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Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Renato Marco APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Programas de Saúde e Segurança do Trabalho, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendiza- do dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 SAÚDE DO TRABALHADOR E SEGURANÇA DO TRABALHO .................................. 7 1.1 Segurança do Trabalho ..................................................................................................................................................7 1.2 Higiene Ocupacional ......................................................................................................................................................8 1.3 Higiene Ocupacional e Outros Ramos de Atividades Afins.............................................................................9 1.4 SESMT ...................................................................................................................................................................................9 1.5 Programas de Saúde e Segurança do Trabalho ................................................................................................10 1.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................10 1.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................10 2 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA) .......................... 11 2.1 Definição ..........................................................................................................................................................................11 2.2 Estrutura do PPRA ........................................................................................................................................................12 2.3 Desenvolvimento do PPRA .......................................................................................................................................13 2.4 Responsabilidades/Âmbito do PPRA ....................................................................................................................17 2.5 Informações ....................................................................................................................................................................17 2.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................18 2.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................19 3 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO) ........... 21 3.1 Responsabilidades Relativas ao PCMSO ..............................................................................................................22 3.2 Desenvolvimento do PCMSO ...................................................................................................................................23 3.3 Atestado de Saúde Ocupacional ............................................................................................................................24 3.4 Planejamento Anual do PCMSO .............................................................................................................................25 3.5 Procedimentos de Avaliação Médica ....................................................................................................................25 3.6 Integração entre PCMSO e PPRA ............................................................................................................................26 3.7 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................27 3.8 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................27 4 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA) ............................. 29 4.1 Objetivo ............................................................................................................................................................................29 4.2 Constituição ....................................................................................................................................................................29 4.3 Organização ....................................................................................................................................................................30 4.4 Atribuições ......................................................................................................................................................................31 4.5 Funcionamento .............................................................................................................................................................32 4.6 Treinamento....................................................................................................................................................................33 4.7 Processo Eleitoral ..........................................................................................................................................................33 4.8 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................34 4.9 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................34 5 ERGONOMIA ........................................................................................................................................... 35 5.1 Levantamento, Transporte e Descarga Industrial de Peso ...........................................................................35 5.2 Mobiliário dos Postos de Trabalho .........................................................................................................................36 5.3 Equipamentos dos Postos de Trabalho ................................................................................................................37 5.4 Organização do Trabalho...........................................................................................................................................38 5.5 Condições Ambientais de Trabalho .......................................................................................................................395.6 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................40 5.7 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................40 6 OUTROS PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ................. 41 6.1 Programa de Conservação Auditiva (PCA) ..........................................................................................................41 6.2 Programa de Proteção Respiratória (PPR) ...........................................................................................................42 6.3 Programa de Gerenciamento de Risco (PGR) ....................................................................................................43 6.4 O PCMAT na Indústria da Construção ...................................................................................................................43 6.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................44 6.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................44 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 45 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 47 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 51 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Caro(a) aluno(a), O objetivo geral da disciplina Programas de Saúde e Segurança do Trabalho é o de lhe oferecer subsí- dios para a compreensão dos processos de elaboração, planejamento e controle de programas de saúde e segurança do trabalho, assim como o entendimento da importância de registros documentais relacio- nados à saúde e segurança do trabalho para a redução ou eliminação de doenças e acidentes de trabalho e a manutenção da saúde e segurança do trabalhador. O domínio de conceitos básicos de Programas de Saúde determinados pelo governo discutidos nesta disciplina será facilitador para o desenvolvimento do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), da Análise Ergonômica do Trabalho (AET), do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio- nal (PCMSO), de processos relacionados à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), bem como outros programas de saúde e segurança do trabalho complementares aos citados. Ao longo deste estudo, também será ofertada a compreensão das relações entre o PPRA e o PCM- SO, além de outros programas de SST. Com base nas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e em outros documentos legais, são traçados comentários que facilitarão a compreensão e aplicação dos principais itens e subitens da legislação. Será um prazer acompanhá-lo(a) ao longo desta jornada, que esperamos contribua com seu cresci- mento profissional e avanços das condições de trabalho em favor da melhoria da qualidade de vida para todos os indivíduos. Renato Marco INTRODUÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 A saúde do trabalhador é parte integran- te de uma área da Saúde Pública que tem como principal objetivo o estudo e a intervenção nas relações entre trabalho e saúde. Isso se dá pela promoção e proteção do trabalhador através de determinadas ações de vigilância de riscos am- bientais e das condições de trabalho, de agravos à saúde do trabalhador e da organização e assis- tência aos trabalhadores. SAÚDE DO TRABALHADOR E SEGURANÇA DO TRABALHO1 Adentramos, assim, no campo da Higiene Ocupacional e da Segurança do Trabalho, temas que têm se desenvolvido com evidentes melho- rias para todos com promoção da qualidade de vida dos trabalhadores ao mesmo tempo que se dão as melhorias do ambiente de trabalho. 