Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Maria Eduarda Onofre Microbiologia RELAÇÃO HOSPEDEIRO/PARASITA Microbiota normal: Alguns grupos de vírus, fungos e protozoários, são regularmente encontrados em indivíduos sadios, porém representam uma minoria. ● Fatores de uma microbiota normal: Nutrientes, Defesas do organismo hospedeiro ● Fatores que afetam a microbiota: Idade, Dieta, Saúde, Deficiências e estresse; Microbiota/Hospedeiro: A relação entre a microbiota e o hospedeiro é chamada simbiose. Antagonismo microbiano (Exclusão competitiva): A microbiota pode beneficiar o hospedeiro ao impedir o crescimento de organismos potencialmente perigosos. Ex: Candida albicans. ● Células de E. coli produzem bacteriocinas, que inibem o crescimento de outras bactérias da mesma espécie ou relacionadas, a microbiota do intestino grosso inibe de maneira eficiente o crescimento de C. difficile (responsável por quase todas as infecções do TGI que se seguem à antibioticoterapia, desde diarreias leves até colites severas) possivelmente tornando os receptores do hospedeiro indisponíveis; ● Colonização: aquisição de um novo organismo Membros da microbiota normal: Podem causar doenças especialmente em indivíduos imunocomprometidos em outras regiões do corpo; Constituem um mecanismo de defesa protetor, interferindo na colonização por bactérias patógenas. Ex: antibióticos reduzem a microflora do cólon, permitindo que C. difficile cresça causando colite pseudomembranosa . A microbiota não é necessária para organismos em bom estado nutricionais. Ativa o Sistema Imune. Regiões desprovidas de microbiota normal: SNC, sangue, fígado, baço, rins e bexiga. Microbiotas PELE: Áreas secas possuem poucos organismos residentes, enquanto áreas úmidas apresentam uma população muito maior; Principais microrganismos: S. epidermis (não patógeno quando no estrato córneo, causa doença em determinados sítios como válvulas cardíacas); S. aureus; Difteróides anaeróbios; P. acnes; Fungos no couro cabeludo e ao redor das narinas: Candida albicans Microbiota da CONJUNTIVA DO OLHO: Contém basicamente a mesma microbiota encontrada na pele. As lágrimas e o ato de piscar também eliminam alguns micróbios e impede colonização. Predominantes: S. epidermis, S. aureus e difteróides; e com frequência apresenta espécies do gênero Neisseriae e bacilos gram negativos. Microbiotas TRATO RESPIRATÓRIO: nariz, garganta e boca; Espécies: estreptococos, estafilococos, os difteróides e os cocos gram-negativos; Não-patógenos: Neisseria, S. epidermis que ocupam sítios de adesão de mucosa da faringe e impedem o crescimento de Patógenos: S. pyogenes, neisseria meningitidis, S. aureus. Na boca: Streptococos mutans precursor da cárie oral, Eikenella corrodens: microbiota oral normal, causa infecções na pele e tecidos moles, Bactérias anaeróbias (Bacteroides, prevotella, fusobacterium, clostridium e peptostreptococcus) são encontradas nos sulcos gengivais. 2 Microbiotas TRATO INTESTINAL: Estômago possui poucos organismos devido ao pH; Intestino delgado tem um pequeno número, principalmente encontrados no íleo; Cólon é o principal local das bactérias, pois 20% das fezes são compostas de bactérias; Doenças extraintestinais: E. coli causa infecções no trato urinário; Bacteroides fragilis causa peritonite; Enterococcus faecali infecções no trato urinário e endocardite e Pseudomonas aeruginosa diversas infecções. Microbiotas TRATO GENITOURINÁRIO: Principalmente espécies de lactobacillus , responsáveis pela produção de ácido que mantém o pH da vagina. Cerca de 20% das mulheres em idade fértil apresentam estreptococos do grupo B na vagina (causa sépsis e meningite em RN) e 5% das mulheres S. aureus que têm predisposição à síndrome do choque tóxico. Em indivíduos sadios a urina é estéril quando chega na bexiga e porções mais distais da uretra sofrem contaminações por S. epidermis, Enterococcus faecalis e difteróides . Vagina: a flora bacteriana sofre alterações com a idade: Antes da puberdade predominam Estafilococos, estreptococos, difteróides e E. coli. Subsequentemente Lactobacillus aerophilus mantém o pH) e um fungo Cândida. MECANISMOS DE PATOGÊNESE As bactérias adquiriram traços genéticos que as capacitaram: Entrar no ambiente (invadir); Permanecer em um nicho (aderir ou colonizar); Ganhar acesso as fontes alimentares (enzimas); Escapar das respostas imunes (cápsula). Traços genéticos são fatores de virulência que