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Psicologia Construtivista (3º Semestre Psicologia) - Conteúdo Online

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PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA 
[presencial] J815 
Módulo 1
(A) Piaget: vida e obra.
 
Leitura Obrigatória: 
R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o 
Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981.
Leitura para Aprofundamento: 
KESSELRING, Thomas (1993). Jean Piaget. 3a Ed. 
Petrópolis: EDUCS, 2008.
 
Piaget viveu muitos anos, pode escrever sua obra até 
1955 e reescrevê-la até 1980, período de sua morte. 
Nesse sentido, escreveu sua autobiografia que, a seguir, é 
apresentada com os principais fatos que marcaram a 
construção de sua obra.
 
1896 – Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 9 de 
agosto de 1896.
1906 – Piaget foi um menino prodígio. Por volta dos 10 
anos de idade, interessou-se por história natural, por meio 
da observação de um pardal albino; publicou seu primeiro 
trabalho e foi convidado a trabalhar gratuitamente no 
Museu de História Natural. Esse breve estudo - a 
malacologia - é considerado o início de sua brilhante 
carreira científica.
1915 – Piaget formou-se na Universidade de Neuchâtel 
em biologia e filosofia. 
1918 – Recebeu na Universidade de Neuchâtel seu 
Doutorado em biologia aos 22 anos de idade, com uma 
tese sobre os moluscos de Valois – romance filosófico 
reunindo, religião, filosofia e biologia.
1919 – É considerado um marco na vida de Piaget. Após 
formar-se, Piaget foi para Zurique, onde trabalhou como 
psicólogo experimental. Lá estudou psicologia e 
psicanálise, participou de conferências realizadas pelo 
psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) e trabalhou 
como psiquiatra nas clínicas de Lipps, Wurschner e 
Bleuler. Essas experiências influenciaram seu trabalho, 
passou a combinar a psicologia experimental – que é um 
estudo formal e sistemático – com métodos informais de 
psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes.
1921 – Piaget voltou para a Suíça e tornou-se diretor no 
Instituto Jean-Jacques Rousseau da Universidade de 
Genebra. É nesse período que inicia o maior trabalho de 
sua vida - observar crianças e registrar meticulosamente 
suas palavras, ações e processos de raciocínio, dando o 
fundamento para a construção de sua teoria. Publica 
artigos no Archives de Psychologie. Nessa mesma época, 
mudou-se para a França e desenvolveu trabalhos no 
Laboratório de Alfred Binet (1857-1911), em Paris, 
investigando o desenvolvimento intelectual da criança a 
partir de testes psicométricos. Piaget observou que 
crianças francesas da mesma idade cometiam os mesmos 
erros e concluiu que o pensamento lógico se desenvolve 
gradualmente. É este trabalho que o motivou a realizar 
pesquisas na área da psicologia do desenvolvimento.
1923 – Piaget casou-se em 1923 com sua assistente 
Valentine Châtenay com quem teve três filhos: Jacqueline 
(1925), Lucienne (1927) e Laurent (1931). Uma parte da 
teoria piagetiana teve por base as observações de Piaget 
e de sua esposa a respeito do desenvolvimento cognitivo 
de seus filhos durante a primeira infância. Escreve vários 
trabalhos sobre as primeiras fases do desenvolvimento, 
prossegue com suas pesquisas e publicações além de 
lecionar em diversas universidades europeias.
1936 – Recebeu o título de Doutor Honoris Causa na 
Universidade de Harvard (EUA).
1945 – Recebeu a indicação para suceder Maurice 
Merleau Ponty (1908-1961) como professor de filosofia na 
Universidade de Sorbonne (Paris). Registros revelam que 
ele foi o único suíço a ser convidado a lecionar na 
Universidade de Sorbonne, onde permaneceu de 1952 a 
1963.
1955 – Fundou e dirigiu o Centro Internacional de 
Epistemologia Genética em Genebra (Suíça), a partir 
dessa data até a sua morte, realizou inúmeras pesquisas e 
recebeu especialistas do mundo inteiro que passaram a 
integrar a comunidade científica da instituição.
1980 – Morreu em Genebra, Suíça, aos 84 anos, em 17 de 
setembro de 1980. 
 
Ao longo de sua brilhante carreira, Piaget escreveu mais 
de 90 livros e centenas de trabalhos científicos. Durante 
sua vida dedicou-se ao estudo da inteligência, buscou 
explicar de que maneira o sujeito chega a uma inteligência 
adulta, lógica e abstrata. Para isso, inicialmente, procurou 
explicações na Biologia e na Filosofia e, posteriormente, 
na Ps i co l og ia , em espec ia l a ps i co l og ia do 
desenvolvimento.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Levante informações por meios tradicionais ou 
eletrônicos sobre a vida de Jean Piaget e reflita de que 
maneira o contexto sócio histórico influenciou em sua 
concepção de inteligência.
 
2) Assista ao DVD “Jean Piaget” - Coleção Grandes 
Educadores (2006).
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Poucos autores tiveram o privilégio de redigir sua 
autobiografia. Piaget, neste documento, relata sua 
primeira publicação, seus primeiros trabalhos e sua 
trajetória pessoal e teórica. Tal documento serviu de 
inspiração para outros autores escreverem sobre a sua 
vida e, dessa forma, compreenderem sua obra. De acordo 
com isso, em relação à vida e obra piagetiana, podemos 
afirmar que:
I. Sua primeira publicação ocorreu quando estudava na 
Universidade de Sorbonne (Paris) e fez uma observação 
sobre moluscos.
II. Escreveu um artigo de uma página para um Jornal de 
História Natural de sua cidade sobre as observações que 
fez de um pássaro albino.
III. Formou-se na Universidade de Neuchâtel em biologia e 
filosofia.
IV. Os estudos sobre moluscos acabaram sendo 
colocados de lado e não tiveram importância em seus 
estudos posteriores.
V. Em 1955 fundou e dirigiu o Centro Internacional de 
Epistemologia Genética em Genebra (Suíça).
Com relação às afirmações acima, assinale a alternativa 
correta.
a) Apenas I e II estão corretas
b) Apenas I, III e V estão corretas
c) Apenas II, III e V estão corretas
d) Apenas II e IV estão corretas
e) Apenas IV e V estão corretas
 
A alternativa correta é a (C). A primeira publicação de 
Piaget foi para um Jornal de História Natural de sua cidade 
quando tinha apenas 10 anos onde relata as observações 
que fez sobre um pássaro albino, indicando seu interesse 
precoce sobre a forma do conhecimento nos animais que 
depois servirá de base para a investigação da origem do 
conhecimento no homem. Com apenas 19 anos formou-se 
na Universidade de Neuchâtel em biologia e filosofia, 
dirigindo-se a partir desta data aos estudos de Psicologia. 
Em 1955, Piaget é um teórico reconhecido mundialmente 
por seus estudos e será nesta ocasião que irá fundar e 
dirigir o Centro Internacional de Epistemologia Genética 
em Genebra (Suíça), reunindo pesquisadores de todas as 
áreas e partes do mundo para o estudo sobre o 
conhecimento.
 
A afirmação I é falsa. Piaget não estudou na Universidade 
de Sorbone e sim foi o único suíço a ser convidado para 
lecionar nesta Universidade, onde permaneceu de 1952 a 
1963. Os estudos sobre moluscos não foram colocados de 
lado e tiveram muita importância em seus estudos 
posteriores.
 
 
(B) Perspectivas epistemológicas sobre inteligência 
 
Leitura Obrigatória: 
MACEDO, Lino de. A Questão da Inteligência: todos 
podem aprender? In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; SOUZA, 
Denise Trento R. Souza; REGO, Teresa Cristina (org.). 
Psicologia, educação e as temáticas da vida 
contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002 (p.117-134). 
F o r m a t o d o a r q u i v o : P D F / A d o b e 
Acrobathomologa.ambiente.sp.gov.br/EA/adm/admarqs/
LinoMacedo.pdf

 
Leitura para Aprofundamento: 

