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DIREITO CONSTITUCIONAL II RESUMO AV1

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DIREITO CONSTITUCIONAL II - RESUMO AV1 
 
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA 
NOÇÕES PRELIMINARES 
A organização e estrutura do Estado podem ser analisadas sob três aspectos: forma de governo, 
sistema de governo e forma de Estado. 
 forma de governo: República ou Monarquia; 
 sistema de governo: presidencialismo ou parlamentarismo; 
 forma de Estado: Estado unitário ou Federação. 
 
O Brasil adotou a forma republicana de governo, o sistema presidencialista de governo e a forma 
federativa de Estado. 
 
FORMAS DE ESTADO 
O conceito de forma de Estado está relacionado com o modo de exercício do poder político em função 
do território de um dado Estado. A existência (ou não) da repartição regional de poderes autônomos é, pois, 
o núcleo caracterizador do conceito de forma de Estado. 
 
Federação 
É uma aliança de Estados para a formação de um Estado único, em que as unidades federadas 
preservam autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal. O Federalismo 
possibilita a coexistência de diferentes coletividades públicas, havendo diversas esferas políticas dentro de 
um único Estado com atribuições fixadas pela Constituição. 
A Soberania pode ser entendida como a capacidade de Autodeterminação plena, não condicionada 
a nenhum outro poder, externo ou interno, já a Autonomia pode ser definida como a capacidade de 
Autodeterminação dos Estados-Membros da Federação dentro da esfera de atribuições fixadas pela 
Constituição Federal. 
 
Composição e sistematização conceitual 
O art. 1.º, caput, da CF/88 preceitua que a República Federativa do Brasil é formada pela união 
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituindo-se em Estado Democrático de 
Direito, sendo que o caput de seu art. 18 complementa, estabelecendo que “a organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. 
 
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERAL 
Apesar de cada Estado federativo apresentar características peculiares, inerentes às suas realidades 
locais, encontramos alguns pontos em comum que podem assim ser sistematizados: 
 descentralização política: a própria Constituição prevê núcleos de poder político, 
concedendo autonomia para os referidos entes; 
 repartição de competência: garante a autonomia entre os entes federativos e, assim, o 
equilíbrio da federação; 
 Constituição rígida como base jurídica: fundamental a existência de uma Constituição 
rígida no sentido de garantir a distribuição de competências entre os entes autônomos, 
surgindo, então, uma verdadeira estabilidade institucional; 
 inexistência do direito de secessão: não se permite, uma vez criado o pacto federativo, o 
direito de separação, de retirada. Tanto é que, só a título de exemplo, no Brasil, a CF/88 
estabeleceu em seu art. 34, I, que a tentativa de retirada ensejará a decretação da intervenção 
federal no Estado “rebelante”. Eis o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, 
lembrando, inclusive, que a forma federativa de Estado é um dos limites materiais ao poder 
de emenda, na medida em que, de acordo com o art. 60, § 4.º, I, não será objeto de 
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado; 
 soberania do Estado federal: a partir do momento que os Estados ingressam na Federação 
perdem soberania, passando a ser autônomos. Os entes federativos são, portanto, 
autônomos entre si, de acordo com as regras constitucionalmente previstas, nos limites de 
sua competência; a soberania, por seu turno, é característica do todo, do “país”, do Estado 
federal, no caso do Brasil, tanto é que aparece como fundamento da República Federativa do 
Brasil (art. 1.º, I, CF/88). Conforme alertamos no item 4.7, dentro do conceito de 
supranacionalidade, hoje se fala em flexibilização da ideia clássica de soberania; 
 intervenção: diante de situações de crise, o processo interventivo surge como instrumento 
para assegurar o equilíbrio federativo e, assim, a manutenção da Federação; 
 auto-organização dos Estados-membros: através da elaboração das constituições 
estaduais (vide art. 25 da CF/88); 
 órgão representativo dos Estados-membros: no Brasil, de acordo com o art. 46, a 
representação dá -se através do Senado Federal; 
 guardião da Constituição: no Brasil, o STF; 
 repartição de receitas: assegura o equilíbrio entre os entes federativos (arts. 157 a 159). 
 
A Constituição Federal de 1988 adotou como forma de Estado o federado, integrado por diferentes 
centros de poder político. Assim, temos um poder político central (União), poderes políticos regionais 
(estados) e poderes políticos locais (municípios), além do Distrito Federal, que, em virtude da vedação 
constitucional à sua divisão em municípios, acumula os poderes regionais e locais (CF, art. 32, § I.º). 
 
TIPOLOGIAS DO FEDERALISMO 
Federalismo por agregação ou por desagregação 
No federalismo por agregação, os Estados independentes ou soberanos resolvem abrir mão de 
parcela de sua soberania para agregar-se entre si e formarem um novo Estado, agora, Federativo, passando 
a ser, entre si, autônomos. Como exemplo, podemos citar a formação dos Estados Unidos, da Alemanha e 
da Suíça. 
Por sua vez, no federalismo por desagregação (segregação), a federação surge a partir de um 
determinado Estado unitário que resolve descentralizar-se. O modelo busca uma maior solidez, tendo em 
vista a indissolubilidade do vínculo federativo. O Brasil é exemplo de federalismo por desagregação, que 
surgiu a partir da proclamação da República, materializando-se, o novo modelo, na Constituição de 1891. 
 
