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A ADOLESCENCIA, O JUDICIÁRIO E A SOCIEDADE

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A ADOLESCENCIA, O JUDICIÁRIO E A SOCIEDADE
Psicologia Jurídica
Professor: Eraldo Carlos Batista
Farol – Faculdade de Rolim de Moura
DEPARTAMENTO DE direito
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
 
“O castigo legal se refere a um ato; a técnica punitiva a uma vida”.
(Michel Foucault)
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Por que discutir sobre o período da adolescência? 
Existe clara preocupação legal em diferenciar essa etapa da vida, representada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente;
Durante o transcorrer da adolescência, o indivíduo evolui até consolidar os fundamentos por meio dos quais o psiquismo dirigirá todos os comportamentos que dirigirão sua conduta na fase adulta;
Surgem inúmeros conflitos que envolvem o adolescente, sua família e seus relacionamentos; a maneira como eles forem encarados e resolvidos trará consequências para toda a vida do indivíduo. 
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A constituição Federal preceitua, em seu art. 227. caput: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de coloca-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/90)
Dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, especificando uma rede de direitos e deveres que devem ser alvo de aplicação dos mecanismos sociais próprios ao estabelecimento da ordem social.
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Os conselhos tutelares (Art. 131 do ECA)
É um órgão permanente e autônomo encarregado de zelar pelo cumprimento dos delitos da criança e do adolescente.
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Suas principais atribuições são
Atender crianças que necessitam de proteção, sempre que seus direitos forem ameaçados ou violados;
Atuar junto às instituições de aplicação das medidas socioeducativas;
Encaminhar ao Ministério Público a notícia de fato que constitui a infração administrativa ou penal contra os direitos da criança e do adolescente.
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Medidas de proteção previstas no ECA (Art. 101), destacam-se:
Encaminhamento aos pais;
Orientação, apoio e acompanhamento temporários;
Matrícula e frequência obrigatória em estabelecimentos oficial de ensinos;
Inclusão em programa comunitário de auxílio à família, à criança e ao adolescente;
Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico;
Inclusão em programa de auxílio, orientação e tratamento a dependentes químicos;
Abrigo em entidade;
Colocação em família substituta.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Medidas socioeducativas 
 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
O ECA dispõe em seus arts. 112 e seguintes as medidas que podem ser aplicadas na ocorrência de ato infracional praticado por adolescente, dentre elas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Observa-se que a aplicação de medidas mais severas deve ser precedida da criteriosa análise sobre a possibilidade da utilização de medidas que não impliquem em internação.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Segundo a Resolução nº 113/2006 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), os programas de aplicação das medidas socioeducativas devem obedecer aos princípios legislativos básicos e às seguintes diretrizes:
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
I – prevalência do conteúdo educativo sobre os sancionários e meramente de contenção;
II – ordenação do atendimento socioeducativo e da sua gestão, a partir do projeto político-pedagógico;
III – construção, monitoramento e avaliação do atendimento socioeducativo, com a participação proativa dos adolescentes socioeducandos;
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
IV – disciplina como meio para a realização do processo socioeducativo;
V – respeito à diversidade étnica/racial, de gênero, orientação sexual e localização geográfica como eixo do processo socioeducativo;
VI – participação proativa da família e da comunidade no processo socioeducativo.
A criança e o adolescente
Adolescência legal e biopsicológica
Se não vejo na criança, uma criança, é porque
alguém a violentou antes e o que vejo é o que sobrou de tudo que lhe foi tirado.
Herbert de Souza
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A adolescência inicia-se, segundo a legislação (ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 2º), aos 12 anos. A lei deve determinar de modo específico e objetivo este marco.
Entretanto, sob a ótica biopsicológica, os parâmetros não são determinados de acordo com uma data específica, mas de acordo com mudanças psicológicas e fisiológicas variáveis que ocorrem em torno dessa idade.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Os valores da infância caducam principalmente quando a pessoa é submetida a um estilo de vida em que a permanência dos costumes mostra-se escassa; desencadeia-se, nesta situação, falta de sintonia entre os comportamentos parentais cronificados e a dinâmica da nova configuração social vivida por moças e rapazes.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
As crenças sofrem, então, profundas reformulações; o(a) jovem depara-se com a incompetência dos pais no manejo dos novos artefatos tecnológicos, com a falta de flexibilidade deles na assimilação das novas linguagens, acompanhadas de outros símbolos e rituais.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Aos poucos, a personalidade e o comportamento do jovem indicam as transformações, por exemplo, com impulsos sexuais e agressivos, até então, adormecidos. I sentimento de pertencer ou não a um grupo, a exclusão do mundo dos adultos e a inadequação ao universo infantil levam a pessoa, nessa fase, a experimentar sentimentos típicos.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Essas mudanças, se, por um lado, assustam e trazem inquietações e dúvidas e manifestam-se em indecisões e incertezas, por exemplo, em relação à própria capacidade de lidar com situações de conflito, com novos problemas, em dar a resposta mais correta às exigências sociais – que, e um lado, pedem responsabilidade e, de outro lado, trazem cerceamentos, sempre em quantidade e intensidades cada vez maiores -, por outro lado, elas fascinam.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Essas novas possibilidades acenam com um poder, muitas vezes, apenas fantasiado, que, em geral, leva a um sentimento de oposição em relação aos adultos, em especial, àqueles revestidos de autoridade, como pais e professores.
