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Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 59 Capítulo 5& Principais contas DFC, DVA e outros relatórios 5.2-Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) [59] 5.3-Demonstração do valor Adicionado (DVA)[61] VALOR ADICIONADO – UM CONCEITO ECONÔMICO [61] VALOR ADICIONADO [63] Usuários da Demonstração do Valor Adicionado [63] 5.4-Notas Explicativas [65] 5.5-Parecer dos Auditores Independentes [66] 5.6-Exercício proposto[67] ¥ Exercício proposto 5.1[67] 5.1-Objetivos O presente capítulo aborda outros relatórios das demonstrações financeiras e chama a atenção especial para os novos relatórios exigidos pela Lei 11.638/2007: • Demonstração do Fluxo De Caixa DFC e • Demonstração do Valor Adicionado – DVA 5.2-Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) 1 A DFC já é obrigatória em países como os Estados Unidos (desde 1987), Canadá (desde 1985), Inglaterra (desde 1991) e outros, vindo para substituir a DOAR. No Brasil, o movimento para substituição da DOAR pela DFC tem sua principal defesa num projeto de lei de reformulação da Lei das Sociedades por Ações, encaminhado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao Ministério da Fazenda. Matarazzo (1995) menciona que a DFC é uma das demonstrações financeiras mais úteis, apesar de não ser divulgada pelas empresas no Brasil. Ele ressalta o uso imprescindível da DFC, pelo fato de que, quase sempre, os problemas de insolvência ou iliquidez ocorrem por falta de uma adequada administração do fluxo de caixa. “Muitas empresas vão à falência por não saberem administrar seu fluxo de caixa” (MATARAZZO, 1995, p. 370). Iudícibus e Marion (1999, p. 218) afirmam que a DFC “demonstra a origem e a aplicação de todo o dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período e o resultado desse fluxo”, considerando que o caixa engloba as contas Caixa e Bancos, mostrando então as entradas e saídas de valores monetários. Por sua vez, Thiesen (2000, p.10) complementa explicando que a DFC “permite mostrar, de forma direta ou mesmo indireta, as mudanças que tiveram reflexo no caixa, suas origens e aplicações”. Assim sendo, essa demonstração “fornece um resumo dos fluxos de caixa da empresa relativos às atividades operacionais, de investimento e de financiamento e reconciliaos com as variações em seu caixa e títulos negociáveis, durante o período em questão” (GITMAN, 1997, p. 75). Percebese que a DFC demonstra tanto a origem quanto a aplicação dos recursos da empresas. No Brasil, a DFC atualmente é usada apenas para controle interno, poucas empresas a publicam juntamente com as suas demonstrações contábeis. Para a sua elaboração, existem duas formas possíveis: o método direto e o método indireto que se diferenciam pela forma como 1 Texto com base no artigo DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA E DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO COMO INSTRUMENTOS EFETIVOS DE GESTÃO FINANCEIRA: UM ESTUDO DE CASO DA ELETROSUL de Alexandre Costa Quintana1, Annelise da Cruz Serafin e Valter Saurin. Revista de Ciências da Administração – v.5, n.10 Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 60 são apresentados os recursos provenientes das operações. Segundo o CRCSP (1997, p.112113), o fluxo de caixa referente às transações originadas de atividades operacionais poderá ser apresentado tanto pelo método direto quanto pelo indireto. O Financial Accounting Standard Board (FASB), através da FAS95, incentiva mas não exige a utilização do método direto. Com relação às transações originadas em atividades de investimento ou financiamento, tanto pelo método direto como pelo indireto não apresentam diferença na demonstração do fluxo de caixa. Na seqüência, o quadro 1, apresenta o modelo de demonstração do fluxo de caixa pelos métodos direto e indireto, adaptados do CRCSP (1997, p.114), baseado no FAS95. Método Direto Método Indireto Fluxo de caixa das atividades operacionais Fluxo de caixa das atividades operacionais Recebimentos de clientes xx