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Teoria Geral da Execução parte 1

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1 – PROCESSO DE EXECUÇÃO (Livro II, CPC – arts.566/795)
Teoria Geral da Execução (1ª parte)
1.1.1 Considerações Iniciais
A vida em sociedade está cada vez mais complexa. O Direito como ciência organizadora dos conflitos em sociedade utiliza-se de mecanismos para sua harmonização e perpetuidade: a norma jurídica. Na atualidade, o Estado traz para si o controle da grande maioria dessas relações criando a norma, a executando (fiscalização) e quando provocado, decidindo: está-se diante da jurisdição.
Porém, ensina Ernane Fidélis dos Santos que 
A atividade do Estado, no exercício da jurisdição, é substitutiva. Ele atua em lugar dos particulares (dele próprio, às vezes, mas imparcialmente), quando estes não solucionam suas próprias questões [...] Nasce um litígio, e, à falta de composição dos próprios interessados, o Estado é chamado a dar solução à lide, regulando a relação jurídica entre as partes. É o julgamento que terá como resultado definitivo a procedência ou não do pedido que se fundamentou a pretensão.
Assim, diante do conhecimento ou não da norma o indivíduo pode praticar atos (comissivos ou omissivos - dolo/culpa) e causar prejuízos à outrem ou simplesmente “interferir na esfera de direito” daquele (pessoa física, jurídica, de direito público ou privado). Diante dessa situação, idealiza-se, num primeiro momento, a solução amigável desse choque de interesses e, em último caso, dada a IMPOSSIBILIDADE DE COMPOSIÇÃO AMIGÁVEL, BUSCA-SE O ESTADO-JUIZ PARA DIZER O DIREITO (JUS DICERE) a quem pertence e por fim efetivá-lo, fazer valer. Daí a denominação “execução forçada” adotada pelo CPC, no art.566. 
Diante do acima exposto, tem-se no atual sistema processual civil brasileiro a denominada atividade jurisdicional de conhecimento - já estudado pelos senhores - e a atividade jurisdicional de execução ou executiva - um dos objetos de estudo desta disciplina – as quais segundo Humberto Theodoro Júnior “formam os dois grandes capítulos da sistemática jurídica de pacificação social”; hoje - com relação àquela última, em momento de significativas alterações, para não se dizer em evolução face às necessidades da efetivação da jurisdição. 
De forma resumida, porém extremamente didática, o autor supra citado, utilizando-se o pensamento de Eduardo Couture, nos esclarece:
O homem observa sempre a seqüência “saber-querer-agir”. Também órgão judicial, diante da lide a solucionar, primeiro conhece os fatos e o direito a eles pertinentes; depois decide, isto é, manifesta vontade de que prevaleça determinada solução para o conflito; e finalmente, se a parte vencida não se submete espontaneamente à vontade manifestada, age, de maneira prática, para realizar, mediante força o comando do julgado. (destaques nosso)
Portanto, o processo judicial é a única e mais adequada forma para se alcançar a Justiça, por mais lento e repleto de formalidade que o envolva, face à impossibilidade de a buscá-la com as próprias mãos.
1.1.2 Processo de Conhecimento e Processo de Execução: caracterização e diferenças
No processo de conhecimento, o Estado-juiz estuda, procura conhecer a situação das partes ou investiga os elementos constitutivos da lide trazidos aos autos (depoimentos, testemunhos, provas etc), para então apresentar a melhor e justa solução ao conflito apresentado por meio de sua decisão (sentença/acórdão), ou segundo Eurico Tullio Liebman, “no processo de conhecimento o juiz examina a lide para descobrir e formular a regra jurídica concreta que deve regular o caso.” (grifo provocado)
No processo de execução, não há propriamente lide a ser solucionada, mas apenas direito a ser efetivado na sua realidade prática, quer esteja fundamento em título executivo originado pelas partes (denominado extrajudicial – art.585), quer esteja fundamentado em título executivo originado pelo Estado (judicial, transladado para o art.475-N, dentro do Livro I do CPC, face às alterações trazidas com a Lei nº11.232/2005 que será estudada). Há, portanto, o cumprimento do já reconhecido.
