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MpMagEst Constitucional Flávio Martins Data: 05/02/2013 Aula 01 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Introdução 2. Constitucionalismo 3. Conceitos de Constituição 4. Elementos das Constituições 5. Estrutura da Constituição 1. INTRODUÇÃO Matéria pertinente a este professor: a) Teoria Geral b) Direito e Garantias Individuais Bibliografia Indicada: Magistratura e MP Estadual: Direito Constitucional Esquematizado – Pedro Lenza. Direito Constitucional – Uadi Lammêgo Bulos Ed. Saraiva. Curso de Direito Constitucional – Gilmar Ferreira Mendes Ed. Saraiva. Em todas as aulas, na área do aluno haverá um material de apoio contendo questões, informações e decisões sobre os temas abordados em aula. 2. CONSTITUCIONALISMO É um movimento social, político e jurídico, cujo principal objetivo é limitar o poder do Estado por meio de uma constituição. 2.1. A doutrina reconhece demonstrações de Constitucionalismo na antiguidade, denominado Constitucionalismo antigo. Kal Loewenstein reconheceu manifestações Constitucionalistas do povo Hebreu, na conduta dos profetas que fiscalizavam os atos do Poder Público. Há demonstrações, também na Grécia Antiga, principalmente em Atenas, como na ação chamada “graphe paranomon” que fiscalizava os atos normativos, é o antecedente mais remoto do controle de constitucionalidade. Na idade média em 1215 é outorgada a Magna Carta do Rei João I (“João Sem Terra”), que definia uma série de direitos ao povo Inglês. “João Sem Terra” foi um tirano, um dos reis que mais instituiu impostos, contudo foi forçado pelos ingleses em assinar tal documento. A Magna Carta é a origem mais remota do habeas corpus e do devido processo legal. Em meados do Século XVIII, surgiu a constituição Norte Americana de 1787 e a constituição Francesa de 1791. Com essas duas constituições surgiu o constitucionalismo moderno. A Revolução Francesa (1789) foi um movimento extremamente importante na evolução constitucional e se deu no período entre a promulgação dessas duas constituições. 2 de 5 2.2. Neoconstitucionalismo: surgiu após a segunda guerra mundial, segundo o pós- positivismo, tendo como marco teórico a força normativa da constituição e como principal objetivo buscar maior eficácia da constituição, principalmente dos direitos fundamentais. 2.2.1. Consequências do Neoconstitucionalismo: Maior importância dos princípios constitucionais; Aumento da jurisdição constitucional; Surgimento da hermenêutica constitucional – a ciência da interpretação da constituição; Aumento da eficácia dos direitos fundamentais; ex.: direitos sociais, mandado de injunção; Maior ativismo jurisdicional. 2.3. Nomenclaturas diferentes que recentemente apareceram nos concursos: Constitucionalismo Social – é a previsão constitucional dos direitos sociais (saúde, moradia alimentação). A primeira constituição a trazer essa nomenclatura foi a do México em 1917. A segunda e mais famosa, foi a constituição alemã de 1919 Weimar. No Brasil surgiu na constituição de 1934. Constitucionalismo do Futuro ou Porvir – introduzido pelo argentino Jose Roberto Dromí – segundo ele as futuras constituições devem ser pautadas por alguns valores, como: (i) Veracidade: as constituições não podem fazer promessas irrealizáveis, que seguramente não serão cumpridas. (ii) Solidariedade: trata-se da colaboração recíproca, não só das pessoas, mas também dos países (solidariedade internacional). Transconstitucionalismo – foi criada por Marcelo Neves e segundo ele é a relação entre o direito interno e o direito internacional para melhor tutela dos direitos fundamentais. Ex.: o princípio pelo qual ninguém será obrigado a produzir prova contra si mesmo não está expressamente contido na constituição de 1988, mas está expresso no pacto de San Jose da Costa Rica. “Nemo tenetur se detegere”. Constitucionalismo Transnacional – possibilidade de uma criação de uma só constituição para vários países. Constitucionalismo Whig ou Termidoriano (expressão originária da revolução francesa, o ano termidor que foi o ano da calmaria, após severas batalhas sangrentas) – é aquele que defende mudanças constitucionais mais lentas e historicamente graduais. 3. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO 3.1. Sentido Sociológico de Ferdinan Lassare – Pare essa teoria, Constituição não é uma folha de papel, mas é a soma dos fatores reais de poder que emanam da população. Significa que todos Estados têm uma constituição; 3.2. Sentido Político de Carl Shimitt – Constituição é uma decisão política fundamental. A doutrina denomina de posição decisionista. A posição diferenciava constituição de lei constitucional (uma lei feita pelo Estado que pode ou não refletir a ideia de constituição) 3 de 5 Em decorrência dessa inspiração, atualmente existe uma norma materialmente constitucional – aquela que tem conteúdo constitucional (organização do Estado, direito fundamentais) –, e a norma formalmente constitucional está no texto constitucional, não importando seu conteúdo, ex. 242, §2º da CF. “§ 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” 3.3. Sentido Jurídico de Hans Kelsen – a) O sentido jurídico positivo – constituição é a lei mais importante de todo o ordenamento jurídico, é o pressuposto de validade de todas as leis. Para Kelsen a norma inferior obtém sua validade em decorrência da norma superior. Constituição Federal Demais normas b) O sentido lógico jurídico – acima da constituição há uma norma não escrita “norma fundamental hipotética” com um único mandamento: “obedeça a constituição”. 3.4. Sentido Culturalista defendido no Brasil por Meireles Teixeira – a constituição é fruto da cultura de um Pais e dela também é condicionante. 4. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES 4.1. Elementos Orgânicos: são aqueles que organizam a estrutura do Estado ex.: art. 2º, art. 18, art. 92. “Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. “Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. “Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal; I-A o Conselho Nacional de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - o Superior Tribunal de Justiça; III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais e Juízes Militares; 4 de 5 VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.” 4.2. Elementos Limitativos: são aqueles que limitam o poder do Estado, fixando direitos à população ex.: art. 5º, XI. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 4.3. Elementos Socioideológicos: são aqueles que fixam uma ideologia estatal ex.: art. 1º, art. 4º. “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:” “Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdadeentre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político.” 4.4. Elementos Formais de Aplicabilidade: são aqueles que auxiliam na aplicação de outros dispositivos constitucionais ex.: art. 5º §1º “§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.” 4.5. Elementos de Estabilização Constitucional: são aqueles que buscam a estabilidade em caso de tumulto institucional ex.: Intervenção art. 34 e 36 (retirada da autonomia do ente federativo); Estado de defesa art. 136 (medida regional); e Estado de Sítio art. 137 (medida de âmbito nacional) 5. ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO Preâmbulo Parte Permanente ADCT Preâmbulo: Embora presente em todas as constituições brasileiras, o preâmbulo não é obrigatório. 5 de 5 Segundo o STF o preâmbulo não é norma constitucional. As consequências práticas decorrentes dessa decisão são: (i) o preâmbulo não é norma de repetição obrigatória nas constituições estaduais; (ii) o preâmbulo não pode ser utilizado como parâmetro no controle de constitucionalidade; (iii) a palavra Deus, no preâmbulo, não fere a laicidade do Estado Brasileiro; Próxima aula: O ADCT é norma constitucional? Posição do Marco Aurélio de Mello e demais
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