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Resumão de competência

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Resumão de competência 
Conceito 
O Estado tomou para si a função de dizer o direito em todo o seu território. Para tanto, criou 
dentro da alçada do Poder Judiciário, uma grande organização, composta por diversos 
órgãos jurisdicionais (STF, STJ, STM, STE, TRF etc.), repartindo a jurisdição entre eles, embora 
se deva ressaltar que a “jurisdição”, enquanto poder-dever do Estado é una, sendo que a 
mencionada repartição é apenas para fins de divisão do trabalho. 
Deste modo, competência nada mais é do que a fixação das atribuições de cada um dos 
órgãos jurisdicionais, isto é, a demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a 
jurisdição. Neste sentido, “juiz competente” é aquele que, segundo limites fixados pela Lei, 
tem o poder para decidir certo e determinado litígio (art. 86, CPC). 
Fontes 
Considerando-se os inúmeros processos que podem ser instaurados durante a atividade 
jurisdicional no País, costuma-se organizar essa atividade estatal pela divisão de atribuições 
para apreciar determinadas causas entre seus órgãos. Essa distribuição é feita 
pela Constituição Federal, pelos diplomas processuais civil e penal e pelas leis de 
organização judiciária, além da distribuição interna da competência nos tribunais, feita pelos 
seus regimentos internos. A Constituição brasileira já distribui a competência em todo o 
Poder Judiciário federal (STF, STJ e Justiças Federais: Justiça Militar, Eleitoral, Trabalhista e 
Federal Comum). A Justiça estadual é, portanto, residual. 
Momento que demarca a fixação de competência; exceções à regra da Perpetuatio 
Jurisdictionis 
Segundo dispõe o art. 87 do CPC, a competência, em regra, é determinada no momento em 
que a ação é proposta – com a sua distribuição (art. 263 c/c art. 251 do CPC) ou com o 
despacho inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato (ex. Mudança de 
domicílio do réu) ou de direito (ex. Ampliação do teto da competência do órgão em razão do 
valor da causa) ocorridas posteriormente (perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o 
órgão judiciário cuja competência já estava determinada inicialmente - por exemplo, a 
extinção de uma vara cível; ou quando as modificações ocorridas alterarem a competência 
em razão da matéria ou da hierarquia - porque são espécies de competência absoluta, 
fixadas em função do interesse público, razão pela qual outras modalidades de competência 
absoluta devem estar abrangidas. 
Por exemplo, suponha-se a hipótese de vir a ser modificada, na lei de organização judiciária, 
a competência de uma das Varas Cíveis da capital, que deixou de ter atribuições para 
conhecer de ações que envolvam direitos reais. O juiz dessa vara perderá a competência 
sobre todas as causas dessa espécie, já em curso naquela Vara, embora se trate de 
competência ditada pela matéria. 
Principais critérios de fixação da competência 
Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência são o da 
soberania nacional, o da hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais (critério 
funcional), o da natureza ou valor da causa e o das pessoas envolvidas no litígio (critério 
objetivo), e os dos limites territoriais que cada órgão judicial exerce a atividade jurisdicional 
(critério territorial). 
Regras de competência internacional 
A jurisdição é fruto da soberania do Estado e, por conseqüência natural, deve ser exercida 
dentro do seu território. Entretanto, a necessidade de convivência entre os Estados, 
independentes e soberanos, fez nascer regras que levam um Estado a acatar, dentro de 
certos limites estabelecidos em tratados internacionais, as decisões proferidas por juízes de 
outros Estados. Diante dessa realidade, o legislador nacional definiu casos em que a 
“competência é exclusiva” do Poder Judiciário brasileiro (art. 89, CPC), e casos em que a 
“competência é concorrente”, sendo que a decisão proferida no estrangeiro pode vir a gerar 
efeitos dentro do nosso território, após ser homologada pelo STJ (arts. 88, 89 e 483, CPC). 
Logo, elas se dividiram em: 
- Absoluta/exclusiva: Art. 89, CPC. Algumas matérias para ter validade/eficácia no território 
tem que serem julgadas no Brasil. Trata de imóveis situados no Brasil ou de proceder 
inventário ou partilha de bens situados no Brasil. 
“Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança 
seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional.” 
