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REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO ADMINISTRATIVO

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1 
 
 
 
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO I 
PROFESSORA: JULIANA DE ABREU TEIXEIRA 
 
UNIDADE II – REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO E PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO 
ADMINISTRATIVO 
 
1.1. Noção de Regime Jurídico-administrativo. 
 No Ordenamento Jurídico pátrio existem dois diferentes regimes jurídicos, o primeiro é o regime jurídico de 
direito privado que regulamenta a atividade entre particulares, e o segundo é o regime jurídico de direito público 
que regulamenta a atividade entre o particular e o estado. À personalidade jurídica e respectivo regime de cada 
ente da Administração Pública se dá o nome de REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO. 
 Só se pode conceber uma disciplina jurídica autônoma quando há um CONJUNTO SISTEMATIZADO DE 
REGRAS E PRINCíPIOS QUE LHE DÃO IDENTIDADE, diferenciando-a das demais ramificações do Direito. A 
esse conjunto dá-se o nome de REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO. 
 Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de regras e princípios que guardam entre si uma correlação 
lógica – constituindo assim uma unidade – a que se deve subsumir a atividade administrativa na consecução 
de seus fins. É o conjunto de prerrogativas e restrições da Administração Pública, amparados nas ideias que 
lhe dão origem. De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, tal regime delineia-se em razão de alguns 
princípios: supremacia do interesse público sobre o privado e indisponibilidade dos interesses públicos, as 
“pedras de toque” do Direito Administrativo. 
 É por tal motivo que normalmente, uma conduta, quando viola um princípio, viola vários inerentes ao sistema. 
 Direito Administrativo: 
 
 Proteção aos direitos dos indivíduos frente ao Estado - LIBERDADE 
  
Restrições – Indisponibilidade dos interesses públicos (legalidade); 
 
 Necessidade de satisfação dos interesses coletivos - AUTORIDADE 
  
 Prerrogativas da Administração – Supremacia do interesse público sobre o privado. 
 
 
1.1.1. Supremacia do interesse público sobre o privado. 
 É um pressuposto para a existência da sociedade, para o convívio social. 
 É o princípio que determina privilégios (prerrogativas) jurídicos e um patamar de superioridade do interesse 
público em face do individual. 
 Prerrogativas: intervenção na propriedade privada; cláusulas exorbitantes e formas diversas do exercício 
do poder de polícia. Está implícito na CF e justifica a própria idéia da administração como mecanismo de 
superioridade do interesse público sobre o particular. 
 Conseqüências: 
a) a proibição de greves total nos serviços públicos. O direito de greve deverá ser exercido nos termos 
do art. 37, VII, da CF/88 – “nos termos e nos limites definidos em lei específica”. Os serviços 
essenciais não podem simplesmente parar; 
b) a necessidade de institutos como a suplência, a delegação, a substituição para preencher funções 
públicas temporariamente vagas; 
c) a impossibilidade para quem contrata com a Administração de invocar a exceptio non adimpleti 
contractus nos contratos que tenham por objeto a prestação de serviços públicos. Obs: Lei 8666/93. 
d) a faculdade de a Administração utilizar equipamentos e instalações da empresa que com ela 
contrata para garantir a continuidade do serviço; 
 2 
e) a possibilidade de encampação da concessão de serviço público; 
f) dentre outras: prazos processuais em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer; imunidade 
tributária; prescrição qüinqüenal; o regime de precatórios; impenhorabilidade, inalienabilidade e 
imprescritibilidade dos bens públicos e etc. 
 Atenção: a superioridade é do interesse público ou coletivo, e não do Estado ou da máquina estatal ou do 
administrador, posto que estes representam o interesse público secundário. 
 
1.1.2. Indisponibilidade dos interesses públicos. 
 Os interesses públicos são indisponíveis. Ou seja, não estão entregues à livre disposição de vontade do 
administrador, visto que esse exerce função pública e deve atuar nos limites da lei. Este princípio limita a 
supremacia; é um contrapeso ao princípio acima citado. Também está implícito na CF. 
 Exercer função é exercer atividade em nome e no interesse do povo. É um múnus publico, compromisso 
encargo, obrigação, dever de bem servir. Portanto, o direito, o interesse não é do administrador, posto que 
este é mero representante, mas sim do povo. 
 Desdobramentos: 
 Legalidade e suas implicações (finalidade, razoabilidade, proporcionalidade, motivação e 
responsabilidade do Estado); 
 Obrigatoriedade do desempenho da atividade pública (continuidade dos serviços públicos); 
 Especialidade; 
 Hierarquia; 
 Controle administrativo ou tutela; 
 Isonomia dos administrados; 
 Publicidade; 
 Controle judicial dos atos administrativos; 
 Segurança jurídica. 
 