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos 
epistemológicos. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, 
18(1): 43-52, jan./jun. 1993. Formato do arquivo: PDF/
A d o b e A c r o b a t . l i v r o s d a m a r a . p b w o r k s . c o m / f /
Educacao_e_Realidade-1 
Vamos iniciar este tópico com as seguintes perguntas: 
Como o homem chega ao conhecimento? O conhecimento 
é inato ou adquirido? Como uma criança nasce com 
poucos recursosde sobrevivência e torna-se um adulto 
com plena autonomia cognitiva? 
Para responder a estas questões precisamos recorrer às 
dimensões epistemológicas que ao longo da história 
investigaram a origem do conhecimento no homem. Sendo 
assim, vamos estudar a inteligência segundo três 
perspectivas epistemológicas: inatismo, empirismo, 
interacionismo. O objetivo é compreender formas 
diferentes de interpretação sobre a origem da inteligência 
no homem e reconhecer aquela em que Piaget orienta e 
respalda seus estudos. 
Mas o que é epistemologia? É a parte da Filosofia que 
estuda o conhecimento. Os epistemólogos, desde a 
Grécia Antiga até os tempos atuais, buscam responder a 
segu in te ques tão : Como o homem chega ao 
conhecimento? Diferentes correntes epistemológicas 
buscaram responder a esta pergunta ao longo do tempo e 
orientaram a compreensão sobre o conceito de 
inteligência bem como a construção de teorias 
psicológicas. 
Em uma visão inatista o homem nasce com a inteligência 
pré-determinada em sua herança genética que é expressa 
como revelação de suas capacidades. Há um 
determinismo biológico que define a priori a capacidade 
intelectual do individuo, ficando o contexto sociocultural 
refém destes conteúdos inatos. A tarefa dos psicólogos é 
medir o quociente intelectual e predizer quais são as 
possibilidades de aprendizagem do sujeito, até onde pode 
ir, o quanto poderá (ou não) aprender. 
Nesse sentido, a concepção inatista compreende a 
inteligência como um dom e valoriza a sua mensuração ou 
avaliação quantitativa, portanto, diagnóstica - a ênfase 
está em antecipar o que poderá ser desenvolvido (ou não) 
no sujeito e definir a intervenção que melhor se ajusta as 
limitações diagnosticadas como endógenas (internas) ao 
s u j e i t o . D e a c o r d o c o m B e c k e r ( 1 9 9 3 ) 
epistemologicamente esta relação pode ser assim 
representada: S → O. 
A epistemologia inatista é, portanto, apriorista, uma vez 
que afirma que a bagagem genética é condição para 
explicar a inteligência do sujeito. Acredita que o sujeito 
nasce com o conhecimento já programado em sua 
herança genética e a interferência do mundo físico social é 
reduzida ou nula como possibilidade de levar o sujeito ao 
conhecimento - tudo depende somente dele ou do que 
possui enquanto potencial herdado. 
Em uma visão empirista a inteligência é resultado das 
experiências, por isso valorizam-se programas ou 
instruções que irão levar o sujeito ao desenvolvimento da 
inteligência, a criar hábitos, rotinas e procedimentos 
favoráveis à aprendizagem. O papel do meio social e 
ambiente em que o sujeito está inserido é fundamental 
nesse sentido, pois serão as pessoas que irão escolher, 
criar, definir o que deve ser feito. De acordo com Becker 
(1993) epistemologicamente esta relação pode ser assim 
representada: S ← O. 
De acordo com Macedo (2002), na visão empirista, a 
tarefa do adulto é criar contingências ou circunstancias 
que sejam favoráveis ao desenvolvimento da inteligência 
do sujeito, evitando as que sejam prejudiciais. Da mesma 
forma, deve corrigir ou confirmar os comportamentos 
emitidos, garantindo a modelagem adequada dos 
aspectos valorizados socialmente ou necessários à 
realização de uma tarefa ou objetivo. A avaliação é feita 
pela soma de aprendizagens acumulativas proporcionadas 
pela experiência e quanto maior a soma, maior é 
considerada a inteligência do sujeito. 
Atividades recomendadas: 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
observando os argumentos utilizados pelos autores ao 
definirem a origem do conhecimento na perspectiva 
epistemológica inatista e empirista. 
2) Levante informações por meios tradicionais ou 
eletrônicos sobre os casos de crianças que se perderam 
muito jovens de suas famílias e viveram na floresta sem o 
contato com os humanos na companhia de animais. 
Analise a origem do conhecimento dessas crianças a partir 
das concepções epistemológicas estudadas. 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 
A teoria piagetiana do desenvolvimento cognitivo 
empreende críticas a modelos explicativos sobre a origem 
do conhecimento. Observe a seguir o relato dos 
professores e verifique qual concepção epistemológica 
está orientando cada um dos discursos: 
I – “Acho que os alunos aprendem e conhecem através da 
estimulação que se dá para eles diariamente. É assim que 
eles conseguem dominar os conceitos. Se não há 
estimulação, incentivo e organização das atividades de 
aprendizagem os alunos não conseguem saber nada. 
Então, o mais importante é o professor e os recursos 
materiais que se utiliza”. 
II – “Anastácia sempre teve dificuldade em aprender os 
conteúdos em sala de aula. Acredito que aqueles que não 
sabem não vão saber mesmo, então pouco posso fazer 
por Anastácia e por outros em situação semelhante”. 
a) I – Empirismo e II – Construtivismo 
b) I – Interacionismo e II – Inatismo 
c) I – Empirismo e II – Inatismo 
d) I – Construtivismo e II – Ambientalismo 
e) I – Ambientalismo e II – Interacionismo 
A alternativa correta é a (C). O discurso do primeiro 
professor está orientado para uma concepção empirista do 
conhecimento, a inteligência é resultado das experiências, 
por isso valorizam-se o professor, os materiais, os 
programas ou instruções que irão levar o sujeito ao 
desenvolvimento da inteligência, a criar hábitos, rotinas e 
procedimentos favoráveis à aprendizagem. O discurso do 
segundo professor está orientado em uma visão inatista 
do conhecimento, em que a inteligência está pré-
determinada pela herança genética e a interferência do 
mundo físico social é reduzida ou nula como possibilidade 
de levar o sujeito ao conhecimento - tudo depende 
somente dele ou do que possui enquanto potencial 
herdado. 
 
(C) Noção de inteligência na teoria de Jean Piaget. 
 Leitura Obrigatória: 
MACEDO, Lino de. A Questão da Inteligência: todos 
podem aprender? In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; SOUZA, 
Denise Trento R. Souza; REGO, Teresa Cristina (org.). 
Psicologia, educação e as temáticas da vida 
contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002 (p.117-134). 
Formato do arquivo: PDF/Adobe Acrobat 
homologa.ambiente .sp.gov.br /EA/adm/admarqs/
LinoMacedo.pdf 


Leitura para Aprofundamento: 

BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos 
epistemológicos. In: Educação e Realidade, Porto Alegre, 
18(1): 43-52, jan./jun. 1993. Formato do arquivo: PDF/
A d o b e A c r o b a t . l i v r o s d a m a r a . p b w o r k s . c o m / f /
Educacao_e_Realidade- 
De acordo com Macedo (2002), a visão construtivista ou 
interacionista sobre a inteligência na teoria de Piaget, é de 
que ser inteligente é ter a possibilidade de relacionar-se 
consigo mesmo e com o mundo de modo interdependente 
e reversível. Ou seja, uma relação em que os elementos 
interagem em um contexto sistêmico, sendo partes e todo 
ao mesmo tempo. 
Ser inteligente em uma perspectiva construtivista é saber 
coordenar ações (físicas, motoras, afetivas, cognitivas) em 
direção à resolução de um problema ou situação. Sendo 
assim, a inteligência expressa como o sujeito pode 
compreender e realizar tarefas segundo os diferentes 
estádios do desenvolvimento. 
Construtivismo significa que a inteligência não está pronta 
ou acabada, que o conhecimento não é dado como algo 
terminado. Nessa perspectiva, o conhecimento não 
depende unicamente das relações sociais ou da bagagem 
genética hereditária. O conhecimento é resultado da 
interação do sujeito com o objeto (meio físico, social, com 
os símbolos, signos pertencentes ao contexto sócio 
histórico em que está inserido o sujeito) que possibilitará a 
construção do conhecimento e desenvolvimento das 
estruturas de inteligência. Portanto, o conhecimento é 
resultado da dialética da interação sujeito-objeto. Deacordo com Becker (1993) epistemologicamente esta 
relação pode ser assim representada: S ↔ O. 
Dessa forma, na visão de Piaget, as crianças são as 
própr ias construtoras at ivas do conhecimento, 
constantemente criando e testando suas hipóteses sobre o 
mundo. Sua teoria pressupõe a evolução progressiva do 
conhecimento por meio de estruturas de raciocínio que se 
integram umas às outras através de estádios de 
desenvolvimento. Isto significa que a lógica e as formas de 
pensar de uma criança são completamente diferentes da 
lógica e do pensamento dos adultos, recomendando que 
seja adota uma abordagem educacional diferente ao se 
lidar com crianças. Nesse sentido, forneceu uma 
percepção sobre as crianças que serviu como base para 
muitas linhas educacionais, mas devemos ressaltar que os 
estudos de Jean Piaget não tinham um comprometimento 
direto com a educação e nem este autor lançou uma teoria 
pedagógica aplicável à educação escolar. 
Atividades recomendadas: 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para o conceito 
de conhecimento e inteligência apresentada pelos autores. 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício: 
Jean Piaget, insatisfeito com as correntes epistemológicas 
que explicavam a origem do pensamento e embasavam as 
teorias psicológicas em sua época – o inatismo e o 
empirismo - recorreu à concepção interacionista do 
conhecimento para embasar a sua obra. 
Sobre isto, pode-se afirmar que: 
a) Piaget considera que a razão é mais poderosa do que a 
experiência sensorial porque ela permite a capacidade de 
saber com certeza verdades que a observação sensorial 
nunca poderia avaliar. 
b) Piaget considera a experiência sensorial a principal 
fon te de cons t rução das bases humanas de 
desenvolvimento. 
c) Piaget, na verdade, não chegou a formular uma 
proposta nova de concepção de homem, mas manteve-se 
fiel ao inatismo. 
d) Piaget concordava com o empirismo, pois entendia que 
a criança já nascia com toda a potencialidade estrutural 
para seu desenvolvimento. 
e) Piaget considerava que o conhecimento resultava da 
interação entre o sujeito e o ambiente, sem prevalência de 
um sobre o outro. 
Se você compreendeu adequadamente, assinalou a 
alternativa (E). Piaget considerava que o conhecimento 
resultava da interação entre o sujeito e o ambiente, sem 
prevalência de um sobre o outro, porque para este autor a 
dialética razão-experiência é que irá permitir o 
conhecimento humano. Sendo assim, orienta seu trabalho 
a partir de uma concepção interacionista construtivista do 
conhecimento, discordando das correntes inatista e 
empirista que explicam os fenômenos humanos segundo a 
separação cartesiana entre mente e corpo / razão e 
experiência. 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as 
dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas 
devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na 
tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as 
ao professor, nas aulas presenciais. 
Módulo 2
 
 
(A) A Epistemologia Genética: a relação entre sujeito e 
objeto no Interacionismo.
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas 
para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2009. Parte I.
Leitura para Aprofundamento:
R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o 
Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981.
 
