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FARMACOLOGIA I - aula 02 FARMACOCINÉTICA - ABSORÇÃO Via Sistêmica - o fármaco é aplicado longe de seu local de ação, assim é necessário que este seja absorvido e distribuído pelo organismo até atingir este local de ação. Estas etapas são FARMACOCINÉTICAS. Toda via sistêmica é caracterizada pela chegada do fármaco à corrente sanguínea. A concentração plasmática somente será obtida através da absorção. ABSORÇÃO: Passagem do medicamento do local de introdução até a corrente sanguínea sistêmica, para isso este deve chegar na VCS ou na VCI (depende da via de introdução), para ir para o coração e ser distribuído até que a circulação sistêmica toda tenha acesso a este fármaco. Concentração do Fármaco Na Circulação Sistêmica X Quantidade Administrada: - depende da via de administração - Via Intravenosa: [administrada] = [corrente sanguínea sistêmica] - nesta via não há a absorção, pois o fármaco é administrado diretamente no espaço intravascular. Em todas as outras vias de administração há uma perda pois a absorção não é completa. - Por qualquer outra via de introdução a [corrente sanguínea sistêmica] sempre será menor que a [administrada] devido a ocorrência da absorção e dos mecanismos envolvidos neste processo. O que é a concentração na corrente sanguínea sistêmica? O efeito do fármaco depende dessa concentração . Essa curva correlaciona a concentração plasmática da droga com o tempo após a administração desta droga. Etapa ascendente: principalmente absorção - faz a concentração plasmática aumentar - absorção > distribuição; metabolismo; eliminação Ápice: concentração máxima Etapa descendente: distribuição; metabolismo; eliminação - absorção < distribuição; metabolismo; eliminação Concentração Plasmática Análise da curva NA ABSORÇÃO: perfil do fármaco na corente sanguínea sistêmica; sua biodisponibilidade. - AUC = área sob a curva: mostra a biodisponibilidade do fármaco (tempoXconcentração) MECANISMOS ENVOLVIDOS NA PASSAGEM DE FÁRMACOS ATRAVÉS DAS MEMBRANAS BIOLÓGICAS Nos processos de absorção há, obrigatoriamente, a passagem através de membranas! Pela composição de uma membrana celular (fosfolipoproteica) define-se 02 sítios importantes na MC: - Matriz lipídica da membrana: atravessam as substâncias lipossolúveis; - Canal Proteico (iônico): por este canal hidrofílico passam, prioritariamente, água e íons; Tipos de transportes: • DIFUSÃO (MAIS IMPORTANTE) → não usa carreador; não gasta energia; vai a favor de um gradiente de concentração, gradiente elétrico ou gradiente de pressão; é a forma mais comum de absorvermos medicamentos • TRANSPORTE FACILITADO (mediado por carreador; ideal para substâncias hidrossolúveis de alto peso molecular) • TRANSPORTE ATIVO • ENDOCITOSE (forma de absorção para macromoléculas hidrossolúveis) FATORES QUE INTERFEREM COM A DIFUSÃO Diretamente proporcional: Gradiente de Concentração; Permeabilidade; Área; Temperatura; Inversamente proporcional: Distância; Espessura da Membrana; √Peso Molecular (caract. farmacotécnica); FATORES QUE INFLUENCIAM NA ABSORÇÃO Fatores Ligados ao Fármaco: - Características Químicas - Hidro e Lipossolubilidade - Grau de Ionização - Tamanho da Partícula e Formulação Farmacêutica Fatores Fisiológicos: - pH - Fluxo Sanguíneo - Área Absorvedora - Tempo de Esvaziamento Gástrico e Motilidade do TGI - Interação com Alimentos - Efeito de Primeira Passagem • Natureza Química: Primeiramente é necessário que o princípio ativo tenha uma dissolução - medicamento deve desintegrar para liberar o princípio ativo! O fármaco deve ser lipossolúvel para melhor absorção (atravessar a MP), porém deve apresentar, primeiramente, um grau de hidrossolubilidade para que consiga se dissolver nos líquidos corporais aquosos (Ex.: suco gástrico) antes de chegar na MP. Para isso, a indústria farmacêutica forma sais desse princípio ativo. → A formação de sais, como o cloridrato, é uma alternativa para aumentar a hidrossolubilidade e facilitar a dissolução e a absorção. → Sais podem variar muito entre si! Mudando o sal, muda-se a abordagem terapêutica (?) ex.: ác acetilsalicílico: insolúvel em meio