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DEPRESSÃO

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DEPRESSÃO É FRESCURA?
	Qual é a primeira coisa que vem a sua mente quando você ouve falar em depressão? Você já parou para pensar que a depressão afeta justamente o cérebro, órgão que controla todos os outros? Por que não raramente ouvimos que depressão é “doença de gente desocupada”, sem importância quando comparada, por exemplo, a uma doença cardíaca? Por que a pessoa com depressão tem pena de si mesma? Você já pensou que comentários pejorativos como esses podem apenas piorar o quadro clínico de um paciente com depressão? O que torna a depressão menos concreta do que a hipertensão ou bronquite? 
	Já ouvimos milhares de definições para a depressão: desde "o mal do século XXI" até mesmo a denominação de “frescura” ou um simples “alarme de quem quer chamar a atenção”. E quando o assunto é abordado, vamos muito além disso, principalmente na boca dos “doutores google”, que “sabem” não só o diagnóstico, mas também o prognóstico da doença. Entretanto, ao contrário do que muitos pensam, a depressão não é curada com uma pilha de remédios, tão pouco com uma pilha de louças para lavar. Exige muito mais do que o senso comum tem banalizado nos últimos anos.
	Não é algo de que nos orgulhamos ser do "clube tarja preta" ou dos "medicamentos sob controle especial", mas não é nada além ou aquém do ser humano. O impacto das doenças mentais, mais comumente a depressão, tem sido subestimado por alguns levantamentos feitos, que descrevem números de doentes em dados absolutos, mas não incluem a incapacidade causada pela doença, como perda de atividades sociais, perda de dias de trabalho, entre outros. Assim, esse texto visa esclarecer um pouco mais sobre essa doença, mostrando como essa patologia afeta BIOLOGICAMENTE o indivíduo, e como é capaz de atrapalhar o funcionamento dos demais sistemas.
 
Há duas teorias que melhor explicam a etiologia da depressão, no entanto, elas não devem ser tidas como definitivas, mas sim como um degrau para que novos conhecimentos sejam firmados. A primeira teoria envolve, basicamente, neurotransmissores monoaminaminérgicos e seus receptores. Já a segunda aborda sobre o Sistema Límbico e suas conexões.
Neurotransmissores são substâncias que transmitem o impulso nervoso entre os neurônios, como se fosse uma junção entre pólos elétricos. 
	As monoaminas se dividem em catecolaminas e indolaminas. Fazem parte do primeiro grupo a dopamina e a noradrenalina e do segundo, a serotonina. Elas serviram de base para a primeira hipótese, monoaminérgica, que defendia que a depressão seria causada por uma deficiência nas catecolaminas, com destaque para a noradrenalina, cujos níveis estavam mais baixos em comparação ao indivíduo saudável. Essa teoria resultou da observação de pacientes que faziam tratamento com reserpina, um componente de um medicamento para hipertensão, pois a reserpina é capaz de impedir o armazenamento de serotonina e noradrenalina nas vesículas sinápticas, depois que são recaptadas. Assim, esses neurotransmissores ficam expostos e sujeitos à ação da MAO, a enzima monoaminoxidase, que vai degradá-los.
	Seguindo essa linha de raciocínio, alguns anos mais tarde, em 1971, foi proposta a hipótese serotorinérgica, que foi o pontapé para a criação dos antidepressivos inibidores seletivos de recaptação serotonina, assim esta ficava mais tempo agindo na fenda sináptica. Em 1990, Wilnner propôs a hipótese dopaminérgica, que também colocou em destaque o hipo funcionamento da dopamina. Essas teorias serviram como embasamento para a criação dos anti-depressivos inibidores seletivos da receptação de serotonina, noradrenalina ou desses dois mais a dopamina e daqueles inibidores da MAO. Apesar do indiscutível avanço dessas hipóteses, elas ainda não explicavam porque os antidepressivos não tinham eficácia imediata, pois eles inibiam a receptação desses neurotransmissores, mas os sintomas da depressão só melhoravam semanas depois, após esse período de adaptação.
	A segunda teoria acerca do assunto vai abordar o sistema límbico e suas conexões, entre as quais, podemos citar a conexão com o hipotálamo. O Sistema Límbico foi demonstrado por Hess há cerca de 50 anos, o que lhe rendeu o prêmio Nobel de Medicina na época. Esse sistema envolve áreas específicas do cérebro, relacionadas ao processamento das emoções, que são divididas em componentes corticais e subcorticais.