Federalismo dual ou cooperativo 
Ao analisar o modo de separação de atribuições (competências) entre os entes federativos, a 
doutrina identificou tanto o federalismo dual como o federalismo cooperativo. 
No federalismo dual, a separação de atribuições entre os entes federativos é extremamente rígida, 
não se falando em cooperação ou interpenetração entre os mesmos. O exemplo seria os Estados Unidos 
em sua origem. 
Flexibilizando a rigidez do modelo dual (clássico), surge o modelo cooperativo, especialmente 
durante o século XX, com o surgimento do Estado do Bem-Estar Social. Nesse modelo, as atribuições serão 
exercidas de modo comum ou concorrente, estabelecendo -se uma verdadeira aproximação entre os entes 
federativos, que deverão atuar em conjunto. 
O modelo brasileiro pode ser classificado como um federalismo cooperativo. 
 
Federalismo simétrico ou assimétrico 
No federalismo simétrico verifica-se homogeneidade de cultura e desenvolvimento, assim como de 
língua, como é o caso dos Estados Unidos. Por outro lado, o federalismo assimétrico pode decorrer da 
diversidade de língua e cultura, como se verifica, por exemplo, nos quatro diferentes grupos étnicos da Suíça 
(cantões), ou, também, no caso do Canadá, país bilíngue e multicultural. 
No Brasil há um certo “erro de simetria”, pelo fato de o constituinte tratar de modo idêntico os Estados, 
como, por exemplo, se verifica na representação no Parlamento (cada Estado, não importa o seu tamanho, 
o seu desenvolvimento, elege o número fixo de três Senadores, cada qual com dois suplentes — art. 46, §§ 
1.º e 3.º). 
O constituinte deveria ter considerado a dimensão territorial, o desenvolvimento econômico, a cultura 
etc., tratando, dessa forma, de modo assimétrico os entes federativos. 
 
Federalismo orgânico 
No federalismo orgânico, o Estado deve ser considerado como um “organismo”. Busca-se, dessa 
forma, sustentar a manutenção do “todo” em detrimento da “parte”. Os Estados-membros, por consequência, 
aparecemcomo um simples reflexo do “todo-poderoso poder central”. 
 
Federalismo de integração 
Em nome da integração nacional, passa a ser verificada a preponderância do Governo central sobre 
os demais entes, atenuando-se, assim, as características do modelo federativo. 
Nesse sentido, André Ramos Tavares constata que, “no extremo, o federalismo de integração será 
um federalismo meramente formal, cuja forte assimetria entre poderes distribuídos entre as entidades 
componentes da federação o aproxima de um Estado unitário descentralizado, com forte e ampla 
dependência, por parte das unidades federativas, em relação ao Governo da União federal”. 
 
Federalismo equilíbrio 
O federalismo equilíbrio traduz a ideia de que os entes federativos devem se manter em harmonia, 
reforçando-se as instituições. 
Segundo André Ramos Tavares, “isso pode ser alcançado pelo estabelecimento de regiões de 
desenvolvimento (entre os Estados) e de regiões metropolitanas (entre os municípios), concessão de 
benefícios, além da redistribuição de rendas”, destacando-se, respectivamente, os arts. 43, 25, § 3.º, 151, I, 
e 157 a 159. 
 
Federalismo de segundo grau 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho fala em uma tríplice estrutura do Estado brasileiro, diferente, por 
exemplo, do modelo norte-americano que apresenta a União e os Estados-membros. 
De fato, no Brasil, é reconhecida a existência de 3 ordens, quais sejam, a da União (ordem central), 
a dos Estados (ordens regionais) e a dos Municípios (ordens locais). 
Não se pode esquecer, naturalmente, a posição peculiar do DF em nossa federação que, a partir do 
texto de 1988, não tem natureza nem de Estado, nem de Município, podendo ser caracterizado como “... 
uma unidade federada com autonomia parcialmente tutelada”. 
Em seguida, observa Manoel Gonçalves Ferreira Filho que, o poder de auto-organização dos 
Municípios deverá observar dois graus, quais sejam, tanto a Constituição Federal, como a Constituição do 
respectivo Estado. Assim, conclui, “a Constituição de 1988 consagra um federalismo de segundo grau”. 
 
Vedações constitucionais impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios 
Existe expressa vedação constitucional, prevista no art. 19 da CF/88, impossibilitando aos entes 
federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios): 
 Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou 
manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma 
da lei, a colaboração de interesse público. O Brasil, como veremos melhor ao analisar o art. 5.º, VI, 
no item 14.10.6, é um país leigo, laico, não confessional, ou seja, desde o advento da República 
não adota qualquer religião oficial; 
 Recusar fé aos documentos públicos, ou seja, os documentos públicos presumem-se idôneos; 
 Criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si, inegável desdobramento do princípio da 
isonomia. 
 
UNIÃO FEDERAL 
União — unidade federativa —, ordem central, que se forma pela reunião de partes, através de um 
pacto federativo. Outra coisa é a República Federativa do Brasil, formada pela reunião da União, Estados -
membros, Distrito Federal e Municípios, todos autônomos, nos termos da CF. A República Federativa do 
Brasil, portanto, é soberana no plano internacional (cf. art. 1.º, I), enquanto os entes federativos são 
autônomos entre si. 
 
Capital Federal 
De acordo com o art. 18, § 1.º, a Capital Federal é Brasília. Segundo José Afonso da Silva, Brasília 
não se enquadra no conceito geral de cidades, por não ser sede de Município. Outrossim, desde já 
lembramos que o art. 6.º da Lei Orgânica do DF estabelece que Brasília, além de ser a Capital da República 
Federativa do Brasil, também é sede do governo do Distrito Federal. 
 
