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PROCESSO PENAL I

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PROCESSO PENAL I 
AULA 01 
02/08/2017 
 
BREVE HISTÓRIA DA PENA 
Até finais do século XVIII a prisão servia apenas para a finalidade de custódia, 
sendo que a negação da pena por não diminuir a criminalidade fez com que no século XVII 
iniciou-se um movimento na Europa para que a prisão servisse de pena privativa de liberdade, 
com a correção dos apenados através de trabalho e disciplina. Surge então nesse século a pena 
privativa de liberdade, mas apenas no século XIX converte-se a prisão como pena, substituindo 
progressivamente as demais. 
A pena substituiu a vingança privada, não como evolução, mas como negação. A 
evolução da pena, traz a “pena pública”, onde o Estado chama para si o direito e o dever de 
proteger a comunidade e também o delinquente. O Estado vence a atuação familiar e impões 
autoridade, determinando que a pena seja pronunciada por um juiz imparcial, com poderes 
juridicamente limitados. 
Deve ser pensado a partir do princípio da necessidade: o processo penal é o caminho 
obrigatório para a poder aplicar a pena. O processo é o caminho necessário para alcançar uma 
pena; condiciona o exercício do poder de penar as regras do devido processo legal. Sem o 
processo não tem o exercício do poder punitivo. 
Diferentemente do processo civil, no processo penal não há pena extraprocessual, 
ou seja, é necessário acudir ao processo para a satisfação da pretensão acusatória e a imposição 
da pena. 
O processo evolui com a própria história da pena, que começa com: 
 Autotutela: os sujeitos resolvem de forma direta o conflito, impondo sua 
vontade. Nessa modalidade de autotutela simples, prevalece a força das partes e não existe um 
juiz distinto. Exemplo de autotutela no Brasil: legitima defesa e estado de necessidade. 
Superada essa fase a; 
 Autocomposição: surge como meio de solução dos conflitos de forma mais 
civilizada. Ambas as partes, através de um acordo mútuo resolvem por fim no conflito. Neste 
caso, é um sistema de distribuição de justiça de forma autônoma, onde o terceiro atua interpartes 
e não suprapartes. O chamado; 
 Reparto heterônomo: pode ser obtido mediante a atuação de um terceiro parcial 
ou imparcial para resolver o conflito. Este é o meio que se equipara ao Ordenamento Brasileiro. 
Juiz imparcial – Público – Competência fixada em Lei. Por fim a; 
 Heterocomposição: principal figura é a arbitragem, um terceiro escolhido pelas 
partes resolve o conflito. Este meio não é aceito no ordenamento brasileiro, pois arbitragem não 
é permitido no processo penal, uma vez que o Estado que resolve os conflitos. 
O exercício do poder punitivo está condicionado e é condicionante da fixação 
estatal. O processo penal é a única estrutura que se reconhece como legitima para a interposição 
da pena. 
Caminho que o estado adota: Impor pena para a satisfação da pretensão acusatória 
Natureza pública da pena, decorre de o Estado ter avocado o poder de punir. O que 
não permite um processo de natureza provada. 
No processo penal a parte acusadora (MP, artigo 129 e querelante), titular da 
pretensão acusatória (denúncia ou queixa-crime), invoca por meio da acusação (ação penal – 
publica incondicionada ou condicionada; privada exclusiva subsidiária da pública ou 
personalíssima) que o juiz exerça a jurisdição, e por fim, se comprovada a tese acusatória, 
exerça o poder de punir do Estado (aplicação da Pena). 
Processo penal para quê (m)? É o caminho necessário para atingir a pena, o Estado é o único 
representante competente para punir. Pela leitura constitucional, visualizamos que o processo 
penal é um instrumento de garantia de fala do sujeito que está sendo acusado, efetivação de 
garantias constitucionais. Então o processo penal deve ser lido a luz da Constituição Federal, e 
não o inverso. 
Não há delito sem pena, nem pena sem delito e processo, nem processo senão para 
determinar o delito e impor a pena. 
O poder de punir é limitado. Observa-se etapas: 
1. Cominatória: Art. 5º XXXIX, CF + Art. 1º, CP. 
2. Persecução penal 
2.1. Pré-processual: 
2.2. Processual 
3. Executória: na LEP são ditas as etapas do cumprimento da pena. 
Em síntese: É um instrumento que determina como será exercido o poder do estado 
na determinação de um fato punitivo e na aplicação da pena. É uma garantia do acusado e para 
a sociedade de forma geral de que somente haverá punição após o devido processo com respeito 
as regras do jogo. 
 