1.1 Segurança do Trabalho Segurança do trabalho é uma ciência que atua na prevenção dos acidentes de trabalho causados por fatores de riscos operacionais. E, de acordo com o art. 19 da Lei nº 8.213/1991, aci- dente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exer- cício do trabalho dos segurados, provocando le- são corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Sob o ponto de vista de prevenções, aci- dente de trabalho se torna bem mais abrangen- te porque alcança também os quase acidentes e acidentes que não provocam lesões ou alterações orgânicas, mas incidem em perda de tempo ou danos materiais. Existem inúmeras e diferentes situações nos ambientes de trabalho que podem causar aciden- tes de trabalho. São os chamados fatores de risco, que, se bem analisados em todas as tarefas e ope- rações, serão parte fundamental do processo de prevenção. Alguns fatores de risco são muito importan- tes por sua incidência e periculosidade, tais como: eletricidade, incêndios e explosões, máquinas e equipamentos, armazenamento, bem como o transporte de materiais, manuseio de produtos tóxicos, e outros mais. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Higiene Ocupacional é um termo que foi determinado a partir da Conferência Internacio- nal de Luxemburgo, ocorrida entre 16 e 21 de junho de 1986 e que contou com a participação de representantes da comunidade Econômica Europeia (CEE), da Organização Mundial da Saú- de (OMS), da Comissão Internacional da Saúde Ocupacional (ICOH) e da American Conference of Governamental Industrial Hygienists (ACGIH). Uma das definições mais conhecidas e di- fundidas para a Higiene Ocupacional é aquela proferida pela American Industrial Hygiene Asso- ciation (AIHA), que afirma ser: ciência que trata da antecipação, reco- nhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem- -estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comuni- dades vizinhas e no meio ambiente. Há uma tendência da Higiene Ocupacional reconhecer, avaliar e controlar os agentes am- bientais passíveis de causarem doenças do tra- balho, mas também de reconhecer e promover o bem-estar e conforto nos ambientes de trabalho de maneira ampla. A NR-9 que institui o Programa de Preven- ção de Riscos Ambientais (PPRA) é mais restrita com relação aos agentes ambientais do que o propósito geral da Higiene Ocupacional, como veremos em detalhes nos próximos capítulos. A nona norma regulamentadora classifica os agentes ambientais em físicos, químicos e bio- lógicos como seguem: Agentes físicos: as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalha- dores, tais como: ruído; vibrações; 1.2 Higiene Ocupacional pressões anormais; temperaturas extremas (calor e frio); radiações (ionizantes e não ionizantes); infrassom e ultrassom. Agentes químicos: as substâncias, os com- postos ou os produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória ou que, pela natu- reza da atividade de exposição, possam ter con- tato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Esses agentes são: poeiras; fumos; névoas; neblinas; gases ou vapores. Agentes biológicos: bactérias; fungos; bacilos; parasitas; protozoários; vírus; entre outros. Saiba maisSaiba mais Existem especificações técnicas sobre as apresen- tações, doses permitidas ou tempo de exposição para cada um dos agentes físicos, químicos e bio- lógicos mencionados. Em Saliba(2010), encon- tramos esse detalhamento técnico baseado em diversos documentos legais. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 Para uma adequada prevenção de doenças do trabalho, há a necessidade do envolvimento de uma equipe multidisciplinar, uma vez que a Higiene Ocupacional interage com diversas ativi- dades. Destacamos aqui algumas delas: a) Medicina do Trabalho: ambas devem caminhar juntas, uma vez que um bom controle médico é fator preponderante na identificação da necessidade de con- trole de riscos e, também, na avaliação das medidas tomadas. Isso é previsto pela NR-9 que trata do PPRA e prevê o PCMSO (NR-7). b) Meio Ambiente: o meio ambiente deve cuidar dos poluentes externos à área do estabelecimento enquanto a Higiene Ocupacional deve se preocu- par com o controle dos poluentes inter- 1.3 Higiene Ocupacional e Outros Ramos de Atividades Afins nos ao ambiente de trabalho. Portanto, ambos estão intimamente relacionados influenciando-se mutuamente. As me- didas de controle precisam ter aderên- cia ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente simultaneamente. c) Direito: os laudos técnicos são provas em vários ramos do Direito, especial- mente nas áreas do trabalho, previden- ciária e civil. d) Ergonomia: trata-se de um conjun- to de conhecimentos com o objetivo de adaptar as variadas condições de trabalho, assim como seus ambientes, às características psicofisiológicas dos trabalhadores, o que acarreta em má- ximo conforto, segurança e eficiência. Portanto, também caminham juntas, ergonomia e higiene ocupacional. Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) são obrigatórios em empresas privadas e públicas que mantenham empregados regidos pela Con- solidação das Leis do Trabalho (CLT). Tais serviços são executados por uma equi- pe de profissionais composta por engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho, téc- nico e tecnólogo de segurança do trabalho, enfer- meiro e auxiliar de enfermagem do trabalho. O número de profissionais nessa equipe pode variar de acordo com o grau de risco e tam- bém com o número de empregados do estabele- cimento. 1.4 SESMT Saiba maisSaiba mais A norma regulamentadora que trata dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) é a NR-4. Confira essa norma na íntegra para conhecer melhor esse programa. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Nos dias atuais vários programas buscam um gerenciamento amplo dos fatores de riscos ocupacionais, do meio ambiente e de bem-estar e qualidade de vida. Estes são implantados por empresas com diferentes características e todos eles são regulamentados pela legislação vigente em nosso país. Os programas que mais se destacam são: PPRA – Programa de Prevenção dos Ris- cos ambientais; PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional; AET – Análise Ergonômica do Trabalho; CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; 1.5 Programas de Saúde e Segurança do Trabalho PCMAT – Programa de Condição e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção Civil; PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos na Indústria de Mineração; PCA – Programa de Conservação Audi- tiva; PPR – Programa de Proteção Respirató- ria. Nos capítulos seguintes, trataremos de cada um desses programas com seus objetivos e meca- nismos de implantação, manutenção e avaliação. 1.6 Resumo do Capítulo 1.7 Atividades Propostas A Higiene Ocupacional trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos origi- nados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente. A Higiene Ocupacional caminha ao lado de outras especialidades, como: Medicina do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Ergonomia, além da Segurança do Trabalho que atua na prevenção dos aciden- tes de trabalho causados por fatores de riscos operacionais. A NR-9 classifica os agentes de riscos ambientais em físicos, químicos e biológicos e nos dá suas especificações. Atualmente, vários programas buscam um gerenciamento amplo dos fatores de riscos ocupacio- nais, do meio ambiente e de bem-estar e qualidade de vida. Os programas que mais se destacam são o PPRA, o PCMSO, o AET, a CIPA, entre outros. 1. O que são Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e quais são os seus objetivos? 2. O que é Higiene Ocupacional? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA)2 O Programa de Prevenção de Riscos Am- bientais (PPRA) é um programa de higiene ocupa- cional que foi instituído a partir da Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, determinando uma nova redação à NR-9 da Portaria nº 3.214/1978. A nona norma regulamentadora determina a obrigatoriedade a empregadores e instituições da elaboração e implementação de um progra- ma de higiene ocupacional. Até esse momento o controle de riscos ambientais nas empresas não seguia uma programação previamente elabora- da e, portanto, ocorria de maneira fragmentada, principalmente em ocasiões de atendimento a perícias judiciais. Pode-se afirmar, assim, que, a partir das novas exigências da NR-9, houve um grande avanço nos serviços de higiene ocupacio- nal empresarial. As ações do PPRA devem abranger todos os estabelecimentos da empresa e contar com a par- ticipação dos trabalhadores sob a supervisão do empregador. Essas ações devem estar de acordo com as características de riscos e de necessidades de controle e envolvem a identificação dos agen- tes ambientais, as características de exposição e o monitoramento dos agentes, determinação de alternativas para a eliminação ou controle da ex- posição, implementação e avaliação das medidas adotadas. O PPRA faz parte de um conjunto de me- didas empresariais que visam à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores e deve se articular com as demais normas regulamen- tadoras, especialmente com a NR-7, que é o Pro- grama de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO). Esse programa acabou se tornando um documento de extrema importância porque visa à comprovação da exposição aos agentes nocivos de origem ambiental. Atualmente, a relação entre o meio ambien- te e a saúde das populações vem se fortalecendo e buscando mudanças nos processos de trabalho com potencial lesivo, tanto ao ambiente quanto à saúde do trabalhador, o que vem representando uma importante associação à sua proteção. 2.1 Definição O PPRA é um programa que tem por meta preservar a saúde e a integridade dos trabalhado- res, antecipando, reconhecendo, avaliando e con- trolando possíveis riscos ambientais existentes no ambiente de trabalho, levando-se em considera- ção a proteção do meio ambiente, bem como a preservação dos recursos naturais. Segundo a NR-9, os riscos ambientais po- dem ocorrer a partir de agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de traba- lho e que podem causar danos à saúde do traba- lhador, de acordo com sua natureza, concentra- ção ou intensidade e do tempo de exposição. a) Agentes físicos: diversas formas de energia a que se submetem os traba- lhadores, como ruído, vibrações, pres- sões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, infrassom e ultrassom. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 b) Agentes químicos: compostos ou pro- dutos que possam penetrar no organis- mo pela via respiratória, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato através da pele ou seremabsorvidos por ingestão, na for- ma de poeira, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores. c) Agentes biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitos, protozoários, vírus, entre outros. Fica claro que os riscos operacionais, ergo- nômicos, entre outros, não foram incluídos na NR-9, limitando sua aplicação apenas aos riscos precitados nos termos de seus subitens 9.1.5.1, 9.1.5.2 e 9.1.5.3. Ainda é importante ressaltar que o PPRA não deve se confundir com o mapa de risco; o primeiro é um programa de higiene ocupacional, enquanto o segundo é uma inspeção qualitativa realizada pelo próprio trabalhador em seu pos- to de trabalho, considerando os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos. Entretanto, os mapas de risco devem ser conside- rados no planejamento e execução do PPRA. 2.2 Estrutura do PPRA A Nr-9 determina que o PPRA deverá ser re- gistrado em documento-base contendo todos os aspectos estruturais, tais como apresentados em seu item 9.2.1. São eles: Planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronogramas Como meta, compreende-se a situação à qual se quer atingir após a implementação do PPRA, podendo haver mais de uma conforme o que se observou no ambiente de trabalho. Nesse caso, é importante priorizar as metas e se estabe- lecer prazos bem definidos para que se alcance o objetivo. Estratégia e metodologia de ação Informar a maneira com a qual se preten- de alcançar a meta no prazo determinado, bem como o método de trabalho a ser utilizado. Forma de registro, manutenção e divulgação dos dados Os dados do PPRA precisam ser preservados por 20 anos, portanto se deve resguardar as infor- mações obtidas a partir de seu desenvolvimento, de maneira sistemática e de preferência informa- tizadas, para sua utilização futura. Para a divulga- ção, a própria NR determina alguns parâmetros: o documento-base e suas alterações e complemen- tações deverão ser apresentados e discutidos na CIPA, quando presente na empresa e deverão ser disponibilizados de maneira a propiciar o acesso às autoridades competentes e aos trabalhadores ou seus representantes. Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA A NR preestabelece que deverá ser efetua- da uma análise global do PPRA sempre que hou- ver necessidade e, pelo menos, uma vez ao ano, Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 visando aos ajustes necessários e ao estabeleci- mento de novas metas e prioridades. É importante assinalar que várias empresas apresentam distorções do programa apenas com a elaboração do documento sem dados técnicos de avaliação ambiental ou de medidas de contro- le, com o propósito único de apresentá-lo às auto- ridades quando solicitado. Outro dado interessante é que muitas em- presas terceirizam a elaboração de seu PPRA, o que não faz sentido, uma vez que o cronograma, as metas, as formas de divulgação, além de outros fatores, devem ser realizados pelo SESMT, junto à direção da empresa. A implantação das ações depende do orçamento, planejamento, recursos financeiros e técnicos e da política da empresa no que se refere à saúde do trabalhador e sua segu- rança. 2.3 Desenvolvimento do PPRA O desenvolvimento do PPRA é a parte mais importante do programa, visto que a análise e suas avaliações fornecerão dados para o controle dos possíveis riscos ambientais. Segundo o item 3 da NR-9, deverá incluir as seguintes etapas: Antecipação e reconhecimento dos ris- cos; Estabelecimento de prioridades e me- tas de avaliação de controle; Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; Monitoramento da exposição aos ris- cos; Registro e divulgação dos riscos. O diagrama (Figura 1) a seguir nos dá uma visão geral do desenvolvimento do PPRA. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Figura 1 – Diagrama de desenvolvimento do PPRA. Fonte: Saliba (2006). Antecipação De acordo com a NR-9, a antecipação deve envolver a análise de projetos de novas instala- ções, métodos ou processos de trabalho ou de modificações dos já existentes, visando a identi- ficar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação. Na primeira etapa, portanto, a adoção de medidas próprias de controle resultará em maior economia e eficiência, uma vez que na fase de instalação do estabelecimento ou de um novo se- tor da empresa pode-se prever o isolamento ou a eliminação de determinada fonte poluidora. Reconhecimento O subitem 9.3.3 da NR-9 determina que o reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: a sua identificação; a determinação e localização das possí- veis fontes geradoras; a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agen- tes no ambiente de trabalho; a identificação das funções e determi- nação do número de trabalhadores ex- postos; a caracterização das atividades e do tipo de exposição; a obtenção de dados existentes na em- presa, indicativos de possível compro- metimento da saúde decorrente do trabalho; os possíveis danos à saúde relaciona- dos aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; a descrição das medidas de controle já existentes. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Nota-se, portanto, que o reconhecimento consiste em uma análise e identificação qualita- tiva dos riscos ambientais, assim como a verifi- cação de fontes geradoras e controle. Essa fase é fundamental para um programa de gestão de riscos e deve ser realizada com muito critério por- que deve subsidiar o planejamento de avaliações qualitativas dos agentes ambientais, além de de- terminar decisões de medidas de controle em si- tuações em que se reconheçam riscos de exposi- ção grave e iminente. Alguns conhecimentos são fundamentais nessa etapa: As diferentes maneiras em que os agen- tes ambientais podem se apresentar e os riscos próprios e característicos de cada atividade profissional. A identificação e análise dos produtos químicos utilizados e suas proprieda- des tóxicas. Nesse caso, a consulta da Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ) é de grande utilidade para se avaliar o risco, pois nela encontraremos informações es- senciais, tais como: composição quími- ca, pressão de vapor, ponto de ebulição, entre outras. A análise de todas as fases do proces- so produtivo, desde o tipo de matéria- -prima e seu recebimento no estabele- cimento até o produto final, passando por possíveis subprodutos indesejados. Para isso, é necessário que se estabeleça uma sistemática prévia das operações para a garantia da melhor percepção possível dos riscos ambientais. Na etapa de reconhecimento, é importante definir grupos homogêneos de exposição porque fornecerá subsídios para a adoção de estratégia de avaliação quantitativa dos riscos. A partir dessa fase devem-se utilizar plani- lhas com os dados necessários à documentação exigida. Avaliação quantitativa Segundo o subitem 9.3.4 da NR-9, a avalia- ção quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para: comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados na etapa de reconhecimento; dimensionar a exposição dos trabalha- dores; subsidiar o equacionamento das medi- das de controle. É uma etapa fundamental em que a avalia- ção quantitativa se compreende como aquela em que o agente possui limites de exposição predefi- nidos nas normas de higiene ocupacional. Tanto as avaliações quantitativas quanto asqualitativas dos riscos ambientais devem ser des- critas na forma de relatórios ou laudos técnicos, onde deve ser descrita a metodologia usada nas avaliações, os instrumentos, os dados e as con- clusões sobre a exposição ocupacional aos riscos ambientais identificados na etapa de reconheci- mento. Esses laudos fornecerão subsídios para medidas de controle adequadas, exames médi- cos mais específicos, assim como comprovação ou não da exposição ao risco para instruir proces- sos de aposentadoria especial e a elaboração do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP). Medidas de controle De acordo com o subitem 9.3.5.1 da NR-9, as medidas de controle servem para a eliminação, minimização ou o controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações: identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde; constatação, na fase de reconhecimen- to de risco evidente à saúde; Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos traba- lhadores excederem os valores dos limi- tes previstos na NR-15 ou, na ausência destes, os valores limites de exposição ocupacional adotados pela ACGIH, ou aqueles que venham a ser estabeleci- dos em negociação coletiva de traba- lho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos; quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. Saiba maisSaiba mais Para os procedimentos de avaliação, também devem ser observadas as normas do Fundacen- tro, National Institute Occupational Safety Health (NIOSH), Occupational Safety and HealtH Admi- nistration (OSHA), International Standard Organi- zation (ISSO), Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), entre outras. Esta é justamente a etapa mais importante do programa, porque objetiva a prevenção de ris- cos ocupacionais capazes de afetar a saúde dos trabalhadores. O controle pode ser feito através de medi- das coletivas, ou seja, relativas ao ambiente, admi- nistrativas ou organização do trabalho e controle aplicado aos trabalhadores. As medidas indivi- duais devem ser utilizadas como complemento às ambientais, portanto serão adotadas somente quando comprovada a inviabilidade técnica das demais medidas, ou quando as medidas admi- nistrativas ou controle dos trabalhadores forem insuficientes. A adoção das medidas deve seguir uma or- dem de hierarquia com aquelas de ordem coletiva como prioridade, seguidas pelas demais. Segun- do o subitem 9.3.5.5, no caso de adoção de Equi- pamento de Proteção Individual (EPI), devem-se considerar as normas legais e administrativas em vigor e envolver no mínimo: seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está expos- to e à atividade exercida, considerando- -se a eficiência necessária para o con- trole da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do traba- lhador usuário; programa de treinamento dos trabalha- dores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de pro- teção que o EPI oferece; estabelecimento de normas ou procedi- mentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a con- servação, a manutenção e a reposição do EPI, visando a garantir as condições de proteção originalmente estabeleci- das; caracterização das funções ou ativida- des dos trabalhadores, com a respecti- va identificação dos EPIs utilizados para os riscos ambientais. Nível de ação É considerado nível de ação, de acordo com a NR-9, o valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a pro- babilidade de que as exposições a agentes am- bientais ultrapassem os limites de exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico. Na NR-9, está definido o nível de ação ape- nas para agentes químicos e ruído. Para os agen- tes químicos, o nível de ação é a metade do limite de exposição e para os ruídos a dose é de 0,5 ou 50%, o que equivale a 80 dB (A). Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Monitoramento dos riscos O subitem 9.3.7.1 afirma que para o moni- toramento da exposição dos trabalhadores e das medidas de controle, deve ser realizada uma ava- liação sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando à introdução ou modificação das medidas de controle, sempre que necessário. É preciso definir grupos homogêneos de ris- co, como comentado anteriormente, estratégias de medição e tratamento estatístico dos dados. Registro de dados Deve-se manter o registro de dados pelo empregador ou pela instituição, estruturado de forma a constituir um histórico técnico e adminis- trativo do desenvolvimento do PPRA e mantido por um período mínimo de 20 anos. Esse registro deverá estar sempre disponível aos trabalhado- res ou seus representantes e para as autoridades competentes. 2.4 Responsabilidades/Âmbito do PPRA É responsabilidade do empregador estabe- lecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade permanente da empresa ou instituição. Este deve assegurar aos trabalha- dores que eles possam interromper de imediato suas atividades caso ocorram riscos ambientais nos locais de trabalho que possam colocá-los em situação de grave e iminente risco. Já os trabalhadores devem: colaborar e participar na implantação e execução do PPRA; seguir as orientações recebidas nos trei- namentos oferecidos dentro do PPRA; informar ao seu superior hierárquico di- reto ocorrências que, a seu julgamento, possam implicar riscos à saúde dos tra- balhadores. As ações do PPRA devem se desenvolver no âmbito de cada estabelecimento dentro da em- presa e sua abrangência dependerá da caracteri- zação dos riscos e de suas necessidades de con- trole. 2.5 Informações A NR-9 afirma que os trabalhadores interes- sados terão o direito de apresentar propostas e receber informações e orientações a fim de asse- gurar a proteção aos riscos ambientais identifica- dos na execução do PPRA. Os empregadores deverão informar aos tra- balhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar- -se nos locais de trabalho e sobre os meios dis- poníveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos. As informações dos riscos ocupacionais é uma tarefa bastante complexa do PPRA, visto que, no Brasil, a exposição ocupacional aos agentes fí- sicos, químicos e biológicos pode levar ao direito do adicional de insalubridade e à aposentadoria especial. Isso leva, por sua vez, à contribuição adi- cional ao INSS. Assim, se as informações não fo- rem adequadas, poderá acabar em conflitos entre empregadores e trabalhadores e, ao mesmo tem- po, prejudicar as ações do PPRA. O diagrama (Figura 2) a seguir ilustra as eta- pas do PPRA. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 2 – Etapas do PPRA. Fonte: Saliba (2006). 2.6 Resumo do Capítulo A elaboração do PPRA atende às exigências da NR-9 e deve ser desenvolvida no âmbito de cada estabelecimento da empresa ou instituição. É de responsabilidade do empregador e deve contar com a participação dos trabalhadores e sua abrangência e profundidade dependem de dois fatores fundamen- tais: as características dos riscos e as necessidades de controle. O PPRA faz parte de um conjunto amplo de iniciativas das empresas no que se refere ao campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, e deve se articular com o disposto nas demais normas regulamentadoras,especialmente com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Para a elaboração do PPRA, são considerados os riscos provenientes de agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de trabalho que possam causar danos à saúde do trabalhador segun- do sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição. As etapas do PPRA foram discutidas seguindo-se a NR-9 de acordo com a prática experimentada nos mais diversos setores produtivos. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 1. Qual é a importância do PPRA dentro dos Programas de Saúde e Segurança do Trabalho? 2. Quais são as etapas fundamentais na elaboração do PPRA? 3. De que forma o PPRA se articula com o PCMSO? 