Não há, nessa ordem de idéias, decisão de mérito na ação de execução. A atividade do juiz é prevalentemente prática e material, visando a produzir na situação de fato as modificações necessárias para pô-la de acordo com a norma jurídica reconhecida no título executivo [...] No processo de execução o juiz realiza (executa). (Humberto Theodoro Júnior) 
Deve-se esclarecer, portanto, que embora haja uma lógica entre conhecer e executar, nem sempre a atividade jurisdicional reclama a junção dos dois expedientes acima identificados, bastando a declaração de certeza jurídica para eliminar um litígio. Quando a certeza em torno do direito da parte já está assegurada, por certos mecanismos, há a possibilidade jurídica de se dispensar o processo de conhecimento, permitindo a utilização direta da execução forçada em juízo.
1.1.3 Pretensão Executória
Inicialmente, pretensão ou seja, a formulação de um pedido dentro do processo de conhecimento, não é nenhum direito, é ato da parte que revela o que pretende, sem que, necessariamente, o direito a acolha. Para Fidélis “a pretensão não revela ainda nenhum direito, obrigando a formação da relação processual, para que se profira a sentença que regule as relações entre as partes.” 
Já a pretensão executória, o que ocorre não é o mesmo fenômeno, pois não há pretensão resistida, ou seja, o autor ao formular se pedido, não afirma que o réu não quer sujeitar-se ao que pretende ser seu direito mas sim, que, já estando acertado extrajudicialmente (reconhecido, consagrado por instrumento validado por lei), não quer satisfazê-lo. Dispensa-se qualquer indagação a respeito do direito ou da relação jurídica, devendo a autoridade provocada apenas dar execução, fazer valer, no mundo fático, o conteúdo obrigacional presente no referido instrumento. A atividade jurisdicional, neta caso, não é cognitiva, é apenas executória.
Assim, caso uma nota promissória não seja paga e resgatada pelo emitente-devedor, este – agora denominado executado - diante da pretensão executória do exeqüente (autor), será citado apenas para pagar e não para defender sua pretensão, podendo atacar, no máximo, a pretensão adversa por meio de embargos. “O juiz não faz declaração formal da legalidade ou ilegalidade da pretensão, porque esta já está consagrada no título executivo” (Vicente Greco Filho).
1.1.4 – Conceito doutrinário de execução 
Segundo Chiovenda, “a execução é o conjunto de atividades atribuídas aos órgãos para realização prática de uma vontade da lei previamente consagrada num título”. 
Para Vicente Greco Filho “é o conjunto de atos jurisdicionais matérias concretos de uma invasão do patrimônio do devedor para satisfazer a obrigação consagrada num título.”
1.1.5 - TÍTULO EXECUTIVO: requisito essencial a qualquer execução (apontamentos iniciais)
A execução tem por base sempre um título, isto é, determinada causa que se fundamente o direito. Ele se informa exclusivamente pela lei e tem validade formal. Os títulos executivos são apenas os que a lei enumera, não sendo permitida a criação de outros pela vontade dos particulares.
Na ação de execução com base no título executivo, não se discute sobre a justiça da pretensão, mas sim, sobre a validade formal do título executado, já que ele existe, NÃO HÁ DIREITO A SER QUESTIONADO.
O título executivo, como tal reconhecido pela lei, encerra idéia cabal de acertamento de crédito (de coisa, de dinheiro, de prática ou omissão de fato), adquirindo característica de abstração. O direito que ele revela tem prevalência e é considerado como existente, até que a decisão judicial afirme o contrário. Daí o rigor que se exige, no processo de execução de perfeita formalização do título, cujo direito revelado, até que sentença judicial o desconstitua, é tido por induvidoso.
Com relação ao seu conceito, não há consenso doutrinário.Ttodavia, podemos idealizá-lo segundo estudo realizado por THJ�:
Para Liebman é elemento constitutivo da ação de execução forçada; para Zanzuchi é uma condição para o exercício da mesma ação; para Carnelutti, é a prova legal do crédito; para Furno e Couture, é pressuposto da execução forçada; para Rocco é apenas o pressuposto de fato da mesma execução etc.