Aula 02 
09/08/2017 
 
 
A NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO 
 
Existem três grandes teorias que explicam a natureza jurídica do processo penal. 
Significa dizer o que representa e o que constitui o processo. Com isso, se abordam vínculos 
que unem os sujeitos e a estrutura como um todo: 
 
 Processo como relação jurídica. 
Obra de Oskar vonBülow, publicada em 1868, foi um marco definitivo para o 
processo, pois gerou a independência do direito material com o direito processual. O processo 
é uma relação jurídica, de natureza pública, que se estabelece entre as partes (MP e réu) e o 
juiz. Dando origem a uma reciprocidade de direitos e obrigações processuais. 
Para Bülow, os elementos constitutivos da relação jurídico-processual são: pessoas, 
matérias, atos e momento em que se desenvolvem. Essa relação jurídico-processual é triangular, 
se estabelece entre as partes e entre as partes e o juiz, dando origem a reciprocidade de direitos 
e obrigações. O processo é uma via de mão dupla, em que as partes têm o direito à tutela 
jurisdicional, e o juiz dever de conduzir o processo até alcançar a sentença. Graficamente, a 
teoria pode ser representada da seguinte forma: 
 
 
 
 
 
 
A teoria do processo como relação jurídica recebeu várias críticas, tanto na sua 
aplicação para o processo civil como também para o processo penal, mas, em que pese sua 
insuficiência e inadequação, acabou sendo adotada majoritariamente pela doutrina 
processualista até os tempos atuais. 
 
 Processo como situação jurídica - 1925. 
Foi James Goldschimidt e a sua teoria tratada na obra publicada em 1925, que 
melhor evidenciou as falhas de Bülow, mas principalmente, quem formulou a melhor teoria 
para explicar e justificar a complexa fenomenologia do processo. Para o autor, o processo é 
visto como um conjunto de situações processuais pelas quais as partes atravessam, caminham 
em direção a uma sentença definitiva favorável. Nega a existência de direitos e obrigações. 
Evidenciou o caráter dinâmico do processo, ao transformar a certeza própria do direito material 
na incerteza característica da atividade processual. Sucessão de atos gera chances que se bem 
utilizadas liberam cargas probatórias. 
 
 Processo como procedimento em contraditório 
Estruturada pelo italiano Elio Fazzalari (1924 – 2010) um conjunto de situações jurídicas que 
nascem do procedere, que geram posição de vantagem com relação ao objeto discutido do 
processo. Desenvolve o Contraditório como orientador de todos os atos do procedimento até o 
provimento final. O contraditório, na concepção do autor, deve ser visto em duas dimensões: 
no primeiro momento, é o direito à informação (conhecimento); no segundo, é a efetiva e 
igualitária participação das partes. É a igualdade de armas, de oportunidades. Em síntese: é o 
direito à informação e reação, igualdade de tratamento e oportunidades. O juiz é o garantidor 
do contraditório. 
 
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
Representam o modelo de processo que responde as exigências do direito penal e do estado de 
uma época. Pode-se constatar que predomina o sistema acusatório nos países que respeitam 
mais a liberdade individual e que possuem uma sólida base democrática. Em sentido oposto, o 
sistema inquisitóriopredomina historicamente em países de maior repressão, caracterizados 
pelo autoritarismo ou totalitarismo, em que se fortalece a hegemonia estatal em detrimento dos 
direitos individuais. No Brasil a doutrina majoritária e a ótica do código de processo penal, 
sustentam um “modelo misto”: Inquisitório (pré-processual) e Acusatório (processual), mas 
segundo a Constituição Federal Brasileira o sistema processual é acusatório. 
Contudo, há uma insuficiência nessa classificação. Puros foram apenas os sistemas 
quando criados, ou seja, modelo histórico. Portanto, deve-se definir o princípio informador do 
sistema para classifica-lo. Como o processo penal é reconstituição do fato histórico a gestão da 
prova é a espinha dorsal do processo. Estrutura-se o sistema a partir de dois princípios: 
 Princípio dispositivo: funda o sistema acusatório; a gestão da prova está nas mãos das 
partes. 
 Princípio inquisitivo: a gestão da prova está nas mãos do julgador por isso, ele funda 
um sistema inquisitório. 
 