1.2. Princípios aplicáveis à Administração Pública. 
 
1.2.1. Princípios constitucionais explícitos. 
 São aqueles presentes no art. 37, caput, da Constituição Federal, de maneira expressa. Assim, são eles: 
os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência – LIMPE. 
 
1.2.1.1. Princípio da legalidade. 
 É a base, condição indispensável para a existência de um Estado de Direito (positivamente organizado e que 
obedece às próprias leis) e garante que todos os conflitos sejam resolvidos pela lei (art. 5° II, art. 37, caput e 
art. 150, todos da CF). Traduz o primado de que toda a eficácia da atividade administrativa fica condicionada 
à observância da lei, significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos 
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de 
praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade administrativa, civil e criminal, conforme o caso. 
 Deve-se distinguir a legalidade para o direito público (critério de subordinação à lei) e a legalidade para o 
direito privado (critério de não contradição à lei – autonomia da vontade). O administrador só pode fazer o 
que a lei manda, o que a lei autoriza, o que está previsto em lei. Já o particular pode fazer tudo o que a lei 
não proibe. 
 Atenção: o princípio da legalidade não é sinônimo do princípio da reserva legal: legalidade é fazer apenas o 
que a lei determina; reserva legal é quando o constituinte exige que certa matéria deve ser regida por 
determinada espécie normativa. 
 
1.2.1.2. Princípio da impessoalidade. 
 Exige a ausência de subjetividade na conduta praticada pelo agente público, pelo que fica impedido de 
considerar quaisquer inclinações e interesses pessoais (interesses próprios ou de terceiros). Estabelece 
que o ato do administrador é um ato impessoal, aproximando-se em muito ao conceito do princípio da 
isonomia. 
 Esse princípio desdobra-se em duas vertentes: 
- impessoalidade do administrador (imputa-se aos entes/órgãos). Ex.: Art. 37, § 1º, CF/88; 
 - impessoalidade do administrado (imputa-se à coletividade). Ex.: Art. 100, CF/88. 
 3 
 Outros instrumentos previstos na CF também representam a impessoalidade, como as exigências do 
concurso público e da licitação, previstos no art. 37, incisos II e XXI, respectivamente. 
 De acordo com a corrente tradicional (Hely Lopes Meirelles), com o advento da CF/88, o princípio da 
impessoalidade veio para substituir os princípios da imparcialidade ou finalidade (o administrador deve buscar 
o interesse público e não pessoais), sendo assim, esses princípios (impessoalidade e finalidade) são como se 
fossem sinônimos. 
 A corrente moderna (Celso Antônio Bandeira de Mello), mais exigida, atualmente, em concursos, entende 
que a finalidade e a impessoalidade são princípios autônomos: princípio da finalidade cumpre a vontade 
legal, é buscar o espíritoda lei, a vontade maior da lei. E a vontade da lei não pode se dissociar da própria 
lei. Assim, a finalidade decorre da legalidade, e não da impessoalidade.Para fundamentar esse entendimento, 
confira o art. 2° da Lei 9.784/99 – Lei do Processo Administrativo. 
 Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da impessoalidade veda discriminação benéfica ou 
detrimentosa, simpatia ou animosidade. Embora este conceito seja mais adequado para a isonomia, para o 
autor os princípios (impessoalidade e isonomia) são praticamente sinônimos. 
 Buscando a efetivação e aplicabilidade deste principio, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão 
instituído após a Emenda Constitucional n. 45/2004, editou a Resolução n. 07/2005 que vedou a contratação 
de parentes de magistrados, até o terceiro grau, para cargos de chefia, direção e assessoramento no Poder 
Judiciário. Não obstante a norma seja bastante clara, inúmeros tribunais concederam liminares favoráveis à 
permanência dos parentes em cargos de confiança, contrariando a determinação do Conselho. Por tal 
motivo, a Associação dos Magistrados Brasileiros ajuizou a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 
n. 12 no Supremo Tribunal Federal, que, mediante liminar estabelecendo efeito vinculante e com eficácia 
para todos (erga omnes), confirmou a constitucionalidade da norma do CNJ para pacificar entendimentos 
divergentes em tribunais de todo o país. Os Ministros, ao proferirem seus votos, destacaram que o 
rompimento das relações de trabalho dos nomeados para cargos de confiança no Poder Judiciário, dentro 
das regras estabelecidas na resolução do CNJ, atenderá às imposições da moralidade e da impessoalidade 
administrativas. Finalmente, em 21.01.2008, o STF editou a Súmula Vinculante n. 13, após o julgamento 
definitivo da ADC em questão, o qual confirmou a medida liminar. 
 Eis o texto da Súmula Vinculante n. 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, 
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma 
pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste 
mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal". 
 O principal fundamento da decisão reside no artigo 37 da Constituição Federal, que determina a observância 
dos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública: esse dispositivo seria auto-
aplicável. Conclusão: "Não é necessária lei formal para aplicação do princípio da moralidade", disse o 
ministro Menezes Direito. O ministro Ricardo Lewandowski, relator do recurso extraordinário, afirmou que é 
"falacioso" o argumento de que a Constituição Federal não vedou o nepotismo e que, então, essa prática 
seria lícita. Segundo ele, esse argumento está "totalmente apartado do ethos que permeia a Constituição 
cidadã". Mas "Somente os cargos e funções singelamente administrativos são alcançados pelo artigo 37 da 
Constituição Federal", disse o ministro Carlos Ayres Britto. Os princípios da moralidade e da impessoalidade 
não se aplicam aos dirigentes políticos. Assim, no entender do Supremo, mesmo que não exista uma lei 
nacional (ampla) impeditiva da prática do nepotismo, tal como exige o inciso II do artigo 37 da Constituição da 
República, a falta dessa lei não torna lícita a contratação de parentes (até o terceiro grau). A Administração 
Pública deve pautar-se em conformidade com o princípio da moralidade, que exige um comportamento 
escorreito do administrados. Deve ainda observar os princípios da igualdade e da eficiência. Enfim, para o 
STF, o nepotismo é ilícito por força dos princípios da impessoalidade, da moralidade, e da eficiência. 
 Muita atenção à exceção que o STF estabelece para os agentes políticos no que trata da nomeação 
para cargos em comissão e funções de confiança. 
 