 
Piaget procurou compreender como o adulto desenvolve o 
pensamento lógico-científico e, para isso, utilizou 
pressupostos teóricos da filosofia e o método de 
investigação e pesquisa da psicologia. A teoria do 
desenvolvimento cognitivo ou da inteligência de Piaget 
está pautada nos pressupostos epistemológicos do 
construtivismo, superando algumas teorias clássicas como 
o racionalismo e o empirismo.
 
Segundo a teoria construtivista, o conhecimento ocorre a 
partir da interação do sujeito com o meio, de sua ação e 
levantamento de hipóteses, sendo um processo interativo 
em que a espontaneidade tem um papel importante.
 
Então como ocorre a construção do conhecimento pelo 
sujeito em uma perspectiva piagetiana? 
 
O sujeito epistêmico, sujeito do conhecimento, está em 
adaptação ao meio quando surge uma situação-problema 
que gera uma inquietação, um conflito cognitivo, e que 
coloca esse sujeito em estado de desadaptação, 
desequilíbrio: “O que é isso? Deixe-me ver? Como 
funciona? Para que serve?”. Para voltar ao estado de 
equilíbrio e adaptação dois mecanismos cognitivos são 
utilizados: assimilação e acomodação. O resultado final é 
a construção do conhecimento, o desenvolvimento de 
estruturas de pensamento e a volta ao estado de 
adaptação em um processo de equilibração majorante – 
equilíbrio superior, pois houve desenvolvimento.
 
Essa busca de conhecimento leva o sujeito a procurar 
informações no meio em que interage, e, frente a essas 
situações-problema do ambiente que lhe provocam 
curiosidade e interesse, esse sujeito entra em estado de 
desequilíbrio e desadaptação, gerando um conflito 
cognitivo: “O que é isso? Deixa-me ver? Explica-me o que 
é isso?”. 
 
De acordo com Piaget, é natural que o sujeito busque 
voltar ao estado anterior de equilíbrio e adaptação. Para 
isso, dois mecanismos cognitivos são acionados na 
tentativa de solução do problema e volta à adaptação: 
assimilação e acomodação.
 
Como resultado desse processo, o sujeito volta ao estado 
de equilíbrio e adaptação, porém mais desenvolvido, uma 
vez que construiu novos esquemas, novos conhecimentos. 
O processo de adaptação é dinâmico e envolve, a todo o 
momento, tanto a assimilação como a acomodação, 
possibilitando o desenvolvimento cognitivo e permitindo ao 
sujeito maior competência e habilidade para lidar com as 
situações do cotidiano.
 
Concluindo, o desenvolvimento do sujeito em uma 
perspectiva piagetiana é caracterizado por um processo 
de organização das estruturas cognitivas em um sistema 
interdependente, que possibilita ao sujeito uma adaptação 
à realidade. Este processo de busca de equilíbrio é 
chamado por Piaget de processo de equilibração 
majorante.
 
Podemos afirmar que o desenvolvimento é um processo 
por meio do qual o sujeito busca atingir maior equilíbrio. 
Em cada período do desenvolvimento, a criança tem uma 
determinada organização mental (equilíbrio) que será 
modificada à medida que o indivíduo conseguir novas 
formas de compreender a realidade. Chegará à forma final 
na adolescência, e será essa a maneira intelectual do 
sujeito na idade adulta.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
observando os argumentos utilizados pelos autores ao 
definirem a origem do conhecimento na perspectiva 
epistemológica interacionista construtivista.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou 
eletrônicos sobre os vários conceitos piagetianos 
estudados nesta unidade.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
O desenvolvimento psíquico, para Piaget, começa quando 
nascemos e alcança sua forma mais estável na idade 
adulta, orientando-se sempre para o equilíbrio, num 
processo análogo ao do crescimento orgânico. Porém, 
diferentemente do equilíbrio que o organismo busca 
restaurar, o desenvolvimento mental é caracterizado por 
um processo de equilibração majorante. Então, em relação 
ao desenvolvimento mental ou psíquico em uma 
perspectiva piagetiana, é correto afirmar que:
I. A inteligência consiste no desenvolvimento das 
estruturas lógicas que permitam ao indivíduo atuar sobre o 
mundo de maneira flexível e complexa.
II. A construção do conhecimento permite não apenas a 
internalização das informações, mas, sobretudo o 
desenvolvimento do pensamento lógico.
III. O desenvolvimento da inteligência é o que permite ao 
sujeito uma adaptação e sobrevivência a partir da 
coordenação de ações na resoluçãode situações-
problema.
Assinale a alternativa correta:
a) I e II.
b) I e III.
c) somente I. 
d) somente III.
e) todas as alternativas.
 
As pesquisas e os estudos que você realizou até aqui 
sobre o conceito de inteligência em Piaget devem ter-lhe 
dado subsídios para assinalar a alternativa (E). As 
afirmações I, II e III apresentam um resumo adequado da 
concepção epistemológica e psicológica da teoria 
piagetiana.
 
 
(B) Os principais conceitos da teoria piagetiana
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas 
para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2009. Parte I.
Leitura para Aprofundamento:
R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o 
Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981.
 
 
Epistemologia genética: área de pesquisa elaborada por 
Piaget, que estuda o desenvolvimento do pensamento da 
criança até a chegada ao raciocínio adulto (lógico-
científico). Piaget pretendeu compreender como se 
desenvolvem não só os conhecimentos, como também a 
capacidade de conhecer.
Hereditariedade: segundo Piaget a inteligência não é 
herdada. O homem nasce com estruturas biológicas que 
em interação com o meio ambiente irão resultar em 
estruturas cognitivas que funcionarão de modo 
semelhante durante a vida do sujeito.
Esquema: unidade estrutural básica de pensamento ou 
ação que enquanto estrutura pode mudar e adaptar-se. De 
acordo com Piaget, a criança nasce com um equipamento 
biológico hereditário e a partir da interação com o meio irá 
construir estruturas mentais - esquemas - expressos como 
ações motoras e estratégias mentais utilizadas para 
solucionar problemas durante o funcionamento cognitivo. 
Os esquemas são unidades estruturais móveis que se 
modificam e adaptam, enriquecendo com isso tanto o 
repertório comportamental como a vida mental do 
indivíduo. (Rappaport, 1981)
Adaptação:O sujeito está em estado de equilíbrio em 
relação ao meio, o que lhe permite uma situação de 
adaptação. Esse sujeito é chamado de epistêmico, ou 
seja, sujeito do conhecimento, sujeito que busca 
conhecimento. 
Assimilação: tentativa do sujeito em solucionar uma 
determinada situação, utilizando uma estrutura mental já 
formada, ou seja, a nova situação é assimilada a um 
sistema já pronto. Exemplo: no momento em que a criança 
construiu o conhecimento de ”subir escadas” irá utilizar 
esse conhecimento em todas as situações (escada de sua 
casa, escada da escola, escada da casa da tia etc.).
Acomodação: tentativa do sujeito em solucionar uma 
determinada situação, modificando as estruturas antigas e 
construindo novas maneiras de agir para dominar uma 
situação nova em que os conhecimentos antigos são 
insuficientes para compreendê-las. Exemplo: a criança já 
sabe subir escadas, mas nunca subiu uma escada rolante 
(objeto semelhante ao primeiro, mas com novos 
elementos que a criança desconhece). Nessa situação a 
criança tentará (por assimilação) agir como fazia antes, 
solucionar uma situação nova com base nas estruturas 
antigas, mas não obterá sucesso. Então, construirá novas 
formas de agir, isto é, irá modificar suas estruturas antigas 
para poder dominar uma nova situação – a isso Piaget 
denominou acomodação.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, 
observando como os autores apresentam os conceitos 
piagetianos.
 
