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Aula 10: Processamento de Leites e Derivados 1 IMPORTÂNCIA É considerado o mais completo alimento, possuindo elevado valor biológico na alimentação, particularmente nos primeiros meses de vida, quando se constitui em alimento exclusivo. DEFINIÇÃO Do ponto de vista Biológico: é o produto da secreção das glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Do ponto de vista Legal: é o produto oriundo da ordenha completa de vacas sadias, alimentadas e tratadas, excetuando-se o período entre 30 dias antes e 10 após o parto. DEFINIÇÃO Do ponto de vista Físico-químico: é uma mistura homogênea de grande número de substâncias (lactose, glicerídeos, protéinas, sais, vitaminas, enzimas, etc.), das quais algumas estão em emulsão(gordura) e outras em dissolução (caseínas ligadas a sais minerais) e outras em dissolução verdadeira(lactose, vitaminas hidrossolúveis, proteínas do soro, sais, etc.) CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS Cor: branca-opaca ou levemente amarelada Sabor: levemente adocicado Aroma: suave e típico (citratos) COMPOSIÇÃO QUÍMICA Água: 85% Extrato seco: Lipídeos Sólidos totais desengordurados: Proteínas, glicídeos e sais minerais COMPOSIÇÃO QUÍMICA Proténas Caseína: 80% das proteínas do leite. Se precipita na presença de enzimas, ác. Clorídrico, ác. Lático formando a coalhada Lactoalbumina: protéina do soro Lactoglobulina:em pequena quantidade COMPOSIÇÃO QUÍMICA Glicídios: Lactose É o açúcar do leite e quando hidrolizado se desdobra em glicose e galactose A transformação da lactose em ácido lático causa a precipitação da caseína ocorrendo a coagulação do leite COMPOSIÇÃO QUÍMICA Lipídeos É o constituinte mais importante do leite, porque a partir dele faz-se a manteiga Contém grande quantidade de vitaminas lipossólúveis QUALIDADE DO LEITE Contém microrganismos em torno de 103 a 106 ufc/mL Principais fontes de contaminação: Interior do úbere Exterior do úbere Equipamentos e utensílios INTERIOR DO ÚBERE Mastites: São os processos inflamatórios agudos ou crônicos das glândulas mamárias, caracterizados pelo aumento de leucócitos no leite proveniente da glândula mamária afetada, geralmente superior a 200.000 células/mL. Consequências das Mastites Perdas de rendimento industrial de produtos lácteos Alterações do tempo de prateleira do leite fluido e derivados Alterações da qualidade microbiológica do leite Consequências das Mastites Alterações na composição química do leite com diminuição do VN: Ca Na e Cl (sabor salgado) Caseína Soroalbuminas e imunoglobulinas O tratamento das mastites pode causar contaminação química no leite EXTERIOR DO ÚBERE Superfície das tetas - terra, esterco e material cama p/ animais. Ambiente ar, água e ordenhador. Condições da ordenha Equipamentos, utensílios e instalações Armazenamento sob temperaturas de refrigeração inadequadas EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS Condições da ordenha Equipamentos, utensílios e instalações Temperatura - Armazenamento sob temperaturas de refrigeração inadequadas (deve-se utilizar tanques refrigerados 5 a 8ºC até o momento da coleta). CLASSIFICAÇÃO DO LEITE SEGUNDO O GRAU DE CONTAMINAÇÃO Qualidade do Leite Node bactérias/mL Alta 4.000 a 5.000 Baixa 4.000.000 a 5.000.000 PRINCIPAIS GRUPOS MICROBIANOS EM LATICÍNIOS Bactérias láticas Bactérias esporuladas Bactérias psicrotróficas Bactérias de origem fecal Microrganismos patogênicos Miscelânia psicrotróficas: capazes de crescer em baixas temperaturas (abaixo de 7oC) 17 1.BACTÉRIAS LÁTICAS Ação Deletérica Metabolização de ácido lático com acidificação do leite cru Ação Benéfica Atacam a lactose produzindo ácido lático Participam de degradação proteíca durante a maturação Produzem diacetil acetaldeído a partir do citrato (Lactococus diacetylactil e leuconostoc cremoris) 2.BACTÉRIAS ESPORULADAS Clostridium e Bacillus Importância na produção de leite esterilizado – cálculo do TT(tempo-temperatura) Produção de queijos duros –Clostridium: inchamento tardio 3.BACTÉRIAS PSICOTRÓFICAS Pseudomonas spp, Acinetobacter spp Produzem proteases e lipases ativas termoresistentes, que causam alterações sensoriais desagradáveis, como sabor amargo, aumento da viscosidade do leite e rancificação. 