Mesmo que neste momento ainda não tenhamos um conceito doutrinário satisfatório, devemos compreender que não há possibilidade de instauração de processo executório, sem título executivo (nulla executio sine titulo). Toda execução que não se fundamentar em título executivo deve de plano ser indeferida. Mas mesmo deferida, a qualquer momento pode ser declarada sua nulidade (art.618, I) ainda que sem incidência de embargos.
A nulidade da execução por falta de título executivo líquido, certo e exigível pode ser reconhecida, mesmo depois de extinto o processo executório, nas vias ordinárias, a não ser que a questão tenha sido solucionada em grau de embargos.
1.1.6 Requisitos substanciais dos títulos executivos: liquidez, certeza e exigibilidade (art.586)
Além da regularidade da forma que se deve apresentar no título, necessário se faz que este contenha os denominados requisitos substanciais que lhe dá força de executividade. São seus 
Liquidez – existe quando o objeto do título está devidamente determinado. Deve estar estabelecido o quantum certo. Não é líquido o título cujo conteúdo (objeto) venha ser apurado por arbitramento, devendo seu possuidor ou titular buscar seu saldo pela via convencional (de cognição). Exemplos de liquidez no que tange às quantias certas: cheque ou nota promissória com valores em reais (R$ 100,00; R$150.000,00; R$ 0,80 etc); que para apuração, utilize-se de mera dedução aritmética ou que se utilize de valores devidamente estabelecidos no sistema econômico oficial ou daqueles que tenham cotação oficial (4 salários mínimos; 08 salários comerciais vigentes; 500 sacas de café de acordo com a cotação da bolsa etc); 
Vale trazer ao conhecimento os seguintes entendimentos jurisprudenciais:
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO DE SENTENÇA. RECURSO DE
APELAÇÃO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. NOVOS CÁLCULOS. ERRO MATERIAL.
ILIQUIDEZ DO CRÉDITO.
1. Dependendo a apuração do quantum debeatur apenas de decisão no sentido de que sejam, ou não, incluídos nos cálculos expurgos inflacionários, e não apresentando esse "erro material", não é ilíquido o título de modo a obstar o prosseguimento de execução, se presentes todos os elementos necessários à apuração do débito, por simples operação aritmética.
2. O excesso de execução não importa em nulidade da execução, mas no acolhimento, total ou parcial, dos embargos.
Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL – 200001000696762 Processo: 200001000696762 UF: MG Órgão Julgador: QUARTA TURMA Data da decisão: 26/11/2002 Documento: TRF100142607
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. CERTIDÃO DA DÍVIDA ATIVA.
1. A certidão de dívida ativa goza de presunção de liquidez e certeza, tendo efeito de prova pré-constituída, com presunção júris tantum, podendo ser afastada mediante produção de prova inequívoca.
2. Na hipótese vertente, ficou comprovada por laudo pericial, a exigência de contribuições sobre parcelas indenizatórias e não se incluindo estas no salário de contribuição do empregado, em face da sua natureza indenizatória, o encargo é indevido, acarretando a invalidade da CDI, como título executivo extrajudicial, por ser incerto e ilíquido.
3. Apelação e remessa oficial , tida por interposta, improvidas.
Origem: TRF - PRIMEIRA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL – 9101000918 Processo: 9101000918 UF: MG Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data da decisão: 6/11/2001 Documento: TRF100121280
Certeza – aparência de título ou seja: certeza não quanto ao direito, mas quanto a ele próprio, de maneira que não deixe dúvida, pelo menos, aparentemente, da obrigação que deva ser cumprida, pelo que se revela em sua realidade formal. Exemplo de certeza: se na nota promissória todos os requisitos formais do título estão nela constantes, a simples aparência faz presumir certeza, ensejando execução.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TITULO EXECUTIVO
EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE ABERTURA DE CREDITO. IMPOSSIBILIDADE.
DESCARACTERIZAÇÃO. INSERÇÃO DE CLAUSULA PURAMENTE POTESTATIVA.
