Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rodrigo Duarte Machado – 6º P – 2017/2 Tromboembolismo Pulmonar ❖ Embolia Pulmonar é a obstrução de vasos da circulação arterial pulmonar causada pela impactação de partículas de qualquer material insolúvel, cujo diâmetro seja maior que o do vaso, sendo que a maioria dos casos é por tromboembolismo venoso. ❖ O tromboembolismo venoso inclui: trombose venosa profunda (TVP) + tromboembolismo pulmonar (TEP). o TVP resulta da formação de coágulos sanguíneos nas grandes veias (ex.: pernas). o TEP resulta de TVPs que se soltaram e migraram até a circulação arterial pulmonar. o Obs.: trombose isolada de veias da panturrilha tem um risco muito menos de TEP. o Na ausência de TEP principal complicação de TVP é a Síndrome Pós-trombótica (tumefação crônica na perna e desconforto). o TEP é fatal com bastante frequência, em geral, por causa da insuficiência ventricular direita progressiva. NÃO SE PODE CONFIRMAR A EXISTÊNCIA DE TEP (e, principalmente, excluí-la) APENAS COM ANAMNESE + ACHADOS FÍSICOS! É PRECISO EXAMES COMPLEMENTARES OBRIGATÓRIOS NAS SITUAÇÕES DE RISCO ONDE HÁ SUSPEITA CLÍNICA ❖ Mais de 90% se origina de: trombos em veias profundas dos MMII: o TVP com maior risco de embolia é a íleo-femoral. o TVP de panturrilha é a principal causa de TVP íleo-femoral (ascensão do trombo). o TVP em subclávia: também gera certa quantidade de TEP. ❖ Pré-requisitos da TVP: 1) Estase sanguínea – gerando hipóxia intravascular 2) Lesão vascular – disfunção/desnudamento endotelial, com exposição do subendotélio 3) Hipercoagulabilidade – hereditária (trombofilias) e/ou adquirida ❖ Tromboembolismo venoso (TVP/TEP) 3ª doença cardiovascular mais comum ❖ TVP é 3x mais frequente que o TEP, embora o TEP seja a principal complicação pulmonar aguda em pacientes hospitalizados!!!! ETIOLOGIA DEFINIÇÃO TROMBOFILIAS HEREDITÁRIAS – caracterizadas por: - Excesso de fatores pró-coagulantes - Deficiência de fatores anticoagulantes - Alterações qualitativas de componentes do sist. hemostático - Combinações das demais RESISTÊNCIA À PROTEÍNA C REATIVA - Caucasianos; presença do Fator V de Leiden (mutante) não consegue ser clivado pela prot., impedindo-a de agir como anticoagulante. MUTAÇÃO G20210A NO GENE DA PROTROMBINA - Potencializa a trombose frente a qualquer insulto trombogênico. TROMBOFILIAS ADQUIRIDAS Os fatores de risco ditos “clássicos” são os grandes determinantes da ocorrência de TEV, inclusive nos pacientes com trombofilia!!!!!! - TEV prévio (o mais importante), idade, obesidade, tabagismo, trauma, cirurgia nos últimos 3 meses, imobilização e viagens prolongadas, câncer, gravidez, uso de ACO e reposição hormonal, trombocitopenia relacionada à heparina, doenças clínicas, vida sedentária. EPIDEMIOLOGIA Rodrigo Duarte Machado – 6º P – 2017/2 ❖ Embolia ocorre quando parte ou totalidade do trombo se solta do local de origem, indo parar na circulação pulmonar (se for na bifurcação do tronco da a. pulmonar, é chamado de: trombo “em sela” ou “a cavaleiro”. ❖ Lobos inferiores costumam ser os mais afetados ❖ CONSEQUÊNCIAS PULMONARES DA EMBOLIA o Dá origem a regiões bem ventiladas e mal perfundidas e, ao mesmo tempo, áreas distantes do local hipoperfundido começam a sofrer atelectasia, por causa de uma queda na produção do surfactante (motivo: isquemia dos ácinos) o Principal consequência respiratória: HIPOXEMIA – importante desequilíbrio na relação ventilação-perfusão o Áreas de pulmão bem perfundido: desenvolvem atelectasia e broncoespasmo ficam HIPOVENTILADAS; ocorre o fenômeno do shunt direita-esquerda intrapulmonar (sangue desoxigenado atravessa o pulmão sem receber O2). o Outra consequência: taquidispneia – resulta da estimulação dos receptores J alveolares por mediadores inflamatórios, desencadeando hiperventilação reflexa. ❖ CONSEQUÊNCIAS CARDIOCIRCULATÓRIAS o Aumento da resistência vascular do pulmão gerando HIPERTENSÃO PULMONAR AGUDA; resistência pulmonar aumenta por causa da própria obstrução mecânica do embolo, por vasoespasmos e por hipoxemia. o VD se dilata por causa de aumentos em sua pós-carga para tentar manter seu débito, mas se esse aumento na pós- carga