Resultado Líquido xx Dividendos recebidos xx (±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa xx Juros recebidos xx (+) Depreciação e amortização xx Recebimentos por reembolso de seguros xx (+) Provisão para devedores duvidosos xx Recebimentos de lucros de subsidiárias xx (±) Resultado na venda do imobilizado xx Pagamentos a fornecedores (xx) (±) Aumento ou diminuição de contas a receber xx Pagamentos de salários e encargos (xx) (±) Aumento ou diminuição de estoques xx Imposto de renda pago (xx) (±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas xx Juros pagos (xx) (±) Aumento ou diminuição de passivos xx Outros recebimentos ou pagamentos líquidos xx (±) Aumento ou diminuição de outros ajustes xx Caixa Líquido das Atividades Operacionais xx (=) Caixa Líquido das Atividades Operacionais xx Fluxo de caixa das atividades de investimentos Alienação de imobilizado xx Fluxo de caixa das atividades de investimentos Alienação de investimentos xx (+) Alienação de imobilizado xx Aquisição de imobilizado (xx) (+) Alienação de investimentos xx Aquisição de investimentos (xx) () Aquisição de imobilizado xx Caixa Líquido das Atividades de Investimentos xx () Aquisição de investimentos xx Fluxo de caixa das atividades de financiamentos (=) Caixa Líquido das Atividades de Investimentos xx Integralização de capital xx Juros recebidos de empréstimos xx Fluxo de caixa das atividades de financiamentos Empréstimos tomados xx (+) Integralização de capital xx Aumento do capital social xx (+) Juros recebidos de empréstimos xx Pagamento de leasing (principal) (xx) (+) Empréstimos tomados xx Pagamentos de lucros e dividendos (xx) (+) Aumento do capital social xx Juros pagos por empréstimos (xx) () Pagamento de leasing (principal) xx Pagamentos de empréstimos/debêntures (xx) () Pagamentos de lucros e dividendos xx Caixa Líquido das atividades de financiamentos xx () Juros pagos por empréstimos xx Aumento ou redução de Caixa Líquido xx () Pagamentos de empréstimos/debêntures xx Saldo de Caixa – Inicial xx (=) Caixa Líquido das atividades de financiamentos xx Saldo de Caixa – Final xx (=) Aumento ou redução de Caixa Líquido xx Fonte: Adaptado do CRCSP (1997, p. 114). Carmo et al (1997, p. 5859) esclarecem que o método indireto “consiste na demonstração dos recursos provenientes das atividades operacionais, a partir do lucro líquido, ajustado pelos itens que afetam o resultado, mas que não modificam o caixa da empresa”, enquanto o método direto demonstra “os recebimentos e pagamentos derivados das atividades operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado”. Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 61 5.3-Demonstração do valor Adicionado (DVA) Segundo De Luca (1998, p.28), “a Demonstração do Valor Adicionado é um conjunto de informações de natureza econômica. É um relatório contábil que visa demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram para a sua geração”. A DVA é uma demonstração que surgiu na Europa e é bastante utilizada em países como Inglaterra, Portugal, França, Alemanha e Itália. Por conter informações de caráter econômico e social, tem sido cada vez mais demandada em nível internacional, inclusive por recomendações da ONU Organização das Nações Unidas. Esta demonstração fornece uma visão abrangente sobre a real capacidade de uma entidade produzir riqueza (no sentido de agregar ou adicionar valor em seu patrimônio) e sobre a forma de como distribui essa riqueza entre os diversos fatores de produção (trabalho, capital próprio ou de terceiros, governo). A DVA deveseguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade e pode ser elaborada a partir dos registros efetuados pela contabilidade e a partir das demonstrações tradicionais, em especial, a Demonstração do Resultado do Exercício, mas possui características próprias que não são encontradas nas outras demonstrações contábeis. As informações contidas na DVA são relevantes para a entidade e para a sociedade, pois a Demonstração do Resultado do Exercício evidencia apenas qual a parcela