DIVERGENCIA.
I - O CONTRATO DE ABERTURA DE CREDITO EM CONTA CORRENTE NÃO E CONSIDERADO COMO TITULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL - ART. 585, II, DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL, POR NÃO CONSUBSTANCIAR OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA DETERMINADA. ALEM DISSO, A ILIQUIDEZ E INCERTEZA DO TITULO, DECORRE DA EXISTENCIA EM SEU BOJO DE CLAUSULA POSTETATIVA PURA, SEGUNDO O DISPOSTO NO ART. 115, DO CODIGO DE PROCESSO CIVIL. 
II - RECURSO ESPECIAL CONHECIDO PELA DIVERGENCIA, MAS IMPROVIDO.
Origem: STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Classe: RESP - RECURSO ESPECIAL – 46143 Processo: 199400088060 UF: SP Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA Data da decisão: 07/11/1995 Documento: STJ000105744
EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. PRESCRIÇÃO. REQUISITOS DA CDA. PROCESSO
ADMINISTRATIVO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
1. As contribuições para o FGTS, por constituírem direito social do trabalhador, não têm natureza tributária. Com efeito, sujeitam-se ao prazo de trinta anos, estatuído na própria legislação de regência, não se lhes aplicando as normas do Código Tributário Nacional (arts. 173 e 174). Nesse sentido, as Súmulas nºs 210 do
STJ e 43 desta Corte.
2. A certidão de dívida ativa constitui-se em título executivo extrajudicial (arts. 585, VI, e 586, do CPC), apto a, por si só, ensejar a execução, pois decorre de lei a presunção de liquidez e certeza do débito que traduz. A inscrição cria o título, e a certidão de inscrição o documenta para o ajuizamento pela Fazenda da cobrança judicial pelo rito especial da Lei n. 6.830/80. A teor
do disposto nos arts. 3º e 6º, § 1º, da Lei nº 6.830/80, e no art.
204 do CTN, a Certidão de Dívida Ativa goza de presunção de certeza e liquidez que só pode ser elidida mediante prova, inequívoca a cargo do embargante. Meras alegações de irregularidades ou de incerteza do título executivo, sem prova capaz de comprovar o alegado, não retiram da CDA a certeza e liquidez de que goza por presunção expressa em lei.
Origem: TRIBUNAL - QUARTA REGIÃO Classe: AC - APELAÇÃO CIVEL Processo: 199904010445580 UF: PR Órgão Julgador: PRIMEIRA TURMA Data da decisão: 21/09/2005 Documento: TRF400115317
Exigibilidade – ocorre a partir do momento em que cumprimento da obrigação, prevista no título, pode ser exigido. De modo geral, a exigibilidade nasce com o vencimento da dívida, considerando inadimplente o devedor que não satisfaz “obrigação certa, líquida e exigíve, consubstanciada em título executivo” (art.580, CPC). 
Em suma segundo ensina Cernelutti “o direito do credor é certo quando o título não deixa dúvida em torno de sua existência, líquido quando o título não deixa dúvida em torno do seu objeto; exigível quando não deixa dúvida em torno de sua atualidade.” Ou como também ensina Calamandrei: “ocorre a certeza em torno de um crédito quando, em face de um título, não há controvérsia sobre sua existência; a liquidez, quando é determinada a importância da prestação; e a exigibilidade, quando o seu pagamento não depende de termo ou condição, nem está sujeito a outras limitações”
1.1.7 As vias de execução forçada disponíveis no atual Processo Civil Brasileiro�
Com a edição da Lei nº 11.232, de 22.2.2005, cuja vigência se deu a partir de 24/06/2006, estão previstas duas vias de execução forçada singular/individual (AxB):
a do cumprimento da sentença, localizada no Livro I, Título VIII, Capítulo X do CPC (arts.475 – I e 475 – N) e
a do processo de execução, localizada no Livro II, com seus diversos títulos e capítulos.
Vale aclarar que para um melhor aproveitamento da disciplina e respeito ao conteúdo programático apresentado, estudaremos o processo de execuçãodo Livro II do CPC, iniciando, logo a seguir, a interpretação dos artigos da Lei, comentando-os em consonância com posicionamentos doutrinários e jurisprudenciais.