4.BACTÉRIAS DE ORIGEM FECAL A presença de taxas elevadas de bactérias de origem fecal é um indicador de obtenção e de manipulação do leite em condições higiênicas deficientes. Coliformes metabolizam lactose: ácido láctico e dióxido de carbono. CO2: buracos e inchamento precoce em queijos. Ác. Láctico: Aumento da acidez do leite. 5.MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS A utilização de leite cru é proibida por muitos países, devido a transmissão de diversas doenças através do leite. Viroses, infecções bacterianas, protozoonose e helmintíase. 6.MISCELÂNEA Inclui-se uma série de microrganismos que participam da maturação de alguns tipos de queijos ou nos processos fermentativos de determinados produtos lácteos. Brevibacterium linnens: cor vermelho-alaranjada, superfície de alguns queijos. Propionibacterium freudenreichii: fermentação propiônica – queijo emmenthal – buracos e sabor. Penicillum camemberti (mofo): cor esbranquiçada. Penicillum roqueforti (mofo): cor azul. Saint Paulin Emmenthal camembert Roquefort AVALIAÇÃO SENSORIAL E VISUAL Teste feito no momento da chegada do leite na plataforma de recepção Consiste na apreciação do cheiro imediatamente após a abertura do recipiente de armazenamento, ao mesmo tempo que se procede a avaliação visual (pêlos, palha, traços de sangue, colostro) TESTE DE SEDIMENTAÇÃO Objetiva verificar o grau de impurezas do leite e seu estado higiênico Consiste na filtração de um dado volume de leite, sob pressão, através de um filtro As partículas retidas no filtro são isoladas e pesadas, sendo os resultados interpretados de acordo com uma escala. TESTE DE SEDIMENTAÇÃO RESULTADO INTERPRETAÇÃO (mg de sujidade/ Litro de leite) Ótimo Ausência Bom Cerca de 0,5mg Regular Cerca de 2,5mg Mau Cerca de 5mg Péssimo Cerca de 10mg TESTE DE ALIZAROL Objetiva verificar o grau de acidificação do leite antes do seu recebimento na plataforma Consiste em se misturar partes iguais de leite e solução de alizarina Resultados: Normal: pardo-escuro Limite: pardo a pardo-amarelado Alcalino: violeta TESTE DE DENSIDADE Objetiva verificar a densidade do leite (1,028 a 1,033) podendo denunciar fraudes como adição de água no leite Faz-se com o uso do termolactodensimetro TESTE DE DENSIDADE Densidade abaixo do mínimo indica que o leite recebeu adição de água Densidade acima do normal indica que houve desnatamento ou ainda que, qualquer outro produto corretivo foi adicionado. TESTE DE GORDURA Visa determinar a matéria gorda que contém o leite O método mais tradicional é utilizando o butirômetro de Gerber. MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO LEITE Objetivos: Matéria-prima de melhor qualidade Papel secundário na qualidade sanitária do produto Métodos de conservação: Filtração Resfriamento FILTRAÇÃO Objetiva a eliminação de impurezas grosseiras e em suspensão É realizada pela filtração do leite através de filtros ou pela centrifugação RESFRIAMENTO Objetiva a diminuição da velocidade de crescimento bacteriano Deve ser realizado imediatamente após a ordenha Até 10o C redução do crescimento de patógenos de 2 a 5o C paralisação da multiplicação bacteriana geral MÉTODOS DE TRATAMENTO DO LEITE Objetiva a manutenção da uniformidade e da qualidade do leite Métodos empregados: Supercentrifugação ou bactofugação Empregos de altas temperaturas: pasteurização e esterilização PASTEURIZAÇÃO É o leite natural, integral, semidesnatado ou desnatado, submetido a um processo tecnológico adequado que assegure a destruiçãodos microrganismos patogênicos não-esporulados e reduza significativamente a microbiota banal, sem modificação sensível de sua natureza físico-química e de suas características