ESTADOS-MEMBROS 
Os Estados federados são autônomos, em decorrência da capacidade de auto-organização, auto 
governo, autoadministração e autolegislação. Trata-se de autonomia, e não de soberania, na medida em 
que a soberania é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Internamente, os entes 
federativos são autônomos, nos limites de suas competências, constitucionalmente definidas, delimitadas e 
asseguradas. Constituem pessoas jurídicas de direito público interno, autônomos, nos seguintes termos: 
 Auto-organização: art. 25, caput, que, como vimos, preceitua que os Estados se organizarão e 
serão regidos pelas leis e Constituições que adotarem, observando -se, sempre, as regras e 
preceitos estabelecidos na CF, conforme já expusemos ao tratar do poder constituinte derivado 
decorrente; 
 Autogoverno: os arts. 27, 28 e 125 estabelecem regras para a estruturação dos “Poderes”: 
Legislativo: Assembleia Legislativa; Executivo: Governador do Estado; e Judiciário: Tribunais e 
Juízes (cada um dos Poderes será estudado nos capítulos 9 -11); 
 Autoadministração e autolegislação: arts. 18 e 25 a 28 — regras de competências legislativas e 
não legislativas, que serão oportunamente estudadas. 
 
Regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões 
O § 3.º do art. 25 da CF/88 estabelece que os Estados Federados poderão instituir regiões 
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões. 
Na conceituação de José Afonso da Silva: “Região metropolitana constitui–se de um conjunto de 
Municípios cujas sedes se unem com certa continuidade urbana em torno de um Município-polo. 
Microrregiões formam-se de grupos de Municípios limítrofes com certa homogeneidade e problemas 
administrativos comuns, cujas sedes não sejam unidas por continuidade urbana. Aglomerados urbanos 
carecem de conceituação, mas, de logo, se percebe que se trata de áreas urbanas, sem um polo de atração 
urbana, quer tais áreas sejam das cidades sedes dos Municípios, como na baixada santista (em São Paulo), 
ou não”. 
 
Formação dos Estados-membros (art. 18, § 3.º, da CF/88) 
FUSÃO: Ocorre quando dois ou mais Estados se unem geograficamente, formando um terceiro e novo 
Estado, distinto dos anteriores. Ou seja, os Estados que se incorporam entre si não mais existirão, existindo 
somente o Estado criado por essa junção. 
 
CISÃO: Ocorre quando um Estado que já existe subdividi-se, formando dois ou mais Estados Novos que 
não existiam, com personalidades distintas. O Estado originário que se subdividiu desaparece, deixando de 
existir politicamente. 
 
DESMEMBRAMENTO: Fixou a possibilidade de um ou mais Estados cederem parte de seu território 
geográfico para formar um novo Estado que não existia, ou, se anexar (parte desmembrada) a um outro 
Estado que já existia. O Estado originário não desaparece. Ex.: Goiás - Tocantis 
 
MUNICÍPIOS 
O Município pode ser definido como pessoa jurídica de direito público interno e autônoma nos termos 
e de acordo com as regras estabelecidas na CF/88. 
Auto-organização: art. 29, caput — os Municípios organizam-se por meio de Lei Orgânica, votada em dois 
turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, 
que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do 
respectivo Estado e os preceitos estabelecidos nos incisos I a XIV do art. 29 da CF/88; 
Autogoverno: elege, diretamente, o Prefeito, Vice -Prefeito e Vereadores (confira incisos do art. 29); 
Autoadministração e autolegislação: art. 30 — regras de competência que serão oportunamente 
estudadas. 
 
Formação dos Municípios 
O art. 18, § 4.º, da CF/88, com a nova redação dada pela EC n. 15/96, estabelece as regras para a 
criação, incorporação, fusão e desmembramento de Municípios, nos seguintes termos e obedecendo às 
seguintes etapas: 
Lei complementar federal: determinaráo período para a mencionada criação, incorporação, fusão ou 
desmembramento de Municípios, bem como o procedimento; 
Estudo de viabilidade municipal: deverá ser apresentado, publicado e divulgado, na forma da lei, estudo 
demonstrando a viabilidade da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios; 
Plebiscito: desde que positivo o estudo de viabilidade, far-se-á consulta às populações dos Municípios 
envolvidos (de todos os Municípios envolvidos, e não apenas da área a ser desmembrada, conforme vimos 
em relação aos Estados-membros), para aprovarem ou não a criação, incorporação, fusão ou 
desmembramento. Referido plebiscito será convocado pela Assembleia Legislativa, de conformidade com a 
legislação federal e estadual (art. 5.º da Lei n. 9.709/98); 
Lei estadual: dentro do período que a lei complementar federal definir, desde que já tenha havido um estudo 
de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados, incorporados, fundidos ou desmembrados 
Municípios, através de lei estadual. 
 
DISTRITO FEDERAL 
O Distrito Federal é, portanto, uma unidade federada autônoma, visto que possui capacidade de 
auto-organização, autogoverno, autoadministração e autolegislação: 
Auto-organização: art. 32, caput — estabelece que o Distrito Federal se regerá por lei orgânica, votada em 
dois turnos com interstício mínimo de dez dias e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a 
promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal; 
Autogoverno: art. 32, §§ 2.º e 3.º — eleição de Governador e Vice–Governador e dos Deputados Distritais; 
Autoadministração e autolegislação: regras de competência legislativas e não legislativas, que serão 
abaixo estudadas. 
 
Características importantes: 
Impossibilidade de divisão do Distrito Federal em Municípios: o art. 32, caput, expressamente, veda a 
divisão do Distrito Federal em Municípios, ao contrário do que acontece com os Estados e Territórios; 
Autonomia parcialmente tutelada pela União: 
a) o art. 32, § 4.º, declara inexistir polícias civil, militar e corpo de bombeiros militar, pertencentes ao Distrito 
Federal. Tais instituições, embora subordinadas ao Governador do Distrito Federal (art. 144, § 6.º), são 
organizadas e mantidas diretamente pela União, sendo que a referida utilização pelo Distrito Federal será 
regulada por lei federal (cf. S. 647/STF, 24.09.2003 e capítulo sobre segurança pública, item 13.7.6); 
b) o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal serão organizados e 
mantidos pela União (arts. 21, XIII e XIV, e 22, XVII). 
 