Sistema Processual Acusatório 
A origem do sistema acusatório remonta ao Direito grego, o qual se desenvolve 
referendado pela participação direta do povo no exercício da acusação e como julgador. 
Vigorava o sistema de ação popular para os delitos graves (qualquer pessoa podia acusar) e 
acusação privada para os delitos menos graves, em harmonia com os princípios do Direito Civil. 
Na atualidade, a forma acusatória caracteriza-se pela: 
a) Clara distinção entre as atividades de acusar e julgar; 
b) A iniciativa probatória deve ser das partes (decorrência lógica da distinção entre as 
atividades); 
c) Mantém-se o juiz como um terceiro imparcial, alheio a labor de investigação e passivo 
no que se refere à coleta da prova, tanto de imputação como de descargo; 
d) Tratamento igualitário das partes (igualdade de oportunidades no processo); 
e) Procedimento é em regra oral (ou predominantemente); 
f) Plena publicidade de todo o procedimento (ou de sua maior parte); 
g) Contraditório e possibilidade de resistência (defesa; 
h) Ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a sentença pelo livre convencimento 
motivado do órgão jurisdicional; 
i) Instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social) da coisa julgada; 
j) Possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau de jurisdição. 
 
Sistema Processual Inquisitorial 
De XII até XVIII / XIX, o sistema inquisitório muda a fisionomia do processo de 
forma radical. O que era um duelo leal e franco entre acusador e acusado, com igualdade de 
poderes e oportunidades, se transforma em uma disputa desigual entre o juiz-inquisidor e o 
acusado. O primeiro abandona sua posição de árbitro imparcial e assume a atividade de 
inquisidor, atuando desde o início também como acusador. Confundem-se as atividades do juiz 
e acusador, e o acusado perde a condição de sujeito processual e se converte em mero objeto da 
investigação. 
Características do sistema inquisitorial: 
a) Gestão Probatória nas mãos do juiz. 
b) Ausência de separação das funções. 
c) Juiz atua de ofício. 
d) Juiz parcial. 
e) Inexistência do contraditório pleno. 
f) Desigualdade de oportunidades. 
g) Procedimento escrito e secreto. 
h) Prova tarifada, que valiam mais que as outras. A confissão era a prova máxima, 
suficiente para a condenação e, no sistema de prova tarifada, nenhuma prova valia mais 
que a confissão. 
i) Prisão – custódia era regra, primeiro prendia para depois julgar. 
j) Ausência de coisa julgada. 
 