nutritivas e sensoriais MODALIDADES DE PASTEURIZAÇÃO Pauteurização Lenta (LTH) Utilizada para pequenos volumes de leite (100 a 500 L) Temperaturas de 62 a 65o C por 30 minutos Pasteurização Rápida (HTST) Realizada em fluxo contínuo em trocadores de calor entre 72 e 78o C por 15 a 20 segundos OBS: O TT deve ser seguido de resfriamento imediato a 4oC FLUXOGRAMA DO LEITE PASTEURIZADO ESTERILIZAÇÃO O objetivo de qualquer tratamento esterilizante é a destruição dos microrganismos presentes, esporulados ou não, ou pelo menos de todos aqueles que possam proliferar-se no produto final Temperatura de 120o C por 20 segundos. FLUXOGRAM DO LEITE ESTERILIZADO LEITE UHT Aquecimento por trocadores de calor (UHT indireto) ou por injeção de vapor (UHT direto) a temperaturas de 140 a 150o C por 2 a 4 segundos Acondicionamento asséptico após o resfriamento FLUXOGRAMA DO LEITE UHT TROCADOR DE CALOR LEITES CONCENTRADOS Objetivos: Prolongar a vida útil do leite Reduzir custos de armazenamento, transporte e comercialização Oferecer esses produtos como matéria-prima para fabricar sorvetes, doces e um grande diversidade de alimentos LEITES CONCENTRADOS Tipos: Concentrado: é o leite natural, integral ou desnatado, pasteurizado, privado de parte de sua água Evaporado: é o leite de vaca esterilizado, privado de parte de sua água LEITES CONCENTRADOS Tipos: Condensado: é obtido pela eliminação parcial da água do leite natural, integral, semidesnatado ou desnatado, submetido a tratamento térmico adequado e mediante a adição de sacarose LEITES CONCENTRADOS Tipos: Leite em pó: é o produto seco e pulverizado que se obtém mediante a desidratação do leite natural integral ou total ou parcialmente desnatado, submetido a um tratamento térmico, realizado em estado líquido, antes ou durante o processo de fabricação DERIVADOS DO LEITE Manteiga Queijos Sobremesas lácteas Iogurtes Caseinatos MANTEIGA É o produto gorduroso obtido exclusivamente de leite ou nata de vaca, por meio de batida, para separar a gordura do soro e posterior amassamento da massa gordurosa até formar um produto consistente QUEIJOS É o produto gorduroso, fresco ou maturado, obtido por coagulação do soro A composição química varia em função do leite utilizado FLUXOGRAMA DO QUEIJO FENÔMENOS HIDROLÍTICOS DA MATURAÇÃO DO QUEIJO Glicólise: a acidificação do leite e da coalhada ocorre graças à produção de ácido lático a partir da lactose por cepas selecionadas FENÔMENOS HIDROLÍTICOS DA MATURAÇÃO DO QUEIJO Proteólise: ocorre degradação parcial das caseínas, gerando peptídeos e aminoácidos livres. Afeta de maneira acentuada a textura, o sabor e o aroma. FENÔMENOS HIDROLÍTICOS DA MATURAÇÃO DO QUEIJO Lipólise: ocorre hidrólise dos lipídeos com liberação de ácidos graxos que se acumulam no meio contribuindo assim para o sabor e o aroma finais. SOBREMESAS LÁCTEAS São produtos elaborados com leite e misturas de ingredientes, como cacau, chocolate, frutas e aditivos CASEINATOS É um produto obtido do leite pasteurizado ao qual se acrescenta ácido diluído (clorídrico ou lático), até atingir o pH de 4,6 A mistura é feita a 20o C e é em seguida aquecida entre 50o e 55oC para possibilitar a aglomeração das partículas de caseína. UTILIZAÇÃO Panificação Produtos lácteos Produtos cárneos Nutrição enteral REFERÊNCIAS CAMARGO, Rodolfo et al. Tecnologia de Produtos agropecuários. Alimentos. São Paulo: 1984. EVANGELISTA, José. Tecnologia de alimentos. São Paulo: Atheneu, 2003. ORDOÑEZ, J. A. et al. Tecnologia de alimentos. Vol. 2. Porto Alegre: atmed, 2005. ORNELLAS, Lieselotte H.. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 8ed. Sao Paulo: Atheneu, 2008. PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Nutrição e técnica dietética. 2ed. Barueri: Manole, 2006. TEICHMANN, I. Tecnologia culinária. Caxias do Sul: EDUCS, 2000. Resolução ANVISA BRANDÃO, S. S.; LIRA, H.L..Tecnologia de panificação e confeitaria (manual técnico).
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