Concorrente/cumulativa: Art. 88, CPC. A sentença estrangeira para ter validade ou eficácia 
tem que ser homologada pelo STJ. Trata de casos em que: O réu é domiciliado no Brasil, ou a 
obrigação deve ser cumprida no Brasil, ou Ação de fato/ato praticado no Brasil. 
“Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. 
Parágrafo único. Para o fim do disposto no nº I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa 
jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal.”. 
Litispendência 
Duas demandas com os mesmos elementos (partes, pedido e causa de pedir). Extingue o 
segundo. 
Segundo o art. 90, CPC, ação extrangeira não induz litispendência. Não há litispendência 
internacional. Vale a que for homologada primeiro. 
“Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a 
que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas.” 
Critérios para determinar a competência: 
- Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro. Encontrado no CPC. 
- Material: É o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido. Exemplo: causa de 
família, ou de trânsito, etc. Encontrado nas LOJ’s dos estados federativos. 
- Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é um dos motivos 
da obrigatoriedade do valor da causa na inicial. Encontra-se nas LOJ’s. 
- Funcional ou hierárquico: Gerará a competência originária. Em razão da função ou 
hierarquia move-se a causa no tribunal, por exemplo. Encontra-se na Constituição 
Federal para a competência do STJ e STF e para os Tribunais de Justiça encontra-se nas LOJ’s. 
 As competências territoriais e em relação ao valor da causa são de competência relativa e 
as competências material e funcional são de competência absoluta. 
 A competência relativa pode ser modificada pela vontade das partes, a competência 
absoluta não pode. 
 Se o juízo incompetente julgar e for competência absoluta é invalido o julgamento, 
competência absoluta não preclui, pois é matéria de ordem pública. 
Alguns conceitos importantes: 
- Prescrição é a perda do direito de ir ao judiciário, por causa da inércia. 
- Decadência é a perda do direito material. 
- Perempção é quando o autor deu causa à três sentenças por abandono. O autor tinha que 
praticar um ato por até 30 dias e não o fez. 
- Preclusão é a perda do direito de praticar um ato processual. 
Preclusão pode ser: 
- Temporal: tem haver com o prazo. 
- Consumativa: Já praticou o ato. As Exceções são: A modificação da petição inicial sem 
autorização do réu até o saneamento (art. 264, CPC) e o aditamento após a citação do réu 
(art. 294, CPC). 
“Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o 
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por 
lei. 
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será 
permitida após o saneamento do processo.” 
“Art. 294. Antes da citação, o autorpoderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas 
acrescidas em razão dessa iniciativa.”. 
- Lógica: Não pode praticar o ato pois já praticou um ato incompatível. 
- Pro-Judicato: Para o julgador, não pode julgar duas vezes a mesma matéria. 
A competência relativa preclui, há a prorrogação se não for argüida no prazo. Deve ser 
alegada na Exceção de competência e a absoluta em preliminar de contestação, essa porém 
pode ser dada de ofício. Na relativa há uma possibilidade de declaração de incompetência de 
ofício que é nos casos de foro de eleição nos contratos de adesão. 
A competência relativa é de ordem privada. 
Se o réu alegar incompetência após a preeliminar de contestação, o réu vai pagar as custas 
do processo em razão da demora, MESMO QUE GANHE A CAUSA. 
Critérios objetivos 
Competência em razão da pessoa (partes); a fixação da competência tendo em conta as 
partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar a determinação da competência originaria 
dos tribunais, para ações em que a Fazenda Pública for parte etc; 
Competência em razão da matéria (ratione materiae) - causa de pedir; considera-se, ao fixar 
a competência, a natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que 
lhe dá ensejo, por exemplo: para conhecer de uma ação de separação, será competente um 
dos juizes das Varas da Família e Sucessões, quando os houver na Comarca; 
Competência em razão do valor da causa (pedido); muito menos usado, serve para delimitar, 
entre outras hipóteses, competência de varas distritais, ou, quando houver organizado, dos 
Tribunais de Alçada. 
Critério Territorial 
Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas circunscrições territoriais, 
estabelecidas na Constituição federal e/ou Estadual e nas Leis. Destarte, os juizes estaduais 
são competentes para dizer o direito nas suas Comarcas, e os juizes federais, por sua vez, 
nos limites da sua Seção Judiciária. Já os Tribunais Estaduais são competentes para exercer a 
jurisdição dentro do seu estado, os Tribunais Regionais Federais, nos limites da sua região. O 
STF e o STJ podem dizer o direito em todo o território nacional. 
