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PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA [presencial] J815 Módulo 1 (A) Piaget: vida e obra. Leitura Obrigatória: R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981. Leitura para Aprofundamento: KESSELRING, Thomas (1993). Jean Piaget. 3a Ed. Petrópolis: EDUCS, 2008. Piaget viveu muitos anos, pode escrever sua obra até 1955 e reescrevê-la até 1980, período de sua morte. Nesse sentido, escreveu sua autobiografia que, a seguir, é apresentada com os principais fatos que marcaram a construção de sua obra. 1896 – Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 9 de agosto de 1896. 1906 – Piaget foi um menino prodígio. Por volta dos 10 anos de idade, interessou-se por história natural, por meio da observação de um pardal albino; publicou seu primeiro trabalho e foi convidado a trabalhar gratuitamente no Museu de História Natural. Esse breve estudo - a malacologia - é considerado o início de sua brilhante carreira científica. 1915 – Piaget formou-se na Universidade de Neuchâtel em biologia e filosofia. 1918 – Recebeu na Universidade de Neuchâtel seu Doutorado em biologia aos 22 anos de idade, com uma tese sobre os moluscos de Valois – romance filosófico reunindo, religião, filosofia e biologia. 1919 – É considerado um marco na vida de Piaget. Após formar-se, Piaget foi para Zurique, onde trabalhou como psicólogo experimental. Lá estudou psicologia e psicanálise, participou de conferências realizadas pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) e trabalhou como psiquiatra nas clínicas de Lipps, Wurschner e Bleuler. Essas experiências influenciaram seu trabalho, passou a combinar a psicologia experimental – que é um estudo formal e sistemático – com métodos informais de psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes. 1921 – Piaget voltou para a Suíça e tornou-se diretor no Instituto Jean-Jacques Rousseau da Universidade de Genebra. É nesse período que inicia o maior trabalho de sua vida - observar crianças e registrar meticulosamente suas palavras, ações e processos de raciocínio, dando o fundamento para a construção de sua teoria. Publica artigos no Archives de Psychologie. Nessa mesma época, mudou-se para a França e desenvolveu trabalhos no Laboratório de Alfred Binet (1857-1911), em Paris, investigando o desenvolvimento intelectual da criança a partir de testes psicométricos. Piaget observou que crianças francesas da mesma idade cometiam os mesmos erros e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve gradualmente. É este trabalho que o motivou a realizar pesquisas na área da psicologia do desenvolvimento. 1923 – Piaget casou-se em 1923 com sua assistente Valentine Châtenay com quem teve três filhos: Jacqueline (1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). Uma parte da teoria piagetiana teve por base as observações de Piaget e de sua esposa a respeito do desenvolvimento cognitivo de seus filhos durante a primeira infância. Escreve vários trabalhos sobre as primeiras fases do desenvolvimento, prossegue com suas pesquisas e publicações além de lecionar em diversas universidades europeias. 1936 – Recebeu o título de Doutor Honoris Causa na Universidade de Harvard (EUA). 1945 – Recebeu a indicação para suceder Maurice Merleau Ponty (1908-1961) como professor de filosofia na Universidade de Sorbonne (Paris). Registros revelam que ele foi o único suíço a ser convidado a lecionar na Universidade de Sorbonne, onde permaneceu de 1952 a 1963. 1955 – Fundou e dirigiu o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra (Suíça), a partir dessa data até a sua morte, realizou inúmeras pesquisas e recebeu especialistas do mundo inteiro que passaram a integrar a comunidade científica da instituição. 1980 – Morreu em Genebra, Suíça, aos 84 anos, em 17 de setembro de 1980. Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais de 90 livros e centenas de trabalhos científicos. Durante sua vida dedicou-se ao estudo da inteligência, buscou explicar de que maneira o sujeito chega a uma inteligência adulta, lógica e abstrata. Para isso, inicialmente, procurou explicações na Biologia e na Filosofia e, posteriormente, na Ps i co l og ia , em espec ia l a ps i co l og ia do desenvolvimento. Atividades recomendadas: 1) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre a vida de Jean Piaget e reflita de que maneira o contexto sócio histórico influenciou em sua concepção de inteligência. 2) Assista ao DVD “Jean Piaget” - Coleção Grandes Educadores (2006). 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Poucos autores tiveram o privilégio de redigir sua autobiografia. Piaget, neste documento, relata sua primeira publicação, seus primeiros trabalhos e sua trajetória pessoal e teórica. Tal documento serviu de inspiração para outros autores escreverem sobre a sua vida e, dessa forma, compreenderem sua obra. De acordo com isso, em relação à vida e obra piagetiana, podemos afirmar que: I. Sua primeira publicação ocorreu quando estudava na Universidade de Sorbonne (Paris) e fez uma observação sobre moluscos. II. Escreveu um artigo de uma página para um Jornal de História Natural de sua cidade sobre as observações que fez de um pássaro albino. III. Formou-se na Universidade de Neuchâtel em biologia e filosofia. IV. Os estudos sobre moluscos acabaram sendo colocados de lado e não tiveram importância em seus estudos posteriores. V. Em 1955 fundou e dirigiu o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra (Suíça). Com relação às afirmações acima, assinale a alternativa correta. a) Apenas I e II estão corretas b) Apenas I, III e V estão corretas c) Apenas II, III e V estão corretas d) Apenas II e IV estão corretas e) Apenas IV e V estão corretas A alternativa correta é a (C). A primeira publicação de Piaget foi para um Jornal de História Natural de sua cidade quando tinha apenas 10 anos onde relata as observações que fez sobre um pássaro albino, indicando seu interesse precoce sobre a forma do conhecimento nos animais que depois servirá de base para a investigação da origem do conhecimento no homem. Com apenas 19 anos formou-se na Universidade de Neuchâtel em biologia e filosofia, dirigindo-se a partir desta data aos estudos de Psicologia. Em 1955, Piaget é um teórico reconhecido mundialmente por seus estudos e será nesta ocasião que irá fundar e dirigir o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra (Suíça), reunindo pesquisadores de todas as áreas e partes do mundo para o estudo sobre o conhecimento. A afirmação I é falsa. Piaget não estudou na Universidade de Sorbone e sim foi o único suíço a ser convidado para lecionar nesta Universidade, onde permaneceu de 1952 a 1963. Os estudos sobre moluscos não foram colocados de lado e tiveram muita importância em seus estudos posteriores. (B) Perspectivas epistemológicas sobre inteligência Leitura Obrigatória: MACEDO, Lino de. A Questão da Inteligência: todos podem aprender? In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; SOUZA, Denise Trento R. Souza; REGO, Teresa Cristina (org.). Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002 (p.117-134). F o r m a t o d o a r q u i v o : P D F / A d o b e Acrobathomologa.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/ LinoMacedo.pdf Leitura para Aprofundamento: BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, 18(1): 43-52, jan./jun. 1993. Formato do arquivo: PDF/ A d o b e A c r o b a t . l i v r o s d a m a r a . p b w o r k s . c o m / f / Educacao_e_Realidade-1 Vamos iniciar este tópico com as seguintes perguntas: Como o homem chega ao conhecimento? O conhecimento é inato ou adquirido? Como uma criança nasce com poucos recursosde sobrevivência e torna-se um adulto com plena autonomia cognitiva? Para responder a estas questões precisamos recorrer às dimensões epistemológicas que ao longo da história investigaram a origem do conhecimento no homem. Sendo assim, vamos estudar a inteligência segundo três perspectivas epistemológicas: inatismo, empirismo, interacionismo. O objetivo é compreender formas diferentes de interpretação sobre a origem da inteligência no homem e reconhecer aquela em que Piaget orienta e respalda seus estudos. Mas o que é epistemologia? É a parte da Filosofia que estuda o conhecimento. Os epistemólogos, desde a Grécia Antiga até os tempos atuais, buscam responder a segu in te ques tão : Como o homem chega ao conhecimento? Diferentes correntes epistemológicas buscaram responder a esta pergunta ao longo do tempo e orientaram a compreensão sobre o conceito de inteligência bem como a construção de teorias psicológicas. Em uma visão inatista o homem nasce com a inteligência pré-determinada em sua herança genética que é expressa como revelação de suas capacidades. Há um determinismo biológico que define a priori a capacidade intelectual do individuo, ficando o contexto sociocultural refém destes conteúdos inatos. A tarefa dos psicólogos é medir o quociente intelectual e predizer quais são as possibilidades de aprendizagem do sujeito, até onde pode ir, o quanto poderá (ou