 
1.2.1.3. Princípio da moralidade. 
 Foi introduzido como princípio expresso apenas na CF/88. 
 Relaciona-se com a idéia de honestidade, exigindo a estrita observância de padrões éticos, de boa-fé, de 
lealdade, de boa conduta, de regras que assegurem a boa administração e a disciplina interna na 
Administração Pública. 
 4 
 É um conceito vago, indeterminado. Em razão disto, o Poder Judiciário tem dificuldades na aplicação do 
princípio. Assim, para superar essa dificuldade, o Judiciário sempre o relaciona a outro princípio: a legalidade, 
referindo-se a esta no sentido amplo: se o ato é imoral, viola a ordem júridica e se viola a esta, viola a 
legalidade em sentido amplo. 
 Não se deve confundir moralidade administrativa com moralidade comum, pois esta traduz o conceito de 
certo e errado, enquanto aquela se relaciona com a boa administração. Ou seja, o administrador, além de 
exercer a conduta correta, deve ser o melhor administrador possível. Logo, o princípio se abraça ao princípio 
da eficiência. 
 Tanto a probidade como a moralidade estão ligados à idéia de honestidade, embora o constituinte não tenha 
se referido ao “princípio da probidade”. 
 Probidade administrativa (art. 32, § 4º, CF/88): Gênero da moralidade. 
 A lei 8.429/92 (lei de improbidade administrativa) abrange hipóteses de imoralidade. O ato imoral é o ato de 
improbidade administrativa. Todavia, a improbidade administrativa é um rol mais extenso, portanto não se 
pode afirmar que toda a improbidade administrativa é ato imoral. Imoralidade não é sinônimo de improbidade. 
Improbidade é o gênero, do qual imoralidade é a espécie. 
 A lei 12.846/13 (lei anticorrupção) também tutela o princípio em questão. Contudo, ao passo em que a lei da 
improbidade visa punir o agende público e o agente privado que incorrem no ato, a lei anticorrupção visa 
punir a pessoa jurídica em nome da qual agem os agentes corruptores. 
 O princípio também é tutelado pela Ação Popular (Art. 5º, LXXIII, CF/88), a qual tem por finalidade anular o 
ato administrativo que viola o princípio, mas não punir o agente ou a pessoa jurídica, como ocorre com a lei 
de improbidade e a lei anticorrupção. 
 
