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Sistemas Adesivos
Introdução
Antes do avento do condicionamento ácido de esmalte e o desenvolvimento dos sistemas adesivos dentinários.
A restauração de cavidades só podia ser realizada às custas de retenções macromecânicas.
Terminologia 
Colagem e adesão constituem um conjunto complexo de mecanismos físicos, químicos e mecânicos que permitem a junção e a união de uma substância à outra.
A adesão pode ser definida como a força que mantém juntas duas substâncias ou substratos, com diferentes composições, desde que suas moléculas estejam em íntimo contato.
Um sistema adesivo odontológico tem três funções essenciais:
Promover resistência à separação de um substrato aderente (esmalte, dentina, metal, cerâmica) e um material restaurador ou de cimentação.
Distribuir tensão (estresse) ao longo da superfície de colagem.
Selar a interface através de colagem adesiva entre a dentina/esmalte e o material restaurador, aumentando a resistência à microinfiltração e diminuindo o risco de sensibilidade pós-operatória, manchamento marginal e cárie secundária.
Histórico
No começo da década de 1950, a resina acrílica era um material muito utilizado para restaurar dentes anteriores, devido a sua facilidade de uso e estética.
Porém, sua alta contração de polimerização resultava em severas infiltrações.
Além disso, ela não se ligava a estrutura dental, o que facilitava seu deslocamento e forçava o profissional a executar canaletas e socavamentos para retê-la, constituindo assim uma agressão desnecessária ao dente.
Diante destes desafios, em 1955, um cientista chamado Michael Buonocore propôs uma técnica mais conservadora para melhorar a retenção das resinas acrílicas.
Esta técnica consistia em atacar a estrutura do esmalte com um ácido (condicionamento ácido do esmalte), a fim de provocar microporosidades nas quais a resina se impregnasse, a fim de que a restauração tivesse maior longevidade.
Aquela época esta técnica recebeu duras críticas, porém foi mundialmente reconhecida 10 anos depois, tornando Buonocore o pai da odontologia adesiva.
A descoberta do condicionamento ácido permitiu a obtenção de superfícies de esmalte, limpas, asperizadas e com alta energia, capazes de estabelecer uma interface com retenção micromecânica durável com agentes de cimentação e materiais restauradores resinosos, lançando a era da odontologia adesiva.
Hoje, o condicionamento ácido é um dos métodos mais eficazes de promover a retenção da restauração e assegurar uma união interfacial hermética na margem das restaurações.
Esse procedimento expandiu o uso de materiais restauradores à base de resinas, promovendo uma união forte e durável entre a resina e a estrutura dental, e se constitui com a base para diversos procedimentos, como
Colagem de braquets ortodônticos
Colagem de facetas de porcelana
Selamento de sulcos e fissuras
Restaurações
Cimentação de pino
Cimentação de restaurações indiretas
Cimentos endodônticos 
Dentre outras aplicações
Adesão ao Esmalte Dentário - Estrutura do Esmalte Dentário
O esmalte é o tecido calcificado mais denso do corpo humano.
É composto de:
96% de mineral (Pequenos cristais de Hidroxiapatita, que estão intimamente compactados na forma de prismas, mantidos unidos por uma matriz orgânica)
1% material orgânico (Matriz orgânica)
3% de água
Os prismas possuem a forma de bastões alongados de aproximadamente 5 μm de diâmetro, possuindo uma seção transversal típica em forma de buraco de fechadura.
Técnica do Condicionamento Ácido do ESMALTE 
Devido à sua estrutura complexa, a superfície do esmalte pode ser modificada pela aplicação dos condicionadores ácidos 
Seu efeito principal é o aumento da rugosidade superficial do esmalte a nível microscópico, aumentando a energia de superfície, que melhora o molhamento
As rugosidades permitem a formação de uma íntima união micromecânica entre o esmalte e o adesivo
Como mencionado, a aplicação de uma solução muito ácida (Ácido Fosfórico 37%) na superfície do esmalte dentário possui o efeito de modificar as características da sua superfície, por meio de duas formas importantes:
O ácido fosfórico promove uma reação ácido-base na superfície do esmalte, que causa a dissolução da hidroxiapatita, aumentando a rugosidade de superfície.