não) aprender. Nesse sentido, a concepção inatista compreende a inteligência como um dom e valoriza a sua mensuração ou avaliação quantitativa, portanto, diagnóstica - a ênfase está em antecipar o que poderá ser desenvolvido (ou não) no sujeito e definir a intervenção que melhor se ajusta as limitações diagnosticadas como endógenas (internas) ao s u j e i t o . D e a c o r d o c o m B e c k e r ( 1 9 9 3 ) epistemologicamente esta relação pode ser assim representada: S → O. A epistemologia inatista é, portanto, apriorista, uma vez que afirma que a bagagem genética é condição para explicar a inteligência do sujeito. Acredita que o sujeito nasce com o conhecimento já programado em sua herança genética e a interferência do mundo físico social é reduzida ou nula como possibilidade de levar o sujeito ao conhecimento - tudo depende somente dele ou do que possui enquanto potencial herdado. Em uma visão empirista a inteligência é resultado das experiências, por isso valorizam-se programas ou instruções que irão levar o sujeito ao desenvolvimento da inteligência, a criar hábitos, rotinas e procedimentos favoráveis à aprendizagem. O papel do meio social e ambiente em que o sujeito está inserido é fundamental nesse sentido, pois serão as pessoas que irão escolher, criar, definir o que deve ser feito. De acordo com Becker (1993) epistemologicamente esta relação pode ser assim representada: S ← O. De acordo com Macedo (2002), na visão empirista, a tarefa do adulto é criar contingências ou circunstancias que sejam favoráveis ao desenvolvimento da inteligência do sujeito, evitando as que sejam prejudiciais. Da mesma forma, deve corrigir ou confirmar os comportamentos emitidos, garantindo a modelagem adequada dos aspectos valorizados socialmente ou necessários à realização de uma tarefa ou objetivo. A avaliação é feita pela soma de aprendizagens acumulativas proporcionadas pela experiência e quanto maior a soma, maior é considerada a inteligência do sujeito. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem a origem do conhecimento na perspectiva epistemológica inatista e empirista. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre os casos de crianças que se perderam muito jovens de suas famílias e viveram na floresta sem o contato com os humanos na companhia de animais. Analise a origem do conhecimento dessas crianças a partir das concepções epistemológicas estudadas. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: A teoria piagetiana do desenvolvimento cognitivo empreende críticas a modelos explicativos sobre a origem do conhecimento. Observe a seguir o relato dos professores e verifique qual concepção epistemológica está orientando cada um dos discursos: I – “Acho que os alunos aprendem e conhecem através da estimulação que se dá para eles diariamente. É assim que eles conseguem dominar os conceitos. Se não há estimulação, incentivo e organização das atividades de aprendizagem os alunos não conseguem saber nada. Então, o mais importante é o professor e os recursos materiais que se utiliza”. II – “Anastácia sempre teve dificuldade em aprender os conteúdos em sala de aula. Acredito que aqueles que não sabem não vão saber mesmo, então pouco posso fazer por Anastácia e por outros em situação semelhante”. a) I – Empirismo e II – Construtivismo b) I – Interacionismo e II – Inatismo c) I – Empirismo e II – Inatismo d) I – Construtivismo e II – Ambientalismo e) I – Ambientalismo e II – Interacionismo A alternativa correta é a (C). O discurso do primeiro professor está orientado para uma concepção empirista do conhecimento, a inteligência é resultado das experiências, por isso valorizam-se o professor, os materiais, os programas ou instruções que irão levar o sujeito ao desenvolvimento da inteligência, a criar hábitos, rotinas e procedimentos favoráveis à aprendizagem. O discurso do segundo professor está orientado em uma visão inatista do conhecimento, em que a inteligência está pré- determinada pela herança genética e a interferência do mundo físico social é reduzida ou nula como possibilidade de levar o sujeito ao conhecimento - tudo depende somente dele ou do que possui enquanto potencial herdado. (C) Noção de inteligência na teoria de Jean Piaget. Leitura Obrigatória: MACEDO, Lino de. A Questão da Inteligência: todos podem aprender? In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; SOUZA, Denise Trento R. Souza; REGO, Teresa Cristina (org.). Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002 (p.117-134). Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat homologa.ambiente .sp.gov.br /EA/adm/admarqs/ LinoMacedo.pdf Leitura para Aprofundamento: BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, 18(1): 43-52, jan./jun. 1993. Formato do arquivo: PDF/ A d o b e A c r o b a t . l i v r o s d a m a r a . p b w o r k s . c o m / f / Educacao_e_Realidade- De acordo com Macedo (2002), a visão construtivista ou interacionista sobre a inteligência na teoria de Piaget, é de que ser inteligente é ter a possibilidade de relacionar-se consigo mesmo e com o mundo de modo interdependente e reversível. Ou seja, uma relação em que os elementos interagem em um contexto sistêmico, sendo partes e todo ao mesmo tempo. Ser inteligente em uma perspectiva construtivista é saber coordenar ações (físicas, motoras, afetivas, cognitivas) em direção à resolução de um problema ou situação. Sendo assim, a inteligência expressa como o sujeito pode compreender e realizar tarefas segundo os diferentes estádios do desenvolvimento. Construtivismo significa que a inteligência não está pronta ou acabada, que o conhecimento não é dado como algo terminado. Nessa perspectiva, o conhecimento não depende unicamente das relações sociais ou da bagagem genética hereditária. O conhecimento é resultado da interação do sujeito com o objeto (meio físico, social, com os símbolos, signos pertencentes ao contexto sócio histórico em que está inserido o sujeito) que possibilitará a construção do conhecimento e desenvolvimento das estruturas de inteligência. Portanto, o conhecimento é resultado da dialética da interação sujeito-objeto. Deacordo com Becker (1993) epistemologicamente esta relação pode ser assim representada: S ↔ O. Dessa forma, na visão de Piaget, as crianças são as própr ias construtoras at ivas do conhecimento, constantemente criando e testando suas hipóteses sobre o mundo. Sua teoria pressupõe a evolução progressiva do conhecimento por meio de estruturas de raciocínio que se integram umas às outras através de estádios de desenvolvimento. Isto significa que a lógica e as formas de pensar de uma criança são completamente diferentes da lógica e do pensamento dos adultos, recomendando que seja adota uma abordagem educacional diferente ao se lidar com crianças. Nesse sentido, forneceu uma percepção sobre as crianças que serviu como base para muitas linhas educacionais, mas devemos ressaltar que os estudos de Jean Piaget não tinham um comprometimento direto com a educação e nem este autor lançou uma teoria pedagógica aplicável à educação escolar. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, atentando para o conceito de conhecimento e inteligência apresentada pelos autores. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Jean Piaget, insatisfeito com as correntes epistemológicas que explicavam a origem do pensamento e embasavam as teorias psicológicas em sua época – o inatismo e o empirismo - recorreu à concepção interacionista do conhecimento para embasar a sua obra. Sobre isto, pode-se afirmar que: a) Piaget considera que a razão é mais poderosa do que a experiência sensorial porque ela permite a capacidade de saber com certeza verdades que a observação sensorial nunca poderia avaliar. b) Piaget considera a experiência sensorial a principal fon te de cons t rução das bases humanas de desenvolvimento. c) Piaget, na verdade, não chegou a formular uma proposta nova de concepção de homem, mas manteve-se fiel ao inatismo. d) Piaget concordava com o empirismo, pois entendia que a criança já nascia com toda a potencialidade estrutural para seu desenvolvimento. e) Piaget considerava que o conhecimento resultava da interação entre o sujeito e o ambiente, sem prevalência de um sobre o outro. Se você compreendeu adequadamente, assinalou a alternativa (E). Piaget considerava que o conhecimento resultava da interação entre o sujeito e o ambiente, sem prevalência de um sobre o outro, porque para este autor a dialética razão-experiência é que irá permitir o conhecimento humano. Sendo assim, orienta seu trabalho a partir de uma concepção interacionista construtivista do conhecimento, discordando das correntes inatista e empirista que explicam os fenômenos humanos segundo a separação cartesiana entre mente e corpo / razão e experiência. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 2 (A) A Epistemologia Genética: a relação entre sujeito e objeto no Interacionismo. Leitura Obrigatória: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. Leitura para Aprofundamento: R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981. Piaget procurou compreender como o adulto desenvolve o pensamento lógico-científico e, para isso, utilizou pressupostos teóricos da filosofia e o método de investigação e pesquisa da psicologia. A teoria do desenvolvimento cognitivo ou da inteligência de Piaget está pautada nos pressupostos epistemológicos do construtivismo, superando algumas teorias clássicas como o racionalismo e o empirismo. Segundo a teoria construtivista, o conhecimento ocorre a partir da interação do sujeito com o meio, de sua ação e levantamento de hipóteses, sendo um processo interativo em que a espontaneidade tem um papel importante. Então como ocorre a construção do conhecimento pelo sujeito em uma perspectiva piagetiana? O sujeito epistêmico, sujeito do conhecimento, está em adaptação ao meio quando surge uma situação-problema que gera uma inquietação, um conflito cognitivo, e que coloca esse sujeito em estado de desadaptação, desequilíbrio: “O que é isso? Deixe-me ver? Como funciona? Para que serve?”. Para voltar ao estado de equilíbrio e adaptação dois mecanismos cognitivos são utilizados: assimilação e acomodação. O resultado final é a construção do conhecimento, o desenvolvimento de estruturas de pensamento e a volta ao estado de adaptação em um processo de equilibração majorante – equilíbrio superior, pois houve desenvolvimento. Essa busca de conhecimento leva o sujeito a procurar informações no meio em que interage, e, frente a essas situações-problema do ambiente que lhe provocam curiosidade e interesse, esse sujeito entra em estado de desequilíbrio e desadaptação, gerando um conflito cognitivo: “O que é isso? Deixa-me ver? Explica-me o que é isso?”. De acordo com Piaget, é natural que o sujeito busque voltar ao estado anterior de equilíbrio e adaptação. Para isso, dois mecanismos cognitivos são acionados na tentativa de solução do problema e volta à adaptação: assimilação e acomodação. Como resultado desse processo, o sujeito volta ao estado de equilíbrio e adaptação, porém mais desenvolvido, uma vez que construiu novos esquemas, novos conhecimentos. O processo de adaptação é dinâmico e envolve, a todo o momento, tanto a assimilação como a acomodação, possibilitando o desenvolvimento cognitivo e permitindo ao sujeito maior competência e habilidade para lidar com as situações do cotidiano. Concluindo, o desenvolvimento do sujeito em uma perspectiva piagetiana é caracterizado por um processo de organização das estruturas cognitivas em um sistema interdependente, que possibilita ao sujeito uma adaptação à realidade. Este processo de busca de equilíbrio é chamado por Piaget de processo de equilibração majorante. Podemos afirmar que o desenvolvimento é um processo por meio do qual o sujeito busca atingir maior equilíbrio. Em cada período do desenvolvimento, a criança tem uma determinada organização mental (equilíbrio) que será modificada à medida que o indivíduo conseguir novas formas de compreender a realidade. Chegará à forma final na adolescência, e será essa a maneira intelectual do sujeito na idade adulta. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os argumentos utilizados pelos autores ao definirem a origem do conhecimento na perspectiva epistemológica interacionista construtivista. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre os vários conceitos piagetianos estudados nesta unidade. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: O desenvolvimento psíquico, para Piaget, começa quando nascemos e alcança sua forma mais estável na idade adulta, orientando-se sempre para o equilíbrio, num processo análogo ao do crescimento orgânico. Porém, diferentemente do equilíbrio que o organismo busca restaurar, o desenvolvimento mental é caracterizado por um processo de equilibração majorante. Então, em relação ao desenvolvimento mental ou psíquico em uma perspectiva piagetiana, é correto afirmar que: I. A inteligência consiste no desenvolvimento das estruturas lógicas que permitam ao indivíduo atuar sobre o mundo de maneira flexível e complexa. II. A construção do conhecimento permite não apenas a internalização das informações, mas, sobretudo o desenvolvimento do pensamento lógico. III. O desenvolvimento da inteligência é o que permite ao sujeito uma adaptação e sobrevivência a partir da coordenação de ações na resoluçãode situações- problema. Assinale a alternativa correta: a) I e II. b) I e III. c) somente I. d) somente III. e) todas as alternativas. As pesquisas e os estudos que você realizou até aqui sobre o conceito de inteligência em Piaget devem ter-lhe dado subsídios para assinalar a alternativa (E). As afirmações I, II e III apresentam um resumo adequado da concepção epistemológica e psicológica da teoria piagetiana. (B) Os principais conceitos da teoria piagetiana Leitura Obrigatória: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. Leitura para Aprofundamento: R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981. Epistemologia genética: área de pesquisa elaborada por Piaget, que estuda o desenvolvimento do pensamento da criança até a chegada ao raciocínio adulto (lógico- científico). Piaget pretendeu compreender como se desenvolvem não só os conhecimentos, como também a capacidade de conhecer. Hereditariedade: segundo Piaget a inteligência não é herdada. O homem nasce com estruturas biológicas que em interação com o meio ambiente irão resultar em estruturas cognitivas que funcionarão de modo semelhante durante a vida do sujeito. Esquema: unidade estrutural básica de pensamento ou ação que enquanto estrutura pode mudar e adaptar-se. De acordo com Piaget, a criança nasce com um equipamento biológico hereditário e a partir da interação com o meio irá construir estruturas mentais - esquemas - expressos como ações motoras e estratégias mentais utilizadas para solucionar problemas durante o funcionamento cognitivo. Os esquemas são unidades estruturais móveis que se modificam e adaptam, enriquecendo com isso tanto o repertório comportamental como a vida mental do indivíduo. (Rappaport, 1981) Adaptação:O sujeito está em estado de equilíbrio em relação ao meio, o que lhe permite uma situação de adaptação. Esse sujeito é chamado de epistêmico, ou seja, sujeito do conhecimento, sujeito que busca conhecimento. Assimilação: tentativa do sujeito em solucionar uma determinada situação, utilizando uma estrutura mental já formada, ou seja, a nova situação é assimilada a um sistema já pronto. Exemplo: no momento em que a criança construiu o conhecimento de ”subir escadas” irá utilizar esse conhecimento em todas as situações (escada de sua casa, escada da escola, escada da casa da tia etc.). Acomodação: tentativa do sujeito em solucionar uma determinada situação, modificando as estruturas antigas e construindo novas maneiras de agir para dominar uma situação nova em que os conhecimentos antigos são insuficientes para compreendê-las. Exemplo: a criança já sabe subir escadas, mas nunca subiu uma escada rolante (objeto semelhante ao primeiro, mas com novos elementos que a criança desconhece). Nessa situação a criança tentará (por assimilação) agir como fazia antes, solucionar uma situação nova com base nas estruturas antigas, mas não obterá sucesso. Então, construirá novas formas de agir, isto é, irá modificar suas estruturas antigas para poder dominar uma nova situação – a isso Piaget denominou acomodação. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando como os autores apresentam os conceitos piagetianos. 2) A partir dos conceitos estudados, elabore um exemplo sobre a aplicação dos mesmos no processo de desenvolvimento e aprendizagem da criança. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Samanta está orgulhosa por ser uma boa jogadora de dama. Seu irmão mais velho resolve convidá-la para jogar xadrez. A princípio, Samanta usa seus conhecimentos do jogo de dama, fracassando em suas tentativas. Fica incomodada pelo insucesso e passa a se esforçar para entender as regras do xadrez. Depois de várias tentativas, Samanta finalmente compreende o xadrez e passa a ser mais bem sucedida no jogo com o irmão. Com base no trecho acima, leia as afirmações e responda a questão: I. Após rever o esquema utilizado anteriormente, Samanta reorganiza-o para acomodar a nova situação. II. A dificuldade apresentada inicialmente por Samanta mostra que houve um desequilíbrio que prejudicou a acomodação à nova situação. III. A adaptação de Samanta à nova situação deu-se graças ao desequilíbrio provocado a princípio, obrigando-o a rever seus esquemas e reorganizando por meio dos processos de assimilação e acomodação. Assinale a alternativa correta: a) I apenas. b) II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (C). Samanta já sabe jogar damas e utiliza estes esquemas para jogar xadrez (assimilação); não dá certo, perde, então utiliza novos esquemas e compreende o jogo (acomodação). A adaptação de Samanta à nova situação deu-se graças ao desequilíbrio provocado a princípio, obrigando-o a rever seus esquemas anteriores e reorganizá-los a partir dos processos de assimilação e acomodação, permitindo-lhe construir conhecimento, voltar ao