TERRITÓRIOS FEDERAIS 
Apesar de ter personalidade, o território não é dotado de autonomia política. Trata-se de mera 
descentralização administrativo -territorial da União, qual seja, uma autarquia que, conforme expressamente 
previsto no art. 18, § 2.º, integra a União. 
 
Características importantes 
Algumas outras regras devem também ser lembradas: 
Lei federal: de acordo com o art. 33, caput, lei federal disporá sobre a organização administrativa e judiciária 
dos Territórios; 
Divisão em Municípios: ao contrário do que ocorre com o Distrito Federal, o art. 33, § 1.º, estabelece a 
possibilidade de os Territórios, quando criados, serem divididos em Municípios, aos quais serão aplicadas 
as regras previstas nos arts. 29 a 31 da CF/88; 
Executivo: a direção dos Territórios, se criados, dar -se -á por Governador, no meado pelo Presidente da 
República, após aprovação pelo Senado Federal (art. 84, XIV); 
Legislativo (CN): nos termos do art. 45, § 2.º, cada Território elegerá o número fixo de 4 deputados federais, 
caracterizando-se, assim, exceção ao princípio proporcional para a eleição de deputados federais, ou seja, 
não existirá variação do número de representantes da população local dos Territórios; 
Controle das contas: a fiscalização das contas do governo do Território caberá ao Congresso Nacional, 
após o parecer prévio do Tribunal de Contas da União (art. 33, § 2.º); 
Judiciário, Ministério Público e defensores públicos federais: nos Territórios Federais com mais de 100 
mil habitantes, além do Governador nomeado na forma da Constituição (art. 84, XIV), haverá órgãos 
judiciários de primeira e segunda instâncias, membros do Ministério Público e defensores públicos federais, 
organizados e mantidos pela União (art. 33, § 3.º, c/c o art. 21, XIII). Ainda, nos termos do parágrafo único 
do art. 110, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais (Justiça Federal Comum) caberão 
aos juízes da justiça local, na forma da lei; 
Polícia civil, polícia militar e o corpo de bombeiros militar dos Territórios federais: muito embora os 
Territórios sejam uma descentralização administrativa da União, integrando-a, a EC n. 19/98, alterando a 
redação do art. 21, XIV, da CF/88, não mais estabeleceu para a União a atribuição de organização e 
manutenção da polícia civil, militar e do corpo de bombeiros dos Territórios, endereçando referida regra 
exclusivamente ao Distrito Federal; 
Legislativo: a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa (art. 
33, § 3.º); 
Sistema de ensino: organizado pela União, nos termos do art. 211, § 1.º. 
 
REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
A autonomia das entidades federativas pressupõe repartição de competências legislativas, 
administrativas e tributárias, sendo, pois, um dos pontos caracterizadores e asseguradores do convívio no 
Estado Federal. 
Na definição de José Afonso da Silva, competência é a “faculdade juridicamente atribuída a uma 
entidade, órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competências são as diversas 
modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades estatais para realizar suas funções”. 
A própria Constituição Federal estabelecerá as matérias próprias de cada um dos entes federativos, 
União, Estados-membros, Distrito Federal e municípios, e a partir disso poderá acentuar a centralização de 
poder, ora na própria Federação, ora nos Estados-membros. 
 
Princípio básico para a distribuição de competências – predominância do interesse 
O princípio geral que norteia a repartição de competência entre as entidades componentes do Estado 
Federal é o da predominância do interesse. Assim, pelo princípio da predominância do interesse, à União 
caberá aquelas matérias e questões de predominância do interesse geral, ao passo que aos Estados 
referem-se as matérias de predominante interesse regional e aos municípios concernem os assuntos de 
interesse local. Em relação ao Distrito Federal, por expressa disposição constitucional (CF, art. 32, §1º), 
acumulam-se, em regra, as competências estaduais e municipais, com a exceção prevista no art. 22, XVII, 
da Constituição. 
 
MODELOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
A doutrina constitucionalista aponta a existência de di ferentes modelos de repartição de 
competências, a saber: modelo clássico e modelo moderno; modelo horizo n t a l e modelo vertical. 
O modelo clássico - nascido com o surgimento da forma federativa de Estado, nos Estados Unidos 
da América, em 1 787 - tem por característica enumerar as competências da União (competência 
enumerada) e reservar as demais, não enumeradas, aos estados-membros (competência remanescente ou 
residual). 
O modelo moderno - adotado após a primeira guerra mundial – tem por característica descrever no 
texto constitucional não só as atribuições da União (competências enumeradas), mas também as hipóteses 
de competência comum e(ou) concorrente entre a União e os estados. 
O traço marcante da repartição horizontal é a inexistência de subordinação ou hierarquização entre 
os entes federados no exercício da competência. Cada ente é dotado de plena autonomiapara exercer, sem 
ingerência dos demais, a competência quanto às matérias que a Constituição lhe atribui. É o caso das 
competências estabelecidas nos arts. 21, 22, 23, 25 e 30 da Constituição Federal. 
Ocorre a repartição vertical quando a Constituição outorga a diferentes entes federativos a 
competência para atuar sobre as mesmas matérias, mas estabelece uma relação de subordinação entre o 
tipo de atuação previsto para cada um. Os entes federados atuam sobre as mesmas matérias – formando o 
que se denomina condomínio legislativo entre a União e os Estados -, mas não dispõem dos mesmos 
poderes nessa tarefa. 
 