da riqueza criada que efetivamente permanece na empresa na forma de lucro e as outras demonstrações não são capazes de indicar quanto de valor a entidade está adicionando e nem de que forma os valores adicionados foram distribuídos. A DVA pode ser utilizada como fonte de informação pelos empregados, financiadores de recursos, administradores, governo, sócios ou acionistas, sociedade, sindicalistas, fornecedores e clientes. Pode também ser utilizada para diferenciação de carga tributária em setores econômicos diferentes, negociações salariais, análise de projetos de instalação de empresas internacionais, concessão de incentivos fiscais pelos municípios ou estados, análise de crescimento econômico, abertura de linhas de crédito, como auxílio na mensuração do PIB (Produto Interno Bruto), como instrumento de apoio à decisão e controle, dentre outras atividades de interesse público. Diante do exposto, verificase que a DVA possui vários tipos de usuários com interesses e objetivos específicos. Segundo Iudícibus (2000, p. 22), “nem sempre é possível ou desejável obter toda a informação relevante para cada tipo de usuário, em virtude de problemas de mensuração da Contabilidade e das próprias restrições do usuário, bem como por problemas de custo”, mas o ideal seria que fossem gerados relatórios direcionados a cada tipo de usuário. VALOR ADICIONADO – UM CONCEITO ECONÔMICO 2 A economia baseada em estudos estatísticos divulga anualmente através do Produto Interno Bruto o nível de atividade em todos os setores da economia, ou seja, a produção de todos os serviços e mercadorias finais. O Produto Interno Bruto divulgado anualmente é calculado através do somatório da produção do país no ano indicando desta forma o que foi produzido e o desempenho da economia. A grande dificuldade dos Estatísticos é o calculo da produção de uma economia. Qualquer economia trabalha com segmentação do mercado, ou seja, o que é produzido em um setor é utilizado como matéria prima por outro e, desta forma, se somarmos a produção de um setor estaremos incluindo a produção do outro. Para evitar esta dupla contagem poderíamos mensurar o PIB através da contabilização somente dos bens finais eliminando os bens intermediários utilizados na produção de outros bens. Uma outra alternativa seria a contabilização do valor adicionado em cada etapa produtiva. Desta forma, poderíamos medir o produto pelo valor dos bens finais ou pela agregação dos valores adicionados (valor dos produtos mais valor dos insumos). 2 Texto extraído do artigo DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – UMA CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE PARA A MENSURAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DA ENTIDADE EMPRESARIAL.. Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 62 Devemos observar ainda que o PIB, ou o valor adicionado em cada setor é igual à soma das remunerações do capital (lucros) e do trabalho (salários). Para melhor visualizarmos esta dificuldade estatística imagine uma economia composta de três setores: Setor produtor de trigo, setor produtor de farinha e setor produtor de pão. Considerando que todo o produto do setor trigo foi destinado ao setor produtor de farinha e que o setor produtor de pão também consumiu o produto do setor farinha, podemos afirmar que a produção desta economia seria igual à produção de mobília. Podemos, de outra forma utilizar o conceito de valor adicionado e calcular a diferença entre o valor da mercadoria de um setor menos o custo das matérias primas. Conforme podemos analisar no quadro abaixo. SETOR TRIGO CUSTO DA PRODUÇÃO TRIGO Valor da semente produzida e estocada no período anterior 50 Salários pagos na plantação e colheita do trigo 200 LUCRO 100 Valor total do trigo 350 SETOR MOAGEM CUSTO DA PRODUÇÃO DA FARINHA Custo da Matéria Prima (trigo) 350 Salários pagos aos trabalhadores 200 LUCRO 200 Valor total da farinha 750 SETOR PRODUTOR DE PÃO CUSTO DA PRODUÇÃO DE PÃO Custo da Matéria Prima (farinha) 750 Salários pagos aos trabalhadores 350 LUCRO 350 Valor