estado de equilíbrio e o desenvolvimento de estruturas de pensamento. ( C ) O c o n c e i t o d e E s t á d i o e E s t á g i o n o desenvolvimento. Leitura Obrigatória: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. Leitura para Aprofundamento: R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981. Para entender a lógica do adulto, Piaget estudou o desenvolvimento do pensamento infantil, aplicando testes (provas operatórias) chegando a períodos que denominou de estádios do desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, o desenvolvimento cognitivo ou do conhecimento ocorre em períodos os quais Piaget chamou de estádios do desenvolvimento. A sequência dos estádios é sempre a mesma, mas a idade dos sujeitos pode variar de acordo com o meio ou a cultura na qual está inserido. Definição de estádio: o processo de equilibração toma a forma de períodos sequenciais, em que existe, sempre, uma fase de preparação e outra de acabamento, e em que as estruturas formadas num período integram-se em outras superiores, do período seguinte. Ao final do processo, temos fases do desenvolvimento integradas umas nas outras, e os esquemas construídos em cada uma delas são utilizados pelo sujeito de maneira interdependente. Por isso seu caráter é de integração. Definição de Estágio: estágio é o que falta a alguém para completar uma determinada formação; são experiências, observações, atividades práticas, que completam uma formação, por isso seu caráter é de superação de um estágio mais simples em direção a um estágio melhor ou superior. Nas palavras de Macedo: “Confundir ou reduzir estádio a estágio leva a uma compreensão e a uma aplicação equivocadas da teoria de Piaget. Se pensarmos estádio como estágio, então faz sentido ler o desenvolvimento e a aprendizagem da criança na perspectiva do que lhe falta, do que ela não tem. Ora, estádio em Piaget tem uma característica positiva (é o melhor do que podemos ser em um determinado momento de um processo). Estágio, neste outro sentido, representa algo negativo (caracteriza alguém por aquilo que ele não é, que lhe falta ser).”. Atividades recomendadas: 1) Faça as leituras indicadas, atentando para os conceitos de estádio e estágio. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Uma das grandes contribuições da teoria de Piaget para o desenvolvimento infantil foi à proposição dos quatro estádios do desenvolvimento da inteligência. Sobre o conceito de estádio pode-se afirmar que: I. No processo de desenvolvimento da inteligência temos fases integradas umas nasoutras, e os esquemas construídos em cada uma delas são utilizados pelo sujeito de maneira interdependente. II. A sequência dos estádios é sempre a mesma, mas a idade dos sujeitos pode variar de acordo com o meio ou a cultura na qual está inserido. III. Confundir ou reduzir estádio a estágio leva a uma compreensão e a uma aplicação equivocadas da teoria de Piaget. Assinale a alternativa correta: a) I apenas. b) II apenas. c) I e III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (E). As afirmações I, II e III apresentam definições piagetianas do conceito de estádio no desenvolvimento da inteligência. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 3: (A) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio sensório motor. Leitura Obrigatória: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Leitura para Aprofundamento: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. No estádio sensório-motor (0-2anos), o bebe nasce com atos e ações reflexas, inatas e automáticas (sucção, preensão) e, no início, é um sujeito passivo que constrói esquemas simples que funcionam isoladamente de maneira circular, repetitiva (pegar, olhar, bater, sugar). Durante esse período de dois anos irá desenvolver comportamentos voluntários e conscientes, encadeando ações para um determinado fim, tornando-se um sujeito ativo (domínio e variação das ações). Os esquemas passam a ser complexos com a invenção e criação de ações (pegar, ouvir, olhar / ouvir, pegar, olhar / levantar, andar, pegar, sugar). Piaget afirma que esses comportamentos são atos inteligentes e que é no período sensório-motor que ocorre o nascimento da inteligência da criança. O processo de adaptação da criança nesse período é marcado pela assimilação, que ocorre de três formas: assimilação funcional – repetição do esquema; assimilação generalizada – utilização do esquema em diferentes situações; assimilação recognitiva – reconhecimento dos esquemas. O período sensório-motor é marcado por seis subestádios: 1º. Subestádio (0 a 1 mês) - formação dos primeiros esquemas por meio do exercício dos reflexos (sucção, preensão, visão, audição). 2º. Subestádio (1 a 4 meses) - há mudança de comportamentos reflexos em função da experiência, e a criança de uma adaptação hereditária passa a uma adaptação adquirida (hábitos adquiridos – chupar o dedo); resultados obtidos ao acaso são conservados por repetição (sugar polegar, olhar, balbuciar, agarrar, pegar e largar...); não existe intencionalidade; formação dos primeiros hábitos: a criança repete uma ação que deu certo (dedo na boca). A isso Piaget chamou de reação circular primária. 3º. Subestádio (4 a 8 meses) - reação circular secundária - a criança repete resultados interessantes obtidos ao acaso com intenção, para obter um objeto ou fazer durar os espetáculos interessantes. Ex.: puxar a corda do móbile ao acaso e depois repetir com intenção de observar o movimento ou som do objeto. Essa é uma fase de transição entre os atos pré-inteligentes (ao acaso) para os atos inteligentes (intenção). Há coordenação entre visão – apreensão (agarra o que vê, sacode chocalhos, puxa cordões). Prova piagetiana – a criança não tem a noção de objeto permanente, existe a busca do objeto, mas restrita à trajetória ou à ação e não ao objeto (o que vejo existe o que não vejo não existe). 4º. Subestádio (8 a 12 meses) - formação da inteligência sensório-motora, ou seja, aplicação de meios já conhecidos para resolver situações novas; a criança já é capaz de variar, coordenar, generalizar diferentes ações ou os meios para atingir um fim. Existe a intenção e o desejo (objetivo), no entanto, não cria meios novos para atingir um fim, utilizará apenas os meios conhecidos. Não existe planejamento, apenas o estímulo do meio. Prova piagetiana – a criança constrói a noção de objeto permanente, busca o objeto que é tirado de seu campo visual, presenciando o momento em que é escondido. No entanto, se escondido uma segunda vez em outro local (sob sua vista) irá procurar no primeiro lugar novamente – repetição do que deu certo. 5º. Subestádio (12 a 18 meses) - reação circular terciária – a criança repete uma ação para conhecer e explorar propriedades do objeto (deixar cair um objeto várias vezes). Aparecimento das formas mais elevadas de atividade comportamental antes do aparecimento da representação. A criança cria (inventa) novas formas de ação para atingir um fim (acomodação). É uma criança com maior capacidade para diversificar e controlar suas ações. Prova piagetiana – a criança leva em consideração os deslocamentos sucessivos do objeto; procura o objeto no ponto onde foi visto pela última vez, mas sabe da existência do mesmo, por isso, se não o encontra, vai buscá-lo em outros locais. A criança neste momento passa a apresentar três condutas inteligentes: suporte / barbante / bastão. 6º. Subestádio (18 a 24 meses) – fase de transição, passagem da ação para a representação (imaginar acontecimentos). Deixa as tentativas por ensaio e erro para antecipar acontecimentos, combinando ações mentais ao invés de ações físicas. É a passagem da ação explícita para a representação mental e o aparecimento da linguagem. Prova piagetiana – Piaget apresenta a sua filha, Jaqueline, uma corrente e uma caixa de fósforos. Manuseia a caixa várias vezes, abre, fecha, coloca a corrente dentro da caixa, fecha, chacoalha, abre novamente e retira à corrente, de forma que Jaqueline possa acompanhar todos os seus movimentos. Em um dado momento coloca a corrente dentro da caixa, fecha e entrega-a para sua filha. Jaqueline pega a caixa, chacoalha, tenta abrir para retirar a corrente, não consegue, olha para o pai e sem expressar uma linguagem oral, uma vez que se encontra em processo de aquisição de linguagem, abre e fecha a boca, imitando o movimento de abrir e fechar da caixa, como uma forma de comunicação. Eis que neste momento surge a capacidade de representação: utilização de um significante com um significado, capacidade unicamente humana, diferindo o homem de outros animais. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando as características do estádio sensório motor. 2) A partir dos conceitos estudados, observe uma criança nessa fase de desenvolvimento e procure identificar os conceitos estudados. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Uma mãe preocupada com o desenvolvimento de seu filho procura você para esclarecer algumas dúvidas. A criança tem seis meses de idade e apresenta alguns comportamentos que chamam sua atenção: o bebê desinteressa-se imediatamente por um chocalho que gosta muito quando a mãe o esconde embaixo da coberta. De que modo você explicaria à mãe as razões desse comportamento e a maneira como isto evolui até o final do período sensório-motor? a) Nos primeiros meses de vida, o bebê não percebe objetos propriamente ditos, nem a sua existência no espaço. Só por volta do final do primeiro ano é que irá situá-los no espaço. b) Este bebê tem dificuldade para manter a atenção dirigida a um mesmo objeto por muito tempo, interessando-se por várias coisas; esta atenção poderá evoluir e tornar o bebê mais atento. c) O egocentrismo da criança a impede de prestar atenção nas coisas mais do que em seu próprio corpo. Mais tarde, ela começará a prestar atenção nos objetosmais do que nela mesma. d) O bebê só percebe a existência de objetos que são manipulados diretamente por ele; mais tarde, será capaz de perceber os objetos manipulados pelos outros. e) Com seis meses, já seria esperado que o bebê desenvolvesse a capacidade de situar os objetos no espaço, e procurá-los quando fora de seu campo de visão. Portanto, é necessário que se faça uma avaliação. A alternativa correta é a (A). A criança aos seis meses encontra- se no 3º. Subestádio (4 a 8 meses) e apresenta a reação circular secundária - repete resultados interessantes obtidos ao acaso com intenção, para obter um objeto ou fazer durar os espetáculos interessantes, mas ainda não tem a noção de objeto permanente, quando um objeto é escondido na sua frente (chocalho), existe a busca do objeto restrita à trajetória ou à ação e não ao objeto propriamente dito (o que vejo existe o que não vejo não existe). No caso acima esse comportamento é esperado e somente no subestádio seguinte é que esta noção estará construída. (B) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio pré-operatório. Leitura Obrigatória: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Leitura para Aprofundamento: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. O estádio pré-operatório (2 a 6 anos) é marcado pela passagem da inteligência sensório-motora, prática para a inteligência representativa. A criança, a partir dos dois anos, passa a ter uma função de pensamento, uma função simbólica ou semiótica, que possibilita a representação de um objeto ausente (significante) por meio de um significado, que podem ser expressos de várias maneiras. As formas de representação são: Imitação, Jogo simbólico, Desenho, Imagem mental, Linguagem. Embora o estádio pré-operatório seja marcado pela capacidade representativa, o que indica um avanço em seu desenvolvimento cognitivo, a criança ainda apresenta um pensamento pré-lógico, marcado por várias características, descritas a seguir: Pensamento egocêntrico - a criança parte de seu próprio eu para julgar a realidade e os outros, sem se preocupar com a verdade dos fatos; utiliza seu ponto de vista, sua lógica, não assume o papel ou o ponto de vista do outro; acredita que todos pensam como ela. Ex.: é difícil ao adulto explicar para a criança que não quer brincar porque está cansado, pois a criança está presa às suas próprias perspectivas e não consegue perceber o outro. Pensamento transdutivo - raciocínio primitivo vai do particular para o particular (P - P). Ex.: não diz todos os animais se movem, todas as plantas crescem; não estabelece relações entre eventos de maneira lógica. Ex.: prova operatória de conservação de massa. Justaposição - assimila, mas não discrimina e generaliza, apenas coloca as informações lado a lado. Ex.: prova operatória de inclusão de classes. Sincretismo - explica um evento com outro que não tem relação lógica com a questão. Ex.: o balão caiu porque é vermelho; faz generalizações indevidas. Ex.: a fruta está verde, não pode comer, portanto não come frutas de cor verde; costuma falar “eu comi, eu bebi, eu fazi”. Centração - o pensamento é centralizado, rígido, inflexível, pois não consegue levar em consideração várias relações ao mesmo tempo. Ex.: não entende como uma pessoa possa ser ao mesmo tempo a mãe e a filha. Pensamento artificialista e finalista - atribui origem humana aos objetos e às causas; considera que tudo está para servi-la. Pensamento animista - atribui vida a seres inanimados, como bonecas, personagens de histórias, etc. Ex.: conversar com bonecos e personagens, bater na cadeira porque machucou o pé; a cadeira está chorando, o “au-au” está triste. Provas operatórias - não possui as noções que são avaliadas nas provas operatórias: classificação, seriação, sequenciação, inclusão, conservação, reversibilidade; possui um pensamento pré-lógico. Relacionamento social - as atividades em grupo se caracterizam por um brinquedo paralelo, as crianças brincam juntas, mas sem uma interação efetiva, cada uma delas está brincando sozinha. Isso ocorre em função do egocentrismo dessa fase, a criança sente dificuldade de considerar a perspectiva do outro e está centrada em si mesma e em suas atividades. Linguagem - existe uma linguagem socializada com intenção de comunicação, e uma linguagem egocêntrica, aquela que não necessita de um interlocutor, pois não tem a função de comunicação, que entre crianças origina o monológo coletivo – as crianças estão juntas, brincando, conversando, mas não há um diálogo efetivo entre elas. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando as características do estádio pré-operatório. 2) A partir dos conceitos estudados, observe uma criança nessa fase de desenvolvimento e procure identificar os conceitos estudados. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Você foi convidado para uma festa de aniversário de um menino que completará cinco anos, e agora pensa em qual presente seria o mais adequado para explorar uma característica marcante do pensamento nesta idade: o animismo. Qual dos itens a seguir você escolheria, ao entrar numa loja de brinquedos: a) Um jogo de damas. b) Um livro de colorir. c) Um jogo da memória. d) Um boneco. e) Um jogo de quebra-cabeças. A alternativa correta é a (D). O menino aos cinco anos encontra- se no estádio pré-operatório e por apresentar um pensamento animista (atribui vida a seres inanimados, como bonecas, personagens de histórias, etc.) o boneco, dentre os brinquedos citados, é aquele que melhor irá explorar esta característicapelo jogo simbólico típico de uma criança nessa fase. (C) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio operatório concreto e operatório formal. Leitura Obrigatória: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Leitura para Aprofundamento: GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. No estádio operatório concreto (7 a 11 anos), a principal característica é que o pensamento deixa de ser pré-lógico e passa a ser um pensamento operatório, ou seja, a criança tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes pontos de vista de maneira lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. No entanto, embora tenha essa possibilidade de maior expressão do pensamento, para poder utilizá-lo de maneira lógica, é necessário o manuseio e a observação de objetos concretos. O pensamento da criança nesse estádio é lógico e marcado por várias características, descritas a seguir: Pensamento indutivo - a criança parte da experiência, do particular (concreto) para um princípio geral (P - G). As conclusões sobre os fatos dependem de um conjunto de experiências individuais. Pensamento lógico - é expresso pela capacidade de: reversibilidade das operações mentais, conservação de quantidades, inclusão de classes, classificação, seriação, sequenciação, descentração. No concreto, abstratamente não opera. No entanto, falta habilidade para imaginar e organizar possibilidades não visíveis e não vividas; imagina, mas não logicamente. Não consegue selecionar mentalmente cada uma das respostas antes de responder, pois isso seria uma maneira mais sistemática e metódica. Reversibilidade das operações mentais- é a característica que melhor define a inteligência; o pensamento pode seguir a linha de raciocínio de volta ao ponto de partida.Conservação - conceito deque a quantidade de uma matéria permanece a mesma independente das mudanças em sua dimensão. Relacionamento social - há progressos significativos, pois ocorre a diminuição do egocentrismo social e a criança tem a capacidade de perceber pensamentos, sentimentos diferentes dos seus (descentração). Isso permitirá maior interação social tanto com crianças como com os adultos, pois possui maior flexibilidade de pensamento e entenderá melhor as regras grupais, manifestando condutas de cooperação. Linguagem - há um declínio da linguagem egocêntrica até seu total desaparecimento e manifestação da linguagem socializada. No estádio operatório concreto, tanto os esquemas conceituais como as operações mentais são dependentes de objetos e situações que existem concretamente na realidade. Na adolescência, esta limitação deixa de existir e o sujeito é capaz de formar esquemas conceituais abstratos (amor, justiça, saudade) e realizar operações mentais de acordo com uma lógica formal mais sofisticada em termos de conteúdo e flexibilidade de raciocínio. Em outras palavras, no estádio operatório formal (12 a 15 anos), a criança é capaz de discutir sobre valores morais dos pais, construir seus próprios valores, adquirindo autonomia, é capaz de levantar hipóteses e expressar proposições para depois testá- las e refletir sobre seus próprios pensamentos, buscando justificativas lógicas para seus julgamentos. Isso o levará à construção de autonomia e identidade. Dessa forma, temos a passagem da lógica indutiva para a lógica dedutiva. O sujeito tem a capacidade cognitiva de pensar a partir de um princípio geral e chegar à antecipação de uma experiência (G - P). É o raciocínio mais difícil e sofisticado, pois libera o pensamento do concreto e passa a trabalhar com ideias (pura abstração). A partir desse estádio, o pensamento se torna hipotético-dedutivo expresso pela proposição seèentão. O sujeito utiliza esse tipo de raciocínio no cotidiano para pensar os fatos da realidade e resolver situações-problema que geram conflito cognitivo e desadaptação. De acordo com Piaget, o sujeito atingiu sua forma final de equilíbrio e uma capacidade tão complexa de pensamento que permite a construção e compreensão de doutrinas filosóficas e teorias científicas. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando as características dos estádios operatório concreto e operatório formal, observe uma criança em cada uma dessas fases de desenvolvimento e procure identificar os conceitos estudados. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Em determinado período, é possível ao professor, propor ao aluno uma análise das causas de um problema de natureza química, de um tsunami, ou mesmo de uma questão ética. Neste período, o aluno consideraria cada aspecto, um a um, como também os combinando aos pares, ou de três em três, etc., até concluir o que causou o problema. De acordo com sua perspectiva teórica piagetiana, é correto afirmar que o pensamento deste aluno é: a) Sincrético b) Hipotético-dedutivo c) Egocêntrico d) Indutivo e) Finalista A alternativa correta é a (B). O aluno encontra-se no estádio operatório formal (12-15 anos) e apresenta um pensamento hipotético-dedutivo, é capaz de discutir sobre valores morais dos pais, construir seus próprios valores, construindo autonomia cognitiva e moral, é capaz de levantar hipóteses e expressar proposições para depois testá-las e refletir sobre seus próprios pensamentos, buscando justificativas lógicas para seus julgamentos. Por isso, o professor a partir desse momento tem melhores resultados ao propor discussões que envolva o estabelecimento de relações lógicas. As demais alternativas apresentam as características do estádio pré-operatório (2 a 6 anos). 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 4: (A) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Piaget. Leitura Obrigatória: PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. De acordo com Piaget, ao final do estádio sensório motor (dois anos) surge na criança uma capacidade cognitiva de representação – um significado por meio de um significante – e o meio que utiliza para isso pode ser a linguagem, o jogo simbólico, a imitação, a imagem mental e o desenho. Sendo assim, o desenho em uma perspectiva piagetiana não é apenas um ato criativo e espontâneo da criança, mas sim uma função de pensamento, simbólica e semiótica, que possibilita a representação da realidade. Assim sendo, o desenho é uma das manifestações da função simbólica ou semiótica que surge na criança por volta dos dois anos (estádio pré-operatório) possibilitando a representação intencional da realidade por meio do grafismo. Piaget considera o desenho uma forma de representação do pensamento e embora não tenha estudado o desenvolvimento do grafismo infantil, refere-se em seus textos aos célebres estudos de Georges-Henri Luquet (1876-1965),que foi o primeiro a tabular em etapas evolutivas. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento do grafismo infantil. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre os estudos já realizados do desenho infantil. Compare com a perspectiva piagetiana de análise. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Considerando os estudos sobre o desenho infantil, leia o fragmento a seguir e responda a questão: “Se toda criança desenha, a maioria destas crianças quando cresce diz: “Eu não sei desenhar...” e também não cria mais histórias, endurece seu corpo e não canta mais. (...) Não vejo como natural do desenvolvimento a atrofia de uma linguagem tão viva como é o desenho para a criança”. (MOREIRA, A. A. A. M. O espaço do desenho: a educação do educador. São Paulo: Loyola, 1995, p. 51). Assinale a alternativa correta: a) A autora afirma que o desenvolvimento do desenho está associado ao desenvolvimento motor. b) A autora afirma que a maioria das crianças tem problemas de aprendizagem. c) A autora afirma que a criança está no estádio pré-operatório. d) A autora afirma que os desenhos ficam esquecidos à medida que a criança cresce. e) A autora afirma que as crianças pequenas não se sentem seguras para desenhar. A alternativa correta é a (D). A autora afirma que os desenhos ficam esquecidos à medida que a criança cresce, havendo uma perda na espontaneidade para desenhar e para utilizar o desenho como forma de representação do pensamento. O desenho é um recurso amplamente utilizado pela criança na 1ª e 2ª infância, mas pela excessiva valorização da escola e dos pais, pela representação por meio da escrita (alfabetização), há um empobrecimento na utilização dessa função simbólica. No próximo tópico vamos estudar isso. (B) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Luquet. Leitura Obrigatória: PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Luquet inicia seus estudos observando de maneira sistemática os desenhos de seus filhos, Simonee Jean Luquet. Percebe o desenhar como um ato de representação da realidade, uma imitação do real através da representação e, nesse sentido, afirma que o desenho é realista na intenção. Portanto, o “realismo” do desenho é uma concepção chave em sua teoria. Compreende o desenvolvimento do grafismo infantil em quatro importantes etapas, demonstrando que o desenho sofre mudanças e destacando um realismo que se desenvolve na medida em que a criança vai avançando em idade. Concluindo, para Luquet a característica fundamental do desenho infantil é ser realista, a criança quando desenha expressa uma intenção de representar a realidade tal qual ela se apresenta. Nesse sentido, o desenho infantil é uma imitação do real por meio de uma representação e por isso é realista na intenção. Essa característica realista apontada por Luquet sofre modificações ao longo do desenvolvimento infantil. Gradativamente o desenho vai evoluindo em etapas e em cada uma delas há um tipo de realismo. Em outras palavras, o realismo do desenho infantil ocorre em diferentes fases: Realismo Fortuito (2 a 3 anos) è analogia entre o traço e o objeto, dando nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente. REALISMO Mal Sucedido (3 a 4 anos) è a criança aprende a representar, mas com fracassos e sucessos. Ocorre o início da representação da figura humana - badamecogirino (braços e pernas saem da cabeça) e badameco (braços e pernas saem do corpo). REALISMO Intelectual (4 a 8 anos) è a criança desenha o que sabe e não o que vê. Utiliza três técnicas em seus desenhos: transparência, plano deitado, rebatimento. REALISMO Visual è (9 a 12 anos) è a criança desenha o que vê e não mais o que sabe. Para Luquet, há uma submissão da criança às leis da realidade, com perda da espontaneidade ao desenhar, diminuindo a produção artística (figuração adequada do real). Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento do grafismo infantil. 2) Peça para crianças de diferentes idades fazerem um desenho livre e analise segundo os indicadores estudados. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: A professora Marcia Teresa reúne seus alunos e entrega a cada um deles uma folha de sulfite, um estojo com giz de cera e propõe que todos desenhem o passeio que fizeram ao Zoológico no dia anterior. Débora (2 anos e 2 meses), recebe o material e inicia seu desenho, fazendo vários rabiscos por toda a folha sem uma forma; ao terminá-lo chama pela profa e diz sorrindo “A casinha da mamãe”. Levanta-se satisfeita e vai guardar seu desenho na pasta. O desenho desta criança é um exemplo das produções da fase do: a) Rabiscos sem importância, pois a criança ainda é incapaz de representar pelo grafismo nessa idade. b) Realismo intelectual, uma vez que há riscos justapostos por toda folha. c) Realismo fortuito, pois parece descobrir por acaso uma analogia formal entre seu traçado e o objeto representado, tendo dado nome a elementos do desenho depois de concluí-lo. d) Realismo fortuito pela indicação da representação dos badamecos girinos. e) Realismo visual apresenta uma cena de acordo com sua aparência visual, respeitando as proporções. A alternativa correta é a (C). O desenho em forma de rabiscos representa as características do realismo fortuito segundo os estudos de Luquet, a criança faz uma analogia entre o traço e o objeto, dando nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente. A criança não desenha formas, apenas rabiscos indicando a primeira maneira que utiliza para representar no papel a realidade. (C) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Lowenfeld. Leitura Obrigatória: PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Viktor Lowenfeld (1903-1960) também realizou vários estudos sobre o grafismo infantil e, entre as publicações a respeito, destacam-se no Brasil duas obras: A criança e sua arte (1954/1976) e Desenvolvimento da Capacidade Criadora(1947/1977) em coautoria com W. Lambert Brittain. Os resultados de suas pesquisas revelaram que há uma transformação no grafismo infantil que inicia na infância e vai até a adolescência, percorrendo sucessivas fases de desenvolvimento. São elas: Garatujas (2 aos 4 anos); Pré- Esquemática (4 aos 7 anos); Esquemática (7 aos 9 anos); Realismo (9 aos 12 anos). Garatujas (2-4 anos) è São quatro tipos: desordenadas (rabiscos que não respeitam o limite do papel, saem da folha, a criança risca a base onde está a folha); controladas (os riscos não saem mais da folha, a criança respeita os limites do papel); nomeadas (a criança começa a tirar o lápis do papel dando nome aos riscos que faz na folha); diagramadas (traços e linhas se interligam formando uma espécie de mosaico ou mandala). Pré-esquemática (4-7 anos) è início da representação da figura humana; há justaposição dos elementos desenhados sem a presença da linha de chão. Esquemática (7-9 anos) è aparecimento da linha de base possibilitando maior coordenação no desenho: objetos do chão e objetos no céu; há exageros e omissões, e a utilização de plano deitado e dos raios-X. Realismo (9-12 anos) è preocupação com a perspectiva, profundidade, sobreposição, detalhes e pormenores, desenhos satíricos; a criança desenha por opção e muitas vezes não desenha mais pela perda da espontaneidade. Atividades recomendadas: 1) Faça uma pesquisa por meios tradicionais ou eletrônicos para obter mais informações sobre o estudo de Lowenfeld em relação às fases do desenho infantil. 2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Uma criança recebe uma folha e faz um lindo desenho de um jardim: na linha de chão desenha a casinha, as árvores e uma figura humana; no céu desenha nuvens, pássaros e um sol. Em relação ao desenvolvimento do grafismo proposto por Lowenfeld podemos afirmar que: I. Ocorre analogia entre o traço e o objeto, dando nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente. II. Ocorre o início da representação da figura humana com o desenho do badamecogirino III. A criança desenha o que sabe e não o que vê, há o aparecimento da linha de base possibilitando maior coordenação no desenho. Assinale a alternativa correta: a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (C). As afirmações I e II apresentam definições do realismo fortuito e realismo mal sucedido, respectivamente, que não pertencem ao desenho. Apenas III apresenta definições que correspondem à fase do realismo intelectual correspondente aos indicadores do desenho – a criança desenha o que sabe e não o que vê, há o aparecimento da linha de base possibilitando maior coordenação no desenho. 3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais. Módulo 5: (A) Avaliação da inteligência segundo a abordagem psicométrica Leitura Obrigatória: GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Com a finalidade de descrever as habilidades intelectuais do indivíduo, compreender como o sujeito pensa e constrói o conhecimento, Piaget utilizou como métodode investigação o método clínico. O objetivo do método clínico piagetiano é compreender como o sujeito pensa e a forma como resolve situações-problema, de que maneira responde às questões elaboradas. O enfoque está em compreender como e quando o sujeito utiliza determinado conhecimento e no processo que o leva a dar uma determinada resposta. Portanto, a resposta “errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em determinado momento de seu desenvolvimento e isso deve estar bem claro para o adulto. Dessa forma, o método clínico de Piaget tem como pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de uma abordagem psicogenética (avaliação dos processos de desenvolvimento da inteligência), que difere da maneira mais tradicional utilizada em psicologia, à abordagem psicométrica (avaliação ou quantificação das respostas corretas dadas pelo sujeito ao exame). A seguir, apresentamos as principais diferenças entre as duas abordagens: Abordagem psicométrica – o primeiro teste de inteligência em uma perspectiva psicométrica, foi elaborado em 1905, pelos psicólogos franceses Theodore Simon (1872-1961) e Alfred Binet (1857-1911). Alfred Binet nasceu em 8 de julho de 1857 (Nice) e faleceu em 28 de outubro de 1911 em Paris. Psicólogo e pedagogo renomado pelos estudos da inteligência pela psicometria, foi o primeiro a elaborar testes psicométricos para avaliação o quociente intelectual (QI). Este teste, de caráter verbal e elaborado em grau crescente de dificuldade, visava obter o Quociente Intelectual (QI). Ao longo dos anos surgiram outros testes na tentativa de aperfeiçoar os critérios de medição da inteligência. Em 1939, David Wechsler (1896-1981) psicólogo americano, desenvolveu um dos mais importantes testes para avaliação clínica de capacidade intelectual: a Escala de Inteligência para Crianças (WISC) e a Escala de Inteligência para Adultos (WAIS). O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das habilidades mentais. A aplicação dos testes é feita por meio do controle de variáveis ambientais, rapport com o examinador, controle por meio de um manual com: perguntas específicas a serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito e controle do tempo (cronômetro). Para que não haja interferência no desempenho do sujeito é necessário, portanto, a padronização do material e o controle do ambiente. Abordagem psicogenética – o objetivo é investigar a forma como o sujeito pensa e resolve determinadas situações que lhe são apresentadas. O controle está no entendimento das respostas e instruções (controle psicológico), ao invés da padronização das mesmas e das situações externas (controle fisicalista). O investigador, nessa perspectiva, está interessado em compreender o processo que leva um sujeito a esta ou àquela resposta. Para isso deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá nortear as perguntas que irá fazer durante a aplicação das provas bem como a maneira como irá avaliar as respostas dadas pela criança. Assim, todas as respostas dadas pelo sujeito são interpretadas com a finalidade de entender o processo que as gerou e as diferenças individuais não são avaliadas como indicadores de inteligência - como na abordagem psicométrica - e sim como indicadores do estádio do desenvolvimento cognitivo em que o sujeito se encontra. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para aprofundar os estudos sobre as diferenças dos métodos de avaliação da inteligência na abordagem psicométrica e na abordagem psicogenética. 2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre os estudos já realizados sobre a avaliação da inteligência na psicologia. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Vamos supor que você é um psicólogo e trabalha em uma escola de educação infantil e ensino fundamental. Há poucos dias, uma professora lhe procura com a queixa de que alguns alunos estão com dificuldade na área da alfabetização. A fim de conhecer essas crianças e os seus respectivos desempenhos, você decide aplicar algumas provas operatórias de Piaget. A professora não conhece essa proposta de avaliação e pede para você explicar os princípios das mesmas. Com relação ao método de investigação proposto por Piaget, você responderia à professora que o Método Clínico consiste em: (assinale a alternativa correta) a) Um estudo detalhado e sistemático da personalidade da criança, analisando as etapas de desenvolvimento infantil: período sensório-motor, pré-operatório e operatório. b) Um estudo da lógica infantil, com objetivo da divisão do desenvolvimento em etapas, a saber: pré-operatória, operatória concreta e formal. c)) Estudo detalhado e sistemático da percepção e da lógica infantil com especial destaque ao processo de equilibração. d) Conjunto de provas e testes de mensuração da inteligência infantil, com objetivo de classificar as crianças em diferentes grupos: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. e) Conjunto de provas classificatórias e operatórias de avaliação de desempenho da criança para atender às demandas educacionais. A alternativa correta é a (C). O método clínico de Piaget não consiste em um conjunto de provas e testes de mensuração da inteligência infantil ou um estudo detalhado e sistemático da personalidade da criança e sim em um estudo detalhado e sistemático da percepção e da lógica infantil com especial destaque ao processo de equilibração. (B) A avaliação