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AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Profa. Mariana Medeiros Assed Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU Curso de Pós graduação em Neuropsicologia Neuropsicologia Infantil e do Adolescente Avaliação de uma criança Autista Definição: O que é autismo? - é um distúrbio do comportamento de início precoce e curso crônico, com impacto variável em áreas múltiplas do desenvolvimento. - caracterizado por prejuízos na interação e na comunicação sociais, com restrita gama de interesses, padrões de comportamentos repetitivos, estereotipados e maneirismos - 60% - 70% possuem retardo mental - 33% - epiléticos - as anormalidades começam a ficar mais evidentes a partir dos 3 anos - Biologicamente determinado, mas seu diagnóstico é essencialmente clínico Histórico 1943 - Leo Kanner descreveu 11 casos: disturbios autísticos - incapacidade de relacionamento interpessoal desde o nascimento - monotonia e respostas incomuns ao ambiente - maneirismos motores estereotipados - resistência a mudança - aspectos não usuais das habilidades de comunicação Inversão dos pronomes, ecolalia Histórico 1950 e 1960 - autismo era causado por pais não emocionalmente respondidos aos filhos - estudos refutaram essa ideia; novas pesquisas sugeriram que o autismo é um transtorno orgânico cerebral presente desde a infância e encontrado em diversos países e grupos socieconomicos; Histórico 1980 - Transtornos invasivos do desenvolvimento (TID) DSM-III bem como na CID - 10 e posteriormente no DSM-IV. - Critérios foram avaliados em um estudo multicêntrico com n=1000 Epidemiologia - 2 de abril, é o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo - Organização Mundial da Saúde, OMS, calcula que o autismo afeta uma em cada 160 crianças no mundo. Epidemiologia - Um novo levantamento feito pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), EUA - constatou que a incidência de autismo entre as crianças aumentou: agora 1 em 45 estão dentro do transtorno do espectro autista (o que representa cerca de 2,25%). - Entre 2011 e 2013, essa taxa era apenas de 1 a cada 80 e, em 2008, 1 em cada 100. Epidemiologia -Mudança feita nos questionários que foram respondidos pelos pais. -Na conclusão do estudo, os especialistas apontam que, nos anos anteriores, é possível que os pais de algumas crianças diagnosticadas hoje com autismo tenham apontado que os filhos tinham outros tipos de desordens comportamentais. Epidemiologia - Para o biólogo molecular e professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia (UCSD), Alysson Muotri, é difícil saber com certeza se a incidência do transtorno está mesmo aumentando: "O “autismo” é um alvo em movimento, é um conceito que muda com o tempo. O que chamamos de autismo hoje é algo muito diferente de dez anos atrás. - Na falta de um biomarcador, estamos à mercê de um diagnóstico clínico e, muitas vezes, subjetivo” - "Com os avanços na genética, ja é possível ter resultados com o sequenciamento do genoma de indivíduos, o que auxilia nesse diagnóstico. Isso ainda não é rotina, mas vai ser em breve”. - Essa mudança de critérios para definir o que caracteriza o autismo pode fazer com que ora algumas crianças sejam diagnosticadas dentro do espectro, ora sejam deixadas para fora. Isso faz sentido quando consideramos que, nas conclusões da pesquisa, os especialistas enfatizaram que o número total de indivíduos identificados nas três categorias contempladas pela investigação (deficiência intelectual, transtornos do espectro autista e deficiência comportamental) permaneceu inalterado. Etiologia e Patogênese - Heterogênea, multifatorial, com indicações de uma forte e complexa influencia genética; - Associada a uma causa conhecida em apenas 10% dos indivíduos, sendo mais comuns a síndrome do X frágil, a esclerose tuberosa e anormalidades cromossomas. - Infecções pré natais por influenza e citomegalovírus tb tem sido associadas a esse transtorno Fatores Biológicos: - Alta incidencia de RM e Epilepsia sugerem uma base biológica; - Tb associados a parte neurológica como rubéola congênita, fenilcetonúria, esclerose tubersa e síndrome de Rett; - maiores evidencias de complicações perinatais e anormalidades físicas congênitas; Fatores Genéticos: - um dos transtornos neuropsiquiátricos com maior herdabilidade = 90% ( padrão de herança complexo e não mendeliano - indicando que o autismo evidencia ser decorrente de efeito epigenético e/ou da interação de múltiplos genes e combinações variadas Fatores Genéticos: - Estudo