1.1.8 As partes no processo de execução
art. 566 - legitimidade ativa 
inciso I – originária� do credor a quem a lei confere título executivo
inciso II – extraordinária do Ministério Público, nos casos previstos em lei
Apesar da lei utilizar o termo credor, a doutrina tem se posicionando pela preferência do termo exeqüente, pois esta representaria sua posição processual e não sua posição de sujeito perante uma obrigação a ser exigida pois, nem sempre o credor realmente o é, como no exemplo dado por Vicente Greco Filho, que muito bem nos alerta que nem sempre o credor é exeqüente, citando o exemplo do Ministério Público que pode ser exeqüente sem ser credor e num segundo caso, o devedor que, por meio de embargos, comprove a inexistência do título, não podendo ser mais considerado devedor, mas sim, executado. No caso, injustamente denominado de devedor durante toda a relação processual.
No mesmo sentido, manifesta-se favorável Humberto Theodoro Júnior pela manutenção da utilização dos termos exeqüente/executado na linguagem forense, como pode ser observado a seguir:
Na execução forçada, as partes ativas e passivas são chamadas tradicionalmente de exeqüente e executado. O Código de Processo Civil, no entanto, prefere denomina-las simplesmente de credor e devedor, o que não imposta banir da linguagem doutrinária e forense as expressões tradicionais de exeqüente e executado, mesmo porque mais significativas que aquelas eleitas pela nomenclatura legal. Aliás, nas sucessivas reformas que tem passado o Código, o legislador voltou a usar, com indiferença, as expressões credor e exeqüente, devedor e executado.
Mesmo que o legislador utilize uma ou outra terminologia, na prática forense, por uma questão de respeito à parte contrária ou até mesmo a fim de evitar constrangimentos futuros, já que o título posto em execução pode estar viciado, melhor seria que fossem utilizados os termos “exeqüentes e executados” como ocorre no processo penal onde somente após a condenação fala-se em condenado. Para ilustração do sugerido, anexo parte de uma Ação de Execução de Título Extrajudicial sob minha responsabilidade e condução:
“EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO 1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO GRANDE/MS
Ref. Processo nº 111.05.xxxxxxxx
Ação de Execução de título Executivo Extrajudicial 
Exeqte: xxxxxxxx
Executada: xxxxxxxxx
XXXXXXXXXXXXXXXXX, já qualificada nos autos acima, i n f o r m a 
NOVO ENDEREÇO DA EXECUTADA PARA REALIZAÇÃO DE CITAÇÃO
Em razão da certidão do oficial desse juízo de fls.30, o qual informou estar mais uma vez frustrada a citação da Executada em razão do imóvel estar desocupado, a Exeqüente, a fim de ter seu crédito saldado, informa novo endereço para citação: .....”
 
A legitimidade é originária para o credor pois é a pessoa em favor de quem se contraiu a obrigação ou simplesmente porque é mero possuidor do título já que em determinadas situações não é possível identificar sua verdadeira condição. Por exemplo: você pode executar uma lâmina de cheque sem que esta esteja nominal ao seu cliente, ou a você mesmo (a), caso advogue em causa própria.
Com relação à legitimidade extraordinária do MP, segundo sua condição de órgão agente prevista no art.81 do CPC, ele poderá exercer o direito de ação, “cabendo-lhe, no processo, os mesmos, poderes e ônus que às partes”. Assim, “se o Ministério Público tem autorização legal para propor ação de conhecimento, terá, em conseqüência, ainda que no silêncio da lei, legitimidade para execução (Vicente Greco Filho, 2006, p.18). 