Competências administrativas da União 
As principais competências enumeradas da União estão previstas nos arts. 21 e 22 da Constituição 
Federal. 
O art. 21 da Constituição Federal estabelece a denominada competência exclusiva da União. 
Trata-se de competências administrativas, nas quais a União deverá atuar com absoluta exclusividade, não 
havendo, sequer, autorização constitucional para a delegação a outros entes federativos. Sua principal 
característica é, pois, a indelegabilidade. 
O art. 22 da Constituição Federal estabelece a competência privativa da União. Ao contrário da 
competência administrativa exclusiva, a marca da competência legislativa privativa da União é a sua 
delegabilidade aos estados e ao Distrito Federal. 
 
Competências administrativas dos Estados-membros 
Como regra, a Constituição Federal não enumerou taxativamente as matérias de competência dos 
estados-membros, reservando a eles a denominada competência remanescente (CF, art. 25, § 1º). Aos 
Estados-membros são reservadas as competências administrativas que não lhes sejam vedadas pela 
Constituição, ou seja, cabem na área administrativa privativamente ao Estado todas as competências que 
não forem da União (CF, art. 21), dos municípios (CF, art. 30) e comuns (CF, art. 23). 
 
Competências administrativas dos municípios 
A competência dos municípios pode ser dividida em competência legislativa e competência 
administrativa. 
A competência legislativa corresponde à competência exclusiva para legislar sobre assuntos de 
interesse local (CF, art. 30, I) e à competência suplementar, para suplementar a legislação federal ou 
estadual, no que couber (CF, art. 30, II). 
A competência administrativa autoriza o município a atuar sobre os assuntos de interesse local, 
identificados a partir do princípio da predominância do interesse, especialmente sobre a s matérias 
expressamente consignadas nos incisos III ao IX do art. 30 da Constituição Federal. 
No uso da competência suplementar, podem os municípios suprir as lacunas da legislação federal e 
estadual, regulamentando as respectivas matérias para ajustar a sua execução às peculiaridades locais. 
Entretanto, no uso dessa competência suplementar, não poderão os municípios contraditar a legislação 
federal e estadual existente, tampouco extrapolar a sua competência para disciplinar, apenas, assuntos de 
interesse local. 
Não há uma enumeração constitucional, expressa e taxativa, dos chamados assuntos ele interesse 
local, de competência do ente municipal. Deverão eles ser identificados caso a caso, a partir da aplicação 
do princípio da predominância do interesse. 
 
Competências administrativas do Distrito Federal 
A Constituição Federal, no rol de competências administrativas comuns a todos os entes federativos, 
também inclui o Distrito Federal (CF, art. 23). Além disso, em regra, poderá administrativamente reger-se 
pela somatória das competências estaduais e municipais. 
 
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA COMUM 
O art. 23 da Constituição Federal enumera as matérias integrantes da denominada competência 
comum (paralela ou cumulativa). 
A competência comum é uma competência administrativa, consubstanciada na outorga à União, aos 
estados, ao Distrito Federal e aos municípios de poder para atuar, paralelamente, sobre as respectivas 
matérias. Todos os entes federativos exercem-na em condições de igualdade, sem nenhuma relação de 
subordinação. Por essa razão é que se fala em atuação paralela dos entes federados, porque eles atuam 
em condições de igualdade, e a atuação de um não exclui a dos outros. 
A principal característica da competência administrativa comum, paralela ou cumulativa é, pois, a 
inexistência de subordinação na atuação dos diferentes entes federativos: todos agem em condições de 
plena igualdade, sem que a atuação de um afaste a dos demais. Observe-se que as matérias contempladas 
pela competência comum são tipicamente de interesse da coletividade - os chamados interesses difusos -, 
razão pela qual se justifica a atuação comum de todos os entes da Federação. 
 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE 
O art. 24 da Constituição Federal estabelece a competência legislativa concorrente. Tem-se, aqui, 
repartição vertical de competência legislativa, em que diferentes entes federados poderão, de forma legítima, 
legislar sobre as respectivas matérias, desde que obedecidas certas regras de atuação, estabelecidas nos 
parágrafos do mesmo art. 24 da Constituição Federal. 
Os municípios não foram contemplados com a possibilidade de legislar concorrentemente com os 
demais entes federativos, na regulação das matérias enumeradas no art. 24 da Constituição. 
 
 
 
 
 
INTERVENÇÃO 
Excepcionalmente a CF prevê situações (de anormalidade) em que haverá intervenção, suprimindo-
se, temporariamente, a autonomia. As hipóteses, por trazerem regras de anormalidade e exceção, devem 
ser interpretadas restritivamente, consubstanciando-se um rol taxativo. 
A regra da intervenção seguirá o seguinte esquema: 
Intervenção federal: União nos Estados, Distrito Federal (hipóteses do art. 34) e nos Municípios localizados 
em Território Federal (hipótese do art. 35); 
Intervenção estadual: Estados em seus Municípios (art. 35). 
 