2.7 Atividades Propostas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional foi instituído pela Portaria nº 24, de 29 de dezembro de 1994, que deu nova redação à NR-7 da Portaria nº 3.214/1978. Essa NR estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implantação do PCMSO pelos em- pregadores e instituições, e tem como objetivo a promoção e preservação da saúde dos trabalha- dores expostos aos agentes químicos, físicos e biológicos determinados pela NR-9 (PPRA). Por- tanto, podemos afirmar que a NR-7 complementa a NR-9 e dessa forma o reconhecimento, a avalia- ção e o controle dos riscos ambientais apenas de- monstrarão sua eficiência com base nos exames médicos. Além disso, o PCMSO deve ser articulado com as exigências das demais normas regulamen- tadoras, uma vez que faz parte de um conjunto maior da saúde do trabalhador, que tem o contro- le dessa saúde assegurado pelo art. 168 da CLT e é respaldado na Convenção 161 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), respeitando prin- cípios éticos, morais e técnicos estabelecidos. De acordo com os subitens 7.2.2 e 7.2.3, o PCMSO deverá considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de trabalha- dores, privilegiando o instrumental clínico-epi- demiológico na abordagem da relação entre sua saúde e o trabalho e também deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico preco- ce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da consta- tação da existência de casos de doenças profissio- nais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalha- dores. PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO)3 Ainda é importante lembrar que, segundo o subitem 7.2.4, o PCMSO pode ser alterado a qual- quer momento, em seu todo ou em parte, sem- pre que o médico detectar mudanças nos riscos ocupacionais decorrentes de alterações nos pro- cessos de trabalho, novas descobertas da ciência médica em relação a efeitos de riscos existentes, mudança de critérios de interpretação de exames ou ainda reavaliações do reconhecimento dos ris- cos. No mesmo subitem, acima citado, temos que o PCMSO não é um documento que deve ser homologado ou registrado nas Delegacias Re- gionais do Trabalho, sendo que o mesmo deverá ficar arquivado no estabelecimento à disposição da fiscalização. Salientamos que a NR-7 e suas modificações também se aplicam ao trabalhador rural. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Do empregador A NR-7 afirma que compete ao empregador a garantia de elaboração e efetiva implementa- ção do PCMSO, bem como zelar pela sua eficácia, além de custear, sem ônus para o empregado, todos os procedimentos relacionados ao PCM- SO. Também é sua competência indicar, entre os médicos dos Serviços Especializados em Enge- nharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), da empresa, um coordenador responsá- vel pela execução do PCMSO. Caso a empresa esteja desobrigada de man- ter médico do trabalho, de acordo com a NR-4, deverá o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para reordenar o PCMSO e, inexistindo médico do trabalho na lo- calidade, o empregador poderá contratar médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO. O custeio do programa (incluindo avalia- ções clínicas e exames complementares) deve ser totalmente assumido pelo empregador, e, quan- do necessário, deverá ser comprovado que não houve nenhum repasse desses custos ao empre- gado. Essas responsabilidades estão descritas no subitem 7.3.1. Médico coordenador Ainda no subitem 7.3.1 temos que o mé- dico coordenador do programa deve possuir, obrigatoriamente, especialização em Medicina do Trabalho, isto é, aquele portador de certifica- do de conclusão de curso de especialização em Medicina do Trabalho em nível de pós-graduação, ou portador de Certificado de Residência Médica em área de concentração em saúde do trabalha- dor, ou denominação equivalente, reconhecida pela Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação, ambos ministrados por 3.1 Responsabilidades Relativas ao PCMSO universidade ou faculdade que mantenha curso de Medicina, conforme item 4.4 da NR-4, com re- dação da Portaria DSST nº 11, de 17 de setembro de 1990. Os médicos do trabalho registrados no Mi- nistério do Trabalho até a data da publicação da Portaria nº 11, anteriormente citada, ou registra- dos no respectivo conselho profissional têm seus direitos assegurados para o exercício da Medicina do Trabalho, conforme art. 4º da mesma portaria, e ainda nos termos da Portaria SSMT nº 25, de 27 de junho de 1989. O coordenador deve ser indicado entre os profissionais do SESMT da empresa. No caso da inexistência do SESMT, o médico do trabalho coordenador poderá ser profissional autônomo ou filiado a entidades, sindicatos, associações, en- tre outras. De acordo com o subitem 7.3.2, é compe- tência do médico coordenador: Realizar os exames médicos previstos no item 7.4.1, ou encarregar os mes- mos a profissional médico familiariza- do com os princípios da patologia ocu- pacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa a ser exa- minado. Encarregar dos exames complementa- res previstos nos itens, quadros e anexos dessa NR profissionais e/ou entidades devidamente capacitados, equipados e qualificados. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 O subitem 7.4.1 nos indica que o PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigató- ria dos exames médicos admissional, periódicos: do retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. É importante salientar que existem muitas inconsistências que envolvem os exames médicos ocupacionais e entre elas a maioria está nos exames periódicos, seguidos imediatamente pelos exames admissional e demissional. Exame admissional: deve ser reali- zado antes da contratação do traba- lhador para a avaliação de suas apti- dões físicas e mentais. Consiste em preenchimento de questionário pelo candidato seguido da anamnese clí- nico-ocupacional, além de exame de aptidão física e mental. Havendo ne- cessidade, exames complementares poderão ser solicitados. Exames periódicos: devem ser rea- lizados em tempos preestabelecidos para todos os colaboradores da empre- sa. O objetivo desse tipo de exame é diagnosticar precocemente eventuais agravos à saúde do trabalhador. Os in- tervalos de tempo podem ser maiores ou menores, dependendo dos riscos ocupacionais próprios do ambiente de trabalho. Exame do retorno ao trabalho: deve ser realizado em situações em que o colaborador esteve afastado por pe- ríodo igual ou superior a 30 dias, por motivo de doença ou acidente, de na- tureza ocupacional ou não, ou, ainda no retorno após o parto. O objetivo é diagnosticar se o trabalhador recupe- rou sua capacidadefísica e mental após a enfermidade ou acidente e se já está em condições de reassumir seu posto de trabalho. Deve ser realizado obriga- 3.2 Desenvolvimento do PCMSO toriamente no primeiro dia de volta ao trabalho. Exame de mudança de função: deve ser realizado antes da mudança de fun- ção ou setor sempre que haja alteração de riscos ocupacionais a que possa se expor. Tem por objetivo avaliar se o tra- balhador possui aptidão para exercer a nova função e se seu exercício não pode trazer prejuízos à sua saúde. Exame demissional: deve ser realiza- do até a data da homologação, mas é muito importante que seja realizado antes da efetivação da demissão. Tem por objetivo avaliar as condições físicas e mentais do trabalhador, observando- -se se ocorreu algum agravo à saúde do mesmo no período em que trabalhou na empresa devido ao trabalho desen- volvido. Saiba maisSaiba mais O Quadro I da NR-7 apresenta os Parâmetros para Controle Biológico da Exposição Ocupacional a Alguns Agentes Químicos e o Quadro II apresenta os Parâmetros para Monitorização da Exposição Ocupacional a Alguns Riscos à Saúde. É muito im- portante a consulta a esses dois quadros. O subitem 7.4.2 afirma que os exames de que trata o item 7.4.1 compreendem: Avaliação clínica, abrangendo anamne- se ocupacional e exame físico e mental; Exames complementares, realizados de acordo com os termos especificados nessa NR, e seus anexos. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 As avaliações clínicas são realizadas no pró- prio consultório pelo médico e os exames com- plementares devem ser realizados em laborató- Para cada exame médico realizado, o mé- dico emitirá o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO), em duas vias, segundo o subitem 7.4.4, e a primeira via do ASO ficará arquivada no local de trabalho do trabalhador, inclusive frente de traba- lho ou canteiro de obras, à disposição da fiscaliza- ção do trabalho. A segunda via do ASO será obri- gatoriamente entregue ao trabalhador, mediante recibo da primeira via (subitens 7.4.4.1 e 7.4.4.2). O ASO trouxe uma melhoria de detalha- mento técnico à Medicina do Trabalho e perdeu a característica genérica que apresentava até o momento de sua determinação. Também acabou por representar uma pressão sobre empresas e instituições através da exigência do registro dos fatores de risco e os diferentes tipos de exame ofertados aos trabalhadores, como citado ante- riormente. O ASO faz parte do ato médico por se tra- tar do fechamento de um processo de diagnós- tico médico-ocupacional e determina o destino profissional do indivíduo a partir de então. Esse ato pode apresentar consequências positivas ou negativas segundo a habilitação e a intenção de quem o pratica. Assim, o Médico do Trabalho deve estar atento às implicações éticas e de res- ponsabilidade civil e penal quando emite e assina um ASO. De acordo com o subitem 7.4.4.3, o atesta- do deve conter no mínimo: Nome completo do trabalhador, o nú- mero de registro de sua identidade e sua função; Os riscos ocupacionais específicos exis- tentes, ou a ausência deles, na ativida- de do empregado, conforme instruções 3.3 Atestado de Saúde Ocupacional técnicas expedidas pela Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST); Indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido o trabalhador, in- cluindo os exames complementares e a data em que foram realizados; O nome do médico coordenador, quan- do houver, com respectivo CRM; Definição de apto ou inapto para a fun- ção específica que o trabalhador vai exercer, exerce ou exerceu; Nome do médico encarregado do exa- me e endereço ou forma de contato; Data e assinatura do médico encarrega- do do exame e carimbo contendo seu número de inscrição no CRM. Para o ASO, serve qualquer modelo ou for- mulário, desde que traga as informações mínimas previstas na NR. É importante salientar que os dados ob- tidos nos exames médicos, incluindo avaliação clínica e exames complementares, as conclusões e as medidas aplicadas, deverão ser registrados em prontuário do médico coordenador do PCM- SO, segundo o subitem 7.4.5. Esses registros de- verão ser mantidos por período mínimo de 20 anos após o desligamento do trabalhador. Isso é importante porque expressiva parte das doenças ocupacionais tem tempo de latência prolongado, podendo chegar até a 40 anos em alguns casos, e é necessária, em alguns casos, a recuperação da história profissional do trabalhador. O arquivamento dos prontuários médicos deve garantir o sigilo por conter informações con- fidenciais de saúde dos indivíduos e é de respon- sabilidade do coordenador. rios por profissionais específicos, uma vez que tais exames exigem equipamentos, técnicas e instru- mentos especiais. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 3.4 Planejamento Anual do PCMSO O PCMSO deverá obedecer a um plane- jamento em que estejam previstas as ações de saúde a serem executadas durante o ano, deven- do ser objeto de relatório anual (subitem 7.4.6) e esse relatório deverá discriminar, por setores da empresa, o número e a natureza dos exames médicos, incluindo avaliações clínicas e exames complementares, estatísticas de resultados anor- mais, assim como o planejamento para o próximo ano, tomando como base o modelo proposto no Quadro III da NR-7 (subitem 7.4.6.1). Dando prosseguimento, o subitem 7.4.6.2 determina que o relatório anual deverá ser apre- sentado e discutido na CIPA, quando existente na empresa, de acordo com a NR-5, sendo sua cópia anexada ao livro de atas daquela comissão. Deve- -se lembrar de que grande parte ou a maioria dos problemas que envolvem o PCMSO se relaciona com a avaliação anual, mas os parâmetros mí- nimos na execução do PPRA e PCMSO podem e devem ser ampliados a partir de negociação cole- tiva de trabalho. 3.5 Procedimentos de Avaliação Médica A NR-7, em seu subitem 7.4.7, cita os pro- cedimentos a serem adotados pelo médico coor- denador do PCMSO, dispõe que sendo verificada, através da avaliação clínica do trabalhador e/ou dos exames constantes do Quadro I da presente NR, apenas exposição excessiva (EE ou SC +) ao risco; mesmo sem qualquer sintomatologia ou si- nal clínico, deverá o trabalhador ser afastado do local de trabalho, ou do risco, até que esteja nor- malizado o indicador biológico de exposição e as medidas de controle nos ambientes de trabalho tenham sido adotadas. Ainda de acordo com o subitem 7.4.8, te- mos que sendo constatada a ocorrência ou agra- vamento de doenças profissionais, através de exames médicos que incluem os definidos nessa NR, ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames constantes dos quadros I (apenas aqueles com interpretação SC) e II, e do item 7.4.2.3 da presente NR, mesmo sem sintomatologia, caberá ao médico coordenador ou encarregado: Solicitar à empresa a emissão da Comu- nicação de Acidente do Trabalho (CAT); Indicar, quando necessário, o afasta- mento do trabalhador da exposição ao risco, ou do trabalho; Encaminhar o trabalhador à Previdên- cia Social para estabelecimento de nexo causal, avaliação de incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho; Orientar o empregador quanto à neces- sidade de adoção de medidas de con- trole no ambiente de trabalho. E, por fim, a NR-7 determina que todo esta- belecimento deverá estar equipado com mate- rial necessário à prestação de primeiros socorros, considerando-se as características da atividade desenvolvida; manter esse material guardado em local adequado, aos cuidados de pessoa treinada para esse fim (subitem 7.5.1).Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 3.6 Integração entre PCMSO e PPRA O fluxograma a seguir (Figura 3) nos leva a compreender a importância da integração ente o PCMSO e o PPRA. Os riscos ergonômicos não fa- zem parte dos riscos ambientais descritos na NR-9 (PPRA), mas são inseridos nesse fluxograma como forma de uma preocupação preventiva. É critério do médico coordenador do PCMSO a definição da melhor forma de identificação das doenças ocupacionais. Figura 3 – Fluxograma de integração PCMSO e PPRA. Fonte: Moraes (2011). Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 O PCMSO tem por objetivo a promoção e a preservação da saúde dos trabalhadores e faz parte de um conjunto de iniciativas mais amplo, obrigatório por parte de empresas e instituições, na área da saúde dos trabalhadores. O PCMSO se integra e complementa o PPRA (NR-9) e foi instituído pela NR-7, uma vez que o reco- nhecimento, a avaliação e o controle dos riscos ambientais apenas demonstrarão sua eficiência com base nos exames médicos. Além disso, o PCMSO deve ser articulado com as exigências das demais normas regulamentadoras, uma vez que faz parte de um conjunto maior da saúde do trabalhador, que tem o controle dessa saúde assegurado pelo art. 168 da CLT e respaldado na Convenção 161 da OIT, respeitando princípios éticos, morais e técnicos estabelecidos. Para o desenvolvimento do PCMSO é necessário um médico do trabalho coordenador que tem, entre muitas funções, o desenvolvimento de diversos exames médicos, tais como o admissional, os pe- riódicos, de retorno ao trabalho, de mudança de função e o demissional, assim como a emissão do ASO. 3.7 Resumo do Capítulo 3.8 Atividades Propostas 1. Explique os diversos tipos de exame que são de responsabilidade do médico coordenador no desenvolvimento do PCMSO. 2. Explique a importância do ASO e a responsabilidade do médico que o emite. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Desde o advento da Revolução Industrial, ocorrida entre o final do século XIX e início do sé- culo XX, evidenciou-se a importância e até mes- mo uma necessidade de se criarem instrumentos que associassem as participações ativas tanto de empregados quanto de empregadores, com o objetivo de prevenção de acidentes de trabalho e de doenças ocupacionais. A OIT já demonstrava preocupação com o tema no início dos anos 1920, quando recomen- dou que todos os estabelecimentos industriais com, pelo menos, 25 trabalhadores regulares possuíssem um comitê de segurança. No Brasil, através de Decreto-Lei nº 7.036, de 10 de novembro de 1944, foi instituída a obri- gatoriedade de as empresas brasileiras constituí- COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES (CIPA)4 rem comissões internas para a prevenção de aci- dentes de trabalho, unindo esforços conjuntos de trabalhadores e empregadores. Nos dias atuais, os artigos 163 e 164 da CLT, regulamentada pela NR-5 da Portaria nº 3.214, com nova redação dada pela Portaria nº 8, de 23 de setembro de 1999, traçam a obrigatoriedade de constituição da CIPA. A NR-5 estabelece as re- gras dessa constituição, bem como a organização, a atribuição, o funcionamento, entre outros. Au- sentando-se a obrigatoriedade, a empresa deverá considerar um funcionário, denominado membro designado, para cumprir as obrigações dessa nor- ma regulamentadora. 4.1 Objetivo 4.2 Constituição O objetivo da CIPA, de acordo com a NR-5, disposto no item 5.1, é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a Segundo o item 5.2 da NR-5, devem cons- tituir a CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular funcionamento as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas, cooperati- vas, bem como outras instituições que admitam trabalhadores como empregados. Portanto, a CIPA é obrigatória apenas para trabalhadores com vínculo empregatício regido pela CLT. No entanto, os servidores públicos tam- bém deverão constituir a CIPA através de seus es- tatutos contendo a determinação de sua obriga- toriedade. tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saú- de do trabalhador. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 A CIPA deverá ser composta por represen- tantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I da NR-5, sendo que os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados enquanto os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão elei- tos em escrutínio secreto, do qual deverão partici- par exclusivamente os empregados interessados. AtençãoAtenção Consulte o Quadro I da NR-5 para verificar o di- mensionamento de CIPA. O número de membros se dará em função do grau de risco e do número de empregados do estabelecimento, levando-se em consideração a ordem decrescente de votos recebidos, como previsto no Quadro I da NR-5, com ressalvas de atos normativos determinados por setores eco- nômicos específicos. O subitem 5.6.4 determina que o estabeleci- mento que não se enquadrar no Quadro I deverá designar um responsável pelo cumprimento dos objetivos da NR, podendo ser adotados mecanis- mos de participação dos empregados, através de negociação coletiva. Já o item 5.7 estabelece que o mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano, permitida uma reeleição. Saiba maisSaiba mais A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural (CIPATR) é estabelecida pela NR-31 e apresenta diferenças significativas com a NR-5. Vale a pena conferir. 4.3 Organização Garantias dos membros da CIPA Dentro da organização determinada pela NR-5 existem algumas garantias dadas aos mem- bros da CIPA que são muito importantes. Entre elas encontra-se disposta no subitem 5.8 a deter- minação de que é vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, desde o registro de sua candidatu- ra até um ano após o final de seu mandato. Essa garantia também está estabelecida na CLT e na Constituição Federal de 1988. Outra garantia que apresenta grande im- portância aos membros da CIPA é a de que não se descaracterizem suas atividades normais na empresa, vedando a transferência para outro es- tabelecimento sem a sua anuência, ressalvado o disposto nos parágrafos primeiro e segundo do artigo 469, da CLT, segundo o subitem 5.9. O empregador designará entre seus repre- sentantes o presidente da CIPA, e os representan- tes dos empregados escolherão entre os titulares o vice-presidente. Os membros da CIPA, eleitos e designados, serão empossados no primeiro dia útil após o tér- mino do mandato anterior. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 O subitem 5.16 da NR-5 determina que a CIPA tenha por atribuições: a) Identificar os riscos do processo de tra- balho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de tra- balhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b) Elaborar plano de trabalho que possi- bilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; c) Participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; d) Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segu- rança e saúde dos trabalhadores; e) Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metasfixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; f ) Divulgar aos trabalhadores informa- ções relativas à segurança e saúde no trabalho; g) Participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo em- pregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalhos relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) Requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de má- quina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; i) Colaborar no desenvolvimento e im- plementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segu- rança e saúde no trabalho; j) Divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e conven- ções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; 4.4 Atribuições k) Participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e aci- dentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identifica- dos; l) Requisitar ao empregador e analisar as informações sobre questões que te- nham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; m) Requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; n) Promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho - SIPAT; o) Participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Pre- venção da AIDS. Podemos fazer algumas análises a partir da transcrição do dispositivo legal. Constatamos que essa norma deu ampla atribuição à CIPA na área de segurança e saúde dos trabalhadores como segue: A CIPA deve elaborar o mapa de risco a par- tir da identificação dos riscos no processo de tra- balho, com participação do maior número de tra- balhadores possível e assessoramento do SESMT. Isso para que o próprio trabalhador identifique os riscos a que ele se expõe e sugira o controle, uma vez que não há ninguém melhor que o próprio indivíduo exposto para perceber o risco. Como já vimos anteriormente, a elaboração do mapa de risco é importante no reconhecimento e na pre- venção dos riscos ocupacionais que constam do PPRA de acordo com a NR-9. No entanto, essa finalidade da NR-5 é dis- torcida muitas vezes por grande número de em- pregadores ou, às vezes, pelos profissionais do SESMT, já que a empresa acaba realizando o mapa de risco através de programas de computadores e sem a participação dos trabalhadores ou da CIPA. Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 32 O mapa de risco não pode ser confundido com o PPRA já que o mapa é parte integrante e importante da etapa de reconhecimento do PPRA. A avaliação quantitativa dos riscos não é atribuição da CIPA e sim a avaliação qualitativa. Além disso, somente os agentes físicos, quími- cos e biológicos são considerados no PPRA e no mapa de risco também se leva em conta os agen- tes ergonômicos e mecânicos. A CIPA tem ainda outro papel fundamental, que é o de divulgar e promover as normas regu- lamentadoras relativas à segurança no trabalho e saúde do trabalhador. Vale lembrar ainda que, de acordo com o subitem 5.17, cabe ao empregador proporcionar aos membros da CIPA os meios necessários ao de- sempenho de suas atribuições, garantindo tempo suficiente para a realização das tarefas constantes do plano de trabalho. 4.5 Funcionamento Reuniões ordinárias De acordo com o disposto na NR-5 nos subitens 5.23 a 5.26, deve-se considerar que as reuniões ordinárias da CIPA serão realizadas du- rante o expediente normal da empresa e em lo- cal apropriado e deverão ter atas assinadas pelos presentes com encaminhamento de cópias para todos os membros. Essas atas ficarão no estabe- lecimento à disposição dos Agentes da Inspeção do Trabalho (AIT). Reuniões extraordinárias Reuniões extraordinárias (subitem 5.27) de- verão ser realizadas quando: Houver denúncia de situação de risco grave e iminente que determine aplica- ção de medidas corretivas de emergên- cia; Ocorrer acidente do trabalho grave ou fatal; Houver solicitação expressa de uma das representações. Decisões da CIPA Entre os subitens 5.28 e 5.29, encontramos determinações sobre as decisões da CIPA. Essas decisões devem ocorrer preferencialmente por consenso. Porém, se não haver consenso, e frus- tradas as tentativas de negociação direta ou com mediação, será instalado processo de votação, registrando-se a ocorrência na ata da reunião. É importante salientar que das decisões da CIPA caberá pedido de reconsideração, mediante requerimento justificado, que será apresentado à CIPA até a próxima reunião ordinária, quando será analisado, devendo o presidente e o vice-presi- dente efetivar os encaminhamentos necessários. Perda de mandato Perderá o mandato o membro titular que faltar a mais de quatro reuniões ordinárias sem justificativa e será substituído por suplente se- gundo o subitem 5.30. Havendo afastamento definitivo do vice- -presidente, o empregador deverá indicar o subs- tituto, em até dois dias úteis, com preferência aos membros da CIPA. Programas de Saúde e Segurança do Trabalho Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 Se houver afastamento definitivo do vice- -presidente, o substituto será escolhido pelos membros titulares da representação dos empre- gados, entre seus titulares, também em até dois dias úteis. 