de escaneamento global para suscetibilidade de autismo - identificaram algumas regiões cromossomicas e 3 genes específicos: envolvido no desenvolvimento cerebral e o transportador de serotonina - famílias de autistas com alterações leves nos domínios social, comunicativo e imaginativo semelhante ao dos autistas Fatores perinatais - Incidencia de complicações: bebes diagnosticados como autistas - sangramento materno apos o primeiro trimestre; - mecônio no liquido amniótico - síndrome de sofrimento respiratório e anemia neo-natal Fatores psicossociais - exacerbação sintomática a estressores psicossociais, incluindo a discórdia, nascimento da irmão ou mudanças na família algumas sendo mais sensiveis a mudanças na rotina Neurobiologia - anormalidades anatômicas em varias partes encefálicas: cerebelo, tronco encefálico, lobos frontais, parietais, hipocampo, corpos amigdaloídes - estudos com ressonância - < vol. cerebel, tronco encefálico, lobo parietal e no esplêndido do corpo caloso Diagnóstico e características clinicas - Novos critérios têm como objetivo levar a diagnósticos mais precisos e, como resultado, a tratamentos mais adequados. - Discussão sobre os benefícios dessa fusão: especialistas dizem que, com o agrupamento das síndromes em um só diagnóstico, poderá haver uma diminuição significativa no número de crianças diagnosticadas com TEA. Diagnóstico e características clinicas DSM-IV (1994) DSM-V (2013) Novo Reagrupamento do Transtorno do Espectro do Autismo Autismo Síndrome de Aspenger Transtorno desintegrativo da Infância Síndrome de Rett TEA Transtorno do Espectro do Autismo (Leve, Moderado, Grave) Síndrome de Rett *DSM - Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais Diagnóstico e características clinicas - De acordo com as novas modificações, o Transtorno do Espectro do Autismo – TEA passa a englobar diferentes síndromes caracterizadas por desordens do desenvolvimento neurológico. - Essas síndromes passam a ser identificadas por dois critérios: dificuldade na comunicação social e presença de comportamentos repetitivos e interesses restritivos. Características observáveis em cada critério, de acordo com o DSM-5: A. Comunicação social e interação social em vários contextos: 1. Dificuldade na reciprocidade sócio-emocional: dificuldade de compartilhar interesses, emoções; dificuldade de iniciar, manter ou responder às interações sociais. 2. Dificuldades na comunicação não verbal: comunicação verbal e não-verbal mal integradas, dificuldades no contato visual; dificuldade no uso de gestos, linguagem corporal e expressão facial; incapacidade de compreensão da comunicação não-verbal de outras pessoas. 3. Dificuldades no desenvolvimento, manutenção e compreensão das relações sociais: dificuldades de ajustes de comportamento para atender a diversos contextos sociais; dificuldades de fazer amigos Características observáveis em cada critério, de acordo com o DSM-5:B. Comportamentos repetitivos e interesses restritivos 1. Movimentos motores estereotipados ou repetitivos (ex: abanar as mãos, balançar o corpo incessantemente), uso não convencional de objetos (por exemplo: virar o carrinho ao contrário e girar as rodinhas por vários minutos; alinhar brinquedos), ou da fala, como a ecolalia (quando a criança faz o mesmo som, repetitivamente) e frases idiossincrásicas (fora do comum, sem sentido aparente). 2. Adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados do comportamento (por exemplo, a angústia extrema em pequenas mudanças, dificuldades com transições, padrões rígidos de pensamento, manutenção de rituais no dia a dia, como a necessidade de pegar a mesma rota ou comer a mesma comida todos os dias). 3. Interesses restritos e obsessivos que são anormais em intensidade ou foco (por exemplo, forte interesse ou preocupação com objetos incomuns, manias alimentares, atração por objetos que produzem movimentos, acúmulo de objetos). 