Sob o ângulo da parte, a competência territorial é em princípio determinada pelo domicilio 
do réu, para as ações fundadas em direito pessoal e as ações fundadas em direito real sobre 
bens móveis. (art. 94, CPC). Se o réu tiver domicílios múltiplos, poderá ser demandado em 
qualquer deles (§ 1º); se incerto ou desconhecido, será demandado no local em que for 
encontrado, ou no foro de domicílio do autor (§ 2º), facultando-se ao autor ajuizar a ação no 
foro de seu domicílio, se o réu não residir no Brasil e se o próprio autor também não tiver 
residência no País (§ 3º). Será ainda no foro de domicílio de qualquer dos réus no caso de 
litisconsórcio passivo (§ 4º). 
Além dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis extravagantes, que 
estabelecem regras específicas para certas ações, por exemplo: I – ação de inventário, 
competente o foro do ultimo domicilio do autor da herança (art. 96, CPC; art. 1.785, CC/02); 
II – ação declaratória de ausência, competente o foro do ultimo domicílio do ausente 
(art. 97, CPC); III – ação de separação, divórcio, conversão de separação em divórcio e 
anulação de casamento, competente o foro do domicílio da mulher (art. 100, I, CPC); IV –
 ação de alimentos, competente o foro do domicílio do alimentado, isto é, aquele que pede 
os alimentos (art. 100, IICPC); V – ação de cobrança, competente o foro do lugar onde a 
obrigação deveria ter sido satisfeita (art. 100, IV, d, CPC); VI – ação de despejo, competente 
o foro da situação do imóvel (art. 58, II, Lei nº 8.245/91); VII – ação de responsabilidade do 
fornecedor de produtos e serviços, competente o foro domicílio do autor (art. 101, Lei 
nº 8.078/90-CDC); VIII – ação de adoção, competente o foro do domicílio dos pais ou 
responsáveis (art. 146, Lei nº 8.069/90 ECA); IX – ações movidas no Juizado Especial Cível, 
competente o foro do domicílio do autor (art. 4º, Lei nº 9.099/95 JEC). 
Critério Funcional 
Enquanto nos outros critérios busca-se estabelecer o juiz competente para conhecer de 
determinada causa, no critério funcional reparte-se a atividade jurisdicional entre órgãos 
que devam atuar dentro do mesmo processo. 
Como o procedimento se desenvolve em diversas fases, pode haver necessidade de 
determinados atos se realizarem perante órgãos diversos; é o caso da carta precatória para 
citação ou intimação e oitiva de testemunha que esteja domiciliada em comarca diversa 
daquela em que tramita o processo, para a realização de penhora de bem situado em 
comarca diversa. 
Essa competência é alterada também de acordo com o grau de jurisdição. Normalmente se 
desloca a competência para um órgão de segundo grau, um tribunal, para reapreciar 
processo decidido em primeira instancia por meio de recurso. 
Classificação de Competência 
A competência classifica-se em: 
Competência do foro (territorial) e competência do juízo 
Foro é o local onde o juiz exerce as suas funções; é a unidade territorial a qual se exerce o 
poder jurisdicional. No mesmo local, segundo as leis de organização judiciária podem 
funcionar vários juizes com atribuições iguais ou diversas. 
De tal modo, para uma mesma causa, constata-se primeiro qual o foro competente, para 
depois averiguar o juízo, que em primeiro grau de jurisdição, corresponde às varas, o 
cartório, a unidade administrativa. 
Nas Justiças dos Estados o foro de cada juiz de primeiro grau é o que se chama comarca; na 
Justiça Federal é a subseção judiciária. O foro do Tribunal de Justiça de um estado é todo o 
Estado; o dos Tribunais Regionais Federais é a sua região, definida em lei (art. 107, par. 
Único, CF); o do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e de todos os 
demais tribunais superiores é todo o território nacional (CF, art. 92, parágrafo único). 
Portanto, competência de foro, é sinônimo de competência territorial, e Juízo de órgão 
judiciário. A competência do juízo é matéria pertinente às leis de organização judiciária; já a 
de foro é regulada pelo CPC. 