4.6 Treinamento A empresa terá a obrigação de promover treinamento aos membros da CIPA antes da pos- se, segundo o disposto no subitem 5.32. Esse trei- namento deverá ser realizado no prazo máximo de 30 dias a partir da data de posse. A carga horária será de 20 horas com, no máximo, 8 horas por dia e deverá ser realizada durante o expediente normal da empresa. A CIPA será ouvida sobre o treinamento a ser realizado, inclusive quanto à entidade ou pro- fissional que o ministrará, constando sua mani- festação em ata, cabendo à empresa escolher a entidade ou profissional que ministrará o treina- mento (subitem 5.36). O subitem 5.37 assegura que quando com- provada a não observância ao disposto nos itens relacionados ao treinamento, a unidade descen- tralizada do Ministério do Trabalho e Emprego determinará a complementação ou a realização de outro, que será efetuado no prazo máximo de 30 dias, contados da data de ciência da empresa sobre a decisão. O subitem 5.33 determina que o treinamen- to para a CIPA deverá contemplar, no mínimo, os seguintes itens: a) Estudo do ambiente, das condições de trabalho, bem como dos riscos origina- dos do processo produtivo; b) Metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do trabalho; c) Noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de exposição aos riscos existentes na empresa; d) Noções sobre a Síndrome da Imunode- ficiência Adquirida - AIDS, e medidas de prevenção; e) Noções sobre as legislações trabalhis- tas e previdenciária relativas à seguran- ça e saúde no trabalho; f ) Princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de controle dos riscos; g) Organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício das atribuições da Comissão. 4.7 Processo Eleitoral Compete ao empregador convocar eleições para escolha dos representantes dos empregados na CIPA, no prazo mínimo de 60 dias antes do tér- mino do mandato em curso (subitem 5.38). A empresa estabelecerá mecanismos para comunicar o início do processo eleitoral ao sindi- cato da categoria profissional (subitem 5.38.1). O presidente e o vice-presidente da CIPA constituirão entre seus membros, no prazo míni- mo de 55 dias antes do término do mandato em curso, a Comissão Eleitoral (CE), que será ares- ponsável pela organização e acompanhamento do processo eleitoral (subitem 5.39). Nos estabelecimentos onde não houver CIPA, a CE será constituída pela empresa (subitem 5.39.1). Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 O processo eleitoral observará as seguintes condições (subitem 5.40): a) Publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e visualização, no prazo mínimo de 55 (cinquenta e cinco) dias antes do término do mandato em curso; b) Inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para inscrição será de quinze dias; c) Liberdade de inscrição para todos os empregados do estabelecimento, inde- pendentemente de setores ou locais de trabalho, com fornecimento de com- provante; d) Garantia de emprego para todos os ins- critos até a eleição; e) Realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes do término do mandato da CIPA, quando houver; f ) Realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando os horários de turnos e em horário que possibilite a participação da maioria dos emprega- dos. g) Voto secreto; h) Apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acompanhamento de representante do empregador e dos empregados, em número a ser definido pela comissão eleitoral; i) Faculdade de eleição por meios eletrô- nicos; j) Guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à eleição, por um período mínimo de cinco anos. Havendo participação inferior a 50% dos empregados na votação, não haverá a apuração dos votos e a comissão eleitoral deverá organizar outra votação, que ocorrerá no prazo máximo de 10 dias (subitem 5.41). Em caso de empate, assumirá aquele que ti- ver maior tempo de serviço no estabelecimento, de acordo com o subitem 5.44, e os candidatos votados e não eleitos serão relacionados na ata de eleição e apuração, em ordem decrescente de votos, possibilitando nomeação posterior, em caso de vacância de suplentes, segundo o subi- tem 5.45. 4.8 Resumo do Capítulo 4.9 Atividades Propostas A quinta norma regulamentadora trata da CIPA e determina a obrigatoriedade das empresas, sejam elas públicas ou privadas, em organizar e dar continuidade a uma comissão interna constituída por repre- sentantes dos empregados e do empregador. Os representantes do empregador serão por ele indicados, enquanto os representantes dos em- pregados serão eleitos entre os próprios empregados. A CIPA tem por objetivo dispor atividades, sugestões e recomendações, com vistas à melhoria das condições do meio ambiente do trabalho e também à participação direta dos trabalhadores no processo que previne e melhora as condições de trabalho. A organização, atribuições e funcionamento da CIPA encontram-se bem delineados na NR-5, per- mitindo ações efetivas sobre seus objetivos. 1. Em que se baseiam a necessidade e o estabelecimento da CIPA nas empresas? 2. Aos membros da CIPA são dadas algumas garantias. Comente-as. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 35 Ergonomia é o título da décima sétima nor- ma regulamentadora e tem por objetivo estabe- lecer critérios e métodos de trabalho que sejam adequados, permitindo uma adaptação dos pro- cessos às características psicofisiológicas dos tra- balhadores, de tal maneira que propiciem mais conforto, segurança e desempenho eficientes resultando em qualidade de vida no trabalho e saúde. Esses aspectos resultarão em melhor pro- dutividade e redução de faltas dos trabalhadores. A ergonomia é o estudo da engenharia hu- mana que se volta ao planejamento do trabalho, conciliando a produtividade que cresce a cada dia com limitações individuais dos trabalhadores. ERGONOMIA5 Cada vez mais existe uma mecanização e automatização dos trabalhos manuais, gerando acréscimos significativos do ritmo de trabalho, mas ainda existem muitos trabalhos realizados manualmente com grande utilização de esforço físico. Muitas doenças ocupacionais são resultan- tes de relações inadequadas entre o trabalhador e os métodos de trabalho dentro dos processos produtivos. Sobrecargas da estrutura óssea ou muscular são bons exemplos, que resultam, mui- tas vezes, em lesões na coluna ou nas articula- ções e disfunções musculares. Ou temos ainda o estresse ocupacional resultando em úlceras no sistema disgestório e disfunções cardíacas. O subitem 17.2.2 da NR-17 dispõe que não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança. Essa determinação é decorrente do fato de que quanto maior o peso da carga ergui- da ou transportada pelo trabalhador, maiores são as chances de comprometimentos à sua saúde, como os problemas de coluna vertebral e lombal- gias determinadas por esforço excessivo. Existem várias disposições da NR-17 acerca do levantamento, transporte e descarga indus- trial de peso, porém aqui destacaremos apenas algumas, como: 17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas, 5.1 Levantamento, Transporte e Descarga Industrial de Peso que não as leves, deve receber treina- mento ou instruções satisfatórias quanto aos métodos de trabalho que deverá uti- lizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e prevenir acidentes. 17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos apropriados. 17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o trans- porte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente in- ferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.6. O transporte e a descarga de ma- teriais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador Renato Marco Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 36 seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança. 17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecâni- co de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não compro- meta a sua saúde ou a sua segurança. Saiba maisSaiba mais A National Institut for Occupational Safety and Health (NIOSHI), órgão do governo americano, desenvolveu uma equação com a qual se pode calcular o limite e o peso recomendável, consi- derando-se diversos fatores. Sugerimos conferir a tradução da Nota Técnica (NTP 477) elaborada pelo Centro Nacional de Condiciones de Trabajo da Espanha, que trata dessa equação. O trabalho manual pesado e contínuo é muito prejudicial por submeter o trabalhador aos limites de capacidade de resistência física, por- tanto o uso da força-motriz que o substitui auxilia na redução desses riscos. Quando existir um trabalho pesado e inten- so, haverá a necessidade de um planejamento que adeque o ciclo de trabalho e descanso para que se evite a fadiga e a consequente exaustão. Porém, ao se planejar uma tarefa, o limite do peso recomendado vai depender de alguns fatores, tais como a frequência de levantamento de car- ga, a altura da carga relacionada ao solo e, ainda, o tamanho e a forma da carga. 5.2 Mobiliário dos Postos de Trabalho Postura em pé O subitem 17.3.1 da NR-17 determina que sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para essa posição. Compreende-se que a postura mais ade- quada ao trabalhador seja aquela que ele escolha e que pode variar ao longo do tempo. A posição do trabalho em pé oferece algu- mas desvantagens: acúmulo
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