4. Hiper ou hiporeatividade a estímulos sensoriais ou interesses incomuns por aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo, aparente indiferença à dor e à temperatura; resposta adversa a sons específicos ou texturas; mania de cheirar e/ou tocar determinados objetos; fascinação por luzes ou movimento). Características observáveis em cada critério, de acordo com o DSM-5: C. Os sintomas devem estar presentes na primeira infância, mas podem não se manifestar completamente até que surjam as demandas sociais. Características observáveis em cada critério, de acordo com o DSM-5: D. Os sintomas, juntos, limitam e prejudicam o dia a dia do indivíduo. - Para se qualificar para um diagnóstico: o indivíduo deve exibir 3 características relativas à comunicação social e pelo menos duas na categoria de interesses restritos e comportamentos repetitivos. - Esta segunda categoria inclui agora novas características não apresentadas no DSM-4: sensibilidades sensoriais ou interesses sensoriais incomuns. - O autismo é uma condição permanente, ou seja, a criança nasce com autismo e torna-se um adulto com autismo. - Cada pessoa com autismo é única e todas podem aprender, cada uma à sua maneira. - Diagnóstico: observações do comportamento da criança e por entrevistas feitas com os seus responsáveis. - Não há exames de sangue, nem características físicas que identifiquem o autismo, por isso, os médicos devem usar a observação cuidadosa dos comportamentos para determinar se as dificuldades de uma criança estão relacionadas ao transtorno. - Diagnóstico: durante o período pré-escolar mas, nos casos de crianças que não possuem dificuldade significativas na comunicação social, esse diagnóstico pode ser feito tardiamente, geralmente quando a criança inicia a fase escolar e, com ela, surgem as dificuldades relacionadas a alfabetização e socialização. Curso e Prognóstico - Estudos retrospectivos: > pais identificaram o inicio dos sintomas por volta dos 18 meses - Características podem ser notadas precocemente: • perda do sorriso social, • perda da expressão facial, • baixa atenção, • ausência de modulação do comportamento diante da presença de pessoas, • perda do contato visual e gestual • falta de resposta a estímulos auditivos Curso e Prognóstico - Fatores preditores do curso e do prognóstico: • presença de alguma linguagem por volta dos 5/6 anos, • inteligência não- verbal • gravidade da condição • resposta a intervenção educacional Curso e Prognóstico - estudos longo prazo: 2/3 das crianças autistas - prognóstico pobre: incapazes de viver independente - 1/3 conseguem atingir certo grau de independência e auto-suficiência, e, como adultos, estabelecerem um desenvolvimento razoável, com ganhos sociais, educacionais ou vocacionais, contudo, apenas 1 décimo é capaz de exercer atividade profissional com eficiência Aspectos Neurológicos Muitas das características percebidas no Autismo estão relacionadas com funções do lobo frontal, principalmente ao que se refere as funções executivas. Uma das funções centrais desta porção cerebral está ligada a capacidade de planejamento para atingir metas, tarefa esta que necessita de flexibilidade cognitiva, característica encontrada como deficitária no Autismo. Os indivíduos que sofreram lesões nas áreas corticais pré- frontais apresentaram características muito semelhantes ao Autismo. Demonstraram alterações de personalidade, perda do juízo crítico, dificuldades de atenção e problemas na memória de trabalho e prospectiva Aspectos Neurológicos O lobo frontal ocupa cerca de 1/3 do encéfalo humano e tem como tarefa executar tarefas a partir de informações recebidas pelas porções posteriores do córtex, que são formadas por regiões responsáveis pelas informações sensoriais, sendo que a porção pré-frontal ou anterior prepara e organiza as informações ligadas a emoção, memória e atenção, que provém do sistema límbico ou do cerebelo Aspectos Neuropsicológicos TEORIAS NEUROPSICOLÓGICAS - Nos últimos anos houveram muitas investigações no nível das teorias cognitivas na tentativa de compreender a relação do cérebro e o comportamento autista. Na teoria cognitiva há três ramificações teóricas: teoria da mente, teoria das funções executivas e teoria da coerência central. Teoria da Mente Theory of Mind - ToM - Habilidade de atribuir e representar, em si próprio e nos outros, os estados mentais independentes - crenças, intenções, desejos, conhecimento, etc - e de compreender que os outros possuem crenças, desejos e intenções que são distintas da sua própria. - Bases neurais da empatia - dependem da integridade dos corpos amigdaloídes, cortíces frontal medial e orbitofrontal, sulco temporal superior e do giro temporal superior. = CÉREBRO SOCIAL - Crianças com autismo de alto funcionamento apresentam prejuízos na habilidade de compreender os estado mentais representacionais: ÁREAS AFETADAS PELO AUTISMO: O autista geralmente tem comprometimento nas quatros dimensões: Biológica, cognitiva, social e afetiva. INSTÂNCIAS DE AFETAÇÃO: • Recepção sensorial: visual, auditiva, olfativa, tátil sinestésico e gustativa. • Expressão motora: equilíbrio, maneirismo, movimento repetitivo, praxias, etc. • Expressão verbal: linguagem e comunicação. • O tratamento para o Autismo envolve intervenções multidisciplinares nos aspetos: neurológicos, biológicos e psicológicos. Cognição - RM - associado a 75% - Autismo clássico pode estar presente em pessoas com QI normal ou superior - assim, o teste de QI não é critério diagnóstico - Autistas com QI normal podem apresentar dificuldades na linguagem oral e escrita - São piores na sequencia verbal; capacidade de abstração e seleção de estímulos sensoriais competitivos - Áreas preservadas e os indivíduos exibem habilidades surpreendentes e prodigiosas: “ilhas de precocidade” - “Ilhotas de habilidades especiais”ou Splinter skills - habilidades preservadas ou altamente desenvolvidas em certas áreas do cérebro, que contrastam com os déficits gerais de funcionamento da criança; - Criança com facilidade em decifrar letras e números as vezes precocemente (hiperlexia) mesmo que a compreensão seja prejudicada Cognição Aspectos Neuropsicológicos Cognição - Á10% dos indivíduos com autismo exibam uma forma de savant - desempenho alto em uma habilidade específica na presença de RM leve ou moderado; - esse fenômeno se relaciona a um âmbito reduzido de capacidades - • memorização de listas ou de informações triviais, • cálculos de calendários, • habilidades visuoespaciais, tais como desenho ou habilidades musicais envolvendo tonalidademusical perfeita ou tocar uma peça musical após te-la ouvido somente uma vez. Cognição The Good Doctor: nova série da ABC será sobre um cirurgião com autismo e síndrome de savant Stephen Wiltshire é um artista e consegue memorizar várias cenas em poucos minutos, e depois reproduzi-las com um número absurdo de detalhes em forma de desenhos. Cognição - O perfil típico na aval são déficits significativos em: • raciocínio abstrato, • formação de conceitos verbais • habilidades de integração • nas tarefas que requerem raciocínio verbal • compreensão social Cognição - Funcionamento Mental do autista: Sistematizar : direcionar a análise de sistemas de modo a compreender e predizer o comportamento de determinada situação - o modo como esse sistema faz sentido é em termos de regras e regularidades e, crianças que apresentam essa obsessão frequentemente se interessam por: sistemas mecânicos (movimento da agua, ventiladores) Cognição - Preferência por raciocínios repetitivos e sequências em detrimento de raciocínio e integração: assim, os autistas exibem um estilo de aprendizado fragmentado, não completam partes de algumas tarefas, comunicação ou situações em conjunto de forma coerente - Predileção a rotinas - pode estar relacionado ao prejuízo das funções executivas: possíveis disfunçõess pré frontais o que gera disturbios no controle atencional e perseverações - preferem as tarefas repetitivas, memória verbal e testes de reconstrução visual das partes para o todo Cognição - Funções executivas: qdo prejudicadas podem resultar em dificuldades de planejamento e manutenção de um objetivo em mente quando sao executados os passos para fazê-lo - do aprendizado por meio de feedback e da inibição de respostas irrelevantes e ineficientes - Estudos documentaram diversos deficit cognitivos-sociais em todo espectro autista: • dificuldades em reconhecer e expressar emoções, apreender pensamentos e recrutar informações para predizer e explicar comportamento. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO - Existem atualmente vários instrumentos que auxiliam na determinação de sintomas de autismo durante o processo de avaliação diagnóstica. - Profissionais em vários países têm se utilizado de uma combinação de diferentes instrumentos, analisando todas as informações obtidas através destes, juntamente às informações obtidas através da entrevista inicial com os pais bem como da observação direta da criança em diferentes contextos. - Dessa forma, é realizada uma determinação acerca do diagnóstico. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO -Para os pais/professores: PDDBI (Inventário Comportamental dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento); GARS-2 (Escala de Avaliação de Autismo de Gilliam); CARS (Escala de Avaliação de Autismo na Infância); ICA (Inventário de Comportamentos Autísticos); ADI-R (Entrevista Diagnóstica para Autismo); ADOS (Observação Diagnóstica Programática para Autismo). ABC (Lista de checagem de comportamento autístico), OBS: esses instrumentos são relacionados a avaliação do comportamento autista. Childhood Autism Rating Scale_ CARS (Escala de avaliação para autismo infantil), desenvolvida por Schopler et al., 1980. A CARS é baseada nas definições de autismo apresentadas por Rutter, Ritvo e Freeman. Os aspectos comuns entre essas definições são: i) desenvolvimento social comprometido em relação às pessoas, objetos e acontecimentos; ii) distúrbio da linguagem e habilidades cognitivas; iii) início precoce do transtorno, antes dos 30 meses de idade. A escala é um instrumento para observações comportamentais, sendo administrada na primeira sessão de diagnóstico. É composta por 15 itens, sendo que cada um deles é pontuado num continuum, variando do normal para gravemente anormal, todos contribuindo igualmente para a pontuação total. Autism Behavior Checklist -ABC (Lista de checagem de comportamento autístico), desenvolvida por Krug et al., 1980. O ABC é um questionário constituído por 57 itens, elaborados para avaliação de comportamentos autistas em população com retardo mental, que tem ajudado na elaboração de diagnóstico diferencial de autismo. Esta lista de verificação foi desenvolvida a partir do registro de comportamentos, selecionados de nove instrumentos utilizados para se identificar o autismo. Os itens desta escala, na forma de descrições comportamentais, foram agrupados em 5 áreas de sintomas: sensorial, relacionamentos, uso do corpo e de objetos, linguagem, e habilidades sociais e de auto-ajuda. A análise da escala propõe 17 itens comportamentais pontuados com nota 4, que são considerados altamente indicadores de autismo, 17 itens pontuados com nota 3, 16 itens pontuados com nota 2, e 7 itens comportamentais com nota 1, considerados pouco indicadores de autismo. O resultado médio dos estudos de validação do instrumento é 78 pontos para o autismo e 44 pontos para o retardo mental grave. O ABC, aparentemente, é capaz de identificar sujeitos com altos níveis de comportamento autista . Autism Diagnostic Interview – ADI (Entrevista diagnóstica para autismo), (Le Couteur et al., 1989). É uma entrevista planejada para ser utilizada junto aos pais, com o objetivo de fornecer um diagnóstico diferencial dos transtornos globais do desenvolvimento. O foco de atenção dela é baseado em três áreas principais do desenvolvimento: a) as qualidades da interação social recíproca; b) comunicação e linguagem; c) comportamentos repetitivos, restritivos e estereotipados. Além destes aspectos, são abordados outros fatores considerados importantes para o planejamento do tratamento do indivíduo, tais como hiperatividade e auto-lesão. O entrevistador busca investigar os primeiros cinco anos de vida dele, pois é o período em que certos aspectos são mais evidentes para o diagnóstico. Foca também os últimos 12 meses anteriores à entrevista. A pontuação das questões varia de 0 a 3, em uma gradação onde o valor “0” significa a ausência do comportamento investigado na questão, “1” que ele está presente mas não de modo grave, e “2” ou “3” informam que está presente de modo acentuado ou grave. Esta entrevista mostra-se eficaz em discriminar sujeitos com autismo e sujeitos não autistas com retardo mental. Autism Diagnostic Interview-Revised – ADI-R (Entrevista diagnóstica para autismo revisada), desenvolvida por Lord, Rutter, & Le Couteur, 1994, é uma revisão da ADI, que deve ser administrada junto aos pais, com o objetivo de obter descrições detalhadas dos comportamentos que são necessários para o diagnóstico diferencial dos Transtornos globais do desenvolvimento (TGD), e especialmente para o diagnóstico de autismo. A versão revisada, foi resumida e modificada para adequar-se a crianças com idade mental de aproximadamente 18 meses até a vida adulta, e está vinculada aos critérios do DSM-IV e da CID-10. A entrevista é aplicada em aproximadamente 1 hora e meia para crianças de até quatro anos, e torna-se um pouco mais demorada quando se trata de crianças mais velhas. A pontuação é feita baseando-se no julgamento do entrevistador com relação aos códigos que melhor representam os comportamentos descritos pelo entrevistado.7” para sujeitos não-verbais (não-verbal significa pontuação ”0” em “nível de linguagem”). Autism Diagnostic Observation Schedule – ADOS (Protocolo de observação para diagnóstico de autismo), desenvolvido por Lord et al., 1989. O ADOS é um protocolo padronizado de observação e avaliação dos comportamentos sociais e da comunicação da criança e do adulto autista, originalmente planejado para pessoas com idade mental de 3 anos ou mais. O propósito deste roteiro é fornecer uma série de contextos padronizados, visando a observação do comportamento social e comunicativo de indivíduos com autismo e