da inteligência segundo a abordagem psicogenética. Leitura Obrigatória: GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. Para aplicar o método clínico, Piaget utilizou entrevistas puramente verbais e também apresentou situações-problema com materiais concretos, a fim de possibilitar ao sujeito a antecipação e a explicação, após determinada demonstração. A isso Piaget denominou provas operatórias. Piaget salienta que somente após um ano de exercícios diários de estudo e aplicação das provas operatórias, fundamentados em uma base teórica sólida, é que irá permitir ao psicólogo a utilização do método clínico de maneira a propiciar uma compreensão sobre o pensamento do sujeito. Nas palavras de Piaget (1926:11): O bom experimentador deve, efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: saber observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada e, ao mesmo tempo, saber buscar algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar. É preciso ter-se ensinado o método clínico para compreender a verdadeira dificuldade. Ou os alunos que se iniciam sugerem à criança tudo aquilo que desejam descobrir, ou não sugerem nada, pois não buscam nada e, portanto, também não encontram nada. De acordo com Terezinha Nunes Carraher, quatro procedimentos devem ser levados em consideração pelo psicólogo durante a aplicação do método clínico: - Acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas respostas de acordo com seu próprio raciocínio, não concluir pelo sujeito. - Buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o interesse principal do estudo da inteligência na teoria de Piaget está em compreender o processo pelo qual o sujeito chegou àquela resposta, as relações estabelecidas entre os fatos e a compreensão se a resposta foi dada com convicção ou ao acaso. - Verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se a resposta está inserida em um sistema dedutivo o sujeitoresponde com convicção, se a resposta é dada na ausência deste sistema, o sujeito a modifica toda vez que o examinador faz questionamentos. - Evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe ao psicólogo escolher qual dos possíveis significados foi aquele pretendido pelo sujeito. Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico piagetiano são os critérios de avaliação das respostas dadas pelo sujeito. Diferentemente da abordagem psicométrica, a avaliação das respostas não se faz pela contagem de acertos e erros, mas sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo sujeito para chegar àquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir da qual o sujeito responde. Nesse sentido, o erro é tão importante, ou mais, que o acerto, uma vez que indica, para nós, o processo de pensamento ou raciocínio do sujeito durante o processo de construção de conhecimento. O erro no construtivismo é possível e necessário, pois faz parte de um processo interno, de uma autoregulação - para aprender o sujeito precisa compreender e internalizar os fatos por oposição a simples cópia e repetição de modelos externos. Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas dadas pelas crianças durante o método clínico: Nível I - corresponde aquele em que a criança não resolve o problema, nem sequer o entende, ou então, responde erroneamente, mas com convicção. Nível II - corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que a criança oscila em suas respostas, apresentando flutuações. Percebe o erro somente depois de ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica. Nível III - corresponde aquele em que a criança apresenta uma solução suficiente à questão e a compreensão do problema como é colocado. Os erros podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados. A questão fundamental que se coloca do ponto de vista psicológico e pedagógico é como podemos criar situações- problema que possibilitem ao sujeito transformar o erro em um observável para si mesmo, a ponto de que possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira autônoma. Atividades recomendadas: 1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para aprofundar os estudos sobre as diferenças dos métodos de avaliação da inteligência na abordagem psicométrica e na abordagem psicogenética. 2) Elabore situações-problema que possibilitem ao sujeito transformar o erro em um observável para si mesmo, a ponto de que possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira autônoma. Leve para sala de aula como sugestão a ser discutida com seu professor e colegas. 3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: Maria Helena está aprendendo a jogar cartas com seu irmão mais velho. Pedro lhe explique as regras do jogo, Maria Helena no momento parece compreender, mas durante as jogadas comete os mesmos erros e nem se apercebe disso, deixando seu irmão furioso. Ela diz: “O que eu fiz de errado?”. Estabelecendo relação com os níveis de erro observados por Piaget para avaliar as respostas de crianças durante o método clínico, podemos afirmar que Maria Helena apresenta: I. Erro tipo I, não resolve o problema, nem sequer o entende, ou então, responde erroneamente, mas com convicção. II. Erro do tipo II, percebe o erro somente depois de ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica. III. Erro tipo III, apresenta uma solução suficiente à questão e a compreensão do problema como é colocado. Os erros podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados. Assinale a alternativa correta: a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. A alternativa correta é a (A). Maria Helena apresenta erro tipo I, em que não resolve o problema e nem sequer percebe que errou. (C) O Método Clínico de Piaget Leitura Obrigatória: GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Leitura para Aprofundamento: PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de entrevista com crianças, em que por meio de um conjunto de intervenções sistemáticas, se faz uma investigação sobre o pensamento do sujeito. As perguntas abordam conceitos da física, matemática, moral, natureza e vários outros temas que compõe o conhecimento geral. Durante a entrevista o psicólogo elabora perguntas e contra argumentações a partir das respostas dadas pela criança e avalia sua qualidade e abrangência. Dessa forma, há três tipos de perguntas características no método clínico-crítico: Perguntas de exploração è o objetivo é fazer aflorar a noção cuja existência e estruturação se quer comprovar. Perguntas de justificação è que centram o sujeito sobre as razões do estado atual do objeto e nas explicações concernentes a sua produção e a legitimação de seu ponto de vista. Perguntas de contra argumentação è o objetivo é estabelecer se as aquisições da criança são ou não estáveis e qual o grau de equilíbrio de suas ações ante os problemas bem como apreender sua atividade lógica profunda. Em relação ao experimentador, é esperado que apresente duas qualidades: Saiba observar, permita que a criança fale e não desvie ou esgote nada. Saiba buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para investigar. A entrevista inicia à medida que o experimentador propõe uma tarefa à qual a criança apresentará uma resposta. Não há resposta certa ou errada, a intenção do psicólogo é avaliar o nível de pensamento da criança e sua atitude durante a aplicação, deve ser flexível, possibilitando uma interação espontânea com a criança. Nesse sentido o rapport é muito importante para deixá-la à vontade durante as atividades. Assim que a criança dá uma resposta, o experimentador faz outras perguntas, colocando uma variação no problema, ou seja, criando uma nova situação-problema. Para isso, utiliza sua experiência e o referencial teórico piagetiano. Sendo assim, as perguntas (exploração, justificação, contra argumentação) tem como objetivo esclarecer o que está implícito na resposta da criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura cognitiva (a maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do desenvolvimento está incluído). Portanto, no método clínico piagetiano, não há como criar uma padronização das perguntas a serem feitas, pois o objetivo e seguir o pensamento da criança para onde quer que ele se dirija. Somente o conhecimento aprofundado da teoria é que permitirá ao psicólogo a utilização desta técnica de entrevista para avaliação e compreensão da inteligência. Nas palavras de Piaget, (1926/2005, p.11): Acima de tudo, sou da opinião de que na psicologia infantil e na psicopatologia é necessário pelo menos um ano de prática diária, para que se ultrapasse o período de hesitação do principiante. É tão difícil, especialmente para um pedagogo, não falar demais quando entrevista uma criança! È tão difícil não sugerir! E acima de tudo é tão difícil encontrar o equilíbrio entre a sistematização decorrente de ideias preconcebidas e a incoerência decorrente da ausência de qualquer hipótese diretiva! O bom experimentador deve, na realidade, unir duas qualidades frequentemente incompatíveis; precisa saber observar,
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