	Giro do cíngulo, giro para-hipocampal e hipocampo fazem parte dos componentes corticais enquanto corpo amigdaloide, área septal, núcleos mamilares, núcleos anteriores do tálamo e núcleos habenulares compõem os componentes subcorticais.
	O hipotálamo, juntamente com o sistema límbico e a área pré-frontal, têm papel importante na regulação de processos emocionais, e, quando alvos de lesões, podem ser responsáveis por alterações na personalidade e comportamento. É importante lembrar que o córtex pré-frontal é uma área relacionada com a motivação, vontade e determinação.
	Em síntese, se essas regiões específicas relacionadas à motivação são lesadas, a pessoa perde a motivação, o que pode ser interpretado como sintomas de depressão. A melhor denominação para esse caso é “Transtorno Mental Orgânico” e não como o Transtorno Depressivo em si.
	Local da lesão
	Humor
	Núcleo ventromedial hipotálamo
	Agressivo
	Córtex pré-frontal dorsolateral
	DEPRESSÃO
	Corpo amigdaloide (bilateral)
	Diminuição da excitabilidade emocional
 
Esquema do sistema límbico
POR QUE PESSOAS COM DEPRESSÃO SENTEM MAIS DOR?
	O sistema límbico é importante para ajudar na regulação do controle da dor e quando está afetado pela depressão, consequentemente, não modula a dor como em situações normais, o que faz com que a pessoa com depressão tenha menor tolerância à dor. De forma simples, é como se o sistema límbico fosse um filtro para o impulso doloroso e quando está “lesionado”, deixa a dor passar com maior facilidade. 
	Em termos técnicos, a via que leva o impulso da dor é aferente. Essa via ou “estrada” que o impulso tem que percorrer é composta por neurônios que se comunicam pelas sinapses. Assim o neurônio I (no gânglio espinhal) faz sinapse com o neurônio II (que está na lâmina II de Rexed, ou substância gelatinosa, na coluna posterior da medula espinhal), que terminam no tálamo e córtex cerebral, onde a dor é interpretada pela consciência. 
	Concomitantemente, impulsos sensitivos aferentes conectam-se na lâmina V de Rexed, ligando-se ao neurônio III, localizado na formação reticular que vai dar origem a fibras que terminam no neurônio IV, no tálamo, uma região do cérebro. Da formação reticular, especificamente dos chamados núcleos da rafe, partem vias mediadas por serotonina e noradrenalina, que descem à Lâmina II de Rexed, na medula, onde vão “filtrar” a dor, diminuindo o impulso doloroso que entra.
Esquema do controle da Dor.
 DEPOIMENTOS:
Mulher, idade atual 21 anos, idade do diagnóstico de depressão: 15 anos
“Eu não via sentido para as coisas que eu fazia, me sentia uma inútil, pensava que minha existência não importava, pois eu não era nada. Pensei em me matar, mas nunca tentei, porque sempre pensava na minha mãe, não queria deixá-la sozinha. Também não tinha vontade de comer nada(...) Tomei paroxetina por dois meses e com muita conversa com minha mãe, acabei melhorando. Depois de um tempo, eu pensei que era errado eu só me sentir bem por causa do efeito de um remédio, aí comecei a fazer coisas que me faziam sentir bem e fui cortando o remédio, até um dia parar de vez. É claro que às vezes a gente se sente mal e inútil, mas nada comparado ao jeito que me sentia antes. Não tive mais crises. Antes não tinha esperança nenhuma de que as coisas iam melhorar, minha esperança era dar um fim em tudo.”