1.2.1.4. Princípio da publicidade. 
 Poder Público  dever de transparência, conhecimento, divulgação. 
 Todo poder “emana do povo” (art.1º, parágrafo único, da CF/88). 
 Não é requisito de forma do ato administrativo, mas sim de sua eficácia e moralidade. 
 Ampla divulgação dos atos da Administração Pública, exceto nos casos de sigilo previstos na Constituição. 
 Tem como conseqüência juridical/efeitos: o conhecimento público, o início de seus efeitos externos (condição 
de eficácia – ex.: publicação dos contratos administrativos – art. 61, parágrafo único da Lei 8666/93), o início 
da contagem de prazos (ex. Prazo para defesa de autos de infração) e ainda, assegurar o controle pelos 
interessados diretos e pelo povo em geral, através dos diversos meios constitucionais (ex. art. 31, § 3°, da 
CF/88 – contas públicas à disposição do administrados). Logo, publicidade é diferente de publicação, posto 
que esta é apenas uma das hipóteses de publicidade, que pode ser realizada de várias formas diferentes, 
dependendo da forma que a lei determinar. 
 A simples divulgação em rádio, tv ou jornal, não é suficiente para atender ao princípio, posto que a 
publicidade deve atender àquela formalidade prevista na lei: imprensa official, intimação pessoal, jornal de 
grande circulação, etc. 
 Desdobramentos: 
 O direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo 
ou geral (Art. 5º, XXXXIII, CF). Atenção: se negado o acesso e a informação é sobre sua pessoa, cabe 
habeas data; se a informação é de seu interesse, mas não sobre sua pessoa, cabe mandado de segurança; O direito à obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, CF); 
 O direito de acesso dos usuários a registros administrativos e atos de governo (art. 37, § 3°, II, CF). 
 Garantias: habeas data, mandado de segurança ou mesmo as vias ordinárias. 
 Limites: intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (art. 5º, X, c/c, art. 37, § 3°, II, da 
CF), sigilo da fonte quando necessário ao exercício profissional (art. 5º, XIV, CF), sigilo tido como 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII, c/c, art. 37, § 3°, II, CF), e atos 
processuais na forma da lei (art. 5o, LX, CF). 
 A falta de publicidade implica aos administradores, além de falta funcional se o regime discilpinar assim 
estabelecer, improbidade administrativa. 
 O administrador não pode, com a escusa de obedecer à publicidade, fazer promoção pessoal, a teor do art. 
37, § 1º, CF. De acodo com tal dispositivo, a publicação deve ter caráter informativo, educativo e de 
orientação social, não podendo constar nomes, símbolos e imagens que representem promoção pessoal. O 
STJ sustenta que tal artigo deve ser interpretado com bom senso, verificando-se cada caso em particular. Se 
há o nome, o símbolo, ou a imagem, mas o caráter é educativo, informativo ou de orientação social, não há 
 5 
improbidade. 
 Atenção: a publicidade feita em discordância com esse dispositivo legal não viola o princípio da publicidade, 
mas sim, outros princípios: a impessoalidade, a moralidade, a eficiência e a legalidade! 
 