total do Pão 1450 A riqueza criada por esta economia é igual à produção do período, sendo equivalente ao valor do produto final menos os estoques iniciais. Portanto monetariamente o PIB=1450 50=1400. O valor adicionado pode ser obtido a partir dos dados acima como demonstrado no quadro abaixo: Valor adicionado no setor produtos de trigo Trigo=valor do trigovalor das sementes 300 Valor adicionado no setor de moagem Farinha=valor da farinhavalor do trigo 400 Valor adicionado no setor de produção de pão Pão=valor do pãovalor da farinha 700 Soma dos valores adicionados em cada setor=PIB 1.400 A partir deste quadro podemos calcular o PIB somando os valores adicionados em cada setor e obtemos um número igual a 1.400. Para Simonsen 3 , Denominase valor adicionado em determinada etapa de produção, à diferença entre o valor bruto da produção e os consumos intermediários nessa etapa. Assim, o produto nacional pode ser concebido como a “soma dos valores adicionados, em determinado período de tempo, em todas as etapas dos processos de produção do país”. 3 SIMONSEN, Mário Henrique. Macroeconomia. Rio de Janeiro: Apec, 1975, p.83. v.l Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 63 VALOR ADICIONADO 4 A Demonstração do Valor Adicionado DVA permite que as empresas prestem contas dos seus atos perante a sociedade, seus sócios e demais colaboradores, além de ser de extrema importância para a classe empresarial num mercado cada vez mais globalizado. De acordo com Neves e Viceconti (2002), toda e qualquer empresa que estiver em produção está gerando riqueza, isto representa a diferença entre o valor da venda e o valor pago a terceiros a título de insumos para a obtenção dos produtos, mercadorias ou serviços. No entanto, ao analisar a DVA, podese constatar que, no início, o valor pago a terceiros diminui em relação à aquisição de mercadorias, serviços e matérias para consumo administrativo. Também, podese verificar que a transferência da riqueza aparece na parte inferior da DVA, demonstrando, assim, sua afetiva distribuição na forma de pagamento de impostos ou até mesmo do capital de terceiros. Portanto, a DVA fornece uma visão bem ampla sobre a real capacidade de uma entidade produzir riqueza e como distribui a mesma (NEVES e VICECONTI, 2002). onde empresas internacionais desejam se instalar. Dessa forma, o país que irá sediar a empresa poderá conhecer o retorno que ela darlheá por meio da previsão do valor adicionado que gerará. Para esses países, o importante não é o que a empresa irá importar, mas sim, o quanto ela vai gerar de riqueza, bem como sua distribuição. O DVA possibilita visualizar, de forma clara, a parte da riqueza que pertence aos sócios, aos terceiros que financiam a entidade, aos funcionários e ao governo (NEVES e VICECONTI, 2002). Já no caso da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, a parte que cabe aos terceiros (capitalistas, empregados, governo) é considerada como despesas/custos, do ponto devista dos proprietários, pois aparece como redução do lucro, conseqüentemente, como redução da parcela que cabe a cada proprietário. Ao analisaremse as duas demonstrações, podese concluir diferentes pontos de vista, embora sejam complementares e imprescindíveis. Por isso, a elaboração e divulgação das duas demonstrações (DRE e DVA) atendem, de forma eficaz, à necessidade que os usuários possuem de informações adicionais às atuais demonstrações contábeis obrigatórias (NEVES e VICECONTI, 2002). Ainda, segundo os autores, muitos estados e municípios dão incentivos fiscais para que as empresas se instalem em seu estado ou município, mas, no momento de analisar o projeto de viabilidade da empresa, um dos fatores que, muitas vezes, se leva em consideração é a geração de riqueza e sua distribuição. Assim, esse fator pode ser decisivo na concessão de incentivo fiscal, pois a geração de riqueza e sua distribuição são de suma importância para o município ou estado, pois gera valor agregado, o que propicia o crescimento econômico regional. Portanto, a DVA pode ser