Mulher, 28 anos
“Há pouco mais de um ano, comecei a conviver com uma assustadora melancolia. O primeiro sintoma foi o isolamento. Quem me conhecia desconfiava da minha ausência em festas e reuniões de amigos. Ficar em casa ouvindo músicas tristesera o que me satisfazia. Sentia tanta dor, inclusive física, pela somatização de angústias, que no início, mesmo com a ajuda de um terapeuta, uma psiquiatra e vários medicamentos, não conseguia me ver longe daquele abatimento. Acreditava que minha vida era como um teatro no qual eu inventava meus personagens e apresentava uma péssima atuação. Passei por tantos estágios de aflição que cheguei a ponto de tentar suicídio e ser internada em uma clínica psiquiátrica. Minha família sofreu junto comigo. O pior era ter de tentar esconder isso de algumas pessoas, pois, passada aquela fase, como os outros iriam me olhar? Como meus colegas de trabalho se refeririam ao assunto? Com pena? Medo? É muito triste sermos julgados durante toda a vida por uma fase. Hoje entendo que, quando meus problemas não são resolvidos, eles tendem a me levar à depressão. Nesse aflitivo ciclo em que vivo, estou cercada dos cuidados da família e de amigos. Minha depressão tem sido vencida e no fim ela mesma encabula e sai correndo.”
Chico Anysio, sobre a depressão: 
“Eu tenho um psiquiatra há 24 anos. E se não fossem os remédios que a psiquiatria dá. Se não fosse isso, eu não teria conseguido fazer 20% do que eu fiz.”
“(...)a depressão é um demônio, é como um gás letal, ela entra e a pessoa não sente que esta deprimida. Os outros descobrem que ela está e ela tem que ir a um médico”... “ser psiquiatra é louvável por que a psiquiatria é um dos ramos mais complexos da medicina”.
QUANTAS PESSOAS SE SENTEM ASSIM?
A Depressão é a quarta principal causa de incapacitação no mundo e de acordo com projeções da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2030, será o mal mais prevalente, superando até mesmo o câncer. Atualmente, a depressão aflige cerca de 121 milhões de pessoas no mundo, segundo a Revista BMC Medicine.
No Brasil, cerca de 18% da população em geral, apresenta sintomas depressivos, conforme estudos populacionais. A maioria inclui mulheres, conforme dados de um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo que avaliou a prevalência de distúrbios psiquiátricos na região metropolitana da cidade, baseado em 5.037 entrevistas.
A proporção de afetados pode ser ainda maior, visto que muitos nem sequer são diagnosticados por variados motivos: falta de acesso ao serviço de saúde, preconceito, falta de profissionais capacitados, entre outros e acabam não fazendo o tratamento, revelando outra face cruel da depressão. 
Você pode incluir alguma coisa sobre tratamento, a importância de se procurar um médico especialista (psiquiatra), da psicoterapia (para lidar com os fatores estressores ambientais), e de realizar atividades físicas regulares (que ajudam a equilibrar os neurotransmissores cerebrais), além do uso de medicações adequadas prescritas por seu médico, com doses corretas e por tempo suficiente para o tratamento dar certo. 
Referências:
MACHADO, Angelo. Neuroanatomia Funcional. 2.ed.Atheneu. 229-235pag; 275-284pag
MENESES, S. Murilo. Neuroanatomia Aplicada. 2.ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan: 2006, pag282-300 
TOFANI, Aurelio. E-book Nutrição nos Transtornos Psiquiátricos, disponível em : http://books.google.com.br/books?id=PACoAgAAQBAJ&pg=PT27&lpg=PT27&dq=hip%C3%B3tese+catecolamin%C3%A9rgica&source=bl&ots=rNS9_day_S&sig=in-Q-6TKHTvWYERs3UyPSkbrnb8&hl=pt-BR&sa=X&ei=BqF8VPiTBYTLaJOHgJAK&ved=0CC0Q6AEwAw#v=onepage&q=hip%C3%B3tese%20catecolamin%C3%A9rgica&f=false, acesso em 03 de dezembro de 2014 
ESPERIDIÃO, V. Antonio. Et al. Neurobiologia das emoções, Revista de Psiquiatria Clínica, 2008. disponível em: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol35/n2/55.htm Acesso em: 2 dez.2014
MAZZINI, Rubens. Desmistificando a depressão. Disponível em: <http://www.imeds.com.br/rubensmazzini/artigo/8303-desmitificando-a-depressao>. Acesso em: 3 dez.2014
Sinapse do Sistema Nervoso, LIGA DE NEUROCIRURGIA, disponível em: http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=2&materia_id=22&materiaver=1, acesso em: 2 dez 2014.
Em depoimento inédito, Chico Anysio conta como venceu a depressão, disponível em :
http://www.socep.med.br/site/?p=215, acesso em 3 dez 2014.

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