2) A partir dos conceitos estudados, elabore um exemplo 
sobre a aplicação dos mesmos no processo de 
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Samanta está orgulhosa por ser uma boa jogadora de 
dama. Seu irmão mais velho resolve convidá-la para jogar 
xadrez. A princípio, Samanta usa seus conhecimentos do 
jogo de dama, fracassando em suas tentativas. Fica 
incomodada pelo insucesso e passa a se esforçar para 
entender as regras do xadrez. Depois de várias tentativas, 
Samanta finalmente compreende o xadrez e passa a ser 
mais bem sucedida no jogo com o irmão. 
Com base no trecho acima, leia as afirmações e responda 
a questão:
I. Após rever o esquema utilizado anteriormente, Samanta 
reorganiza-o para acomodar a nova situação.
II. A dificuldade apresentada inicialmente por Samanta 
mostra que houve um desequilíbrio que prejudicou a 
acomodação à nova situação.
III. A adaptação de Samanta à nova situação deu-se 
graças ao desequilíbrio provocado a princípio, obrigando-o 
a rever seus esquemas e reorganizando por meio dos 
processos de assimilação e acomodação.
Assinale a alternativa correta: 
a) I apenas.
b) II apenas.
c) I e III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (C). Samanta já sabe jogar damas 
e utiliza estes esquemas para jogar xadrez (assimilação); 
não dá certo, perde, então utiliza novos esquemas e 
compreende o jogo (acomodação). A adaptação de 
Samanta à nova situação deu-se graças ao desequilíbrio 
provocado a princípio, obrigando-o a rever seus esquemas 
anteriores e reorganizá-los a partir dos processos de 
assimilação e acomodação, permitindo-lhe construir 
conhecimento, voltar ao estado de equilíbrio e o 
desenvolvimento de estruturas de pensamento. 
 
 
( C ) O c o n c e i t o d e E s t á d i o e E s t á g i o n o 
desenvolvimento.
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas 
para utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2009. Parte I.
Leitura para Aprofundamento:
R A P P A P O R T, C l a r a R e g i n a . T e o r i a s d o 
Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981.
 
 
Para entender a lógica do adulto, Piaget estudou o 
desenvolvimento do pensamento infantil, aplicando testes 
(provas operatórias) chegando a períodos que denominou 
de estádios do desenvolvimento cognitivo.
 
Dessa forma, o desenvolvimento cognitivo ou do 
conhecimento ocorre em períodos os quais Piaget chamou 
de estádios do desenvolvimento. A sequência dos estádios 
é sempre a mesma, mas a idade dos sujeitos pode variar 
de acordo com o meio ou a cultura na qual está inserido.
 
Definição de estádio: o processo de equilibração toma a 
forma de períodos sequenciais, em que existe, sempre, 
uma fase de preparação e outra de acabamento, e em que 
as estruturas formadas num período integram-se em 
outras superiores, do período seguinte. Ao final do 
processo, temos fases do desenvolvimento integradas 
umas nas outras, e os esquemas construídos em cada 
uma delas são utilizados pelo sujeito de maneira 
interdependente. Por isso seu caráter é de integração.
 
Definição de Estágio: estágio é o que falta a alguém para 
completar uma determinada formação; são experiências, 
observações, atividades práticas, que completam uma 
formação, por isso seu caráter é de superação de um 
estágio mais simples em direção a um estágio melhor ou 
superior.
 
Nas palavras de Macedo: “Confundir ou reduzir estádio a 
estágio leva a uma compreensão e a uma aplicação 
equivocadas da teoria de Piaget. Se pensarmos estádio 
como estágio, então faz sentido ler o desenvolvimento e a 
aprendizagem da criança na perspectiva do que lhe falta, 
do que ela não tem. Ora, estádio em Piaget tem uma 
característica positiva (é o melhor do que podemos ser em 
um determinado momento de um processo). Estágio, 
neste outro sentido, representa algo negativo (caracteriza 
alguém por aquilo que ele não é, que lhe falta ser).”.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça as leituras indicadas, atentando para os conceitos 
de estádio e estágio.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Uma das grandes contribuições da teoria de Piaget para o 
desenvolvimento infantil foi à proposição dos quatro 
estádios do desenvolvimento da inteligência. Sobre o 
conceito de estádio pode-se afirmar que:
I. No processo de desenvolvimento da inteligência temos 
fases integradas umas nasoutras, e os esquemas 
construídos em cada uma delas são utilizados pelo sujeito 
de maneira interdependente.
II. A sequência dos estádios é sempre a mesma, mas a 
idade dos sujeitos pode variar de acordo com o meio ou a 
cultura na qual está inserido.
III. Confundir ou reduzir estádio a estágio leva a uma 
compreensão e a uma aplicação equivocadas da teoria de 
Piaget.
Assinale a alternativa correta: 
a) I apenas.
b) II apenas.
c) I e III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (E). As afirmações I, II e III 
apresentam definições piagetianas do conceito de estádio 
no desenvolvimento da inteligência. 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as 
dúvidas que surgirem durante a resolução. Estas dúvidas 
devem ser motivo de novas pesquisas bibliográficas, na 
tentativa de saná-las. Caso elas persistam, apresente-as 
ao professor, nas aulas presenciais.
Módulo 3:
 
(A) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio 
sensório motor.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para 
utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 
2009. Parte I.
 
 
No estádio sensório-motor (0-2anos), o bebe nasce com atos e 
ações reflexas, inatas e automáticas (sucção, preensão) e, no 
início, é um sujeito passivo que constrói esquemas simples que 
funcionam isoladamente de maneira circular, repetitiva (pegar, 
olhar, bater, sugar). Durante esse período de dois anos irá 
desenvolver comportamentos voluntários e conscientes, 
encadeando ações para um determinado fim, tornando-se um 
sujeito ativo (domínio e variação das ações). Os esquemas 
passam a ser complexos com a invenção e criação de ações 
(pegar, ouvir, olhar / ouvir, pegar, olhar / levantar, andar, pegar, 
sugar). Piaget afirma que esses comportamentos são atos 
inteligentes e que é no período sensório-motor que ocorre o 
nascimento da inteligência da criança.
 
O processo de adaptação da criança nesse período é marcado 
pela assimilação, que ocorre de três formas: assimilação 
funcional – repetição do esquema; assimilação generalizada – 
utilização do esquema em diferentes situações; assimilação 
recognitiva – reconhecimento dos esquemas.
 
O período sensório-motor é marcado por seis subestádios:
1º. Subestádio (0 a 1 mês) - formação dos primeiros esquemas 
por meio do exercício dos reflexos (sucção, preensão, visão, 
audição).
2º. Subestádio (1 a 4 meses) - há mudança de comportamentos 
reflexos em função da experiência, e a criança de uma adaptação 
hereditária passa a uma adaptação adquirida (hábitos adquiridos 
– chupar o dedo); resultados obtidos ao acaso são conservados 
por repetição (sugar polegar, olhar, balbuciar, agarrar, pegar e 
largar...); não existe intencionalidade; formação dos primeiros 
hábitos: a criança repete uma ação que deu certo (dedo na boca). 
A isso Piaget chamou de reação circular primária.
3º. Subestádio (4 a 8 meses) - reação circular secundária - a 
criança repete resultados interessantes obtidos ao acaso com 
intenção, para obter um objeto ou fazer durar os espetáculos 
interessantes. Ex.: puxar a corda do móbile ao acaso e depois 
repetir com intenção de observar o movimento ou som do objeto. 
Essa é uma fase de transição entre os atos pré-inteligentes (ao 
acaso) para os atos inteligentes (intenção). Há coordenação entre 
visão – apreensão (agarra o que vê, sacode chocalhos, puxa 
cordões). Prova piagetiana – a criança não tem a noção de objeto 
permanente, existe a busca do objeto, mas restrita à trajetória ou 
à ação e não ao objeto (o que vejo existe o que não vejo não 
existe).
4º. Subestádio (8 a 12 meses) - formação da inteligência 
sensório-motora, ou seja, aplicação de meios já conhecidos para 
resolver situações novas; a criança já é capaz de variar, 
coordenar, generalizar diferentes ações ou os meios para atingir 
um fim. Existe a intenção e o desejo (objetivo), no entanto, não 
cria meios novos para atingir um fim, utilizará apenas os meios 
conhecidos. Não existe planejamento, apenas o estímulo do 
meio. Prova piagetiana – a criança constrói a noção de objeto 
permanente, busca o objeto que é tirado de seu campo visual, 
presenciando o momento em que é escondido. No entanto, se 
escondido uma segunda vez em outro local (sob sua vista) irá 
procurar no primeiro lugar novamente – repetição do que deu 
certo.
5º. Subestádio (12 a 18 meses) - reação circular terciária – a 
criança repete uma ação para conhecer e explorar propriedades 
do objeto (deixar cair um objeto várias vezes). Aparecimento das 
formas mais elevadas de atividade comportamental antes do 
aparecimento da representação. A criança cria (inventa) novas 
formas de ação para atingir um fim (acomodação). É uma criança 
com maior capacidade para diversificar e controlar suas ações. 
Prova piagetiana – a criança leva em consideração os 
deslocamentos sucessivos do objeto; procura o objeto no ponto 
onde foi visto pela última vez, mas sabe da existência do mesmo, 
por isso, se não o encontra, vai buscá-lo em outros locais. A 
criança neste momento passa a apresentar três condutas 
inteligentes: suporte / barbante / bastão.
6º. Subestádio (18 a 24 meses) – fase de transição, passagem da 
ação para a representação (imaginar acontecimentos). Deixa as 
tentativas por ensaio e erro para antecipar acontecimentos, 
combinando ações mentais ao invés de ações físicas. É a 
passagem da ação explícita para a representação mental e o 
aparecimento da linguagem. Prova piagetiana – Piaget apresenta 
a sua filha, Jaqueline, uma corrente e uma caixa de fósforos. 
Manuseia a caixa várias vezes, abre, fecha, coloca a corrente 
dentro da caixa, fecha, chacoalha, abre novamente e retira à 
corrente, de forma que Jaqueline possa acompanhar todos os 
seus movimentos. Em um dado momento coloca a corrente 
dentro da caixa, fecha e entrega-a para sua filha. Jaqueline pega a 
caixa, chacoalha, tenta abrir para retirar a corrente, não 
consegue, olha para o pai e sem expressar uma linguagem oral, 
uma vez que se encontra em processo de aquisição de linguagem, 
abre e fecha a boca, imitando o movimento de abrir e fechar da 
caixa, como uma forma de comunicação. Eis que neste momento 
surge a capacidade de representação: utilização de um 
significante com um significado, capacidade unicamente 
humana, diferindo o homem de outros animais.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
as características do estádio sensório motor.
 