Intervenção federal 
Hipóteses de intervenção federal 
As hipóteses de intervenção federal (e quando dizemos intervenção federal significa intervenção 
realizada pela União) nos Estados e Distrito Federal estão taxativamente previstas no art. 34, sendo cabíveis 
para: 
 Manter a integridade nacional; 
 Repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
 Pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
 Garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
 Reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada 
por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios 
receitas tributárias fixadas na Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
 Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
 Assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema 
representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) 
prestação de contas da Administração Pública, direta e indireta; e) aplicação do mínimo exigido da 
receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
Espécies de intervenção federal 
Espontânea: neste caso o Presidente da República age de ofício art. 34, I, II, III e V; 
Provocada por solicitação: art. 34, IV, combinado com o art. 36, I, primeira parte - quando coação ou 
impedimento recaírem sobre o Poder Legislativo ou o Poder Executivo, impedindo o livre-exercício dos 
aludidos Poderes nas unidades da Federação, a decretação da intervenção federal, pelo Presidente da 
República, dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido;Provocada por requisição: a) art. 34, IV, combinado com o art. 36, I, segunda parte - se a coação for 
exercida contra o Poder Judiciário, a decretação da intervenção federal dependerá de requisição do 
Supremo Tribunal Federal; b) art. 34, VI, segunda parte, combinado com o art. 36, II - no caso de 
desobediência à ordem ou decisão judicial, a decretação dependerá de requisição do STF, STJ ou do TSE, 
de acordo com a matéria; 
Provocada, dependendo de provimento de representação: a) art. 34, VII, com binado com o art. 36, III, 
primeira parte no caso de ofensa aos princípios constitucionais sensíveis, previstos no art. 34, VII, da CF/88, 
a intervenção federal dependerá de provimento, pelo STF, de representação do Procurador–Geral da 
República; b) art. 34, VI, primeira parte, combinado com o art. 36, III, segunda parte - para prover a execução 
de lei federal (pressupondo ter havido recusa à execução de lei federal), a intervenção dependerá de 
provimento de representação do Procurador-Geral da República pelo STF (EC n. 45/2004). 
 
Decretação e execução da intervenção federal 
A decretação e execução da intervenção federal é de competência privativa do Presidente da 
República (art. 84, X), dando-se de forma espontânea ou provocada, com a oitiva de dois órgãos superiores 
de consulta, quais sejam, o Conselho da República (art. 90, I) e o Conselho de Defesa Nacional (art. 91, 
§1.º, II), sem haver qualquer vinculação do Chefe do Executivo aos aludidos pareceres. 
A decretação materializar-se-á por decreto presidencial de intervenção, que especificará a amplitude, 
o prazo e as condições de execução, e, quando couber, nomeará o interventor. 
 
Controle exercido pelo Congresso Nacional 
Nos termos dos §§ 1.º e 2.º do art. 36, o Congresso Nacional (Legislativo) realizará controle político 
sobre o decreto de intervenção expedido pelo Executivo no prazo de 24 horas, devendo ser feita a 
convocação extraordinária, também no prazo de 24 horas, caso a Casa Legislativa esteja em recesso 
parlamentar. Assim, nos termos do art. 49, IV, o Congresso Nacional ou aprovará a intervenção federal ou 
a rejeitará, sempre por meio de decreto legislativo, suspendendo a execução do decreto interventivo nesta 
última hipótese. 
Em caso de rejeição pelo Congresso Nacional do decreto interventivo, o Presidente da República 
deverá cessá-lo imediatamente, sob pena de cometer crime de responsabilidade (art. 85, II — atentado 
contra os Poderes constitucionais do Estado), passando o ato a ser inconstitucional. 
 
Hipóteses em que o controle exercido pelo Congresso Nacional é dispensado 
Como regra geral, o decreto interventivo deverá ser apreciado pelo Congresso Nacional (controle 
político). Excepcionalmente, a CF (art. 36, § 3.º) dispensa a aludida apreciação, sendo que o decreto se 
limitará a suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da 
normalidade. As hipóteses em que o controle político é dispensado são as seguintes: 
art. 34, VI - para prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
art. 34, VII - quando houver afronta aos princípios sensíveis da CF. 
 
Intervenção estadual 
Hipóteses de intervenção estadual e intervenção federal nos Municípios localizados em Territórios 
Federais 
As hipóteses de intervenção estadual e federal (nos Municípios localizados em Territórios Federais) 
estão taxativamente previstas no art. 35, sendo cabíveis quando: 
 Deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por 2 anos consecutivos, a dívida fundada; 
 Não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
 Não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do 
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; 
 O Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios 
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão 
judicial. 
 
Decretação e execução da intervenção estadual 
A decretação e execução da intervenção estadual é de competência privativa do Governador de 
Estado, por meio de decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições da 
execução e, quando couber, nomeará o interventor. 
 
Controle exercido pelo Legislativo 
A Constituição estabeleceu a realização de controle político a ser exercido pelo 
Legislativo, devendo o decreto de intervenção ser submetido à apreciação da Assembleia 
Legislativa, no prazo de 24 horas. Na hipótese de não estar funcionando, haverá convocação extraordinária, 
também no prazo de 24 horas. 
 
Hipóteses em que o controle exercido pela Assembleia Legislativa é dispensado 
Como regra geral, o decreto interventivo deverá ser apreciado pela Assembleia Legislativa 
(intervenção estadual). Excepcionalmente, porém, a CF (art. 36, § 3.º) dispensa a aludida apreciação pelo 
Congresso Nacional (hipóteses já estudadas quando tratamos da intervenção federal), ou pela Assembleia 
Legislativa estadual, sendo que o decreto, nesses casos, limitar-se-á a suspender a execução do ato 
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. A hipótese em que o controle 
político é dispensado é a seguinte: 
art. 35, IV - o Tribunal de Justiça der provimento à representação para assegurar a observância de princípios 
indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
No entanto, se a suspensão da execução do ato impugnado não for suficiente para o 
restabelecimento da normalidade, o Governador de Estado decretará a intervenção no Município (hipótese 
de intervenção estadual em Município), submetendo esse ato (decreto interventivo) à Assembleia 
Legislativa, que, estando em recesso, será convocada extraordinariamente. 
 
Súmula 637 do STF 
Nos termos da S. 637/STF, “não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de justiça 
que defere pedido de intervenção estadual em município”. 
 
DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRATICAS 
A Constituição Federal prevê a aplicação de duas medidas excepcionais para restauração da ordem 
em momentos de anormalidade – Estado de defesa e Estado de sítio, possibilitando inclusive a suspensão 
de determinadas garantias constitucionais, em lugar específico e por certo tempo, possibilitando ampliação 
do poder repressivo do Estado, justificado pela gravidade da perturbação da ordem pública. 
É o chamado sistema constitucional das crises, consistente em um conjunto de normas 
constitucionais, que informadas pelos princípios da necessidade e da temporariedade, têm por objeto as 
situações de crises e por finalidade a mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional. 
 
ESTADO DE DEFESA 
Hipóteses de decretação do estado de defesa 
As hipóteses em que se poderá decretar o estado de defesa estão, de forma taxativa, previstas no 
art. 136, caput, da CF/88, quais sejam: para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e 
determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade 
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. 
 
Procedimento 
Titularidade: o Presidente da República (art. 84, IX, c/c o art. 136), mediante decreto, pode, ouvidos o 
Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa. 
Conselho da República e Defesa Nacional: como órgãos de consulta, são previamente ouvidos, porém suas 
opiniões não possuem caráter vinculativo, ou seja, o Presidente da República, mesmo diante de um parecer 
opinando pela desnecessidade de decretação, poderá decretar o estado de defesa. 
O decreto que instituir o estado de defesa: deverá determinar: a) o tempo de duração; b)a área a ser 
abrangida (locais restritos e determinados); c) as medidas coercitivas a vigorar durante a sua vigência. 
Tempo de duração: máximo de 30 dias prorrogado por mais 30 dias, uma única vez. 
Medidas coercitivas: a) restrições (não supressão) aos direitos de reunião, sigilo de correspondência, sigilo 
de comunicação telegráfica e telefônica e restrição à garantia prevista no art. 5.º, LXI, ou seja, prisão 
somente em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judicial competente; b) 
ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo 
a União pelos danos e custos decorrentes. 
Prisão por crime contra o Estado: como exceção ao art. 5.º, LXI, a prisão poderá ser determinada pelo 
executor da medida (não pela autoridade judicial competente). O juiz competente, imediatamente 
comunicado, poderá relaxá-la. Tal comunicação deverá vir acompanhada do estado físico e mental do detido 
no momento de sua autuação. Referida ordem de prisão não poderá ser superior a 10 dias, facultando -se 
ao preso requerer o exame de corpo de delito à autoridade policial. 
Incomunicabilidade do preso: é vedada. 
 
Controle exercido sobre a decretação do estado de defesa ou sua prorrogação 
Controle político imediato: nos termos do art. 136, §§ 4.º -7.º, será realizado pelo Congresso Nacional. 
Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 horas, 
submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá pela maioria absoluta 
de seus membros. Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado pelo Presidente do Senado 
Federal (art. 57, § 6.º, I, CF/88), extraordinariamente, no prazo de 5 dias, e deverá apreciar o decreto dentro 
de 10 dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de 
defesa. Se o Congresso rejeitar o decreto, o estado de defesa cessará imediatamente. 
Controle político concomitante: nos termos do art. 140, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes 
partidários, designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução 
das medidas referentes ao estado de defesa. 
Controle político sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, parágrafo único, logo que cesse o 
estado de defesa, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em 
mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com 
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. 
 
Controle jurisdicional concomitante: durante a decretação do estado de defesa, nos termos do art. 136, 
§ 3.º, haverá controle pelo Judiciário da prisão efetivada pelo executor da medida. A prisão ou detenção de 
qualquer pessoa, também, não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
Entendemos, também, que qualquer lesão ou ameaça a direito, nos termos do art. 5.º, XXXV, não poderá 
deixar de ser apreciada pelo Poder Judiciário, claro, observados os limites constitucionais das permitidas 
restrições a direitos (art.136, § 1.º). Parece, assim, que o Judiciário poderá reprimir abusos e ilegalidades 
cometidos durante o estado de crise constitucional por meio, por exemplo, do mandado de segurança, do 
habeas corpus ou de qualquer outra medida jurisdicional cabível. 
Controle jurisdicional sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, caput, cessado o estado de 
defesa, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus 
executores ou agentes. 
 
ESTADO DE SÍTIO 
Hipóteses de decretação do estado de sítio 
As hipóteses em que poderá ser decretado o estado de sítio estão, de forma taxativa, previstas no 
art. 137, caput, da CF/88: 
 Comoção grave de repercussão nacional (se fosse de repercussão restrita e em local determinado, 
seria hipótese, primeiro, de decretação de estado de defesa); 
 Ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa 
(portanto, pressupõe -se situação de maior gravidade); 
 Declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
 
Procedimento 
Assim como no estado de defesa, quem decreta o estado de sítio é o Presidente da República, após 
prévia oitiva do Conselho da República e de Defesa Nacional (pareceres não vinculativos). No entanto, para 
a decretação do estado de sítio ou sua prorrogação, ao contrário do que ocorre com o estado de defesa, 
deverá haver, relatando os motivos determinantes do pedido, prévia solicitação pelo Presidente da República 
de autorização do Congresso Nacional, que se manifestará pela maioria absoluta de seus membros. 
O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as 
garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República 
designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (art. 138, caput). 
A duração do estado de sítio, no caso de comoção grave de repercussão nacional ou da ineficácia 
das medidas tomadas durante o estado de defesa (art. 137, I), não poderá ser superior a 30 dias, podendo 
ser prorrogada, sucessivamente (não há limites), enquanto perdurar a situação de anormalidade, sendo que 
cada prorrogação também não poderá ser superior a 30 dias. 
No caso de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira (art. 137, 
II), enquanto perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. 
 