for tão grande ao ponto de o VD não conseguir compensar, o débito do VD diminui por causa da: incapacidade de ejetar o sangue contra alta resistência + disfunção isquêmica do VD (infarto agudo do VD) – (troponina e BNP elevados). o Embolia maciça é definida pelo colapso circulatório agudo (hipotensão + choque) DC (débito do VE) está diminuído – débito do VE diminui porque a parede dilatada ao extremo do VD entra no VE e impede seu enchimento, causando uma diminuição no débito de VE esse quadro se chama: COR PULMONALE AGUDO (causa de óbito). ❖ CONSEQUÊNCIAS DA TVP o Síndrome Pós-Flebítica edema crônico unilateral, alteração na cor da pele (dermatite ocre) e varizes – incapacidade de retorno venoso por obstrução da circulação pelo embolo. ❖ Sinais e sintomas trazem grande dificuldade diagnóstica por serem inespecíficos e por mimetizarem outras condições mórbidas. ❖ Embolia pulmonar deve ser sempre considerada quando houver dispneia súbita ou dor torácica pleurítica não explicada. o SINAIS mais comuns: taquipneia, estertores, taquicardia, 4ª bulha, hiperfonese do componente pulmonar de B2 e temperatura ≥ 37,5°C o SINTOMAS mais comuns: dispneia, dor torácica ventilatório-dependente, tosse, hemoptise; pode haver também paplpitações ou dor anginosa (menos frequentes). ❖ TEP, seguido de hipertensão pulmonar, se mais de 50% do leito vascular estiver comprometido dispneia progressiva, falência VD, arritmia e episódios recorrentes de fibrilação atrial. ❖ Embolia Pulmonar Maciça – ocorre com obstrução de, no mínimo, 50% do leito vascular pulmonar clínica é DRAMÁTICA! Ocorre: cor pulmonale agudo, falência cardíaca, hipotensão e choque circulatório. Sinais como: dor subesternal severa, arritmias, ritmo em galope, estase venosa e sopro tricúspide. ❖ Embolia Pulmonar Submaciça (pequena) dor torácica, dor pleurítica, dispneia, taquipneia, tosse, hemoptise/hemoptoicos, taquicardia, febre, cianose. ❖ Principal sintoma em portadores de TVP => dor na perna que aumenta ao longo dos dias ❖ Principal sintoma em portadores de TEP => dispneia subida inexplicada 1) TEP MACIÇO: PAS < 90mmHg ou queda ≥ 40 mmHg na sistólica basal por período > 15 min; obstrução em metade do leito arterial pulmonar, bilateral; indicado uso de trombolíticos; embolectomia por cateter indicada se: CI aos trombolíticos ou se houver falha terapêutica do trombolítico. 2) TEP MODERADO A GRAVE: PA normal, porém, dilatação e hipocinesia do VD no ECG; 30% dos campos pulmonares com hipoperfusão; disfunção de VD é marcador de mortalidade, então, se houver, considera-se uso de trombolíticos; se houver disfunção de VD + aumento da troponia USA trombolítico! 3) TEP PEQUENO A MODERADO: PA normal, sem disfunção de VD; tto satisfatório só com anticoagulantes. fISIOPATOLOGIA CLÍNICA Rodrigo Duarte Machado – 6º P – 2017/2 ❖ DICA: SEMPRE DESCONFIE DE TEP EM TODO O PACIENTE COM DISPNEIA SÚBITA QUE MANTÉM OS PULMÕES LIMPOS NA AUSCULTA DO TÓRAX ❖ RECOMENDA-SE diante de um paciente cuja clínica seja compatível com TVP/TEP, estime a probabilidade pré-teste desses diagnósticos. Para isso, o escore mais utilizado atualmente é o de Wells: Moderada/Alta – > 0 Baixa – ≤ 0 Moderada/Alta - > 4 Baixa: < 4 ❖ SUPONDO exemplo em que a probabilidade seja Moderada/Alta, quadroclínico compatível e presença de fatores de risco, a chance de TEV não é baixa, então, não há dúvidas EXAME DE IMAGEM NA HORA! E se não houver contraindicação importante, COMECE A ANTICOAGULAR O PACIENTE! o Melhor método para TVP Duplex-scan de MMII o Melhor método para TEP Angiotomografia Pulmonar com Tomógrafo Helicoidal com/sem Venotomografia de MMII ❖ SUPONDO exemplo em que a probabilidade de TVP/TEP não é alta não é obrigatório partir para ex. de imagem. o Dosa-se o D-dímero!!! Se D-dímero < 500 ng/dl + clínica de probabilidade baixa EXCLUI possibilidade de TEP. EXAMES INESPECÍFICOS – solicitados para todo paciente com suspeita de TEP; fortalecem ou enfraquecem a suspeita. RADIOGRAFIA DE TÓRAX – sinais sugestivos de TEP: Oligoemia focal (Westermark), infiltrado em forma de cunha, base apoiada sobre o diafragma - infarto pulmonar – (Corcova de Hampton) e dilatação da a. pulmonar