2) A partir dos conceitos estudados, observe uma criança nessa 
fase de desenvolvimento e procure identificar os conceitos 
estudados.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Uma mãe preocupada com o desenvolvimento de seu filho 
procura você para esclarecer algumas dúvidas. A criança tem seis 
meses de idade e apresenta alguns comportamentos que chamam 
sua atenção: o bebê desinteressa-se imediatamente por um 
chocalho que gosta muito quando a mãe o esconde embaixo da 
coberta. De que modo você explicaria à mãe as razões desse 
comportamento e a maneira como isto evolui até o final do 
período sensório-motor?
a) Nos primeiros meses de vida, o bebê não percebe objetos 
propriamente ditos, nem a sua existência no espaço. Só por volta 
do final do primeiro ano é que irá situá-los no espaço.
b) Este bebê tem dificuldade para manter a atenção dirigida a um 
mesmo objeto por muito tempo, interessando-se por várias 
coisas; esta atenção poderá evoluir e tornar o bebê mais atento.
c) O egocentrismo da criança a impede de prestar atenção nas 
coisas mais do que em seu próprio corpo. Mais tarde, ela 
começará a prestar atenção nos objetosmais do que nela mesma.
d) O bebê só percebe a existência de objetos que são 
manipulados diretamente por ele; mais tarde, será capaz de 
perceber os objetos manipulados pelos outros.
e) Com seis meses, já seria esperado que o bebê desenvolvesse a 
capacidade de situar os objetos no espaço, e procurá-los quando 
fora de seu campo de visão. Portanto, é necessário que se faça 
uma avaliação.
 
A alternativa correta é a (A). A criança aos seis meses encontra-
se no 3º. Subestádio (4 a 8 meses) e apresenta a reação circular 
secundária - repete resultados interessantes obtidos ao acaso com 
intenção, para obter um objeto ou fazer durar os espetáculos 
interessantes, mas ainda não tem a noção de objeto permanente, 
quando um objeto é escondido na sua frente (chocalho), existe a 
busca do objeto restrita à trajetória ou à ação e não ao objeto 
propriamente dito (o que vejo existe o que não vejo não existe). 
No caso acima esse comportamento é esperado e somente no 
subestádio seguinte é que esta noção estará construída.
 
 
(B) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio 
pré-operatório.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para 
utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 
2009. Parte I.
 
 
O estádio pré-operatório (2 a 6 anos) é marcado pela passagem 
da inteligência sensório-motora, prática para a inteligência 
representativa. A criança, a partir dos dois anos, passa a ter uma 
função de pensamento, uma função simbólica ou semiótica, que 
possibilita a representação de um objeto ausente (significante) 
por meio de um significado, que podem ser expressos de várias 
maneiras. As formas de representação são: Imitação, Jogo 
simbólico, Desenho, Imagem mental, Linguagem.
Embora o estádio pré-operatório seja marcado pela capacidade 
representativa, o que indica um avanço em seu desenvolvimento 
cognitivo, a criança ainda apresenta um pensamento pré-lógico, 
marcado por várias características, descritas a seguir:
Pensamento egocêntrico - a criança parte de seu próprio eu para 
julgar a realidade e os outros, sem se preocupar com a verdade 
dos fatos; utiliza seu ponto de vista, sua lógica, não assume o 
papel ou o ponto de vista do outro; acredita que todos pensam 
como ela. Ex.: é difícil ao adulto explicar para a criança que não 
quer brincar porque está cansado, pois a criança está presa às 
suas próprias perspectivas e não consegue perceber o outro.
Pensamento transdutivo - raciocínio primitivo vai do particular 
para o particular (P - P). Ex.: não diz todos os animais se movem, 
todas as plantas crescem; não estabelece relações entre eventos 
de maneira lógica. Ex.: prova operatória de conservação de 
massa.
Justaposição - assimila, mas não discrimina e generaliza, apenas 
coloca as informações lado a lado. Ex.: prova operatória de 
inclusão de classes.
Sincretismo - explica um evento com outro que não tem relação 
lógica com a questão. Ex.: o balão caiu porque é vermelho; faz 
generalizações indevidas. Ex.: a fruta está verde, não pode 
comer, portanto não come frutas de cor verde; costuma falar “eu 
comi, eu bebi, eu fazi”.
Centração - o pensamento é centralizado, rígido, inflexível, pois 
não consegue levar em consideração várias relações ao mesmo 
tempo. Ex.: não entende como uma pessoa possa ser ao mesmo 
tempo a mãe e a filha.
Pensamento artificialista e finalista - atribui origem humana aos 
objetos e às causas; considera que tudo está para servi-la.
Pensamento animista - atribui vida a seres inanimados, como 
bonecas, personagens de histórias, etc. Ex.: conversar com 
bonecos e personagens, bater na cadeira porque machucou o pé; 
a cadeira está chorando, o “au-au” está triste.
Provas operatórias - não possui as noções que são avaliadas nas 
provas operatórias: classificação, seriação, sequenciação, 
inclusão, conservação, reversibilidade; possui um pensamento 
pré-lógico.
Relacionamento social - as atividades em grupo se caracterizam 
por um brinquedo paralelo, as crianças brincam juntas, mas sem 
uma interação efetiva, cada uma delas está brincando sozinha. 
Isso ocorre em função do egocentrismo dessa fase, a criança 
sente dificuldade de considerar a perspectiva do outro e está 
centrada em si mesma e em suas atividades.
Linguagem - existe uma linguagem socializada com intenção de 
comunicação, e uma linguagem egocêntrica, aquela que não 
necessita de um interlocutor, pois não tem a função de 
comunicação, que entre crianças origina o monológo coletivo – 
as crianças estão juntas, brincando, conversando, mas não há um 
diálogo efetivo entre elas.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
as características do estádio pré-operatório.
 
2) A partir dos conceitos estudados, observe uma criança nessa 
fase de desenvolvimento e procure identificar os conceitos 
estudados.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Você foi convidado para uma festa de aniversário de um menino 
que completará cinco anos, e agora pensa em qual presente seria 
o mais adequado para explorar uma característica marcante do 
pensamento nesta idade: o animismo. Qual dos itens a seguir 
você escolheria, ao entrar numa loja de brinquedos:
a) Um jogo de damas.
b) Um livro de colorir.
c) Um jogo da memória.
d) Um boneco.
e) Um jogo de quebra-cabeças.
 
A alternativa correta é a (D). O menino aos cinco anos encontra-
se no estádio pré-operatório e por apresentar um pensamento 
animista (atribui vida a seres inanimados, como bonecas, 
personagens de histórias, etc.) o boneco, dentre os brinquedos 
citados, é aquele que melhor irá explorar esta característicapelo 
jogo simbólico típico de uma criança nessa fase.
 
 
(C) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio 
operatório concreto e operatório formal.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para 
utilização pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 
2009. Parte I.
 
 
No estádio operatório concreto (7 a 11 anos), a principal 
característica é que o pensamento deixa de ser pré-lógico e passa 
a ser um pensamento operatório, ou seja, a criança tem a 
capacidade cognitiva de coordenar diferentes pontos de vista de 
maneira lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. 
No entanto, embora tenha essa possibilidade de maior expressão 
do pensamento, para poder utilizá-lo de maneira lógica, é 
necessário o manuseio e a observação de objetos concretos.
 
O pensamento da criança nesse estádio é lógico e marcado por 
várias características, descritas a seguir:
Pensamento indutivo - a criança parte da experiência, do 
particular (concreto) para um princípio geral (P - G). As 
conclusões sobre os fatos dependem de um conjunto de 
experiências individuais.
Pensamento lógico - é expresso pela capacidade de: 
reversibilidade das operações mentais, conservação de 
quantidades, inclusão de classes, classificação, seriação, 
sequenciação, descentração. No concreto, abstratamente não 
opera. No entanto, falta habilidade para imaginar e organizar 
possibilidades não visíveis e não vividas; imagina, mas não 
logicamente. Não consegue selecionar mentalmente cada uma 
das respostas antes de responder, pois isso seria uma maneira 
mais sistemática e metódica.
Reversibilidade das operações mentais- é a característica que 
melhor define a inteligência; o pensamento pode seguir a linha 
de raciocínio de volta ao ponto de partida.Conservação - 
conceito deque a quantidade de uma matéria permanece a 
mesma independente das mudanças em sua dimensão.
Relacionamento social - há progressos significativos, pois ocorre 
a diminuição do egocentrismo social e a criança tem a 
capacidade de perceber pensamentos, sentimentos diferentes dos 
seus (descentração). Isso permitirá maior interação social tanto 
com crianças como com os adultos, pois possui maior 
flexibilidade de pensamento e entenderá melhor as regras 
grupais, manifestando condutas de cooperação.
Linguagem - há um declínio da linguagem egocêntrica até seu 
total desaparecimento e manifestação da linguagem socializada.
 