Sistema Processual Misto 
Nasce com o Código Napoleônico de 1808 e a divisão do processo em duas fases, 
fase pré-processual e fase processual, sendo a primeira de caráter inquisitório e a segunda, 
acusatória. É a definição geralmente feita do sistema brasileiro (misto), pois muitos entendem 
que o inquérito é inquisitório e a fase processual, acusatória (pois o MP acusa). Para os que 
sustentam isso, bastaria a mera separação inicial das funções de acusar e julgar para caracterizar 
o processo acusatório. 
Aula 03 
16/08/2017 
OBJETO DO PROCESSO PENAL 
O objeto do processo penal nos termos da doutrina processual mais tradicional é a 
pretensão punitiva. Por outro lado, parte da doutrina sustenta que o objeto é a pretensão 
acusatória. Por isso, não é objeto do processo o fundamento a que deve sua existência 
(instrumentalidade constitucional) nem a função ou fim a que, ainda que de forma imediata, 
está chamado a realizar (a satisfação jurídica da pretensão ou resistência). Também não se 
confunde com sua natureza jurídica – situação processual. 
No processo penal não deve falar-se em lide, pois não existe pena sem sentença, 
pela simples e voluntária submissão do réu. O poder de penar só existe com o processo, por 
existência do princípio da necessidade, ou seja, é um caminho necessário para chegar uma pena. 
Para compreender melhor o tema, é importante analisar, ainda que brevemente, os 
três elementos que compõem a pretensão (processual): subjetivo, objetivo e modificador da 
realidade (ou de atividade): 
Elemento objetivo: é o “caso penal”, fundamental, pois elemento objetivo e 
estruturante da acusação, mas que precisa de uma efetiva invocação – declaração petitória – 
para que o processo nasça e se desenvolva. Logo, ele é conteúdo, mas da pretensão acusatória. 
Em suma, é o fumus commissi delicti. 
Elemento subjetivo: se refere aos entes que figuram como titulares: o pretendente 
e aquele contra quem se pretende fazer valer essa pretensão. No processo penal, quem formula 
a pretensão, titular ativo, pode ser o próprio Estado-acusador, representado institucionalmente 
pelo Ministério Público ou o acusador privado (delitos de ação penal privada). No polo passivo 
da relação jurídica está o acusado, a pessoa contra quem é formulada a pretensão. A esses 
sujeitos acrescenta o ordenamento um terceiro supraordenado, a quem se confere a função de 
receber as pretensões e proceder a sua satisfação. Esse terceiro é o órgão jurisdicional (Estado-
juiz). 
Elemento de atividade ou modificador da realidade: é a ação penal. O ato capaz 
de causar a modificação da realidade que a pretensão leva consigo. É o conteúdo petitório, a 
declaração de vontade que pede a realização da pretensão. 
A pretensão punitiva é o poder que exerce o juiz ao final do processo, se 
comprovada a tese acusatória. O Ministério Publico promove o castigo e o juiz castiga. 
Para atingir seu fim, o processo compreende: procedimento, consequência de atos 
direcionados ao provimento final, artigo 394 do CPP. E relação/situação jurídica que se forma 
entre as partes e o juiz de modo triangular. 
 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo. 
I - Ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for 
igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
II - Sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja 
inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; 
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma 
da lei. 
§ 2o Aplica-se a todos os processos o procedimento comum, salvo disposições em 
contrário deste Código ou de lei especial. 
§ 3o Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento observará 
as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código. 
§ 4o As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os 
procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código. 
§ 5o Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo 
as disposições do procedimento ordinário. 
Súmula vinculante 14: É direitodo defensor, no interesse do representado, ter acesso 
amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório 
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao 
exercício do direito de defesa. 
 
 
 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO 
O processo penal deve passar por uma filtragem constitucional do processo penal. 
Constituem o devido processo legal e servem para legitimar e limitar o poder de punir. Enquanto 
como instrumento para punir e para maximizar a eficácia das disposições constitucionais. 
Os princípios trazem regras de julgamento com eficácia normativa. Há cinco 
princípios básicos para ver o processo penal a partir da sua instrumentalidade constitucional: 
1. Jurisdicionalidade: 
A garantia da jurisdição significa muito mais do que apenas “ter um juiz”, exige ter 
um juiz imparcial, natural e comprometido com a máxima eficácia da própria Constituição. Não 
só como necessidade do processo penal, mas também em sentido amplo, como garantia 
orgânica da figura e do estatuto do juiz. Também representa a exclusividade do poder 
jurisdicional, direito ao juiz natural, independência da magistratura e exclusiva submissão à lei. 
O fundamento da legitimidade da jurisdição e da independência do Poder Judiciário está no 
reconhecimento da sua função de garantidor dos direitos fundamentais inseridos ou resultantes 
da Constituição. Nesse contexto, a função do juiz é atuar como garantidor da eficácia do sistema 
de direitos e garantias fundamentais do acusado no processo penal. 
Garantias orgânicas dos juízes, artigo 95 da CF: vitaliciedade, inamovibilidade, 
irredutibilidade de salários, independência política, ou seja, quem dá legitimidade à decisão do 
juiz é a Constituição Federal, definição das competências penais. 
A garantia do juiz natural: 
a) Somente os órgãos instituídos pela Constituição podem exercer jurisdição; 
b) Ninguém poderá ser processado e julgado por órgão instituído após o fato; 
c) Há uma ordem taxativa de competência entre os juízes pré-constituídos, excluindo-se 
qualquer alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja. 
1.1. O subprincípio do juiz natural não é mero atributo do juiz, senão um 
pressuposto de sua existência. É necessária a existência de um juiz com competência 
preestabelecida por lei, sendo que o nascimento desta garantia se dá com a prática do delito e 
não com o início do processo. 
1.2. A imparcialidade é outro pressuposto de sua existência, sendo uma 
construção teórica do processo, para exigir o estranhamento, o alheamento do julgador. A 
imparcialidade somente existe em uma estrutura processual acusatória, que mantenha o juiz 
afastado das atividades que são inerentes às partes. 
Aula 04 
23/08/2017 
1.3. O direito de ser julgado em um prazo razoável também se vincula à garantia da 
jurisdição. Artigo 5, LXXVIII, CF 
 