Controle exercido sobre a decretação do estado de sítio 
Controle político prévio: tendo em vista a sua maior gravidade, o controle realizado pelo Congresso 
Nacional será prévio, ou seja, o Presidente da República, para a sua decretação ou prorrogação, depende 
de prévia e expressa autorização do Congresso Nacional. Se o Congresso rejeitar o pedido, o Presidente 
da República, agora vinculado, não poderá decretar o estado de sítio. Se o fizer, sem dúvida, cometerá 
crime de responsabilidade. Estando o Congresso Nacional em recesso, haverá convocação extraordinária, 
pelo Presidente do Senado Federal (art. 57, § 6.º, I, CF/88). Decretado o estado de sítio, nos termos do art. 
138, § 3.º, o Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas. 
Controle político concomitante: nos termos do art. 140, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes 
partidários, designará Comissão composta de 5 de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução 
das medidas referentes ao estado de sítio. 
Controle político sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, parágrafo único, logo que cesse o 
estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente da República, em 
mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das providências adotadas, com 
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. 
 
Controle jurisdicional concomitante: qualquer lesão ou ameaça a direito, abuso ou excesso de poder 
durante a sua execução não poderão deixar de ser apreciados pelo Poder Judiciário, observados, é claro, 
os limites constitucionais da “legalidade extraordinária”, seja por via do mandado de segurança, do habeas 
corpus, ou de qualquer outro remédio. 
Controle jurisdicional sucessivo (ou a posteriori): nos termos do art. 141, caput, cessado o estado de 
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus 
executores ou agentes. 
 
DISPOSIÇÕES COMUNS AOS ESTADOS DE DEFESA E DE SÍTIO 
Em se tratando de medidas excepcionais, somente poderão ser adotadas dentro dos limites 
constitucionais, nas hipótesesexpressamente previstas, enfim, somente durante a chamada crise 
constitucional. 
Decretado o estado de defesa ou estado de sítio, haverá o controle político concomitante (art. 140 
da CF/88). Por razões óbvias, cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também os seus 
efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. 
Dada a gravidade das medidas (por restringirem direitos constitucionais), logo que cesse o estado 
de defesa ou o estado de sítio, o Presidente da República terá de prestar contas, respondendo por abusos 
e arbítrios. 
 
FORÇAS ARMADAS 
As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições 
nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade 
suprema do Presidente da República (CF, art. 84, XIII), e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos 
poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. 
Os membros das Forças Armadas são denominados militares e estão sob a chefia do Presidente da 
República. A Emenda Constitucional nº 23, promulgada em 2-9-1999, estabeleceu com status constitucional 
os cargos de Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, que serão nomeados pelo Presidente 
da República (CF, art. 84, XIII). 
Ressalte-se que a citada emenda, apesar de criar o Ministério de Estado da Defesa, a ser ocupado 
privativamente por brasileiros natos (CF, art. 12, § 3º, VII), em substituição aos antigos Ministérios Militares, 
manteve o mesmo status de Ministros de Estado para os Comandantes das três armas, como se verifica 
pelas previsões de foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns e nos crimes 
de responsabilidade (CF, art. 102, I, c) e no Senado Federal, nos crimes de responsabilidade conexos com 
os do Presidente da República (CF, art. 52, I). Além disso, de forma idêntica às previsões referentes aos 
Ministros de Estado, estabeleceu a EC nº 23/99 competir ao Superior Tribunal de Justiça o processo e 
julgamento dos mandados de segurança e os habeas data contra ato dos Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica, e os habeas corpus quando o coator for Comandante da Marinha, do Exército e 
da Aeronáutica. 
Compete ao Presidente, ainda, a iniciativa de lei para a fixação ou modificação dos efetivos das 
Forças Armadas (CF, art. 61, § 1º, I) e para as leis que disponham sobre militares das Forças Armadas, seu 
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria (CF, art. 61, § 1º, II, f).6 
A Constituição Federal prevê que o Congresso Nacional deve editar lei complementar estabelecendo 
as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. Porém, 
desde logo, determina que o serviço militar é obrigatório nos termos da lei, salvo para as mulheres e os 
eclesiásticos, que estarão isentos em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir. 
Compete, ainda, às Forças Armadas, na forma da lei, atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, 
depois de alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de crença 
religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente 
militar (CF, art. 5º, VIII – escusa de consciência). 
 
 
 
SEGURANÇA PÚBLICA 
A Constituição Federal preceitua que a segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas 
e do patrimônio, sem contudo reprimir-se abusiva e inconstitucionalmente a livre manifestação de 
pensamento, por meio dos seguintes órgãos: 
Polícia federal: deve ser instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e 
estruturado em carreira. Destina-se a: apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em 
detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, 
assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão 
uniforme, segundo se dispuser em lei; prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o 
contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas 
áreas de competência; exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; exercer, com 
exclusividade, as funções de polícia judiciária da União; 
Polícia rodoviária federal: é órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, 
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais; 
Polícia ferroviária federal: órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, 
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais; 
Polícias civis: deverão ser dirigidas por delegados de polícia de carreira,14 são incumbidas, ressalvada a 
competência da União, das funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto das 
infrações militares. Importante salientar que, nos termos do art. 24, XVI, da Constituição Federal, a legislação 
sobre organização, garantias, direitos e deveres das Policias Civis é de natureza concorrente entre União e 
Estados; 
Polícias militares: sua atribuição é de polícia ostensiva, para preservação da ordem pública; 
Corpos de bombeiros militares: além das atribuições definidas em lei, são incumbidos da execução de 
atividades de defesa civil.

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