No estádio operatório concreto, tanto os esquemas conceituais 
como as operações mentais são dependentes de objetos e 
situações que existem concretamente na realidade. Na 
adolescência, esta limitação deixa de existir e o sujeito é capaz 
de formar esquemas conceituais abstratos (amor, justiça, 
saudade) e realizar operações mentais de acordo com uma lógica 
formal mais sofisticada em termos de conteúdo e flexibilidade de 
raciocínio.
 
Em outras palavras, no estádio operatório formal (12 a 15 anos), 
a criança é capaz de discutir sobre valores morais dos pais, 
construir seus próprios valores, adquirindo autonomia, é capaz 
de levantar hipóteses e expressar proposições para depois testá-
las e refletir sobre seus próprios pensamentos, buscando 
justificativas lógicas para seus julgamentos. Isso o levará à 
construção de autonomia e identidade.
 
Dessa forma, temos a passagem da lógica indutiva para a lógica 
dedutiva. O sujeito tem a capacidade cognitiva de pensar a partir 
de um princípio geral e chegar à antecipação de uma experiência 
(G - P). É o raciocínio mais difícil e sofisticado, pois libera o 
pensamento do concreto e passa a trabalhar com ideias (pura 
abstração). A partir desse estádio, o pensamento se torna 
hipotético-dedutivo expresso pela proposição seèentão. O sujeito 
utiliza esse tipo de raciocínio no cotidiano para pensar os fatos 
da realidade e resolver situações-problema que geram conflito 
cognitivo e desadaptação.
 
De acordo com Piaget, o sujeito atingiu sua forma final de 
equilíbrio e uma capacidade tão complexa de pensamento que 
permite a construção e compreensão de doutrinas filosóficas e 
teorias científicas.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando 
as características dos estádios operatório concreto e operatório 
formal, observe uma criança em cada uma dessas fases de 
desenvolvimento e procure identificar os conceitos estudados.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Em determinado período, é possível ao professor, propor ao 
aluno uma análise das causas de um problema de natureza 
química, de um tsunami, ou mesmo de uma questão ética. Neste 
período, o aluno consideraria cada aspecto, um a um, como 
também os combinando aos pares, ou de três em três, etc., até 
concluir o que causou o problema.
De acordo com sua perspectiva teórica piagetiana, é correto 
afirmar que o pensamento deste aluno é:
a) Sincrético
b) Hipotético-dedutivo
c) Egocêntrico
d) Indutivo
e) Finalista
 
A alternativa correta é a (B). O aluno encontra-se no estádio 
operatório formal (12-15 anos) e apresenta um pensamento 
hipotético-dedutivo, é capaz de discutir sobre valores morais dos 
pais, construir seus próprios valores, construindo autonomia 
cognitiva e moral, é capaz de levantar hipóteses e expressar 
proposições para depois testá-las e refletir sobre seus próprios 
pensamentos, buscando justificativas lógicas para seus 
julgamentos. Por isso, o professor a partir desse momento tem 
melhores resultados ao propor discussões que envolva o 
estabelecimento de relações lógicas. As demais alternativas 
apresentam as características do estádio pré-operatório (2 a 6 
anos).
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que 
surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de 
novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso 
elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
Módulo 4:
 
 
(A) O desenvolvimento do desenho infantil segundo 
Piaget.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. 
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
 
De acordo com Piaget, ao final do estádio sensório motor 
(dois anos) surge na criança uma capacidade cognitiva de 
representação – um significado por meio de um 
significante – e o meio que utiliza para isso pode ser a 
linguagem, o jogo simbólico, a imitação, a imagem mental 
e o desenho. 
 
Sendo assim, o desenho em uma perspectiva piagetiana 
não é apenas um ato criativo e espontâneo da criança, 
mas sim uma função de pensamento, simbólica e 
semiótica, que possibilita a representação da realidade.
 
Assim sendo, o desenho é uma das manifestações da função 
simbólica ou semiótica que surge na criança por volta dos dois 
anos (estádio pré-operatório) possibilitando a representação 
intencional da realidade por meio do grafismo.
 
Piaget considera o desenho uma forma de representação do 
pensamento e embora não tenha estudado o desenvolvimento do 
grafismo infantil, refere-se em seus textos aos célebres estudos 
de Georges-Henri Luquet (1876-1965),que foi o primeiro a 
tabular em etapas evolutivas.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para 
aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento do grafismo 
infantil.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre os estudos já realizados do desenho infantil. Compare com 
a perspectiva piagetiana de análise.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Considerando os estudos sobre o desenho infantil, leia o 
fragmento a seguir e responda a questão: “Se toda criança 
desenha, a maioria destas crianças quando cresce diz: “Eu não 
sei desenhar...” e também não cria mais histórias, endurece seu 
corpo e não canta mais. (...) Não vejo como natural do 
desenvolvimento a atrofia de uma linguagem tão viva como é o 
desenho para a criança”. (MOREIRA, A. A. A. M. O espaço do 
desenho: a educação do educador. São Paulo: Loyola, 1995, p.
51).
Assinale a alternativa correta:
a) A autora afirma que o desenvolvimento do desenho está 
associado ao desenvolvimento motor.
b) A autora afirma que a maioria das crianças tem problemas de 
aprendizagem.
c) A autora afirma que a criança está no estádio pré-operatório.
d) A autora afirma que os desenhos ficam esquecidos à medida 
que a criança cresce.
e) A autora afirma que as crianças pequenas não se sentem 
seguras para desenhar.
 
A alternativa correta é a (D). A autora afirma que os 
desenhos ficam esquecidos à medida que a criança 
cresce, havendo uma perda na espontaneidade para 
desenhar e para utilizar o desenho como forma de 
representação do pensamento. O desenho é um recurso 
amplamente utilizado pela criança na 1ª e 2ª infância, mas 
pela excessiva valorização da escola e dos pais, pela 
representação por meio da escrita (alfabetização), há um 
empobrecimento na utilização dessa função simbólica. No 
próximo tópico vamos estudar isso.
 
 
(B) O desenvolvimento do desenho infantil segundo 
Luquet.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. 
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
 
Luquet inicia seus estudos observando de maneira sistemática os 
desenhos de seus filhos, Simonee Jean Luquet. Percebe o 
desenhar como um ato de representação da realidade, uma 
imitação do real através da representação e, nesse sentido, afirma 
que o desenho é realista na intenção. Portanto, o “realismo” do 
desenho é uma concepção chave em sua teoria.
 
Compreende o desenvolvimento do grafismo infantil em quatro 
importantes etapas, demonstrando que o desenho sofre mudanças 
e destacando um realismo que se desenvolve na medida em que a 
criança vai avançando em idade.
 
Concluindo, para Luquet a característica fundamental do 
desenho infantil é ser realista, a criança quando desenha expressa 
uma intenção de representar a realidade tal qual ela se apresenta. 
Nesse sentido, o desenho infantil é uma imitação do real por 
meio de uma representação e por isso é realista na intenção.
 
Essa característica realista apontada por Luquet sofre 
modificações ao longo do desenvolvimento infantil. 
Gradativamente o desenho vai evoluindo em etapas e em cada 
uma delas há um tipo de realismo. Em outras palavras, o 
realismo do desenho infantil ocorre em diferentes fases:
Realismo Fortuito (2 a 3 anos) è analogia entre o traço e o 
objeto, dando nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente.
REALISMO Mal Sucedido (3 a 4 anos) è a criança aprende a 
representar, mas com fracassos e sucessos. Ocorre o início da 
representação da figura humana - badamecogirino (braços e 
pernas saem da cabeça) e badameco (braços e pernas saem do 
corpo).
REALISMO Intelectual (4 a 8 anos) è a criança desenha o que 
sabe e não o que vê. Utiliza três técnicas em seus desenhos: 
transparência, plano deitado, rebatimento.
REALISMO Visual è (9 a 12 anos) è a criança desenha o que vê 
e não mais o que sabe. Para Luquet, há uma submissão da 
criança às leis da realidade, com perda da espontaneidade ao 
desenhar, diminuindo a produção artística (figuração adequada 
do real).
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para 
aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento do grafismo 
infantil.
 