considerada um grande diferencial para a empresa, pois, enquanto a DRE apenas demonstra qual foi o lucro, ela mostra toda a riqueza gerada pela empresa e de que maneira a mesma será distribuída. Usuários da Demonstração do Valor Adicionado Ressaltase que a DVA favorece ao público que se interessa pelo desenvolvimento da entidade informações de cunho social e isto permite aumentar o número de usuários. Destacase que, quanto maior for a transparência das informações repassadas ao público, melhor para as entidades pelo fato de as mesmas gerarem um aumento da confiabilidade junto aos seus usuários assegurando, assim, a sobrevivência da empresa. Kroetz e Cosenza (2004) em seu artigo “Considerações sobre a eficácia do valor adicionado para a mensuração do resultado econômico e social”, publicado na revista do CRCPR, indicam os principais usuários das informações contidas na DVA, que são os seguintes: • os funcionários que são fundamentais ao desenvolvimento da empresa por sua capacidade de trabalho e criatividade e que, quanto mais motivados estiverem no ambiente de trabalho, melhor para a entidade, pois são eles os beneficiários diretos e os responsáveis pela continuidade da empresa. Também é de grande importância para estes usuários que tenham conhecimentos para compreenderam a importância dos investimentos sociais; • os acionistas principais usuários da DVA. São eles os proprietários das empresas, os formadores do capital próprio da empresa e eles podem, portanto, fazer uma análise, por meio desse demonstrativo, para a elaboração de futuros projetos ou, até mesmo, se for o caso, diminuílos em prol da continuidade da empresa; • administradores como são eles que estão no comando da entidade, a DVA serve para 4 Texto com base no artigo A DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA: UM ESTUDO DE CASO DE UMA COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO de autoria de Elisa Welter Rosimeri Oberger e Cezar Roberto Vanzella, Rev. Ciên. Empresariais da UNIPAR, Toledo, v.6, n.2 Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 64 auxiliálos no planejamento estratégico e nas tomadas de decisões. Eles são os segundos interessados a querer estar a par do resultado da geração de riqueza da empresa, devido as suas remunerações, é claro; • comunidade como é na comunidade que se reflete o desenvolvimento da economia, ela é considerada a beneficiária direta das ações sociais da empresa, e pode influenciar com sua opinião em favor ou não daentidade. É por meio da DVA que a sociedade pode identificar as ações sociais que a empresa está realizando em favor da comunidade e também a própria geração de riqueza; • o governo como é o responsável por promover as condições para o desenvolvimento das atividades da empresa, é o único que pode exigir a elaboração e até mesmo a publicação deste demonstrativo, pois é ele que identifica as atividades realizadas em prol da sociedade. Para o governo, a elaboração da DVA pode ajudar a fazer estudos comparativos quanto à tributação, se por setores ou, até mesmo, por atividades. Dessa forma, poderá mostrar a realidade das categorias que mais contribuem para a formação da receita tributária, pois, por meio deste demonstrativo o governo pode apresentar o crescimento econômico da região e até mesmo do país; • os financiadores primeiramente, podese destacar que as empresas financiadoras de crédito estão cada vez mais levando em consideração as ações sociais, econômicas e ambientais para concessão de crédito para o funcionamento da empresa. Assim, percebese que se acaba fechando um ciclo e que para um bom andamento dos negócios da empresa é viável a elaboração e publicação da DVA; • consumidores cabe ao mercado consumidor a continuidade da empresa no meio social por meio da satisfação do cliente, de produtos de qualidade e do preço do produto, que é um item de suma importância. E é por intermédio da Demonstração do Valor Adicionado que a comunidade pode identificar o que esta empresa está fazendo em prol da sociedade. CONTAS DO RELATÓRIO DVA 1 RECEITAS (soma dos itens 1.1 a 1.3) 1.1 Vendas de mercadorias, produtos e serviços Inclui os valores do ICMS e IPI incidentes sobre essas receitas, ou seja, corresponde à receita bruta ou faturamento bruto. 