transtornos relacionados.A observação comportamental visa satisfazer duas finalidades. A primeira delas, diagnóstica, distingue autismo de outros portadores de deficiência e de funcionamento normal. ICA (Inventário de Comportamentos Autísticos): Questionário em forma de entrevista , aplicado em pais, cuidadores e professores; É uma lista contendo 57 comportamentos atípicos, organizados em cinco áreas: sensoriais, relacionais, imagem corporal, linguagem, interação social e autocuidado; Tem como objetivo ajudar no diagnóstico diferencial das crianças suspeitas de autismo; No Brasil, a lista foi traduzida em 2005 por Marteleto & Pedromônico; INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO Para crianças mais novas: Escalas de Aprendizado no Início da Vida, de Mullen e o Bayley-III (Escalas do Desenvolvimento Infantil de Bayley ; M-CHAT (Lista Modificada de Verificação de Autismo em Crianças Pequenas); ATA (Escala de Avaliação de Traços Autistas). Para crianças mais velhas: Stanford-Binet e o WISC-IV (Escala de Inteligência para Crianças de Wechsler); Leiter-R; SIB-R (Escalas de Comportamento Independente) e o Vineland (Escalas de Comportamento Adaptativo de Vineland). Checklist for Autism in Toddlers, CHAT (Escala para rastreamento de autismo em crianças com até 3 anos) , desenvolvida por Baron-Cohen, Allen & Gillberg, 1992. É uma escala diagnóstica desenvolvida para o estudo de indicadores precoces de autismo. Ela é composta de um questionário que pode ser preenchido pelos pais e complementado por uma observação comportamental da criança. Modified Checklist for Autism in Toddlers – M-CHAT (Escala para rastreamento de autismo modificada) desenvolvida por Robins DL, Fein D, Barton ML, Green JA, 2001. A resposta aos itens da escala leva em conta as observações dos pais com relação ao comportamento da criança. Essa escala é uma extensão da CHAT, consistindo em 23 questões do tipo sim/ não, que deve ser autopreenchida por pais de crianças de 18 a 24 meses de idade, que sejam ao menos alfabetizados e estejam acompanhando o filho em consulta pediátrica. O formato e os primeiros nove itens do CHAT foram mantidos. As outras 14 questões foram desenvolvidas com base em lista de sintomas freqüentemente presentes em crianças com autismo. Resultados superiores a “3” (falha em 3 itens no total) ou em “2” dos itens considerados críticos (2,7,9,13,14,15), após confirmação, justificam uma avaliação formal. Foi traduzida e adaptada para português no Brasil por Mirella Fiuza Losapio e Milena Pereira Pondé, 2008. Escalas validadas no Brasil Escala d´Avaluació dels Trests Autistes, ATA (Escala de avaliação de traços autistas), desenvolvida por Ballabriga et al., 1994. Esta escala foi traduzida e adaptada para o Brasil por Assumpção Jr. et al em 1999. A ATA é uma escala de avaliação de traços autistas baseada nos critérios do DSM-III-R.O trabalho de adaptação desta escala para a língua portuguesa envolveu o estudo de sua aplicabilidade em nosso meio, além de validá-la e adaptá-la aos atuais critérios do DSM- IV.ndamenta-se na observação. Esta escala fornece o perfil de conduta da criança, e permite acompanhar a evolução dos casos, sendo administrada após obtenção de informação detalhada e com duração média de 20 a 30 minutos. Esta escala é composta por 23 sub-escalas, que pode ser aplicada em crianças acima de 2 anos; Tem como finalidade detectar casos suspeitos de autismo e acompanhar a evolução dos casos. A pontuação varia de “0” a “2” para cada sub-escala, pontuando-se a escala no momento em que um dos itens for positivo, e totalizando-se através da soma de todos os valores positivos da escala. Cada subescala tem no mínimo 3 itens e no máximo 8. Autism Screening Questionnaire -ASQ (Questionário de triagem para autismo), desenvolvido por Rutter et al., 1999. O ASQ foi planejado por Michael Rutter e Catherine Lord, para ser completado pelos pais ou cuidadores de indivíduos com suspeita de diagnóstico de TGD. O ASQ consiste em 40 questões extraídas da ADI- R, que foram modificadas para tornarem-se mais compreensíveis aos pais. Psicóloga especialista em Neuropsicologia pelo IPqHCFMUSP; Mestre em Ciências pelo programa de Neurociências e Comportamento - NEC - IPQ HCFMUSP, Psicóloga colaboradora no Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPqHCFMUSP; Responsável pelo Grupo de Memória no Hospital-Dia Infantil do IPq HC FMUSP. marianaassed@gmail.com mariana@neuracademy.com Mariana Medeiros Assed OBRIGADA Profa. Mariana Medeiros Assed
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