ácido. pouco absorvido no estômago • Formulação Farmacêutica: Relação quantitativa dos farmoquímicos que compõem um medicamento. Medicamento =Princípio Ativo + Adjuvantes (substâncias que, em uma fórmula, são associadas ao medicamento principal para fornecer as características do medicamento e alcançar o efeito desejado) Etapas da Absorção Que Envolvem a Formulação Farmacêutica Desintegração: varia de acordo com as substâncias do medicamento e pode ser planejada pela farmacotécnica. TIPOS DE FORMULAÇÕES TERAPÊUTICAS SÓLIDAS COMPRIMIDO: mistura de pós contendo um ou mais princípios ativos e adjuvantes, que sofrem um processo de compressão CÁPSULA: princípio ativo sólido, líquido ou pastoso, fica contido num envoltório de proteção gelatinoso que pode ser duro ou mole. (microparticulas envoltos por uma capsula - rápida absorção) - protege o principio ativo da desintegração entérica (na maioria das vezes) DRÁGEA: semelhante ao comprimido mas com uma cápsula açucarada que tem várias funções (protege da umidade, dá cor e sabor, evita uma desintegração precoce...) Não podem ser cortadas ao meio SOLUÇÕES: mistura homogênea de um princípio ativo sólido ou líquido num líquido (cada ml tem a mesma quantidade do principio ativo) SUSPENSÃO: o princípio ativo e insolúvel e para ser administrado na forma líquida fica em suspensão na fase líquida mistura heterogênea (grande quantidade de açúcar) XAROPE: 2/3 do peso é sacarose ou outro açúcar Velocidade de absorção: solução > xarope> suspensão> cápsula >comprimido> drágea - absorver mais rápido pode implicar em uma concentração plasmática maior! Influência do Tamanho das Partículas – Efeito Digoxina Todos os pacientes tomaram a MESMA dose, porém com partículas de tamanhos diferentes, implicando em padrões de absorção diferentes como mostra as curvas de concentrações plasmáticas acima. • Propriedades Físico-Químicas do Fármaco: LIPOSSOLUBILIDADE – coeficiente de partição óleo/H20: descreve a razão nas concentrações de componentes não-ionizados nas duas soluções (a solubilidade num meio em relação a solubilidade no outro). - quanto maior a lipossolubilidade, maior a absorção por conta da difusão pela MP. - A lipossolubilidade é testada com o fármaco na forma NÃO IONIZADA Relação entre lipossolubilidade e absorção GRAU DE IONIZAÇÃO : Ácidos Fracos: HA H+ + A Bases Fracas: BH+ B0 + H+ Forma não ionizada (molecular) = forma difusível do fármaco = forma lipossolúvel Forma ionizada = forma hidrossolúvel • a fração não ionizada é a que atravessa as membranas biológicas. • quanto maior o percentual da forma não ionizada do fármaco, maior será sua velocidade de absorção • o grau de ionização depende do pH do meio e do Pka do fármaco pKa – VALOR DE pH no qual o fármaco se encontra 50% na forma ionizada e 50% na forma não ionizada A medida que o fármaco passa pelo organismo apresentará frações de ionização diferentes, dependendo do pH do meio! Fármacos que tenham o mesmo percentual da forma não ionizada nem sempre serão igualmente absorvidos, isso vai depender da lipossolubilidade dessa fração não ionizada, que é aferida pelo coeficiente de partição óleo/H20. - Influencia do pH para FÁRMACOS ÁCIDOS pH>pKa → Predomina a forma ionizada hidrossolúvel pH<pKa→ Predomina a forma não ionizada lipossolúvel Fármaco AB: ácido fraco, pKa 4,4 Plasma pH = 7,4 Suco gástrico pH = 1,4 [I] 1000 0,001 [NI] 1 1 CONCLUSÃO: ácidos em meio ácido predominam na forma difusível (não ionizada) se considerarmos a absorção de uma base fraca, seria o contrário - Influencia do pH para FÁRMACOS BÁSICOS pH>pKa → Predomina a forma não ionizada lipossolúvel pH<pKa → Predomina a forma ionizada hidrossolúvel Importância da relação pH e pka na absorção e eliminação de fármacos: - Fármacos ácidos se acumulam no compartimento mais básico (pH>pKa) - Fármacos básico se acumulam no compartimento mais ácidos (pH<pKa) - Fármacos ácidos são absorvidos em meio ácido e eliminados em meio alcalino (pH>pKa) - Fármacos básicos são absorvidos em meio básico e eliminados em meio ácido ((pH<pKa) **Aprisionamento Iônico: ocorre quando um fármaco passa de um meio para outro (meio extra para o meio