1.2 Provisão para devedores duvidosos – Reversão/ Constituição Inclui os valores relativos à constituição/baixa de provisão para devedores duvidosos. 1.3 Não operacionais Inclui valores considerados fora das atividades principais da empresa, tais como: ganhos ou perdas na baixa de imobilizados, ganhos ou perdas na baixa de investimentos, etc. 2 INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (soma dos itens 2.1 a 2.4) 2.1 Matériasprimas consumidas (incluídas no custo do produto vendido). 2.2 Custos das mercadorias e serviços vendidos (não inclui gastos com pessoal próprio). 2.3 Materiais, energia, serviços de terceiros e outros (inclui valores relativos às aquisições e pagamentos a terceiros). Nos valores dos custos dos produtos e mercadorias vendidos, materiais, serviços, energia, etc. consumidos deverão ser considerados os impostos (ICMS e IPI) incluídos no momento das compras, recuperáveis ou não. 2.4 Perda/ Recuperação de valores ativos Inclui valores relativos a valor de mercado de estoques e investimentos, etc. (se no período o valor líquido for positivo deverá ser somado). 3 VALOR ADICIONADO BRUTO (diferença entre itens 1 e 2). 4 – RETENÇÕES 4.1 Depreciação, amortização e exaustão Deverá incluir a despesa contabilizada no período. 5 VALOR ADICIONADO LÍQ. PRODUZIDO PELA ENTIDADE (diferença entre itens 3 e 4) 6 VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA (soma dos itens 6.1 e 6.2) 6.1 Resultado de equivalência patrimonial (inclui os valores recebidos como dividendos relativos a investimentos avaliados ao custo). O resultado de equivalência poderá representar receita ou despesa; se despesa deverá ser informada entre parênteses. Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 65 6.2 Receitas financeiras (incluir todas as receitas financeiras independentemente de sua origem). 7 VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (soma dos itens 5 e 6) 8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO (soma dos itens 8.1 a 8.5) 8.1 Pessoal e encargos Nesse item deverão ser incluídos os encargos com férias, 13 o salário, FGTS, alimentação, transporte, etc., apropriados ao custo do produto ou resultado do período (não incluir encargos com o INSS – veja tratamento a ser dado no item seguinte).8.2 Impostos, taxas e contribuições Além das contribuições devidas ao INSS, imposto de renda, contribuição social e todos os demais impostos, taxas e contribuições deverão ser incluídos neste item. Os valores relativos ao ICMS e IPI deverão ser considerados como os valores devidos ou já recolhidos aos cofres públicos, representando a diferença entre os impostos incidentes sobre as vendas e os valores considerados dentro do item 2 Insumos adquiridos de terceiros. 8.3 Juros e aluguéis Devem ser consideradas as despesas financeiras e as de juros relativas a quaisquer tipos de empréstimos e financiamentos junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras e os aluguéis (incluindose as despesas com leasing) pagos ou creditados a terceiros. 8.4 Juros sobre o capital próprio e dividendos Inclui os valores pagos ou creditados aos acionistas. Os juros sobre o capital próprio contabilizados como reserva deverão constar do item “lucros retidos”. 8.5 Lucros retidos/ prejuízo do exercício Devem ser incluídos os lucros do período destinados às reservas de lucros e eventuais parcelas ainda sem destinação específica. 