1.2.1.5. Princípio da eficiência. 
 Consiste na busca de resultados práticos, de produtividade, de economicidade, a fim de não se desperdiçar 
dinheiro público e de se alcançar, também no serviço público, o rendimento típico da iniciativa privada, sendo 
que aqui o lucro é do povo. 
 Inserido pela Emenda 19/98 – Reforma do Estado. 
 Aspectos: - modo de atuação do agente público. 
 - modo de organizar a Administração Pública. 
 Melhores resultados, meios escassos, menor custo. Ou seja, a eficiência deve ser quanto aos meios e quanto 
aos resultados. 
 Estabilidade: art. 41, CF – passou a se exigir avaliação de desempenho para aquisição de estabilidade, 
visando garantir a eficiência do servidor. Ainda, criou-se a avaliação periódica. 
 Lei Complementar n° 101/00: o Poder Público não pode gastar com os servidores, além dos limites 
estabelecidos pela lei de Responsabilidade Fiscal: União 50%, Estado e Municípios 60% do orçamento. 
 Art. 169, CF: refere-se à racionalização da máquina administrativa, estabelecendo a possibilidade de 
exoneração de servidores para cumprir as regras na lei de responsabilidade fiscal, conforme abaixo: 
a) Cargo em comissão e função de confiança: cortar no mínimo 20%; 
b) Servidores não estáveis: quantos forem necessários, não havendo limites; 
c) Servidores estáveis: são exonerados e não demitidos, pois demissão é pena. 
 
1.2.2. Outros princípios constitucionais explícitos. 
 
1.2.2.1. Princípio da licitação. 
 Procedimento administrativo destinado a provocar propostas e a escolher proponentes de contratos de 
execução de obras, serviços, compras ou de alienações do Poder Público. 
 O art. 37, XXI, da CF/88 alberga tal princípio nos seguintes termos: 
“...ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão 
contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os 
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual permitirá as exigências de qualificação técnica e 
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”. 
 
1.2.2.2. Princípio da prescritibilidade dos ilícitos administrativos. 
 Se a Administração não toma providência à apuração e à responsabilização do agente quanto a um ilícito 
administrativo, a sua inércia gera a perda de seu ius persequendi. 
 O art. 37, § 5° dispõe sobre esse princípio: 
“A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícito praticados por qualquer agente, servidor ou não, 
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
 Ressalva: Nem tudo prescreverá. Conforme entendeu o STF em 2016 no RE 669069 a ação de 
ressarcimento ao erário prescreve em 5 anos em casos de reparação civil. Tambem entendeu o STF em 
2018 no RE (RE) 852475 que no caso do ressarcimento ao erário decorrente de improbidade 
administrativa, aplica-se a prescrição quinquenal, só havendo que se falar em imprescritbilidade 
quando de trata de ato de improbidade doloso. 
 
1.2.2.3. Princípio da responsabilidade da administração. 
 Art. 37, § 6° da CF/88: 
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos 
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o 
direito de regresso contra o responsável no casos de dolo ou culpa”. 
 A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos é objetiva, ou seja, independe de conduta dolosa, 
negligente, imperita ou imprudente daquele que causa o dano. 
 
 
 6 
1.2.2.4. Princípio da participação. 
 Emenda 19/98; 
 Novo enunciado do § 3°, do art. 37, da CF/88; 
 Não foi regulamentado, vez que sua efetivação depende de lei. 
 
1.2.2.5. Princípio da autonomia gerencial. 
 Regido pelo § 8°, do art. 37, também introduzido pela EC n. 19/98: 
“A Autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e 
indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder 
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à 
lei dispor sobre: 
I – o prazo de duração do contrato; 
II – os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos obrigações e responsabilidade dos 
dirigentes; 
III – a remuneração do pessoal” 
 
1.2.2.6. Princípio da Motivação. 
 Administração Pública deve indicar os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. 
 Discutia-se acerca de sua obrigatoriedade, entretanto, atualmente, face à evolução do Estado Democrático 
de Direito e dos princípios, foi consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço 
para as doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade só alcançava os atos vinculados ou só os 
discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. 
 A exigência de motivação consta na CF/88 no art. 93, inciso X, não havendo menção a ela no art. 37. A Lei 
9784/99 acolheu o princípio em seu art. 2º e no art. 50 explicita as situações em que a mesma é 
obrigatória. 
 