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). 
Antes da emenda constitucional nº 45, já éramos signatários do pacto San José da 
Costa Rica. Os textos não regulamentam prazos, nem determinam que leis o façam. Consiste 
no direito à que o processo seja objeto de manifestação jurisdicional em um prezo razoável. 
Violação de prazo isolado não conduz à violação do direito. Exemplos de prazos: 
Artigo 400; 412, 513 do CPP. Há entendimento jurisprudencial, violação isolada não acarreta 
violação de direito do prazo razoável. A Corte interamericana de direitos humanos utiliza como 
critérios: 
1º Complexidade do processo; o caso concreto tem que ser avaliado; 
2º Atividade processual do interessado; se o réu não pode se beneficiar com situações; 
3º Conduta das autoridades judiciárias como um todo; violação isolada não conduz a 
violação do direito, tem que se avaliar todos as fases do caso; 
4º O Brasil utiliza também a Razoabilidade (subjetivo). 
 
O caso mais relevante foi a condenação do Brasil na Corte Interamericana de 
Direitos Humanos no caso XIMENES LOPES. A Comissão entendeu, a partir dos documentos 
juntados pela peticionária, que haviam sido violados os arts. 4º (direito à vida), 5º (direito à 
integridade física), 8º (direito às garantias judiciais) e 25 (direito à proteção judicial) da 
Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). 
 
2. Princípio acusatório 
A Constituição não prevê expressamente, mas através da interpretação nos Artigo 
129, I, CF + Artigo 5, LIV, LV, LVII; Artigo 93, IX, CF. Regras inerentes ao modelo 
acusatório, democracia, 
 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
LIV - Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal; 
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
LVII - Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória; 
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer 
calado (nemo tenatur se detegere), sendo-lhe assegurada a assistência da família e 
de advogado, 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre 
o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente 
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
3. Presunção de inocência 
Expressamente consagrada na Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LVII. 
Se a jurisdição é a atividade necessária para obtenção da prova de que alguém cometeu um 
delito, até que essa prova não se produza, mediante um processo regular, nenhum delito pode 
considerar-se cometido e ninguém pode ser considerado culpado nem submetido a uma pena. 
Princípio reitor do processo penal ao estabelecer regras para a atuação punitiva do estado. Diz 
com o juízo do fato e um dever de tratamento. 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
Dever de tratamento: 
 Interno: Carga Probatória; 
 Na dimensão interna, é um dever de tratamento imposto – primeiramente – ao juiz, 
determinando que a carga da prova seja inteiramente do acusador (pois, se o réu é inocente, não 
precisa provar nada) e que a dúvida conduza inexoravelmente à absolvição; ainda na dimensão 
interna, implica severas restrições ao (ab)uso das prisões cautelares (como prender alguém que 
não foi definitivamente condenado?). 
 Externo: Publicidade abusiva e estigmatização. 
Externamente ao processo, a presunção de inocência exige uma proteção contra a 
publicidade abusiva e a estigmatização (precoce) do réu. Significa dizer que a presunção de 
inocência (e também as garantias constitucionais da imagem, dignidade e privacidade) deve ser 
utilizada como verdadeiros limites democráticos à abusiva exploração midiática em torno do 
fato criminoso e do próprio processo judicial.4. Contraditório e ampla defesa 
Previstos no art. 5º, LV, da CB, são princípios distintos, mas, dada a íntima 
relação e interação, estudados juntos. 
LV - Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes; 
 