O ácido possui o efeito de aumentar a energia da superfície do esmalte, isso promove um melhor molhamento do adesivo a esta superfície.
Técnica do Condicionamento Ácido do ESMALTE
1º passo = Aplicar o gel de ácido fosfórico 37% na superfície do esmalte dentário por 30 segundos
2º passo = Lavar o ácido fosfórico da superfície do dente com jato de água por 30 segundos
3º passo = Secar a superfície do esmalte
4º passo = Aplicar o sistema adesivo escolhido
Adesão à Dentina - Estrutura da Dentina
A dentina é composta de aproximadamente:
 70% de matéria inorgânica (Hidroxiapatita)
 20% de material orgânico (colágeno)
 10% de água
Um aspecto característico da dentina é o arranjo dos túbulos dentinários que atravessam toda sua espessura.
A presença desses túbulos torna a dentina permeável a substâncias químicas e toxinas, que podem se difundir pela dentina e lesionar a polpa.
A composição heterogênea da dentina torna-a um substrato particularmente difícil para união com um adesivo. Devido a alguns problemas:
A pressão do interior da polpa causa o bombeamento do fluido dentinário para fora dos túbulos dentinários, o que torna sua superfície úmida.
A superfície da dentina após ser cortada pelos instrumentos odontológicos, apresenta-se coberta por uma camada de lama dentinária (smear layer).
Smear Layer
Smear Layer, lama dentinária, camada de esfregaço
Uma característica muito importante para o entendimento da Odontologia adesiva é a formação de uma camada de lama dentinária durante os procedimentos de corte com instrumentos rotatórios sobre a dentina (Smear Layer). 
Essa camada resulta de remanescentes da dentina cortada, saliva, sangue, bactérias, fragmentos da abrasivo da broca, óleo, que se ligam à dentina e penetram nos túbulos dentinários (Smear Plug).
A Smear Layer possui uma espessura que pode variar de 1 a 5 μm.
E sua presença reduz a permeabilidade dentinária, impedindo a adesão dos materiais restauradores
Portanto, os problemas com a adesão dentinária podem ser resumidos da seguinte maneira:
 A dentina é hidrofílica, enquanto que a maioria dos adesivos é hidrofóbica 
A dentina é um tecido vital
A dentina consiste tanto em material inorgânico como em orgânico 
A dentina é coberta por uma camada de lama dentinária (Smear Layer)
A dificuldade de adesão à dentina
No início dos estudos sobre adesão, foi proposta a realização do condicionamento ácido na dentina, da mesma forma que era executado no esmalte.
A ideia fazia sentido, já que a dentina é composta majoritariamente de minerais.
No entanto, as resinas por serem hidrofóbicas não se aderiam bem no substrato dentinário, que é complexo e dinâmico.
Resultando em deslocamentos das restaurações, sensibilidade alta e infiltrações severas.
A necessidade de um adesivo específico.
O condicionamento ácido do esmalte não era a solução para adesão à dentina
Este problema impulsionou o desenvolvimento dos complexos sistemas adesivos, que possuem a missão de colar o material restaurador à estrutura do esmalte e da dentina.
Promovendo um selamento da interface (dente/restauração) sem sensibilidade dental e uma união duradoura.
Sistemas Adesivos
Agentes adesivos dentinários.
Independentemente do número de frascos ou componentes, um sistema de união dentinário típico inclui:
Condicionadores 
Primer
Adesivo (Bond)
Solventes
Iniciadores e inibidores de presa
Partículas de carga inorgânica 
Ingredientes funcionais (flúor, MDP, clorexidina, glutaraldeido)
Condicionadores 
Condicionadores são ácidos relativamente fortes (pH = 1-2) usados para remover a smear layer e dissolver a hidroxiapatita do esmalte e dentina, permitindo a formação de retenções micromecânicas em esmalte e dentina.
Normalmente o utiliza-se o Ácido Fosfórico a 37% emforma de gel.
Que é aplicado no dente com o auxílio de um pincel microbrush ou com uma seringa descartável.
Primer
É um promotor de adesão, uma resina de baixa viscosidade que contém monômeros resinosos com propriedades hidrofílicas e hidrofóbicas.