5.4-Notas Explicativas Notas explicativas ou Relatório da Administração devem acompanhar as demonstrações financeiras da empresa de forma a tornar claros determinados aspectos dessas demonstrações. Exemplo: Relatório da Administração RELATÓRIO DA ADMINISTRAÇÃO 31 de dezembro de 2006 Atendendo aos dispositivos legais, estatutários e à regulamentação do mercado de valores mobiliários, submetemos à apreciação de V.Sas. o relatório da administração e as demonstrações financeiras relativas ao exercício findo em 31 de dezembro de 2006 da Bombril Holding S/A. Descrição dos negócios, produtos e serviços. A Bombril Holding S/A tem por objetivo social participar em outras Sociedades como sócia, acionista ou quotista, no país ou no exterior. Após os ajustes decorrentes do Plano de Recuperação Judicial, sua participação mais relevante equivale a 34,64 do capital votante da Bombril S.A. Informações relevantes. A Companhia ingressou, em 07.11.05, com pedido de Recuperação Judicial perante o Juízo da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Capital do Estado de São Paulo, autos nº. 000.05.1232235. Para fins da Recuperação Judicial, a Companhia provisionou todos os seus passivos, segundo estimativas feitas por seus advogados a partir das ações judiciais em curso, de forma que o seu Balanço Patrimonial pudesse refletir, da forma mais conservadora e transparente possível, a situação dos passivos da Companhia; portanto, em balanço levantado em out./05, foram lançadas, conservadoramente, todas as contingências da Companhia. Em 16.11.05, foi deferido o processamento da Recuperação Judicial. Em 20.01.06, foi protocolado o Plano de Recuperação, com a indicação de alternativas para a quitação dos passivos da Companhia. Em 29.03.06, foi realizada a Assembléia Geral de Credores, que aprovou o Plano de Recuperação apresentado. Em 29.05.06, o Plano de Recuperação foi homologado pelo Juízo da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Capital do Estado de São Paulo, que, na mesma decisão, deferiu a Recuperação Judicial da Companhia. O Plano de Recuperação classificou os credores da em três classes: (i) trabalhistas, (ii) créditos com garantia real e (iii) outros créditos. Os créditos trabalhistas, com garantia real e outros créditos com valor individual de até R$2 milhões foram pagos no ano 2006. No mesmo ano, iniciouse Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 66 o pagamento dos demais passivos da Companhia, os quais foram quitados mediante a dação em pagamento de participações societárias de sua titularidade (Bombril S.A. e Tevere Empreendimentos e Construções S.A.) e, ainda, mediante a dação em pagamento de ações da própria Companhia pela sua então controladora (Cirio Finanziaria S.p.A.). O Plano de Recuperação Judicial da Companhia, apresentado em 20.01.06 e aprovado pela Assembléia Geral de Credores em 29.03.06, apresentou efeitos importantes no seu patrimônio, porque permitiu a redução substancial das dívidas provisionadas em 2005. Com efeito, do total de dívidas no valor de R$1.085.570 mil restam tãosomente provisão de R$85.891 mil. Todas as demais foram quitadas, seja mediante pagamento em dinheiro, seja mediante dação de ações das controladas Bombril S.A. e Tevere Empreendimentos e Construções S.A.. O custo contábil dos investimentos nessas últimas era reduzido, de forma que, ao final, gerouse um resultado positivo, decorrente da reversão de provisões, da ordem de R$959.096 mil neste trimestre. A única dívida remanescente inserida no Plano de Recuperação Judicial da Companhia, em favor da Advocacia Augusto Coelho Ltda., está registrada, conservadoramente, por R$85.891 mil, mas o valor exato dessa dívida depende da finalização de discussão judicial em curso. De toda forma, a administração da Companhia entende que aludido valor deverá ser substancialmente reduzido. . Desempenho EconômicoFinanceiro Receita Líquida A Bombril Holding S/A, não apresenta atividade operacional, sendo as suas únicas fontes de rendimentos: (a) a receita de Equivalência Patrimonial de empresas coligadas nas quais tem participação acionária, a saber, Bombril S/A e Tevere Empreendimentos e Construções Ltda; e (b), dividendos distribuídos pelas aludidas sociedades. As empresas coligadas, acima mencionadas, apresentam Patrimônio Líquido negativo e, por conta de processo de reorganização, não têm distribuído dividendos e nem gerado receita de equivalência patrimonial para a Bombril Holding S.A. Despesas Gerais e Administrativas