aumentam a habilidade da bactéria de causar doença, a maioria das bactérias causam doenças por destruírem tecidos e liberarem toxinas porém, nem todas as bactérias causam doenças. Virulência: medida da patogenicidade, sendo determinada pelo número de organismos necessários para causar a doença. Estágios da patogênese bacteriana: 1) TRANSMISSÃO a partir de uma fonte externa até a porta de entrada; 2) EVASÃO das defesas primárias, como pele ou ácido estomacal; 3) ADESÃO às membranas mucosas, geralmente por bactérias que apresentam pili; 4) COLONIZAÇÃO decorrente do crescimento das bactérias no sítio de adesão; 5) SINTOMAS DA DOENÇA causada pelas toxinas ou inflamação; 6) RESPOSTA DO HOSPEDEIRO, tanto inespecíficas como específicas (imunidade); 7) PROGRESSÃO ou RESOLUÇÃO da doença. Determinantes da Patogênese bacteriana: 1. TRANSMISSÃO: humano x humano; fontes não-humanas (solo, animais e água); fômites (toalhas, lençóis) e transmissão vertical (placenta, canal de parto ou leite); Os patógenos podem infectar o corpo humano por várias vias, denominadas portas de entrada: T. respiratório, T. intestinal, T. genital ou pele. 2. ADESÃO À SUPERFÍCIE CELULAR: Pili, produção de substâncias (cápsula ou glicocálice) e mediadas pelas adesinas (biofilme). E. coli e Salmonella - proteínas curli que medeiam a lig. das bactérias ao endotélio e a proteína extracelular (mutantes que não apresentam esses mecanismos são frequentemente não patogênicos. A matriz formada por essas adesinas origina um revestimento denominado biofilme, que protege as bactérias contra antibióticos e anticorpos. Cepas de E. coli possuem adesinas ou fimbrias que se aderem apenas a tipos específicos de células em certas regiões do ID. Após a aderência, Shigella e E. coli induzem a endocitose. O 3 Staphylococcus aureus, que causa infecções de pele, se liga à pele através de um mecanismo de aderência semelhante à adsorção viral. 3. INVASÃO, INFLAMAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA INTRACELULAR: Principais mecanismos pelos quais as bactérias causam doença consiste na invasão do tecido seguida por inflamação. Além da produção de toxina. Cápsulas: Cápsula externa à parede celular de vários patôgenos importantes Strep. pneunoniae e Neisseria meningitidis. A cápsula impede a adesão do fagócito às bactérias. A parede celular de certas bactérias contém substâncias químicas que contribuem para a virulência. O Streptococcus pyogenes produz uma proteína resistente ao calor e à acidez denominada proteína M que medeia a aderência da bactéria às células epiteliais do hospedeiro e auxilia na resistência bacteriana à fagocitose pelos glóbulos brancos. A Neisseria gonorrhoeae cresce dentro das células epiteliais e dos leucócitos humanos, usam suas fímbrias e outras proteínas externas, denominadas Opa, para aderir às células do hospedeiro. Após a adesão, via Opa e fímbrias, a célula do hospedeiro absorve a bactéria. O ácido micólico que constitui a parede celular de Mycobacterium tuberculosis também aumenta sua virulência por resistir à digestão por fagócitos, permitindo que a bactéria possa até mesmo se multiplicar. Enzimas secretadas por bactérias invasivas : 1) Colagenasee hialuronidase: Tecido subcutâneo. Ex. Clostridium e Streptococcus pyogenes 2) Coagulase : Acelera a formação de coagulo de fibrina. Proteção contra fagocitose. Ex. Staphylococcus aureus. 3) Imunoglobulina A protease: Degrada a Ig A. Ex: N. gonorrhoeae, Haemophilus influenzae e Streptococcus pneumoniae. 4) Leucocidinas: Capazes de destruir leocócitos, neutrófilos e macrófagos. 5) Cinases ou quinases: Degradam a fibrina e assim digerem coágulos Ex. (estreptocinase) Streptococcus pyogenes. (estafilocinase). Variação antigênica • Alguns micróbios podem ativar genes alternativos, o que resulta em mudanças antigênicas. • A N. gonorrhoeae, por exemplo, possui em seu genoma diversas cópias do gene codificador da proteína Opa. Uma grande variedade de micro-organismos é capaz de apresentar variação antigênica. Exemplos incluem o Influenzavirus, e a Neisseria gonorrhoeae. Penetração no citoesqueleto das células do hospedeiro Produção de proteínas de superfície, invasinas, que causam o rearranjo dos filamentos de actina. Ex. Salmonella e E. coli. As bactérias podem causar 2 tipos de inflamação: Piogênica – com produção de pus. Predomínio Neutrófilos. Bactérias mais importantes: cocos gram-positivos e gram-negativos. Granulomatosa – Predomínio macrófagos e células T. Organismo mais importante Mycobacterium tuberculosis. Sobrevivência intercelular: Patógenos intracelulares.. As mais conhecidas dessas bactérias pertencem aos gêneros Mycobacterium, Legionella, Brucella. Exotoxinas: Secretada pela bactéria. Genes frequentemente plasmídeos. Doenças típicas : difteria, tétano e botulismo. Mais tóxicas. Nomeando as exotoxinas: neurotoxinas, as cardiotoxinas, as leucotoxinas, as enterotoxinas atacam as células que revestem o trato gastrintestinal, as citotoxinas, toxina diftérica e a toxina tetânica, a toxina botulínica (Clostridium botulinum) e da enterotoxina colérica. Tipos de exotoxinas com base em sua estrutura e função: 4 (1) toxinas A-B, (2) toxinas danificadoras de membrana (3) superantígenos Toxinas danificadoras de membrana: causam lise celular • Leucocidinas destroem leucócitos • Hemolisinas destroem eritrócitos Toxina do choque tóxico - estafilocócicas Toxinas eritrogênicas – danificam capilares sanguíneos. Endotoxinas: Parte integral da parede - celular gram negativos e cocos . Lipopolissacarídeos (LPS) que são parte integral da parede celular. A toxicidade baixa quando comparada com a exotoxina. Causam febre, choque e outros sintomas generalizados. São fracamente antigênicas. O lipídeo A é o componente tóxico do LPS induz a superprodução de citocinas, óxido nitrico causa choque séptico. CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURA E REPLICAÇÃO BACTERIANA Célula Procariótica: BACTÉRIAS : ausência de um núcleo distinto; DNA é um cromossomo circular; DNA adicional - plasmídeos; Transcrição e tradução podem ser realizadas simultaneamente. Classificadas em: cocos, bacilos e espiroquetas. O arranjo das bactérias formam: alguns cocos organizam-se em pares = diplococos.; tetracocos; sarcina ( cubos contendo 8 células); alguns em cadeias = estreptococos e semelhantes a um cacho de uva = estafilococos. Parede Celular: É composta por uma camada interna de peptideoglicanos e uma externa que varia quanto a espessura e composição química dependendo do tipo da bactéria. O peptidoglicano confere sustentação estrutural e mantém a forma característica da células. (comum em todas, exceto em espécies de Mycoplasma). Paredes celulares de bactérias ácido resistentes Ex: Mycobacterium tuberculosis não coram com a coloração gram, pois resistem a descoloração álcool-ácido devido à grande concentração de lipídeos denominados ácidos micólicos. Bactérias Gram positivas: O peptideoglicano forma uma camada espessa, algumas bactérias apresentam ácido teicóico ; os polissacarídeos e os aminoácidos carregados na camada de peptideoglicano a tornam altamente polar , provendo a bactéria com uma superfície hidrofílica espessa. Resistem à atividade da bile no intestino porém, a camada é digerida pela lisozima, uma enzima presente nas secreções do corpo. Bactérias Gram negativas: Camada de peptideoglicano é fina, recoberta por uma membrana externa complexa ancorada às moléculas de lipoproteínas na camada de peptideoglicano, as moléculas principais da membrana externa são lipopolissacarídeos e lipoproteínas, os componentes lipídicos lhe confere propriedade hidrofóbica, a entrada de moléculas hidrofílicas como açúcar e aminoácidos necessária para a nutrição é conseguidas pelos poros ou proteínas (porinas) o Lipopolissacarídeo (LPS) tem propriedades antigênicas e tóxica. Peptideoglicano: Derivado de peptídeos e glicanos (açúcar), complexa rede e entrelaçada, composto por uma única macromolécula ligada covalentemente, confere sustentação rígida à célula e permite que a célula resista a meio com baixa pressão osmótica, alvo adequado de fármacos antibacterianos. Lipopolissacarídeos (LPS): Bactérias gram negativas , composto por: um fosfolipídio – lipídeo A – responsável pelos efeitos tóxicos; Um polissacarídeo cerne de cinco açúcares ligados ao lipídeo A; Um polissacarídeo externo consistindo em até 25 unidades repetidas de três a cinco açúcares. Ácido teicóico: Bactérias gram positiva, fibras de glicerol fosfato ou ribitol fosfato – camada externa da parede celular. Alguns polímeros de ácido teicóico penetram a camada de 5 peptideoglicano e ligam-se covalentemente ao lipídio da membrana citoplasmática e outros ficam ancorados ao ácido murâmico do peptideoglicano; também induz o choque séptico. Espaço periplasmático: Contêm componentes e sistemas de transporte de ferro, proteínas, açúcares e outros