Contraditório: Remete as lições de Fazzalari, igualdade de tratamento e 
oportunidades no processo. 
 Os dois polos da garantia do contraditório são: informação e reação. O 
contraditório é, essencialmente, o direito de ser informado e de participar no processo. É o 
conhecimento completo da acusação, o direito de saber o que está ocorrendo no processo, de 
ser comunicado de todos os atos processuais. Como regra, não pode haver segredo (antítese) 
para a defesa, sob pena de violação ao contraditório. É possível o contraditório no inquérito 
policial, mas restrito ao seu primeiro momento (informação). 
Ampla Defesa: O direito de defesa é concebido numa dupla dimensão: 
a) defesa técnica: ninguém pode ser acusado ou julgado sem defensor (constituído 
ou dativo), exercida por advogado habilitado, diante da presunção absoluta de hipossuficiência 
técnica do réu (arts. 261 do CPP; 5º, LXXIV, e 134 da CB; 8.2 da CADH); 
b) defesa pessoal ou autodefesa, exercida pelo próprio acusado. A defesa pessoal 
subdivide-se ainda em positiva (quando o réu presta depoimento ou tem uma conduta ativa 
frente a determinada prova, v.g. participando do reconhecimento, acareação etc.) ou negativa 
(utiliza o direito de silêncio ou se recusa a participar de determinada prova), concretizando o 
princípio do nemo tenetur se detegere (nada a temer por se deter) do art. 5º, LXIII, da CF; art. 
186 do CPP; e 8.2. “g” da CADH. Importante destacar o disposto na Lei n. 12.654/2012 que 
estabelece a coleta compulsória de material genético do suspeito ou condenado, excepcionando 
assim o direito de silêncio. 
 
5. Motivação das decisões jurisdicionais 
A motivação das decisões judiciais é uma garantia expressamente prevista no art. 
93, IX, da Constituição e é fundamental para a avaliação do raciocínio desenvolvido na 
valoração da prova. Serve para o controle da eficácia do contraditório, e de que existe prova 
suficiente para derrubar a presunção de inocência. Só a fundamentação permite avaliar se a 
racionalidade da decisão predominou sobre o poder, principalmente se foram observadas as 
regras do devido processo penal. Trata-se de uma garantia fundamental e cuja eficácia e 
observância legitimam o poder contido no ato decisório. Isso porque, no sistema constitucional-
democrático, o poder não está autolegitimado, não se basta por si próprio. Sua legitimação se 
dá pela estrita observância das regras do devido processo penal, entre elas o dever (garantia) da 
fundamentação dos atos decisórios. Mais, a fundamentação não deve estar presente apenas na 
“sentença”, mas também em todas as decisões interlocutórias tomadas no curso do 
procedimento, especialmente aquelas que impliquem restrições de direitos e garantias 
fundamentais, como os decretos de prisão preventiva, interceptação das comunicações 
telefônicas, busca e apreensão etc. 
 
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre 
o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a 
presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente 
a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
 
TRABALHO EM GRUPO 
 
Grupo 3: Lei Maria da Penha – Comissão (relatório, as coisas que o Brasil cumpriu, evitando 
a condenação do âmbito internacional) 
Resumo expandido 5 e 10 páginas. 
Times new roman, fonte 12, espaçamento 1,5. 
Resumo (500 caracteres) e título. 
Referência: Autor, data, pagina. 
 
Aula 05 
30/08/2017 
 
LEI PROCESSULA PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO 
1. Lei processual no tempo 
Ensina a doutrina tradicional que o processo penal é guiado pelo Princípio da 
Imediatidade (art. 2º do CPP), de modo que as normas processuais penais teriam aplicação 
imediata, independente de serem benéficas ou prejudiciais ao réu, tão logo passasse a vacatio 
legis, sem prejudicar, contudo, os atos já praticados, eis que não retroagiria jamais 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos 
atos realizados sob a vigência da lei anterior. 
Para a aplicação é necessário distinguir entre: 
 Leis penais puras; disciplina o direito penal material. Conteúdos: tipificação de 
crimes; penas; regimes; etc. Retroatividade da lei pena mais benéfica e irretroatividade da lei 
penal mais gravosa. 
 Leis processuais penais puras: regula os atos do processo, seu desenvolvimento 
e seus institutos processuais. Princípio da imediatidade, artigo 2º do CP 
 Leis Mistas: possui caracteres penais e processuais penais, de modo que se 
aplicam os princípios do direito penal da irretroatividade da lei penal mais gravosa e da 
retroatividade da lei penal mas benigna. Por exemplo, lei disciplina um ato do processo que diz 
respeito a extinção da punibilidade. Artigo 387, IV, CPP. 
“Tempos regit actum” – Duplo efeito: 
a) Os atos processuais já realizados sob a égide da lei anterior são considerados 
válidos e não são atingidos pela nova lei processual; 
b) Normas processuais tem aplicação imediata, pouco importando se o fato que deu 
origem ao processo é anterior a sua entrada em vigor; 
Assim, se no curso do processo penal surgir uma nova lei, exigindo que as pericias 
sejam feitas por três peritos, quando a lei anterior exigia apenas dois, tendo sido realizada nesses 
termos. Questiona-se a perícia é válida? Deve ser realizada novamente? Não deve ser realizada 
novamente, pois conforme o preceito do artigo 2º do CPP, os atos já praticados na vigência da 
lei anterior, não sofrerão invalidade. 
 
