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AJUSTES FISIOLÓGICOS DA GESTAÇÃO INTRODUÇÃO A gravidez normal é acompanhada por alterações anatômicas, fisiológicas e psicológicas que afetam quase todas as funções orgânicas da gestante. Essas mudanças são necessárias para regular o metabolismo materno, promover o crescimento fetal, preparar a mãe para o trabalho de parto e lactação. O entendimento desses ajustes é indispensável para o nutricionista subsidiar a assistência nutricional pré-natal. A presença dos ajustes fisiológicos impostos pela gravidez no organismo materno, traduzidos nos sinais e sintomas, permite o diagnóstico da gestação. DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO Para o diagnóstico da gravidez utilizam-se os parâmetros: Clínico Hormonal Ultrassonográfi co DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA GESTAÇÃO Os sinais clínicos de gravidez se agrupam em: 1- Presunção: - 4 semanas: amenorreia, em mulheres em idade reprodutiva (descartar outras causas); - 5 semanas: náuseas, vômitos, anorexia (manhã), perda de peso e congestão mamária (mamas doloridas); - 6 semanas: aumento do volume uterino e polaciúria (micção frequente com pequena quantidade de urina). DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA GESTAÇÃO 2- Probabilidade: - 6 semanas: um atraso menstrual de 10-14 dias constitui sinal de probabilidade de gravidez; - 8 semanas: volume uterino aumentado, correspondendo ao dobro do seu tamanho normal. Alteração da consistência uterina que apresenta consistência elástico-pastosa e amolecida. Ocorre também alteração da forma uterina que, inicialmente, cresce de maneira assimétrica. - 16 semanas: aumento do volume abdominal. DIAGNÓSTICO CLÍNICO DA GESTAÇÃO 3- Certeza: São dados pela presença do concepto. - 18 semanas: percepção e palpação dos movimentos ativos do feto, que detectam a presença do feto vivo. - 20-21 semanas: ausculta e identificação dos batimentos fetais. DIAGNÓSTICO HORMONAL DA GESTAÇÃO Hormonal: é o parâmetro mais precoce e exato para o diagnóstico da gestação. Investiga a produção do hormônio HCG (gonadotrofina coriônica humana), que pode ser rastreado na urina ou no sangue, e tem sua secreção intensa desde a fase inicial da gestação, sendo produzido em quantidades crescentes. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO DA GESTAÇÃO Ultrassonográfico: com 4 semanas de amenorreia é possível a identificação do saco gestacional na parte superior do útero. Já com 6 e 7 semanas, é possível a identificação do eco embrionário e os batimentos cardiofetais. Com 12 semanas a placenta pode ser identificada e com 16 semanas tem sua estrutura bem definida. IDADE GESTACIONAL A idade gestacional (IG) é calculada a partir do 1 dia do último período menstrual normal, sendo expressa em semanas ou dias completos. O Ministério da Saúde (MS) recomenda os seguintes métodos para o cálculo da IG: 1) Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida com certeza: - Uso do calendário: somar o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por 7 (resultado em semanas). - Uso de disco (gestograma). GESTOGRAMA IDADE GESTACIONAL 2) Quando a DUM é desconhecida, mas a gestante conhece o período do mês em que ela ocorreu: - Se o período foi no início, meio ou fim do mês, considerar como DUM os dias 5, 15 e 25, respectivamente. Proceder, então, à utilização de um dos métodos anteriormente descritos. 3) Quando a data e o período da DUM são desconhecidos: nesse caso, a IG e a data provável do parto (DPP) serão, inicialmente, determinadas por aproximação, através de exame físico e ultrassonográfico. DATA PROVÁVEL DO PARTO (DPP) O MS recomenda os seguintes procedimentos para o cálculo da DPP: 1) Considerar a duração média da gestação normal (280 dias ou 40 semanas a partir da DUM) mediante a utilização de calendário. 2) Com o uso do disco (gestograma), posicionar a seta sobre o dia e mês correspondentes a DUM e observar a seta na data (dia e mês), indicada como DPP. 3) Regra de Naegele: somar 7 dias à DUM e subtrair 3 meses ao mês em que ocorreu a DUM (ou adicionar 9 meses, se a DUM corresponder aos meses de janeiro a março). Nos casos em que o número de dias encontrado for maior que o número de dias do mês, passar os dias excedentes para o mês seguinte, adicionando 1 ao final do cálculo do mês. EXEMPLOS: DUM: 13/09/14 cálculo do dia: 13 + 7 = 20 cálculo do mês: 9 – 3 = 6 DUM: 10/02/15 cálculo do dia: 10 + 7 = 17 cálculo do mês: 2 + 9 = 11 DUM: 27/01/07 cálculo do dia: 27 + 7 = 34 e 34 – 31 = 3 (quando o número de dias encontrado for