direita (Palla); se fatores de risco + dispneia súbita cujo exame é normal sintomas >>>> Rx. ECG – sinal mais sugestivo: Síndrome S1Q3T3; taquicardia sinusal (mais comum, mas muito inespecífica); inversão da onda T de V1-V4; sobrecarga de VD GASOMETRIA – Hipoxemia no sangue arterial (embora inespecífica) e hipocapnia (alcalose respiratória); no TEP maciço: alcalose mista (respiratória + lática) ECOCARDIOGRAMA – disfunção de VD: mau prognóstico; dilatação, hipocinesia, regurgitação tricúspide (sobrecarga aguda do VD); hipertrofia miocárdica (sobrecarga crônica do VD); bastante sugestivo presença de trombo na cavidade VD. MARCADORES BIOQUÍMICOS – troponinas e BNP (úteis na estratificação de risco); D-dímero útil para excluir possibilidade. DIAGNÓSTICO Rodrigo Duarte Machado – 6º P – 2017/2 EXAMES ESPECÍFICOS DUPLEX-SCAN DE MEMBROS INFERIORES – melhor exame para identificar TVP ileofemoral TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA HELICOIDAL (Angio-TC) – teste de escolha na avaliação inicial do TEP ANGIORRESSONÂNCIA – alta acurácia para detecção de TVP; também é boa para TEP CINTILOGRAFIA VENTILAÇÃO-PERFUSÃO (V/Q) o Era o exame mais utilizado pra dgx de TEP antes dos Tomógrafos Helicoidais o Faz-se injeção IV de Tecnécio radioativo (Tc 99) que é retido na rede capilar pulmonar indicando as áreas do parênquima bem perfundido. Depois, é feita inalação de Xenônio radioativo (Xe 133). Se cintilografia de perfusão revelar presença de áreas mal perfundidas, deve-se verificar se também são mal ventiladas. o Indicativo de doença vascular provavelmente embólica quando: áreas mal perfundidas, porém, bem ventiladas. o Cintilografia normal: exclui possibilidade de TEP o Cintilografia com 2 ou mais defeitos segmentares bem ventilados: alta probabilidade ARTERIOGRAFIA PULMONAR – método padrão-ouro para dgx de TEP. o Faz-se cateterismo da a. pulmonar com injeção direta de contraste no lúmen. o TEP é evidenciado por: falha de enchimento no leito arterial pulmonar, ou então a interrupção abrupta de um vaso. o Indicado como método confirmatório nos casos em que será feita embolectomia por cateter. ANTICOAGULAÇÃO – reduz taxa de mortalidade até 90% (evita recorrência de TEP) É A BASE DO TRATAMENTO! o Em casos de suspeita clínica grande mas não realização de exames confirmatórios anticoagulação empírica! o HBPM pacientes com TEP hemodinamicamente estáveis – ENOXAPARINA – 1mg/kg – SC de 12/12h COM MONITORIZAÇÃO DE SEU EFEITO! o HNF pacientes com TEP hemodinamicamente instáveis – Dose inicial: 80 U/kg em bolus + 18 U/kg/h – monitorização do PTTa de 6/6h. o FONDAPARINUX alternativa viável à HNF, embora não existe antídoto contra ele! Peso 50-100kg – 7,5 mg, SC – 1x/dia o WARFARIN (antagonista de vit. K) iniciado junto com a 1ª dose de HBPM ou Fondaparinux por no mín. 5 dias! Dose inicial: 5 mg/dia TROMBOLÍTICOS – reduzem a “carga” de trombos formados; drogas atuam ativando o plasminogênio tecidual. o Só podem ser administrados se for confirmado o diagnóstico de TEP; Indicação absoluta: instabilidade hemodinâmica o Heparina deve ser suspensa até o término da infusão do trombolítico o ESTREPTOQUINASE – dose de ataque: 250.000 IU em 30 min, seguida de 100.000 IU/h por 24h. FILTRO DE VEIA CAVA INFERIOR – impedem a recidiva de TEP em curto prazo, mas aumentam o risco de TVP a longo. o Usa-se, principalmente, quando: anticoagulação for contraindicada e TEP confirmado, falha na anticoagulação TERAPIA INTERVENCIONISTA – usa-se em pacientes com embolia maciça, instáveis hemodinamicamente e que apresentam contraindicação ao trombolítico ou refratariedade ao trombolítico. o Trombolítico intra-arterial, embolectomia succional, embolectomia por fragmentação, outros. o Embolectomia cirúrgica realizada com CEC (circulação extracorpórea) EMBOLIA PULMONAR MACIÇA – quando pcte estiver com insuf. respiratória, choque, assistolia. o Administração de salina + dopamina e noradrenalina (suporte pressórico) + dobutamina (estimular o VD) o Intubação orotraqueal + ventilação mecânica + trombolíticos o Se contraindicação a trombolíticos embolectomia intervencionista + filtro de veia cava inferior. TRATAMENTO
Compartilhar