2) Peça para crianças de diferentes idades fazerem um desenho 
livre e analise segundo os indicadores estudados.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
A professora Marcia Teresa reúne seus alunos e entrega a cada 
um deles uma folha de sulfite, um estojo com giz de cera e 
propõe que todos desenhem o passeio que fizeram ao Zoológico 
no dia anterior. Débora (2 anos e 2 meses), recebe o material e 
inicia seu desenho, fazendo vários rabiscos por toda a folha sem 
uma forma; ao terminá-lo chama pela profa e diz sorrindo “A 
casinha da mamãe”. Levanta-se satisfeita e vai guardar seu 
desenho na pasta. O desenho desta criança é um exemplo das 
produções da fase do:
a) Rabiscos sem importância, pois a criança ainda é incapaz de 
representar pelo grafismo nessa idade.
b) Realismo intelectual, uma vez que há riscos justapostos por 
toda folha.
c) Realismo fortuito, pois parece descobrir por acaso uma 
analogia formal entre seu traçado e o objeto representado, tendo 
dado nome a elementos do desenho depois de concluí-lo.
d) Realismo fortuito pela indicação da representação dos 
badamecos girinos.
e) Realismo visual apresenta uma cena de acordo com sua 
aparência visual, respeitando as proporções.
 
A alternativa correta é a (C). O desenho em forma de rabiscos 
representa as características do realismo fortuito segundo os 
estudos de Luquet, a criança faz uma analogia entre o traço e o 
objeto, dando nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente. A 
criança não desenha formas, apenas rabiscos indicando a 
primeira maneira que utiliza para representar no papel a 
realidade.
 
 
(C) O desenvolvimento do desenho infantil segundo 
Lowenfeld.
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. 
Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
Viktor Lowenfeld (1903-1960) também realizou vários estudos 
sobre o grafismo infantil e, entre as publicações a respeito, 
destacam-se no Brasil duas obras: A criança e sua arte 
(1954/1976) e Desenvolvimento da Capacidade 
Criadora(1947/1977) em coautoria com W. Lambert Brittain. 
 
Os resultados de suas pesquisas revelaram que há uma 
transformação no grafismo infantil que inicia na infância e vai 
até a adolescência, percorrendo sucessivas fases de 
desenvolvimento. São elas: Garatujas (2 aos 4 anos); Pré-
Esquemática (4 aos 7 anos); Esquemática (7 aos 9 anos); 
Realismo (9 aos 12 anos).
 
Garatujas (2-4 anos) è São quatro tipos: desordenadas (rabiscos 
que não respeitam o limite do papel, saem da folha, a criança 
risca a base onde está a folha); controladas (os riscos não saem 
mais da folha, a criança respeita os limites do papel); nomeadas 
(a criança começa a tirar o lápis do papel dando nome aos riscos 
que faz na folha); diagramadas (traços e linhas se interligam 
formando uma espécie de mosaico ou mandala).
Pré-esquemática (4-7 anos) è início da representação da figura 
humana; há justaposição dos elementos desenhados sem a 
presença da linha de chão.
Esquemática (7-9 anos) è aparecimento da linha de base 
possibilitando maior coordenação no desenho: objetos do chão e 
objetos no céu; há exageros e omissões, e a utilização de plano 
deitado e dos raios-X.
Realismo (9-12 anos) è preocupação com a perspectiva, 
profundidade, sobreposição, detalhes e pormenores, desenhos 
satíricos; a criança desenha por opção e muitas vezes não 
desenha mais pela perda da espontaneidade.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma pesquisa por meios tradicionais ou eletrônicos para 
obter mais informações sobre o estudo de Lowenfeld em relação 
às fases do desenho infantil.
 
2) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Uma criança recebe uma folha e faz um lindo desenho de um 
jardim: na linha de chão desenha a casinha, as árvores e uma 
figura humana; no céu desenha nuvens, pássaros e um sol. Em 
relação ao desenvolvimento do grafismo proposto por Lowenfeld 
podemos afirmar que:
I. Ocorre analogia entre o traço e o objeto, dando nome e isso 
ocorre ao acaso, fortuitamente.
II. Ocorre o início da representação da figura humana com o 
desenho do badamecogirino
III. A criança desenha o que sabe e não o que vê, há o 
aparecimento da linha de base possibilitando maior coordenação 
no desenho.
Assinale a alternativa correta:
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (C). As afirmações I e II apresentam 
definições do realismo fortuito e realismo mal sucedido, 
respectivamente, que não pertencem ao desenho. Apenas III 
apresenta definições que correspondem à fase do realismo 
intelectual correspondente aos indicadores do desenho – a 
criança desenha o que sabe e não o que vê, há o aparecimento da 
linha de base possibilitando maior coordenação no desenho.
 
 
3) Realize os exercícios deste módulo, anotando as dúvidas que 
surgirem durante a resolução. Estas dúvidas devem ser motivo de 
novas pesquisas bibliográficas, na tentativa de saná-las. Caso 
elas persistam, apresente-as ao professor, nas aulas presenciais.
Módulo 5:
 
(A) Avaliação da inteligência segundo a abordagem 
psicométrica
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização 
pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
 
Com a finalidade de descrever as habilidades intelectuais do 
indivíduo, compreender como o sujeito pensa e constrói o 
conhecimento, Piaget utilizou como métodode investigação o 
método clínico. O objetivo do método clínico piagetiano é 
compreender como o sujeito pensa e a forma como resolve 
situações-problema, de que maneira responde às questões 
elaboradas. O enfoque está em compreender como e quando o 
sujeito utiliza determinado conhecimento e no processo que o 
leva a dar uma determinada resposta. Portanto, a resposta 
“errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em 
determinado momento de seu desenvolvimento e isso deve estar 
bem claro para o adulto. Dessa forma, o método clínico de Piaget 
tem como pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de 
uma abordagem psicogenética (avaliação dos processos de 
desenvolvimento da inteligência), que difere da maneira mais 
tradicional utilizada em psicologia, à abordagem psicométrica 
(avaliação ou quantificação das respostas corretas dadas pelo 
sujeito ao exame).
 
A seguir, apresentamos as principais diferenças entre as duas 
abordagens:
 
Abordagem psicométrica – o primeiro teste de inteligência em 
uma perspectiva psicométrica, foi elaborado em 1905, pelos 
psicólogos franceses Theodore Simon (1872-1961) e Alfred 
Binet (1857-1911). Alfred Binet nasceu em 8 de julho de 1857 
(Nice) e faleceu em 28 de outubro de 1911 em Paris. Psicólogo e 
pedagogo renomado pelos estudos da inteligência pela 
psicometria, foi o primeiro a elaborar testes psicométricos para 
avaliação o quociente intelectual (QI).
 
Este teste, de caráter verbal e elaborado em grau crescente de 
dificuldade, visava obter o Quociente Intelectual (QI). Ao longo 
dos anos surgiram outros testes na tentativa de aperfeiçoar os 
critérios de medição da inteligência. Em 1939, David Wechsler 
(1896-1981) psicólogo americano, desenvolveu um dos mais 
importantes testes para avaliação clínica de capacidade 
intelectual: a Escala de Inteligência para Crianças (WISC) e a 
Escala de Inteligência para Adultos (WAIS).
 
O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das 
habilidades mentais. A aplicação dos testes é feita por meio do 
controle de variáveis ambientais, rapport com o examinador, 
controle por meio de um manual com: perguntas específicas a 
serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito e 
controle do tempo (cronômetro). Para que não haja interferência 
no desempenho do sujeito é necessário, portanto, a padronização 
do material e o controle do ambiente.
 
Abordagem psicogenética – o objetivo é investigar a forma 
como o sujeito pensa e resolve determinadas situações que lhe 
são apresentadas. O controle está no entendimento das respostas 
e instruções (controle psicológico), ao invés da padronização das 
mesmas e das situações externas (controle fisicalista). O 
investigador, nessa perspectiva, está interessado em compreender 
o processo que leva um sujeito a esta ou àquela resposta. Para 
isso deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá 
nortear as perguntas que irá fazer durante a aplicação das provas 
bem como a maneira como irá avaliar as respostas dadas pela 
criança. Assim, todas as respostas dadas pelo sujeito são 
interpretadas com a finalidade de entender o processo que as 
gerou e as diferenças individuais não são avaliadas como 
indicadores de inteligência - como na abordagem psicométrica - 
e sim como indicadores do estádio do desenvolvimento cognitivo 
em que o sujeito se encontra.
 
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para 
aprofundar os estudos sobre as diferenças dos métodos de 
avaliação da inteligência na abordagem psicométrica e na 
abordagem psicogenética.
 
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos 
sobre os estudos já realizados sobre a avaliação da inteligência 
na psicologia.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Vamos supor que você é um psicólogo e trabalha em uma escola 
de educação infantil e ensino fundamental. Há poucos dias, uma 
professora lhe procura com a queixa de que alguns alunos estão 
com dificuldade na área da alfabetização. A fim de conhecer 
essas crianças e os seus respectivos desempenhos, você decide 
aplicar algumas provas operatórias de Piaget. A professora não 
conhece essa proposta de avaliação e pede para você explicar os 
princípios das mesmas.
Com relação ao método de investigação proposto por Piaget, 
você responderia à professora que o Método Clínico consiste em: 
(assinale a alternativa correta)
a) Um estudo detalhado e sistemático da personalidade da 
criança, analisando as etapas de desenvolvimento infantil: 
período sensório-motor, pré-operatório e operatório.
b) Um estudo da lógica infantil, com objetivo da divisão do 
desenvolvimento em etapas, a saber: pré-operatória, operatória 
concreta e formal.
c)) Estudo detalhado e sistemático da percepção e da lógica 
infantil com especial destaque ao processo de equilibração.
d) Conjunto de provas e testes de mensuração da inteligência 
infantil, com objetivo de classificar as crianças em diferentes 
grupos: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e 
operatório formal.
e) Conjunto de provas classificatórias e operatórias de avaliação 
de desempenho da criança para atender às demandas 
educacionais.
 
