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Teorias do Nexo de Causalidade - Estudo de Caso - Responsabilidade Civil

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FACULDADE MAURICIO DE NASSAU – PARNAÍBA
GRUPO SER EDUCACIONAL
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO BLOCO IV - MANHÃ
DISCIPLINA RESPONSABILIDADE CIVIL
 
ARMANDO SOARES SOUSA NETO
VINICIUS LIMA DE OLIVEIRA LEAL
MARCELO NEVES ARAÚJO
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
 
 
PARNAIBA-PI
2018
ARMANDO SOARES SOUSA NETO 
VINICIUS LIMA DE OLIVEIRA LEAL
MARCELO NEVES ARAÚJO
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE
 
Trabalho referente ao estudo e análise dos Elem
entos da Responsabilidade vinculados a um caso concreto (acordão), apresentado ao curso de Direito da Faculdade Mauricio de Nassau- Parnaíba, como pre-requisito para obtenção de pontuação referente a disciplina de Responsabilidade Civil.
PARNAIBA-PI
2018
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 01
TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO......................................................... 02
EMENTA.....................................................................................................................03
RELATÓRIO ............................................................................................................. 04
ACORDÃO ................................................................................................................. 05
CONDUTA ................................................................................................................. 06
NEXO DE CAUSALIDADE ..................................................................................... 07
DANO ......................................................................................................................... 08
CONCLUSÃO ............................................................................................................09
INTRODUÇÃO
Partindo do estudo referente as teorias do nexo de causalidade no tocante especificamente da Teoria do Dano Direto e Imediato busca-se no presente trabalho o estudo e análise de decisão jurisprudencial de recurso especial civil (acordão) que nos leva a análise da referida teoria relacionada com o caso concreto em questão no intuito de desmembra-lo para melhor estudo dos elementos: conduta; nexo de causalidade; dano. Dessa forma, expor os pontos pertinentes e constitutivos ao que se propõe.
TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO
Teoria em que se considera como causa jurídica apenas o evento que se vincula diretamente ao dano, sem a interferência de outra condição sucessiva. Ou seja, só se pode ser responsabilizado por aquilo decorrente diretamente da conduta praticada.
Cabe ressaltar que o atual Código Civil brasileiro em seu artigo 403 apresenta “ ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”.
Em mesmo sentido, Felipe Peixoto Braga Neto, curso de direito civil 3, 2015, p375, “de todas as condições presentes, só será considerada causa eficiente para dano aquela que com ele tiver um liame direto e imediato. Todos os danos que se ligarem ao fato do agente de forma indireta e mediata serão excluídos da causalidade”.
		