maior do que o número de dias do mês, deve-se passar os dias excedentes para o mês seguinte). cálculo do mês: 1 + 9 = 10 + 1 =11 (adicional 1 ao final do cálculo do mês). DPP: 20/06/15 DPP: 17/11/15 DPP: 03/11/07 MODIFICAÇÕES METABÓLICAS E BIOQUÍMICAS: Taxa Metabólica Basal (TMB) Ocorre um aumento da TMB para suprir as necessidades fetais, para cobrir o consumo energético, na ordem de 15 a 20%, a partir do 3° mês, refletindo o custo energético da gestação e devido ao aumento das funções renal e cardíaca. Metabolismo de Carboidratos O feto requer glicose e aminoácidos para seu crescimento, mesmo em situações de jejum prolongado o feto continua a extrair glicose e aminoácidos da circulação materna, em taxas idênticas às existentes nos períodos de alimentação normal. MODIFICAÇÕES METABÓLICAS E BIOQUÍMICAS: Metabolismo Lipídico Há maior mobilização da gordura corporal para produção de energia para o metabolismo materno e, com isso, ocorre elevação dos níveis plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol e lipídios totais. Metabolismo Proteico Os aminoácidos e a energia são indispensáveis para a síntese tecidual fetal e das estruturas maternas. EXAMES MODIFICAÇÕES FUNCIONAIS: Sistema circulatório - O rendimento cardíaco sobe cerca de 30 a 40% por volta da 10 a 12ª semana. - O volume sanguíneo aumenta a partir da 6ª semana, atingindo o pico (45 a 50% acima dos valores não- gravídicos) no início do 3ª trimestre. O volume globular aumentado em cerca de 25%, menores taxas de hematócrito e hemoglobina associados à elevação desproporcional do volume plasmático Anemia MODIFICAÇÕES FUNCIONAIS: Sistema circulatório - O fluxo renal aumenta cerca de 50% no 1 trimestre. - O acréscimo total de água no organismo da gestante sem edema é de 7,5 litros, dos quais 1,7 litros está nos tecidos. Cerca de 70% do peso ganho durante a gestação corresponde a ganho hídrico, com isso, o sódio é essencial para manter o equilíbrio hidreletrolítico. Sistema urinário - O fluxo da urina é mais retardado devido à obstrução mecânica dos ureteres pela dilatação das veias ovarianas, aumentando a predisposição às infeceções urinárias. MODIFICAÇÕES FUNCIONAIS: Sistema digestório - Os sintomas comuns no 1° trimestre, como náuseas, vômitos e enjôos, podem acarretar anorexia. Esses sintomas são responsáveis pela perda de peso em gestantes no 1° trimestre, principalmente quando associados a quadros de infecções e problemas familiares. Por outro lado, o aumento do apetite e dos “desejos” também é relatado neste período. - Gengivas edemaciadas, hiperêmicas, sangram com facilidade, possivelmente devido à ação dos hormônios: HCG (gonadotrofina coriônica humana), progesterona e estrogênio. MODIFICAÇÕES FUNCIONAIS: Sistema digestório - Hipotonia do sistema gastrintestinal devido à ação da progesterona que, associada à compressão das estruturas abdominais pelo útero gravídico, retarda o trânsito intestinal e, como consequência desseefeito, tem-se maior incidência de constipação intestinal e de hemorróidas. Ocorre, ainda, maior incidência de náuseas, pirose e refluxo gastroesofágico. - Ptialismo ou sialorreia (produção excessiva de saliva). MODIFICAÇÕES FUNCIONAIS: Sistema respiratório - Ocorre aumento da ventilação pulmonar em face do aumento dos níveis de progesterona. - Ocorrem alterações anatômicas que melhoram o intercâmbio gasoso nos pulmões. MODIFICAÇÕES POSTURAIS: Ocorre tendência a lordose em decorrência da alteração do centro de gravidade da gestante, pois, com a expansão do volume uterino, a postura adotada lembra a de alguém carregando um objeto pesado e, com isso, como mecanismo compensatório para manter o equilíbrio, a gestante projeta para frente o ventre, surgindo a lordose da coluna lombar. MODIFICAÇÕES PSICOLÓGICAS: O evento “gravidez” é percebido pelas mulheres de forma diferente, conforme suas perspectivas perante a gravidez (mulher tradicional ou mulher atual). Os conflitos internos, principalmente os referentes à relação mãe- filha, podem se exacerbar durante a gravidez e, muitas vezes, explicam intercorrências como: bulimia, ganho de peso excessivo ou insuficiente e ansiedade. Merece destaque ainda, o conflito com o companheiro. BOA NOITE EXERCÍCIOS QUAIS OS PARÂMETROS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DA GRAVIDEZ? QUAIS AS MODIFICAÇÕES OCORRIDAS NO SISTEMA CIRCULATÓRIO E URINÁRIO DA GESTANTE? QUAIS AS MODIFICAÇÕES OCORREM NO SISTEMA DIGESTÓRIO DA GESTANTE? QUAL A TERAPIA NUTRICIONAL INDICADA PARA A CONSTIPAÇÃO INTESTINAL DA GESTANTE?
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