A alternativa correta é a (C). O método clínico de Piaget não 
consiste em um conjunto de provas e testes de mensuração da 
inteligência infantil ou um estudo detalhado e sistemático da 
personalidade da criança e sim em um estudo detalhado e 
sistemático da percepção e da lógica infantil com especial 
destaque ao processo de equilibração.
 
 
(B) A avaliação da inteligência segundo a abordagem 
psicogenética.
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização 
pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
 
Para aplicar o método clínico, Piaget utilizou entrevistas 
puramente verbais e também apresentou situações-problema com 
materiais concretos, a fim de possibilitar ao sujeito a antecipação 
e a explicação, após determinada demonstração. A isso Piaget 
denominou provas operatórias. Piaget salienta que somente após 
um ano de exercícios diários de estudo e aplicação das provas 
operatórias, fundamentados em uma base teórica sólida, é que irá 
permitir ao psicólogo a utilização do método clínico de maneira 
a propiciar uma compreensão sobre o pensamento do sujeito.
 
Nas palavras de Piaget (1926:11): O bom experimentador deve, 
efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: 
saber observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, 
não esgotar nada e, ao mesmo tempo, saber buscar algo de 
preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, 
verdadeira ou falsa, para controlar. É preciso ter-se ensinado o 
método clínico para compreender a verdadeira dificuldade. Ou os 
alunos que se iniciam sugerem à criança tudo aquilo que desejam 
descobrir, ou não sugerem nada, pois não buscam nada e, 
portanto, também não encontram nada.
 
De acordo com Terezinha Nunes Carraher, quatro procedimentos 
devem ser levados em consideração pelo psicólogo durante a 
aplicação do método clínico:
- Acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas 
respostas de acordo com seu próprio raciocínio, não concluir 
pelo sujeito.
- Buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o 
interesse principal do estudo da inteligência na teoria de Piaget 
está em compreender o processo pelo qual o sujeito chegou 
àquela resposta, as relações estabelecidas entre os fatos e a 
compreensão se a resposta foi dada com convicção ou ao acaso.
- Verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se a 
resposta está inserida em um sistema dedutivo o sujeitoresponde 
com convicção, se a resposta é dada na ausência deste sistema, o 
sujeito a modifica toda vez que o examinador faz 
questionamentos.
- Evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe 
ao psicólogo escolher qual dos possíveis significados foi aquele 
pretendido pelo sujeito.
 
Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico 
piagetiano são os critérios de avaliação das respostas dadas pelo 
sujeito. Diferentemente da abordagem psicométrica, a avaliação 
das respostas não se faz pela contagem de acertos e erros, mas 
sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo sujeito para 
chegar àquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir 
da qual o sujeito responde. Nesse sentido, o erro é tão 
importante, ou mais, que o acerto, uma vez que indica, para nós, 
o processo de pensamento ou raciocínio do sujeito durante o 
processo de construção de conhecimento. O erro no 
construtivismo é possível e necessário, pois faz parte de um 
processo interno, de uma autoregulação - para aprender o sujeito 
precisa compreender e internalizar os fatos por oposição a 
simples cópia e repetição de modelos externos.
 
Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas 
dadas pelas crianças durante o método clínico:
Nível I - corresponde aquele em que a criança não resolve o 
problema, nem sequer o entende, ou então, responde 
erroneamente, mas com convicção.
Nível II - corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que 
a criança oscila em suas respostas, apresentando flutuações. 
Percebe o erro somente depois de ter cometido, não sendo capaz 
de antecipá-lo, por isso as ações da criança se baseiam em ensaio 
e erro, na tentativa, na solução empírica.
Nível III - corresponde aquele em que a criança apresenta uma 
solução suficiente à questão e a compreensão do problema como 
é colocado. Os erros podem ocorrer, mas o que muda é a maneira 
como sujeito lida com eles: podem ser antecipados, 
neutralizados, pré-corrigidos ou compensados.
 
A questão fundamental que se coloca do ponto de vista 
psicológico e pedagógico é como podemos criar situações-
problema que possibilitem ao sujeito transformar o erro em um 
observável para si mesmo, a ponto de que possa antecipá-lo, 
neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira autônoma.
 
Atividades recomendadas:
 
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, para 
aprofundar os estudos sobre as diferenças dos métodos de 
avaliação da inteligência na abordagem psicométrica e na 
abordagem psicogenética.
 
2) Elabore situações-problema que possibilitem ao sujeito 
transformar o erro em um observável para si mesmo, a ponto de 
que possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo 
de maneira autônoma. Leve para sala de aula como sugestão a 
ser discutida com seu professor e colegas.
 
3) Acompanhe o seguinte exemplo de exercício:
 
Maria Helena está aprendendo a jogar cartas com seu 
irmão mais velho. Pedro lhe explique as regras do jogo, 
Maria Helena no momento parece compreender, mas 
durante as jogadas comete os mesmos erros e nem se 
apercebe disso, deixando seu irmão furioso. Ela diz: “O 
que eu fiz de errado?”.
Estabelecendo relação com os níveis de erro observados por 
Piaget para avaliar as respostas de crianças durante o método 
clínico, podemos afirmar que Maria Helena apresenta:
I. Erro tipo I, não resolve o problema, nem sequer o entende, ou 
então, responde erroneamente, mas com convicção.
II. Erro do tipo II, percebe o erro somente depois de ter 
cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da 
criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução 
empírica.
III. Erro tipo III, apresenta uma solução suficiente à questão e a 
compreensão do problema como é colocado. Os erros podem 
ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: 
podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou 
compensados.
Assinale a alternativa correta:
a) I apenas.
b) II apenas.
c) III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.
 
A alternativa correta é a (A). Maria Helena apresenta erro tipo I, 
em que não resolve o problema e nem sequer percebe que errou.
 
 
(C) O Método Clínico de Piaget
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização 
pelo professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Leitura para Aprofundamento:
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice 
Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio 
de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
 
 
O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de 
entrevista com crianças, em que por meio de um conjunto de 
intervenções sistemáticas, se faz uma investigação sobre o 
pensamento do sujeito. As perguntas abordam conceitos da 
física, matemática, moral, natureza e vários outros temas que 
compõe o conhecimento geral. Durante a entrevista o psicólogo 
elabora perguntas e contra argumentações a partir das respostas 
dadas pela criança e avalia sua qualidade e abrangência.
 
Dessa forma, há três tipos de perguntas características no método 
clínico-crítico:
Perguntas de exploração è o objetivo é fazer aflorar a noção cuja 
existência e estruturação se quer comprovar.
Perguntas de justificação è que centram o sujeito sobre as razões 
do estado atual do objeto e nas explicações concernentes a sua 
produção e a legitimação de seu ponto de vista.
Perguntas de contra argumentação è o objetivo é estabelecer se 
as aquisições da criança são ou não estáveis e qual o grau de 
equilíbrio de suas ações ante os problemas bem como apreender 
sua atividade lógica profunda.
 
Em relação ao experimentador, é esperado que apresente duas 
qualidades:
Saiba observar, permita que a criança fale e não desvie ou esgote 
nada.
Saiba buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese 
de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para investigar.
 
A entrevista inicia à medida que o experimentador propõe uma 
tarefa à qual a criança apresentará uma resposta. Não há resposta 
certa ou errada, a intenção do psicólogo é avaliar o nível de 
pensamento da criança e sua atitude durante a aplicação, deve ser 
flexível, possibilitando uma interação espontânea com a criança. 
Nesse sentido o rapport é muito importante para deixá-la à 
vontade durante as atividades.
 
Assim que a criança dá uma resposta, o experimentador faz 
outras perguntas, colocando uma variação no problema, ou seja, 
criando uma nova situação-problema. Para isso, utiliza sua 
experiência e o referencial teórico piagetiano. Sendo assim, as 
perguntas (exploração, justificação, contra argumentação) tem 
como objetivo esclarecer o que está implícito na resposta da 
criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura 
cognitiva (a maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do 
desenvolvimento está incluído).
 
Portanto, no método clínico piagetiano, não há como criar uma 
padronização das perguntas a serem feitas, pois o objetivo e 
seguir o pensamento da criança para onde quer que ele se dirija. 
Somente o conhecimento aprofundado da teoria é que permitirá 
ao psicólogo a utilização desta técnica de entrevista para 
avaliação e compreensão da inteligência.
 
Nas palavras de Piaget, (1926/2005, p.11): Acima de tudo, sou da 
opinião de que na psicologia infantil e na psicopatologia é 
necessário pelo menos um ano de prática diária, para que se 
ultrapasse o período de hesitação do principiante. É tão difícil, 
especialmente para um pedagogo, não falar demais quando 
entrevista uma criança! È tão difícil não sugerir! E acima de tudo 
é tão difícil encontrar o equilíbrio entre a sistematização 
decorrente de ideias preconcebidas e a incoerência decorrente da 
ausência de qualquer hipótese diretiva! O bom experimentador 
deve, na realidade, unir duas qualidades frequentemente 
incompatíveis; precisa saber observar,

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