As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 394mil no 4° tri./06, Despesas Financeiras O resultado financeiro líquido da Bombril Holding S/A foi negativo no 4º Tri./06 e totalizou R$ 1.773mil devido a ajustes nas contas de empréstimos e impostos parcelados devido ao encerramento contábil de 2006. Lucro Líquido O resultado líquido no 4º Tri./06 foi negativo em R$2.167mil. O déficit de caixa da Empresa vem sendo custeado por empréstimos da Newco. International Ltd., conforme previsto no Plano de Recuperação Judicial apresentado e aprovado na Assembléia Geral de Credores em 29.03.06. Perspectivas A Empresa apresentou excepcionalmente no ano de 2006 um lucro contábil significativo, decorrente da reversão de provisões (vide “Informações Relevantes” acima), porém, em condições normais, as receitas da Empresa estão condicionadas unicamente a existência de lucro em suas coligadas. A Administração da Companhia prevê a recuperação econômica de suas coligadas a médio prazo, o que contribuirá de forma efetiva na formação de receitas suficientes para cobrir os passivos (especialmente tributários), remanescentes no Plano de Recuperação Judicial. Agradecimentos A Bombril Holding S/A agradece a seus acionistas, clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores pela confiança depositada na Companhia. A Administração São Paulo, 31 de janeiro de 2007. 5.5-Parecer dos Auditores Independentes O Parecer dos Auditores Independentes também faz parte das Demonstrações Financeiras da Empresa. Abaixo é apresentado um parecer de auditores independentes; Análise das Demonstrações Financeiras- Manuel Meireles 67 PARECER DOS AUDITORES INDEPENDENTES Aos Administradores e Acionistas da BOMBRIL HOLDING S.A. São Paulo – SP 1. Examinamos os balanços patrimoniais da BOMBRIL HOLDING S.A. levantados em 31 de dezembro de 2007e de 2006 e as respectivas demonstrações de resultado, das mutações do patrimônio líquido e das origens e aplicações de recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, elaboradas sob a responsabilidade de sua administração. Nossa responsabilidade é a de expressar uma opinião sobre essas demonstrações contábeis. 2. Nossos exames foram conduzidos de acordo com as normas de auditoria e compreenderam, entre outros procedimentos: (a) o planejamento dos trabalhos, considerando a relevância dos saldos, o volume de transações e os sistemas contábil e de controles internos, (b) a constatação, com base em testes, das evidências e dos registros que suportam os valores e as informações contábeis divulgadas; e (c) a avaliação das práticas e estimativas contábeis mais representativas adotadas pela administração da Companhia, bem como da apresentação das demonstrações contábeis tomadas em conjunto. 3. Em nossa opinião, as demonstrações contábeis da Companhia mencionadas no parágrafo 1, refletem adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da BOMBRIL HOLDING S.A., em 31 de dezembro de 2007 e de 2006, o resultado de suas operações, as mutações de seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de seus recursos correspondentes aos exercícios findos naquelas datas, de acordo com as Práticas Contábeis Adotadas no Brasil. 4. A Companhia apresenta um patrimônio liquido negativo (passivo a descoberto) de R$ 113.798 mil em 2007 e 111.582 mil em 2006 refletido no Passivo Exigível à Longo Prazo. Considerando a situação da Companhia, caracterizada pelos fatos mencionados no parágrafo anterior, especialmente o processo de Recuperação Judicial que se desenvolveu ao longo de todo o ano 2007 e de 2006, e face aos nossos exames, concluímos que a situação financeira da Companhia demonstra a premência de novos ingressos de recursos próprios. Rio de Janeiro, 11 de junho de 2008. HORWATH BENDORAYTES AIZENMAN & CIA. Auditores Independentes CRC 2RJ 0081/O8 JOSÉ BENDORAYTES Contador CRC SP 0009582/O8 5.6-Exercício proposto ¥ Exercício proposto 5.1 Obtenha a DFC e a DVA de uma empresa de capital aberto de algum setor industrial. &
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