Entretanto, aqui deve ser feita uma ressalva: como pode ser observado acima, referido autor nos apresenta um exemplo de cumprimento de sentença e não de execução fundada em título executivo extrajudicial. Dessa monta, imagine a formalização de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com fulcro no §6º do art.5º da Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública)� onde o MP atendendo uma das suas funções institucionais o assina e espera o cumprimento das obrigadas naquele contidas. Caso o obrigado não as cumpra, estar-se-ia diante, indiscutivelmente, de um título executivo extrajudicial, ao meu ver, tipificado no inciso II do art.585 (instrumento de transação referendado pelo Ministério Público) ou no inciso VII (demais títulos) podendo referido título ser apresentado à Execução.
art.567 – legitimidade ativa derivada ou superveniente�
As pessoas tipificadas nesse artigo são estranhas à formação do título executivo, uma vez que, se tornaram sucessores do credor, posteriormente, assumindo, por isso, a posição que lhe competia no vínculo obrigacional primitivo, segundo ensina HTJ. 
Essa modificação subjetiva de lide, pode ocorrer antes ou depois de iniciada a execução forçada. Também podendo ser motivada em razão da causa mortis como por atos inter vivos, pouco importando, segundo a lei, se a execução recair ou se fundamentar em título executivo judicial ou extrajudicial. Conforme o artigo em comento, são três os casos:
inciso I - do espólio (patrimônio deixado pelo falecido, enquanto não ultimada a partilha entre os sucessores), que será representado pelo inventariante ou pelos herdeiros, quando aquele for dativo (art.12, V, §1º,CPC)�. Apesar do espólio não ter personalidade jurídica, tem capacidade de ser parte, podendo demandar e ser demandado até que se ultime a partilha dos bens. “Mesmo, contudo, quando a representação é exercida pelo inventariante, isto não exclui a participação dos herdeiros, na execução, como litisconsortes facultativos�” (HTJ). A prova da qualidade de inventariante far-se-á por meio da certidão extraído do processo de inventário, com esclarecimento de que o interessado se acha no exercício do munus. 
Da mesma forma os herdeiros ou sucessores do credor morto têm legitimidade para o ingresso da execução. Por herdeiro, deve ser entendido como aquele que sucede o autor da herança, à título universal, ou seja, recebe todas os créditos e dívidas do de cujus. Por sucessor, tem-se o denominado legatário, que sucede o de cujus a título singular, quando contemplado no testamento, com um ou mais bens especificados e individualizados. Diante disso, os herdeiros assumem legitimidade para atuar em nome da herança ou espólio, desde a morte do de cujus, enquanto que o legatário só poderá propor a execução depois que os herdeiros lhe fizerem a entrega do título executivo deixado pelo morto, que se resume apenas no direito de exigir a entrega da coisa legada. Por fim, com extrema maestria, esclarece HTJ:
Julgada a partilha e ocorrido o trânsito em julgado da sentença, cessam as funções do inventariante e, conseqüentemente, sua capacidade de representar o espólio. Desaparece, a partir de então, a universalidade da herança e cada herdeiro, dentro da força e dos limites de seu quinhão, será sucessor universal de todos os direitos e obrigações do de cujus. Recebendo do finado, o direito ao título executivo, suceder-lhe-á o herdeiro plenamente, no direito à ação de execução que exercitará, a partir de então, em nome próprio
inciso II – do cessionário, sendo aquele beneficiário da transferência negocial de um crédito por ato inter vivos, oneroso ou gratuito. A cessão de crédito está prevista no art.286 do CC/02, cuja redação nos auxilia:
o credor pode ceder o seu crédito, se isso não opuser a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação. 
Portanto, o crédito pode ser cedido por ato inter vivos, caso em que o cessionário poderá promover a execução ou nela prosseguir, independente, de qualquer aceitação do devedor. O exemplo mais comum de cessão de crédito são os endossos dos títulos cambiais, que seregem por legislação específica e cuja circulabilidade é ampla e da própria natureza das obrigações neles contidas. 