Lei processual no espaço 
Ao contrário do que ocorre no Direito Penal, onde se trava longa e complexa 
discussão sobre a extraterritorialidade da lei penal, no processo penal a situação é mais simples. 
Aqui vige o princípio da territorialidade. As normas processuais penais brasileiras só se aplicam 
no território nacional, não tendo qualquer possibilidade de eficácia extraterritorial. Vige o 
princípio da territorialidade do art. 1º do CPP (Locus regit actum), não havendo a mesma 
problemática do direito penal, que admite a extraterritorialidade. Assim, a lei penal pode ser 
aplicada fora do território nacional nos casos do art. 7º do CP, mas as leis processuais penais 
não podem, pois não possuem extraterritorialidade. 
 Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este 
Código, ressalvados: 
 I - Os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
 II - As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros 
de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros 
do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade; 
 III - Os processos da competência da Justiça Militar; 
 IV - Os processos da competência do tribunal; 
 V - Os processos por crimes de imprensa. 
 Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos 
nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo 
diverso. 
 
 
Jurisdição – exercício de poder, condiciona os limites da soberania de um estado. 
 
Aula 06 
06/09/2017INQUÉRITO POLICIAL 
Fundamento artigo 4º a 23 do CPP. 
O que é Inquérito policial? É um procedimento administrativo pré-processual (não 
se confunde com procedimento judicial, pois não é juiz que executa pois é feito pela polícia 
judiciária - civil ou federal), que visa apurar a autoria e a materialidade de determinada infração 
penal, afim de propiciar o ajuizamento de ação penal. O inquérito policial é realizado pela 
polícia judiciária, que será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas 
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria (art. 4º). 
A quem compete a presidência do Inquérito Policial? Incumbe ao delegado de 
polícia, federal ou civil, nos moldes do artigo 144, § 1º, IV e § 4º da Constituição Federal. 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de 
suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da 
sua autoria. 
 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e 
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: 
I - Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, 
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, 
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou 
internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - Prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando 
e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas 
respectivas áreas de competência; 
III - Exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - Exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
 
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de 
infrações penais, exceto as militares. 
 
 
Investigações extrapoliciais: O inquérito não é necessariamente policial. Nesse sentido dispõe 
o parágrafo único do art. 4º, determinando que a competência da polícia não exclui a de outras 
autoridades administrativas que tenham competência legal para investigar. Exemplos: inquérito 
policial militar (art. 9º do decreto 1.002/69); conselho de controle de atividades financeiras 
(artigo 14 e 15 da lei 9.613/97). 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades 
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função. 
 
 
 
Valor Probatório: 
 Valor relativo (corrente majoritária): é por que o IP traz uma limitação aos princípios 
constitucionais 
 Decisão não pode se sustentar exclusivamente no inquérito policial 
 Limitação dos princípios constitucionais; 
 Atos de inquérito servem à investigação; 
 