intracelular por exemplo) e é ionizado, formando um acúmulo desse fármaco em um dos meios. Já que ele se encontra ionizado fica complicado a volta para manter o equilíbrio da concentração, ocasionando esta situação de aprisionamento. • Fatores Fisiológicos: - Fluxo sanguíneo: quanto maior o fluxo, maior a absorção → absorção reduzida em pacientes chocados, na insuficiência cardíaca e condições que reduzem o fluxo sanguíneo esplâncnico. - Motilidade: retardo no esvaziamento gástrico e o aumento da motilidade do TGI reduzem a velocidade de absorção uma vez que maior parte da absorção ocorre no i. delgado, tanto para ácidos quanto para bases devido à maior área de absorção. - Efeito Primeira Passagem: para os fármacos administrados pela via oral e metabolizados ao nível hepático, sua primeira passagem pelo fígado, pode reduzir significativamente a concentração na corrente sanguínea sistêmica, comprometendo a absorção e a biodisponibilidade. BIODISPONIBILIDADE Biodisponibilidade sistêmica é a fração da droga administrada que chega à corrente sanguínea sistêmica de forma inalterada = QTDE. DE FÁRMACO NA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA / QTDE. ADMINISTRADA - A maioria dos fármacos alcança seus locais de ação a partir da circulação sistêmica. - na administração intravenosa a quantidade administrada é igual a que alcança a circulação sistêmica (biodisponibilidade =1) - Para as outras vias de administração ela é menor que 1 A concentração plasmática é medida em TODOS os momentos em que a droga ficou no plasma (AUC). A BIODISPONIBILIDADE É EXPRESSA FAZENDO A RELAÇÃO ENTRE A AUC ORAL/AUC VENOSA (da mesma subst. na mesma dose) Concentração plasmática X Tempo Duração da ação: tempo que a concentração plasmática ficou acima da concentração eficaz mínima. Fatores que Interferem com a Biodisponibilidade: todos os fatores que interferem com a absorção + efeito primeira passagem Importância da via de introdução na Biodisponibilidade: mesma dose em vias diferente apresentam perfis de absorções diferentes. BIOEQUIVALÊNCIA: Equivalência Farmacêutica: - mesmo princípio ativo - mesma dose - mesma forma farmacêutica - mesma via de introdução Equivalência Terapêutica (Bioequivalência): - mesma biodisponibilidade - mesma taxa e extensão de absorção - mesma eficácia clínica - mesmo potencial de causar efeitos adversos Importância da bioequivalência (equivalência terapêutica): As drogas A E B tem a mesma Equivalência Farmacêutica. Podemos dizer que elas são bioequivalentes??? - NÃO pois as curvas não se sobrepõe! - NÃO basta conferir a biodisponibilidade, deve-se calcular a AUC para conferir a bioequivalência! Alguns fatores que podem impedir que 2 medicamentos de laboratórios diferentes, com a mesma equivalência farmacêutica, não sejam bioequivalentes: Tamanho da Partícula; Dissolução; Desintegração; Grau de Compactação do Comprimido..... MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA (de marca): Medicamentos registrados na ANVISA cuja eficácia e qualidade foram comprovados cientificamente por ocasião do registro. Podem servir de padrão para cópia, após a expiração do prazo da patente, para a produção de medicamentos genéricos, similares e alternativas farmacêuticas. Protegidos pela Lei das Patentes. MEDICAMENTO SIMILAR: É o medicamento que possui o mesmo fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, mas não tem sua bioequivalência com o medicamento de referência comprovada. Não é intercambiável. MEDICAMENTO GENÉRICO: É aquele que contém o mesmo fármaco (principio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica e é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do medicamento de referência. Apresenta a mesma eficácia, segurança e segurança que o medicamento de referência, comprovado por testes de bioequivalência, sendo com este intercambiável. DETALHES... • Os medicamentos prescritos pelo SUS tem que ser genéricos (é lei) • Nas prescrições privadas, vale o que o médico assinar • Caso não haja prescrição explicita na receita de “não trocar”, o farmacêutico pode trocar um de marca por um genérico.
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