De uma forma geral, os títulos podem ser transferidos, porém existe uma vedação quanto à natureza da obrigação, que pode ser personalíssima (ex: os benefícios da Previdência Social – art.14 da Lei nº 8.213/91), bem como quando as partes ajustam que as obrigações só poderão ser exigidas/cumpridas entre os próprios contratantes, vedada a cessão a estranhos. Por fim, o cessionário ao exibir o título executivo, terá o ônus de demonstrar a cessão, a fim de legitimar-se à causa.
inciso III - do sub-rogado, sendo aquele que paga a dívida de outrem, assumindo todos os direitos, ações privilégios e garantias do primitivo credor contra devedor principal e seus fiadores (art349, CC/02). Exemplo de sub-rogação legal prevista no inciso III do art.346, é o avalista ou fiador que salda a dívida do avalizado ou afiançado. Assim, o pagador sub-rogasse no direito e ação do credor satisfeito, o que conseqüentemente lhe garantirá o direito de reembolso da importância despendida perante o obrigado principal da dívida. 
Vale esclarecer que caso o avalista seja executado pelo credor primitivo e saldasse a dívida, este poderá se utilizar da mesma ação para exigir o reembolso segundo entendimento do art.567 que fala em “prosseguir na execução”.
Art. 568 – legitimidade passiva 
inciso I – originária do devedor, reconhecido como tal no título executivo 
Para o caso de execução de título executivo extrajudicial, será sempre legitimado passivo aquele que figurar no documento negocial como devedor. 
[...] se no título executivo, aparecer como devedora pessoa determinada, esta será sempre parte legítima para responder à execução, ainda que haja,por exemplo, falsidade da firma ou das declarações, matéria de mérito que apenas de discute nos embargos do devedor, que objetivam a desconstituição do título, em razão de tal vício (EFS�)
inciso II – derivada do espólio, dos sucessores, ou dos sucessores 
Falecido o devedor, a execução será promovida ou prosseguirá contra o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor, dentro do limite dos bens e direitos transmitidos com a morte (art.597, CPC). 
Segundo ensina HTJ “se a execução já estiver em curso quando ocorrer o óbito do devedor, sua substituição pelo espólio ou pelos sucessores, dar-se-á através da habilitação incidente, com observância dos arts. 43 e 1.055 a 1.062, suspendendo-se o processo pelo prazo necessário à citação dos interessados (art.265, nºI, §1º)”
inciso III - derivada do novo devedor
Se o credor concordar me em que o devedor transfira a dívida para outrem, contra este deve ser dirigida a execução, salvo disposição contratual em contrário, como por exemplo, a manutenção do devedor primitivo como solidário.
inciso IV – de responsabilidade� do fiador judicial
Aquele que, em processo, formalmente garantiu a reparação do dano decorrente de certa atividade processual (ex: caução fidejussória). Ocorrida a hipótese que o fiador judicial visava proteger, poderá ser executado pelo montante da responsabilidade que se comprometeu a ressarcir.
inciso V – do responsável tributário 
O Código Tributário Nacional prevê diversas situações em que pessoas não figuradas originariamente no fato gerador do tributa sejam também responsáveis pelo seu pagamento, em caráter solidário, o mesmo acontecendo em leis especiais sobre determinados tributos. Todos esses responsáveis o são da própria obrigação tributária, e, portanto, equiparam-se, na execução, ao devedor. Para isso, porém, devem constar da certidão da dívida elaborada pela Fazenda Pública.
� Theodoro Humberto Júnior
� Para uma melhor compreensão do atual contexto jurídico que se encontra o processo de execução, consulte a obra de Theodoro Humberto Júnior, 2006, p.6-20 e direcione atenção à evolução da actio iudicati nos diversos ordenamentos jurídicos (antigos e contemporâneos), bem como a manifestação de Márcio Thomaz Bastos.
� aquela que decorre do conteúdo do próprio título executivo
� “Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento da sai conduta às exigências legais, mediante cominações que terá eficácia de título executivo extrajudicial”
� As pessoas tipificadas nesse artigo são estranhas à formação do título executivo, tornaram-se, posteriormente, sucessores do credor, assumindo, por isso a posição que lhe competia no vínculo obrigacional primitivo. , segundo ensina HTJ, 2006, p.157.
� “Serão representados em juízo, ativa e passivamente: o espólio, pelo inventariante. Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte.”
� Art.54, parágrafo único CPC.
� Ernane Fidélis dos Santos
� HTJ fale em legitimação passiva dos “apenas responsáveis”
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