Objeto do inquérito policial 
O objeto da investigação preliminar é o fato constante na notitia criminis, isto é, o 
fumus commissi delicti que dá origem à investigação e sobre o qual recai a totalidade dos atos 
desenvolvidos nessa fase. 
 Cognição direta: atividades policiais. 
 Cognição indireta: se dá por outro meio que não tem a ver com o labor policial 
(relato da notícia criminis, ligação, etc.,) 
 Cognição compulsória: flagrante 
O inquérito policial tem limitação qualitativa: atividade que prepara para o 
exercício da pretensão acusatória. 
O inquérito policial nasce da mera possibilidade, mas almeja a probabilidade. Para 
atingir esse objetivo, o IP tem seu campo de cognição limitado. No plano horizontal, está 
limitado a demonstrar a probabilidade da existência do fato aparentemente punível e a autoria, 
coautoria ou participação do sujeito passivo. 
No plano vertical está o direito, isto é, os elementos jurídicos referentes à existência 
do crime vistos a partir do seu conceito formal (fato típico, ilícito e culpável). O IP deve 
demonstrar a tipicidade, a ilicitude e a culpabilidade aparente, também em grau de 
probabilidade. A antítese será a certeza sobre todos esses elementos e está reservada para a fase 
processual. Vejamos a seguinte representação gráfica, iniciando pela fase processual (processo 
penal de conhecimento): 
 
 
 
 
 
 
 
 
O inquérito policial não é obrigatório e poderá ser dispensado sempre que a notícia-
crime dirigida ao MP disponha de suficientes elementos para a imediata propositura da ação 
penal: artigos 39, §5º CPP + Art. 27 + 46, §1º CPP. 
Como regra geral, o inquérito policial deve ser concluído no prazo de 10 dias – 
indiciado preso – ou 30 dias no caso de não existir prisão cautelar (art. 10 do CPP). Esse prazo 
de 10 dias será computado a partir do momento do ingresso em prisão, pois o que se pretende 
limitar é que a prisão se prolongue além dos 10 dias. 
Cuidado: crimes de ação penal pública condicionada à representação ou ação penal 
privada – art 5º, §§4º e 5º do CPP. Em caso de indeferimento do IP caberá Recurso ao chefe de 
polícia (nome inominado, varia dependendo o Estado). Se é indeferida a instauração: artigo 5º, 
§ 2º CPP 
 
Características do IP 
 Oficialidade: compete as policias judiciarias. 
 Obrigatório à autoridade policial: nos crimes de ação penal pública, o delegado deve 
instaurar inquérito quando presentes indícios de infração penal. 
 Oficiosidade: instauração de oficio. 
 Escrito: as peças serão reduzidas a termo e rubricadas, artigo 9º do CPP. Sumula 
vinculante 14 do STF. 
 Indisponível: não poderá arquivar o IP em nenhuma hipótese, artigo 17 do CPP. 
Delegado não arquiva IP, quem arquiva é o 
 Sigiloso: sigilo necessário a elucidação do delito. 
 Inquisitivo: pois gera a limitação de garantias constitucionais, tais como o contraditório 
e a ampla defesa. 
 
Atribuições / Atos de desenvolvimentos: 
Artigo 6 e 7 do CPP, artigo 13, CPP e 13-A e 13-B, CPP. 
O início do inquérito se dará nos termos do art. 5º do CPP, podendo ser: de ofício; 
mediante requisição do MP; a requerimento do ofendido; por comunicação oral ou por escrito 
(notícia-crime); por representação (nos crimes de ação penal pública condicionada); ou a 
requerimento da vítima (nos crimes de ação penal de iniciativa privada). Quanto ao 
desenvolvimento, no curso do inquérito são praticados diversos atos, previstos nos arts. 6º e 7º 
do CPP, inclusive a problemática coleta de DNA (Lei n. 12.654). A conclusão do inquérito será 
através de relatório da autoridade policial, não podendo esta arquivar os autos do inquérito 
policial (art. 17 do CPP). Concluído, será enviado para o Ministério Público, que poderá: 
oferecer denúncia; requisitar diligências complementares (art. 16 do CPP); ou requerer ao juiz 
o arquivamento. Se o juiz concordar, o inquérito será arquivado, não podendo ser reaberto sem 
novas provas (Súmula n. 524 do STF). Discordando do pedido de arquivamento, o juiz remeterá 
os autos para o órgão superior do Ministério Público, nos termos do art. 28 do CPP. A figura 
do arquivamento tácito ou implícito não é pacífica, ocorrendo quando o Ministério Público 
deixa de oferecer denúncia, mas também não pede expressamente o arquivamento, em relação 
a algum dos imputados do inquérito. Ainda em relação à forma dos atos, o inquérito é 
facultativo, escrito, secreto no plano externo (ver Súmula Vinculante n. 14 e também o art. 20 
do CPP), tendo seus atos limitado valor probatório.