Competência originária e derivada: 
A competência originária é atribuída ao órgão jurisdicional diretamente, para conhecer da 
causa em primeiro lugar; pode ser atribuída tanto ao juízo monocrático, o que é a regra, 
como ao tribunal, em algumas situações, como por exemplo, ação rescisória e mandado de 
segurança contra ato judicial. Enquanto que a competência derivada ou recursal é atribuída 
ao órgão jurisdicional destinado a rever a decisão já proferida; normalmente, atribui-se a 
competência derivada ao tribunal, mas há casos em que o próprio magistrado de primeira 
instancia possui competência recursal, por exemplo, nos casos dos embargos infringentes de 
alçada, cabíveis na forma do art. 34 da lei de Execução Fiscal, que serão julgados pelo 
mesmo juízo prolator da sentença. 
Incompetência relativa x Incompetência absoluta 
As regras de competência submetem-se a regimes jurídicos diversos, conforme se trate de 
regra fixada para atender somente ao interesse público, denominada de regra de 
incompetência absoluta, e para atender predominantemente ao interesse particular, a regra 
de incompetência relativa. 
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção o processo, mesmo 
tratando-se de incompetência absoluta, salvo nas excepcionais hipóteses do inciso III do 
art. 51 da Lei n.9.099/95 (juizados Especiais Cíveis), da incompetência internacional (arts. 88-
89 do CPC) e do § 1º do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. 
A incompetência quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das 
partes, em sede de preliminar à contestação, e, quando relativa, mediante exceção. Se 
absoluta,o juiz poderá reconhecê-la de ofício (CPC, art. 113), independentemente da 
alegação da parte, remetem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos 
decisórios já praticados, e, se relativa (CPC, art. 112), somente se acolher a exceção de 
incompetência, remeterá o juiz o processo para o juízo competente para apreciar a questão, 
que terá duas opções: reconhecer sua competência ou divergir, declarando-se igualmente 
incompetente, suscitando o conflito de competência (CPC, art. 115, II), e não se anulam os 
atos decisórios já praticados. 
Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a parte que deixar de 
alegar na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos responderá 
integralmente pelas custas, na relativa, o juiz não pode reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do 
STJ). 
Modificação de Competência 
Legal: Conexão continência, imperativo constituicional e o juízo universal. 
 Conexão: Art. 103, CPC. Quando houver duas ações com mesmo pedido e causa de pedir. 
“Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a 
causa de pedir.” 
 Continência: Art. 104, CPC. As mesmas partes e mesma causa de pedir e o pedido de um 
tem que ser maior que o do outro. 
“Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às 
partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.” 
 Imperativo Constitucional: Art. 109, CF. Toda vez que a União intervir no processo a 
competência é da justiça federal. 
“Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
- as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem 
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as 
de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;” 
 Juízo universal: É a “vis atractiva”, a vara se torna competente para julgar todas as 
causas, como acontece no caso da Falência, que a vara que julga a falência vira um polo 
de atração dos demais processos da empresa falida. 
Voluntária: Divide-se em: 
 Expressa: É o foro de eleição. É a circurnscrição geográfica escolhida pelas partes. Escolhe 
apenas o território, não pode escolher a vara e nem o juíz. 
 Tácita: Tinha incompetência relativa e essa não fora alegada pelo réu acarretando assim a 
prorrogação. 
Na conexão e na continência pode haver união dos processos, e quando há um conflito de 
competência art. 115, CPC) o Tribunal de Justiça decide. 
“Art. 115. Há conflito de competência: 
I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes; 
II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes; 
III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de 
processos.” 
Mais detalhes da conexão e a continência 
A regra geral é a da perpetuatio jurisdictionis (CPC, art. 87), que veda a alteração de 
competência no curso da ação, sendo ela fixada no momento da propositura. 