Tem ao mesmo tempo afinidade pelas fibras colágenas expostas (parte hidrofílica) e a capacidade de unir com o adesivo hidrofóbico que será aplicado sobre ele (parte hidrofóbica)
É composto basicamente por moléculas de metacrilato, principalmente o HEMA (Hidroximetil Metacrilato) 
Que tem a capacidade de penetrar na dentina desmineralizada e unir-se ao colágeno
Com o objetivo obter uma boa profundidade de penetração no interior da dentina desmineralizada, um solvente (etanol ou acetona) é acrescentado ao primer.
Os solventes são muito eficazes na busca por água (“captura da água”), levando junto o primer conforme penetra na dentina.
Adesivo (Bond)
É uma resina fluida basicamente hidrófoba, composta de:
Bis-GMA (bisfenol glicidil metacrilato)
UDMA (uretano dimetacrilato)
TEG-DMA (triedileno glicidil dimetacrilato)
HEMA (hidroximetil metacrilato)
Para que acorra a adesão à dentina, o principal papel dos adesivos é preencher os espaços entre as fibras colágenas, criando uma CAMADA HÍBRIDA 
O adesivo penetra nos túbulos dentinários e após ser fotopolimerizado forma tags de resina, que promovem a retenção micromecânica das restaurações.
Solventes
São veículos muito utilizados nãos sistemas adesivos que têm como função diminuir a viscosidade do produto e agir como “perseguidor” de água, levando o sistema adesivo aonde quer que haja umidade, volatilizando-se posteriormente e mantendo os monômeros no local.
Os principais solventes utilizados são acetona, etanol e água, os quais podem chegar a até 90% da composição de alguns sistemas. 
Iniciadores e inibidores de presa
São substâncias responsáveis por iniciar e inibir o processo de presa dos adesivos
Canforoquinona
Amina terciária
Hidroquinona
Partículas de carga inorgânica 
São micro ou nanopartículas de sílica, que são adicionadas ao adesivo (20 a 40%), com a finalidade de conferir maior resistência ao mesmo.
Criando uma camada híbrida (camada composta pelo adesivo e a fibras colágenas da dentina) mais resistente.
Classificação dos Sistemas Adesivos
Sistema de Condicionamento Ácido Total de Três Passos
Técnica de uso do sistema de condicionamento ácido total de três passos
1º passo = Condicionamento ácido do esmalte (30s) e da dentina (15s)
2º passo = Lavar o ácido da superfície do dente com jato de água por 30 segundos
3º passo = Secar (sem ressecar) a superfície do dente
4º passo = Aplicar o primer na superfície do dente, e secar com um breve jato de ar
5º passo = Aplicar o adesivo sobre o primer, massageando a cavidade por 20s
6º passo = Fotopolimerização do adesivo por 20s
Sistema de Condicionamento Ácido Total de Dois Passos
Técnica de uso do sistema de condicionamento ácido total de dois passos
1º passo = Condicionamento ácido do esmalte (30s) e da dentina (15s)
2º passo = Lavar o ácido da superfície do dente com jato de água por 30 segundos
3º passo = Secar (sem ressecar) a superfície do dente
4º passo = Aplicar o primer/adesivo na superfície do dente massageando a cavidade por 20s, e secar com um breve jato de ar
6º passo = Fotopolimerização do adesivo por 20s
Sistema Adesivo Autocondicionante ou Self Etch
Sistema Adesivo Autocondicionante de um Passo ou All-in-One
Técnica de uso do sistema autocondicionante ou Self Etch
1º passo = Secar a superfície do dente
2º passo = Aplicar o ácido/primer/adesivo na superfície do dente massageando a cavidade por 20s, e secar com um breve jato de ar
6º passo = Fotopolimerização do adesivo por 20s
Sistema Adesivo Autocondicionante ou Self Etch
Sistema Adesivo Autocondicionante de Dois Passos
Técnica de uso do sistema autocondicionante de Dois Passos
1º passo = Secar a superfície do dente
2º passo = Aplicar o primer acidificado (primer/ácido) na superfície do dente massageando a cavidade por 20 segundos
3º passo = Secar com um breve jato de ar
4º passo = Aplicar adesivo na superfície do dente
6º passo = Fotopolimerização do adesivo por 20s

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