1.2.2.7. Princípios do contraditório e ampla defesa. 
 O art. 5º, inciso LV, da CF assegura aos litigantes em processo judicial ou administrativo o conhecimento e 
a oportunidade para efetivação da defesa. Em regra, o indivíduo tem o direito de saber tudo o que se passa 
sobre ele (indivíduo) mesmo, e com base nisto, se defender. 
 Contraditório: É ciência da existência do processo e dos atos praticados no decorrer desse processo. 
Possui duas bases, uma lógica e uma política. Para a base lógica, é através do contraditório que se 
constitui a bilateralidade da relação processual (ciência à parte contrária). Para a base política, ninguém 
pode ser processado ou punido sem ter conhecimento do processo (mecanismo de defesa). 
 Ampla defesa: é a concessão da oportunidade para que a parte se defenda. O STF e a doutrina entendem 
que não basta a oportunidade, alguns desdobramentos devem ser observados: 1) a parte deve ter direito à 
defesa prévia em um procedimento predeterminado e com a indicação das possíveis penalidades 
previamentedefinidas; 2) a parte deve ter a garantia de informação dentro do processo; 3) não se exige a 
defesa técnica, mas esta não pode ser inviabilizada ou prejudicada; 4) a parte tem direito a produzir provas, 
assim como o de ver esta prova participando do convencimento do administrador; 5) a parte tem direito à 
interposição de recursos, independentemente de previsão específica. 
 Súmula Vinculante n. 3: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o 
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato 
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão 
inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” 
 Súmula Vinculante n. 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não 
ofende a Constituição.” 
 
1.2.3. Princípios constitucionais implícitos. 
 
1.2.3.1. Princípio da autotutela. 
 Controle sobre seus próprios atos: 
 Anulando-os quando ilegais, ou; 
 Revogando-os por critérios de conveniência e oportunidade. 
 A autotutela decorre da legalidade e da supremacia do interesse público sobre o privado; 
 Súmulas 346 e 473 do STF. 
 7 
 
1.2.3.2. Princípio da finalidade. 
 O administrador deve atuar com rigorosa obediência à finalidade de suas competências, traçadas na lei 
(doutrina moderna); 
 Decorre do princípio da legalidade (doutrina moderna) e do princípio da impessoalidade (doutrina clássica); 
 Atenção para as correntes tradicional e moderna acerca do princípio, já mencionadas ao discorrermos 
sobre o princípio da impessoalidade; 
 Vício: desvio de finalidade. 
 
1.2.3.3.Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. 
 Razoabilidade: de acordo com o princípio, a prática de atos administrativos discricionários deve se processar 
dentro de padrões estritos de razoabilidade, ou seja, com base em parâmetros objetivamente racionais de 
atuação e sensatez, visando a realização do Direito, tendo um justo equilíbrio entre os meios empregados e 
os fins a serem alcançados. De acordo com o princípio, o Administrador não pode, a pretexto de cumprir a lei, 
agir de forma despropositada ou tresloucada. Deve manter um certo padrão do razoável. 
 Celso Antônio Bandeira de Mello: 
“Enuncia-se com este princípio que a administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de 
obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas 
equilibradas e respeitosas das finalidades que presidam a outorga da competência exercida”. 
 Art. 2° da lei n. 9.784/99: É a coerência, a lógica, a congruência, a atitude de bom senso na prática dos atos 
administrativos. 
 EC n. 45 incluiu o inciso LXXVIII no art. 5°, da CF, o qual dispõe sobre o prazo razoável para a duração do 
processo judicial e administrativo. Assim, alguns autores tem afirmado que o princípio da razoabilidade agora 
é explícito no texto constitucional. 
 Para a doutrina administrativista majoritária, o desdobramento da razoabilidade é o princípio da 
proporcionalidade: exige equilíbrio entre o sacrifício imposto ao interesse de alguns e a vantagem geral 
obtida, equilíbrio entre os benefícios e os prejuízos, de modo a não tornar excessivamente onerosa a 
prestação. Agir de forma equilibrada também é agir de forma razoável, por isso a proporcionalidade se insere 
na razoabilidade. 
 Pressupostos: 
a) Conformidade ou adequação dos meios, ou seja, o ato administrativo deve ser adequado aos 
fins que pretende realizar; 
b) Necessidade, vale dizer, possuindo o agente público mais de um meio para atingir a mesma 
finalidade, deve optar pelo menos gravoso à esfera individual; 
c) Proporcionalidade estrita entre o resultado obtido e carga empregada para a consecução 
desse resultado. 
 Ambos representam limites à discricionariedade do administrador. Se um ato discricionário não é razoável ou 
proporcional, o Judiciário pode controlá-los exercendo controle de legalidade, em sentido amplo, porque 
ambos são princípios implícitos. 
 Leitura obrigatória: ADPF no 45: refere-se ao princípio da razoabilidade. 
 
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