Não obstante a regra geral, o CPC, permite a modificação da competência após a propositura 
da ação nos casos de “conexão” ou “continência” (art. 102, CPC). Assim, segundo o 
art. 103 do CPC, reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto, 
ou seja, o pedido, por exemplo, nas ações entre as mesmas partes pedindo revisão do valor 
da pensão alimentícia, e a causa de pedir, isto é, o fato jurídico que dá arrimo ao pedido, 
como nas ações com fundamento no mesmo contrato ou no mesmo fato, um acidente, por 
exemplo. A continência, que é uma espécie de conexão, segundo o art. 104 do CPC dá-se 
entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, 
mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras, como por exemplo nas 
ações entre as mesmas pessoas, relativas a um contrato de mútuo, sendo que em uma delas 
cobra-se uma prestação; na outra, cobra-se todo o valor do mútuo. 
Prevenção 
Prevenção é um critério de confirmação e manutenção da competência do juiz que 
conheceu a causa em primeiro lugar, perpetuando a sua jurisdição e excluindo possíveis 
competências concorrentes de outros juízos. 
Por se tratar de matéria de ordem pública, não se sujeita à preclusão, podendo ser alegada a 
qualquer tempo. Sendo juízes de mesma competência territorial, considerar-se-á prevento o 
que despachou em primeiro lugar (CPC, arts. 106 e 263), e sendo de competência territorial 
diversa (comarcas distintas), considerar-se-á prevento o juiz do processo que realizou a 
citação em primeiro lugar (CPC, art. 219). 
Entretanto, essa reunião só será possível se não ocorrer hipótese de competência absoluta 
dos órgãos julgadores e se as ações ainda estiverem pendentes de julgamento, tramitando 
no mesmo grau de jurisdição. 
Em suma: 
Vai unir no juízo prevento, o que decide o juízo prevento é a citação válida, conforme o 
art. 219 do CPC. 
“Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; 
e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe 
a prescrição. 
§ 1o A interrupção da prescrição retroagirá à data da propositura da ação. 
§ 2o Incumbe à parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho 
que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável exclusivamente ao serviço 
judiciário. 
§ 3o Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. 
§ 4o Não se efetuando a citação nos prazos mencionados nos parágrafos antecedentes, 
haver-se-á por não interrompida a prescrição. 
§ 5oO juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. 
§ 6o Passada em julgado a sentença, a que se refere o parágrafo anterior, o escrivão 
comunicará ao réu o resultado do julgamento.” 
O art. 106 do CPC traz uma exceção a regra da citação válida, que é quando as ações conexas 
encontram-se na mesma competência territorial (mesma comarca), no caso em tela a 
competência será de quem primeiro despachou. 
“Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma 
competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.” 
Em resumo, mesma comarca: quem despachou primeiro; e comarca diferentes: primeira 
citação válida. 
Observação importante: 
A incompetência relativa não pode ser declarada de oficio pelo juiz (compete ao réu levantar 
a questão, através de peça em separado, chamada exceção de incompetência), salvo, 
segundo o parágrafo único do art. 112 do CPC, acrescentado pela Lei nº 11.280, de fevereiro 
de 2006, nos casos que envolvam litígios que tenham arrimo em contratos de adesão, vez 
que neste caso é licito ao juiz ex officio reconhecer a nulidade da cláusula de eleição de foro 
e declinar de sua competência para o juízo de domicilio do réu. 
Conflito de competência 
A questão da competência ou incompetência também pode ser levantada por um outro 
procedimento próprio, denominado conflito de competência, regulado nos 
arts. 115 a 124 do CPC. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo 
Ministério Público ou pelo juiz (art. 116), e é decido pelo tribunal que designa qual juiz é o 
competente para decidir o conflito, pronunciando-se sobre a validade dos atos praticados 
pelo incompetente (art. 122). 
Instaura-se mediante petição dirigida ao presidente do tribunal, instruída com os 
documentos que comprovem o conflito, ouvindo o relator, com a distribuição, os juízes em 
conflito. Sobrestará o processo, caso o conflito seja positivo; se o conflito for negativo, o 
sobrestamento não será necessário, pois não haverá juízo praticando atos processuais. 
Deverá ainda o relator designar um juiz para solucionar as questões urgentes. 
Assim, há conflito de competênciaquando dois ou mais juízes se declaram competentes 
(conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) e também no caso de controvérsia 
sobre reunião ou separação de processos (CPC, art. 115, I, II e III). 
O conflito entre autoridade judiciária e autoridade administrativa, ou só entre autoridades 
administrativas, chama-se conflito de atribuições e não conflito de competência.

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