EMENTA
RECURSO ESPECIAL Nº 1.557.978 - DF (2015/0187900-4)
RELATOR : MINISTRO MOURA RIBEIRO
RECORRENTE : R A F D
ADVOGADOS : VALTER BRUNO GONZAGA
CHARLES CHRISTIAN ALVES BICCA
RECORRIDO : Á F D
ADVOGADA : RAQUEL DE CASTILHO
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ABANDONO AFETIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. ALEGADA OCORRÊNCIA DO DESCUMPRIMENTO DO DEVER DE CUIDADO. NÃO OCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA CONFIGURAÇÃO DO NEXO CAUSAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DO DANO DIRETO E IMEDIATO. PREQUESTIONAMENTO INEXISTENTE NO QUE TANGE AOS ACORDOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS Nº.s 282 E 235 DO STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CARACTERIZADO. RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC quando os embargos de declaração são rejeitados pela inexistência de omissão, contradição ou obscuridade, e o Tribunal a quo dirime a controvérsia de forma completa e fundamentada, embora de forma desfavorável à pretensão do recorrente.
2. Considerando a complexidade dos temas que envolvem as relações familiares e que a configuração de dano moral em hipóteses de tal natureza é situação excepcionalíssima, que somente deve ser admitida em ocasião de efetivo excesso nas relações familiares, recomenda-se uma análise responsável e prudente pelo magistrado dos requisitos autorizadores da responsabilidade civil, principalmente no caso de alegação de abandono afetivo de filho, fazendo-se necessário examinar as circunstâncias do caso concreto, a fim de se verificar se houve a quebra do dever jurídico de convivência familiar, de modo a evitar que o Poder Judiciário seja transformado numa indústria indenizatória.
3. Para que se configure a responsabilidade civil, no caso, subjetiva, deve ficar devidamente comprovada a conduta omissiva ou comissiva do pai em relação ao dever jurídico de convivência com o filho (ato ilícito), o trauma psicológico sofrido (dano a personalidade), e, sobretudo, o nexo causal entre o ato ilícito e o dano, nos termos do art. 186 do CC/2002.
Considerando a dificuldade de se visualizar a forma como se caracteriza o ato ilícito passível de indenização, notadamente na hipótese de abandono afetivo, todos os elementos devem estar claro e conectados.
4. Os elementos e as peculiaridades dos autos indicam que o Tribunal a quo decidiu com prudência e razoabilidade quando adotou um critério para afastar a responsabilidade por abandono afetivo, qual seja, o de que o descumprimento do dever de cuidado somente ocorre se houver um descaso, uma rejeição ou um desprezo total pela pessoa da filha por parte do genitor, o que absolutamente não ocorreu.
5. A ausência do indispensável estudo psicossocial para se estabelecer não só a existência do dano mas a sua causa, dificulta, sobremaneira, a configuração do nexo causal. Este elemento da responsabilidade civil, no caso, não ficou configurado porque não houve comprovação de que a conduta atribuída ao recorrido foi a que necessariamente causou o alegado dano à recorrente. Adoção da teoria do dano direto e imediato.
6. O dissídio jurisprudencial não foi comprovado nos moldes legais e regimentais, pois além de indicar o dispositivo legal e transcrever os julgados apontados como paradigmas, cabia ao recorrente realizar o cotejo analítico, demonstrando-se a identidade das situações fáticas e a interpretação diversa dada ao mesmo dispositivo legal, o que não ocorreu.
7. Recurso especial não provido.
RELATÓRIO
O EXMO. SR. MINISTRO MOURA RIBEIRO (Relator):
Trata-se de recurso especial interposto por R. A. F. D. com fundamento no art. 105, III, a e c, do permissivo constitucional contra acórdãos do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios que receberam as seguintes ementas:
RESPONSABILIDADE CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ABANDONO AFETIVO. POSSIBILIDADE. EXCEPCIONAL NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DOS ELEMENTOS ATENTATÓRIOS AO DIREITO DA PERSONALIDADE. OMISSÃO DO DEVER DE CUIDADO. NÃO COMPROVAÇÃO. SENTENÇA REFORMADA.
1. A compensação por danos morais em razão de abandono afetivo é possível, mas em situação excepcional. A exemplo da arquitetura jurídica construída para que o reconhecimento do dano moral não representasse a monetarização dos direitos da personalidade, igual entendimento serve à pretensão de compensação por abandono afetivo. Não se trata, de modo algum, de quantificar o amor ou o afeto dispensado pelos pais aos filhos, mas de aferir a presença ou não de violação ao dever de educar (inerente à paternidade/maternidade), reconhecidoem nosso ordenamento jurídico.
2. A configuração de conduta ilícita para fins de abandono afetivo imprescinde da presença de alguns elementos no caso concreto a caracterizar sua excepcionalidade. Assim, a conduta do genitor apta a dar azo à 'reparação' de direito da personalidade deve conter negativa insistente e deliberada de aceitar o filho, além do manifesto desprezo com relação a sua pessoa.