Subjetividade e responsabilidade
Subjetividade, responsabilidade, relação de causa e efeito entre comportamentos e suas consequências constituem coisas que não se encontram bem compreendidas entre adolescentes, por muitos motivos.
De um lado, há intenso massacre de informações truncadas, que noticiam ações e suprimem o day after, o acompanhamento de suas consequências.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
De outro lado, há uma percepção de mundo centrada no imediato e, paradoxalmente, com uma perspectiva de duração de infinita do estado de coisas presentes.
A responsabilidade, saliente-se, é um atributo típico do estágio operatório-formal piagetiano, o qual se estrutura durante o período compreendido entre os 12 anos, aproximadamente, e o início da idade adulta.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A compreensão da subjetividade e da responsabilidade constitui, de fato, um reconhecido desafio para crianças e adolescentes.
Quando se trata, pois, de crime praticado por adolescente, diversosaspectos devem ser considerados, como sugere o exemplo de Mary Bell, ao se atribuir a pena e a responsabilidade.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Para a psicanálise, ser inocentado pode não ser a melhor saída para quem comete um ato infracional ou crime (seja criança ou adulto), havendo sentimento de culpa.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
É necessário perceber a maturidade do acusado. Os adolescentes não amadurecem da mesma forma e no mesmo tempo.
Em um processo, levando-se em conta estas questões, pode-se discutir a duração da medida socioeducativa imposta, mas, para o adolescente (e o adulto), a certeza da reprimenda e a compreensão da dimensão do ato praticado são muito relevantes.
O comportamento que se distancia do social
Aberastury (1984, p. 15 e seguintes) diz que a adolescência é uma etapa crucial na vida do homem e constitui a etapa decisiva de um processo de desprendimento, que atravessa três momentos fundamentais:
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
o primeiro é o nascimento;
o segundo surge ao final do primeiro ano com eclosão da genitalidade, a dentição, a linguagem, a posição de pé e a marcha;
o terceiro momento aparece na adolescência. O adolescente busca diferenciar-se do adulto e, em sua luta por adquirir uma identidade, elege às vezes caminhos distorcidos, como a toxicomania, a liberdade sexual exibicionista, os cabelos compridos ou outras formas de protesto contra os enganos e as armadilhas da sociedade adulta.
O crime como um continuum
Obviamente, a adolescência não é o reduto causal da criminalidade. O lar, conforme se comenta em diversos pontos deste livro, constitui um espaço onde a criança pode observar inúmeros comportamentos que levam à delinquência; seus efeitos a impregnam, desde cedo, e o resultado dessa etapa fará parte dos conteúdos psíquicos do indivíduo quando este chega à adolescência.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Sob a perspectiva de Erick Erikson, destaque-se a importância do desenvolvimento saudável da autonomia e da iniciativa durante os anos precedente, que lhe serão exigidos no transcorrer da adolescência e permitirão o exercício saudável da escolha de seus novos companheiros e líderes.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Essas escolhas são cruciais, pois a adolescência constitui o período em que acontece a eleição de condutas preferencias, as quais estarão sempre presentes ao longo da idade adulta, podendo ou não se manifestar (veja-se o estudo da delinquência, em seção específica deste livro).
Criminalização de pessoas
As teorias de cunho social apontam para processos de discriminação segundo o status do autor do ato infracional.
Segundo essa concepção, corre-se o risco de criminalizar pessoas, por meio de um processo de marcação delinquente para alguns em vez de outros, embora todos tenham praticado atos semelhantes.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A criminalização de pessoas, observada de modo muito marcante em determinadas camadas sociais, em geral, encontra-se eivada de preconceito e discriminação.
Simbolicamente, pode-se entender violência em cada ato de poder exercido. Para algumas famílias, o modelo relacional e as estratégias de comunicação ocorrem com o emprego da força, do poder da violência.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Os adolescentes que sofreram maus-tratos familiares sofrem mais episódios de violência na escola, vivenciam mais agressões na comunidade e transgridem mais as normas sociais, fechando assim um círculo de violência, vivenciando menos apoio social, com menor autoestima e menor capacidade de resiliência. 
História de um percurso: do nada à delinquência
O presente não devolve o troco do passado.
José Ribamar Coelho Santos, “Zeca Baleiro”, “Piercing” 
Breve visão teórica
Contribuições significativas para a compreensão de determinados comportamentos:
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Modificação substancial da atenção e da percepção de estímulos; as famílias estranham porque o adolescente passa a ter os sentidos mais fixados em estímulos, até então, não prioritários;
Alteração dos esquemas de pensamento. A profunda modificação cognitiva acontece por diversos fatores, notadamente sociais e educacionais;
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Identificação de novos modelos. O abandono dos “heróis da primeira infância” promove ressignificação radical dos comportamentos; abandona-se a fantasia ingênua do período operatório concreto para iniciar as idealizações do período operatório-formal;
 A instabilidade emocional favorece a escolha de modelos de grande apelo por suas mensagens transformadoras e/ou contestadoras, com o risco de serem inadequados.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
As alterações de esquemas de pensamentos e a identificação de novos modelos, acompanhadas da aceitação de novos sistemas de crenças, mais ou menos elaborados, desencadeiam uma autêntica reformulação dos valores.