metabólitos, enzimas hidrolíticas (proteases, fosfatases); nas Gram-negativas patogênicas os fatores de virulência (colagenases, hialuronidases e β-lactamases) Membrana citoplasmática: Uma dupla camada de fosfolipídios, as membranas não apresentam esteroides, exceto micoplasma (sem parede celular) Citoplasma: Uma matriz amorfa que contém ribossomos, grânulos de nutrientes, metabólitos e plasmídeos. Uma região nucleóide interna composta de DNA. Mesossomo: invaginação da membrana plasmática. Enzimas responsáveis pela respiração. Ribossomos: Síntese de proteínas, as diferenças nas proteínas e RNAs ribossomais constituem a base para a ação seletiva de vários antibióticos. Nucleóide: Região do citoplasma onde o DNA está localizado Plasmídeos: São moléculas de DNA fita dupla , circulares e extracromossomais, capazes de replicar independentes do cromossomo, dão às bactérias a resistência contra os antibióticos. Cápsula: camada de polissacarídeos. (Importante: É um determinante de virulência de diversas bactérias uma vez que limita a capacidade de fagócitos engolfarem as bactérias) Flagelo: Apêndices longos semelhante ao chicote. Deslocam as bactérias por quimiotaxia em direção aos nutrientes e outros fatores atrativos. Pili (Fímbrias): Filamentos que se estendem a partir da superfície celular. Ligam as bactérias a receptores de células humanas (o pilus sexual, liga as bactérias durante a conjugação) D.Glicocálix : Revestimento polissacarídico secretado por muitas bactérias. Reveste as superfícies possibilitando a firme aderência das bactérias as estruturas variáveis ex. válvulas cardíacas. Esporos: Estruturas altamente resistentes em resposta a condições adversas. Metabolismo bacteriano: Autotróficas ou litotróficas: Dependem exclusivamente de substâncias químicas inorgânicas como suas fontes de energia e de carbono . Heterotróficos ou organotróficos: Bactérias e animais que exigem fontes de carbono orgânicas.Exigências mínimas: Fonte de carbono e nitrogênio fonte de energia Água e vários íons Elementos essenciais: Proteínas, Lipídios, Ácido nucleico, Íons (K, Na, Mg, Ca,Cl) Crescimento aeróbio e anaeróbio: Para a maioria dos organismos, um suprimento adequado de oxigênio intensifica o metabolismo e o crescimento. Aeróbios obrigatórios: Requerem oxigênio para o crescimento. Ex: M tuberculosis. Facultativos: Utilizam o oxigênio para gerar energia por meio da respiração, caso este se encontre presente, contudo, são capazes de utilizar a via de fermentação. 6 Anaeróbios: Incapazes de crescer na presença de oxigênio, uma vez que são desprovidas de superóxido dismutase ou catalase, ou ambas. Ex: Clostridium tetani. Genética Bacteriana: crescimento Populacional: é definido como o aumento do número, ou da massa microbiana. CURVA DE CRESCIMENTO: Fase lag (fase de adaptação): Período variável, onde ainda não há um aumento significativo da população. Esta fase é apenas observada quando o inóculo inicial é proveniente de culturas mais antigas. Fase log (fase exponencial): Nesta etapa, as células estão plenamente adaptadas, absorvendo os nutrientes, sintetizando seus constituintes, crescendo e se duplicando. Fármacos β-lactâmicos, como a penicilina, atuam nesta fase. Fase estacionária: Nesta fase, os nutrientes estão escasseando e os produtos tóxicos estão tornando-se mais abundantes. Nesta etapa não há um crescimento líquido da população (Nesta etapa ocorre também a esporulação das bactérias). Fase de declínio (fase de morte): A maioria das células está em processo de morte, embora outras ainda estejam se dividindo. Material genético das bactérias: Cromossomo: contém quase a totalidade das informações genéticas das bactérias. Plasmídeos e Transposons: contém poucas informações e a maioria não são essenciais. Mutação: É uma modificação na sequência de bases do DNA , resultam de 3 tipos de alterações moleculares: Substituição de base (DNApolimerase erra); Mutação de alteração de fase (Ocorre quando um/mais pares de bases são adicionados/deletados); Transposons (Integram-se ao DNA) Transferência de DNA (reprodução): 1) Conjugação: Acasalamento de duas células bacterianas , durante o qual o DNA é transferido. 2) Transdução: Transferência do DNA celular por meio de um vírus bacteriano - bacteriófagos. DNA bacteriano é incorporado na partícula viral sendo transferida para a célula receptora. 3) Transformação : Transferência do próprio DNA de uma célula a outra.
Compartilhar