o faz: fase congnitiva (postulatória, intermédia de ordenamento, instrutória, e decisória);  fase liquidativa e fase executória.
 Nossos estudos, por ora, restarão focados na fase cognitiva, que por sua vez se subdivide em fase postulatória, fase intermédia de ordenamento, fase instrutória, e fase decisória.
 A fase postulatória tem por marco inicial a petição inicial. Cândido Rangel Dinamarco a define como “É o instrumento da demanda.”  A petição inicial é de suma importância pois limita a atividade jurisdicional.
 O artigo 282 do Código de Processo Civilaponta que:
 Art. 282.  A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.”
 O estudo pormenorizado dos incisos se faz necessária.
    Inciso I – está relacionado com a competência (território, valor da causa, matéria, funcional (plano horizontal e plano vertical) e condição da pessoa (União,...)
·         Inciso II – a indicação dos nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu servem para a Individualização e identificação das partes, o Endereço para o cumprimento das diligências. E agora, em razão da criação do processo eletrônico o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo por intermédio da Resolução 511/2011 TJSP, determinou também que se faça a Indicação do CPF/CNPJ das partes.
·         Inciso III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido – na petição inicial é de rigor que seja montado um silogismo, em que os fatos = premissa menor e o direito = premissa maior. Também cabe ao autor elaborar uma narração clara dos fatos, do direito e da causa de pedir para possibilitar que o juiz conheça de suas alegações.
·         Inciso IV - o pedido, com as suas especificações -  o pedido se subdivide em: pedido imediato (prestação jurisdicional, caracteriza a ação e a sentença) e pedido mediato (tutela de um bem jurídico). O pedido deve ser: certo (expresso) e determinado (limite em quantidade e qualidade). Excepcionalmente ele poderá ser genérico (determinado quanto ao an debeatur indeterminado no tocante ao quantum debeatur). Ex: art. 286,I (ações universais), II (liquidação posterior) e III (prestação de contas). E ainda o autor pode elaborar os seguintes pedidos: pedido fixo/alternativo - art. 288 CPC; pedido principal/subsidiário – art. 289 CPC; pedido único/cumulado (compatibilidade entre os pedidos, competência para julgamento de todos os pedidos, adequação procedimental); e pedido de prestações periódicas (ex: pagamento de alimentos, cobrança de alugueres). Quanto a interpretação por parte do juiz ela está vinculada ao que foi requerido pela parte (princípio da adstrição do juiz ao pedido da parte), devendo, contudo ser mencionada as hipóteses de pedidos implícitos (juros de mora, correção monetária, encargos sucumbenciais e prestações vincendas) que se apresentam como exceções ao princípio da adstrição do juiz ao pedido da parte.
·         Inciso V - o valor da causa – a importância da atribuição de valor à causa está ligada a competência e ao recolhimento de custas. Necessário destacar que nem todas as demandas tenha conteúdo econômico imediato, porém mesmo assim deverá ser atribuído valor a causa. Os Artigo 259 e 260 do CPC demonstram algumas hipóteses de atribuição de valor a causa, a saber: “Art. 259.  O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação; II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato; VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor; VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto. E Art. 260.  Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, tomar-se-á em consideração o valor de umas e outras. O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; se, por tempo inferior, será igual à soma das prestações.
·         Inciso VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados -  cabe ao autor fazer menção quanto as provas que pretende produzir, ainda que genericamente, entretanto em se tratando de demanda que prosseguirá pelo procedimento sumário se faz obrigatória a indicação expressa quanto a vontade de produzir prova testemunhal ( inclusive apresentado rol de testemunhas) e prova pericial ( apresentando quesitos e assistente técnico) sob pena de preclusão.
·         Inciso VII - o requerimento para a citação do réu para que se complete a relação processual.
 
Além de todos os requisitos indicados pelo artigo 282 do CPC, caberá ainda ao autor instruir a petição inicial com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

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