Primórdio do percurso: do sonho à gravidez
A visão é psicossocial. A música, “A Vingança”, de Rafael Luiz, um rap que conjuga as virtudes do torniquete com as da navalha mais afiada, em linguagem rude que remete ao ambiente da tragédia. Segue-se a primeira cena.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
O tempo passa, o sol se esconde, e a lua não vem
Terça-feira, muita chuva, tá embaçado pra sair
Tá muito cedo pra dormir
No quarto da empregada um tesouro está guardado
Uma virgem, treze anos, um tremendo mulherão
isca fácil, preza fácil para o filho do patrão
Um playboy folgado que só dá valor a BMW que o pai lhe deu
Resolveu tirar o atraso com aquela inocente
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A primeira estrofe denuncia o privilégio proporcionado pelo status socioeconômico, em oposição à falta de perspectiva da vítima, predestinada a servir de objeto de gozo do outro – um retrato as coisificação que se acentua pelo retrato de Maria, na estrofe seguinte:
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Maria veio de outro estado
Ninguém tá do seu lado, sem família, educação
Sem escola, sem um lar, dependia do emprego
O fulano abriu a porta. Ela começa a rezar:
 Por favor me deixe em paz, tinha o sonho de se casar, Ter seus filhos e seu lar, ele manda ela se calar 
 Diz que no final ainda vai gostar
 Violentou-a sem dó, seus sonhos viraram pó
 Não podia reclamar, Tinha medo de perder o emprego
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Passado algum tempo o resultado é evidente
Sua barriga cresce e a verdade aparece
O patrão diz Maria, pegue essa grana e vê se
desaparece.
Atitude normal 
Pra nós é muito natural ver rico dando esmola como se fosse hora extra
Maria-ninguém: não há retorno
Azevedo e Guerra (1989, p. 153) relatam consequências que normalmente advêm após um episódio de violência sexual, sendo que a maioria é de ordem psicológica e, de modo geral, muito grave, com reflexo em diversas áreas de contato, inclusive na educacional.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Não há duvida de que as vítimas que procuram tratamento costumam enfrentar três problemas intimamente ligados:
sentimento de culpa;
sentimento de autodesvalorização;
depressão.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
A música segue.
Nem pensou na consequência, um filho que vai nascer
Na rua, sem assistência, Maria agora está só.
Sem auxílio ou clemência ... deixa rolar.
O mundo gira e até as pedras podem se encontrar.
Estava escrito
Faz sete anos que o moleque nasceu
Pela idade é normal ir pra escola e tal
Já no primeiro intervalo a brincadeira no pátio era polícia e ladrão
Agora tente adivinhar de que lado ele está
A cola que salva
Não muito longe dalí 6 tiros são disparados
Dois corpos são encontrados. Ele se revolta com tudo à sua volta
Na madrugada ele ainda está em claro
Ouve um barulho de carro. Sua mãe chega em casa vinda da balada
Bem loca não diz nada. Abriu a porta e desbundou
Parece um filme de terror mas é a dura realidade
Talvez dura demais para ummoleque dessa idade
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Não há modelos, não há bons condicionamentos, não há referências. O que existe? Onde estão os heróis?
Agora já é tarde, conselhos não adiantam,
não matam sua fome
 Ele prefere a cola, não quer saber
 de escola
O boia-fria emocional
Ao meio-dia, horário marcado, plano bolado, vigia
enquadrado
Abriu a porta do escritório, o engravatado atrás da
mesa
Parecia conhecê-lo, mas não tinha certeza
Com uma arma apontada para sua cabeça
O covarde abriu o cofre tremendo igual vara verde
- Por favor não atire. Eu acho que eu te conheço.
O mano olha bem pra ele e tem a mesma impressão
O engravatado pergunta se sua mãe é Maria. Ele
responde que sim. 
- Pode levar o que quiser, mas não me mate, eu sou seu
pai.
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Nem quero mais seu dinheiro. Seu sangue é meu pagamento.
 Vou cumprir meu juramento e vingar minha mãe.
7 tiros disparados de um cano de 8 polegadas calibre 357. 
Foram 5 na cabeça e mais 2 no peito. O serviço está feito.
Epílogo?
Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio
pra sarar sua dor.
Zeca Baleiro, “Bandeira” 
A Adolescência, o Judiciário e a Sociedade
Descarrega a arma; tem que aplacar a raiva que o consome. Para isso, precisa “matar bem matado”. O homem roubou a felicidade de sua mãe, tirou-lhe os sonhos e agora o menino acredita que devolvê-los para ela.
Ele chega em casa, chama a mãe e diz
 Mãe, guarde estas armas pra mim,
 Com elas não preciso mais atirar pois o fulano que um dia te usou e
nos abandonou eu acabei de matar

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