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atividade Entre os Muros da Escola

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Entre os Muros da Escola
	Sinopse: François Marin é professor de francês para a 7ª série de uma escola parisiense. Durante o ano letivo, ele terá de enfrentar muitos desafios para ensinar essa turma que tem alunos de origens diversas.
A pior idade do desenvolvimento de um ser humano é a 7ª série. Nesse fatídico ano, normalmente começa a puberdade e o jovem sente-se no dever de desafiar todas as autoridades. Também é comum nessa faixa etária acessos de completa idiotice, como as gozações a plenos pulmões em salas de cinema. O filme Entre os Muros da Escola (Entre les murs) consegue retratar bem o temperamento intragável desses rebeldes sem causa. A identificação com situações reais será imediata.[
O tema central do enredo é a difícil relação entre professor e aluno, nos dois sentidos. A autenticidade do filme se deve a François Bégaudeau, que é o ator principal na adaptação cinematográfica feita por ele mesmo de um livro com relatos de suas experiências pessoais lidando com seus alunos. Tal envolvimento poderia estragar a fita, mas nas mãos do experiente diretor Laurent Cantet o saldo é muito humano e bonito. Também merece elogios a dramaturgia de François, que desapega-se do ego e constrói um protagonista com falhas, para mostrar bem várias falhas na relação.
O roteiro propõe-se a abrir diálogos, mas não tem a pretensão de apontar soluções para essa situação que não acontece só na França. Educadores brasileiros perceberão que os obstáculos a serem vencidos por François não são tão distantes do que acontece nas escolas públicas tupiniquins. A opção por não fechar a conversa é muito acertada, dada a globalidade da questão. Com isso, Entre os Muros da Escola vai contra seu próprio título, já que as discussões por ele provocadas infiltrarão outros recintos.
 
"Entre os Muros da Escola
Há uma diferença cultural e social que gera incompreensão e atrito entre ambas as partes, em um retrato do que seria a França contemporânea. Os muros da escola não são os únicos que revelam uma divisão e uma impenetrabilidade entre dois lados. Há também outros muros invisíveis que estão sugeridos no filme. De um lado desse muro está François Marin, um professor de francês vivido por François Bégaudeau, que também é o autor do livro homônimo no qual "Entre os Muros da Escola" é baseado. De outro, está um grupo de alunos entre 13 e 15 anos composto por negros africanos, asiáticos latino-americanos e franceses.
François pode ser visto como um educador, em um primeiro momento, mas também como uma espécie de colonizador. Seu sobrenome Marin, que pode ser traduzido ao português como marinheiro, sugere alguém que é desbravador dos mares e de novas terras. Seu esforço em fazer com que seus alunos incorporem o idioma francês pode ser interpretado como uma espécie de "processo civilizador" imposto a esses alunos de diferentes etnias. A linguagem é o grande campo de batalha onde é travado esse conflito cultural. O filme se sustenta basicamente apenas com longos diálogos, e muitos deles trazem o frescor do improviso. Sem um roteiro em mãos, os jovens puderam criar seus próprios diálogos, o que dá a sensação de que a realidade daqueles garotos invadia a ficção de "Entre Muros".
A invasão da realidade no filme também se dá através do nome dos personagens, que é a mesma dos jovens na vida real. Porém, duas exceções merecem menção. Khoumba, vivida por Rachel Régulier, é uma aluna chamada de insolente por se recusar a atender uma ordem do professor. Souleymane, interpretado por Franck Keïta, é o garoto problemático que se indispõe com o professor e seus colegas.
São os dois personagens "rebeldes" e principais questionadores da autoridade de François. Apresentá-los como personagens fictícios parece querer desvinculá-los do mundo real. É como se a visão deste filme francês fosse apenas capaz de ver o "verdadeiro" outro como o "bom selvagem", aquele personagem de outra etnia que se esforça a assimilar a cultura francesa. Talvez por isso, os professores lamentem a possibilidade de deportação do chinês Wei, um aluno dedicado no estudo do francês e bom moço, mas se reúnam para discutir a expulsão de Souleymane, um personagem que vemos falar um outro idioma.
O filme reforça uma visão colonizadora a partir do ponto de vista de alguém que se toma, mesmo que inconscientemente, como a "civilização". Assim, o outro se torna o retrato da rebeldia que deve ser conquistado através da assimilação da cultura da "civilização".
Para o público brasileiro, a imagem de alunos que questionam a autoridade do professor e até mesmo são agressivos possibilita outra discussão. Trata-se de um retrato que talvez não seja diferente do que vemos em escolas brasileiras, em que é comum o relato de desrespeito ao mestre. Mas a escola em si não parece ser o principal foco do filme. Tanto que o título original se refere apenas aos muros. A menção à escola no título é uma inclusão da distruibuidora do filme no Bra

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