3. Não se vislumbra a omissão do dever de cuidado do genitor para com sua filha quando ausente qualquer espécie de negação deliberada de seus deveres como pai, tanto por desconhecimento dessa condição, no período que antecedeu ao exame de DNA, quanto posteriormente, e aqui por contingências profissionais. Ainda que reprovável o pouco contato existente entre pai e filha, resta cristalino o fato de não ter agido o mesmo com má-fé no intuito de humilhá-la ou rejeitá-la perante a sociedade.
4. Recurso do réu conhecido e provido. Prejudicado o recurso da autora (e-STJ, fls. 811/812). 
e,
CIVIL. EMBARGOS INFRINGENTES. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ABANDONO AFETIVO.
1. A indenização por danos morais decorrentes de abandono afetivo somente é viável quando há um descaso, uma rejeição, um desprezo pela pessoa por parte do ascendente, aliado ao fato de acarretar danos psicológicos em razão dessa conduta.
2. O fato de existir pouco convívio com seu genitor não é suficiente, por si só, a caracterizar o desamparo emocional e legitimar a pretensão indenizatória.
3. Embargos desprovidos (e-STJ, fl. 954) Opostos embargos de declaração, eles foram rejeitados (e-STJ, fls. 1.006/1.014). No recurso especial alega-se ofensa dos arts. 535, II, do CPC, 186, 927, 1.638 e 1.634, III, do CC/2002, 22 da Lei nº 8.069/1990, art. 10, I e III, do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, art. 4º, II, e 16, d, da Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher, e, art. 3º, 6º, 7º, 18 e 27 da Convenção sobre os Direitos da Criança. Sustenta a recorrente, em princípio, que os vícios apontados nos embargos de declaração não foram sanados pelo acórdão recorrido. No mérito, afirma, em síntese, que o acórdão recorrido deve ser reformado porque houve descumprimento da obrigação jurídica de cuidado de que são responsáveis os pais, razão pela qual se impõe o dever de compensação financeira em razão da ocorrência de abandono afetivo. Aduz, também, que o entendimento firmado pelo acórdão recorrido diverge do adotado pelo STJ, no julgamento do Recurso especial nº 1.159.242/SP, que entendeu que o descumprimento paterno do dever de cuidado com o filho configura ilícito civil indenizável.
Contrarrazões do recurso especial (e-STJ, fls. 1.101/1.132). O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do recurso (e-STJ, fls. 1.182/1.186).
O recurso não foi admitido na origem. Dei provimento ao agravo em recurso especial para melhor exame da matéria. 
É o relatório.
ACORDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Senhores Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, em negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Paulo de Tarso Sanseverino, Ricardo Villas Bôas Cueva (Presidente) e Marco Aurélio Bellizze votaram com o Sr. Ministro Relator.
Dr(a). VALTER BRUNO GONZAGA, pela parte RECORRENTE: R A F D
Dr(a). MARCELO LUIZ AVILA DE BESSA, pela parte RECORRIDA: Á F D
Brasília, 03 de novembro de 2015(Data do Julgamento)
MINISTRO MOURA RIBEIRO
Relator
CONDUTA
 A conduta humana tipificada neste caso trata-se de uma conduta omissiva por parte do pai, do dever de prestar auxílio financeiro, a violabilidade do dever legal de manter a convivência familiar que, segundo a requerente, causou danos a ponto de comprometer o desenvolvimento pleno e saudável de sua filha.
O requerido do caso em sua defesa, alegou ausência de provas, a inexistência de ato ilícito por meio dessa sua conduta omissiva, e o fato de o ordenamento jurídico não impor aos pais o dever de prestar carinho e afeto.
A requerente e autora do processo relatou ainda que desde o início da gravidez o requerido detinha do conhecimento de que o mesmo era o pai, portanto não afastando o nexo de causalidade. E, com isso, mesmo com posterior realização do exame de DNA o mesmo o ignorava, comprovando mais uma vez sua conduta omissiva. Além desse fato, o pai (requerido) trabalhava muito perto da casa de sua filha e mesmo assim esteve pouquíssimas vezes na sua companhia, causando dor e sofrimento pelo seu desprezo.
Portanto, com o pedido sendo julgado parcialmente procedente e com a condenação do réu ao pagamento de R$ 700.000,00 de indenização inicialmente. E fica evidenciado concluir como condutas praticadas pelo réu que o abandono afetivo estava amplamente demonstrado nos autos, houve resistência no pagamento da pensão alimentícia, o requerido não supriu as necessidades materiais da filha apesar de ser empresário e Senador Da República, foi negligente com a educação da mesma, além de não comparecer a eventos importantes dela e só vê-la raríssimas vezes.
Com essa decisão tomada pelo juízo de primeira instância, as partes resolveram apelar para tribunal local. Nessa segunda fase de processo, o requerido retornou a defender a tese de que, so soube de sua responsabilidade com a filha, quando a mesma já obtinha 10 anos, não podendo dessa maneira ter prestado auxilio ou até mesmo compartilhado seu tempo no desenvolvimento dela. Além do fato de não ter havido a análise do estudo psicossocial.
Diante dos fatos alegados, o tribunal ordinário entendeu que para ficar comprovada a responsabilidade subjetiva, deve ficar devidamente comprovada a conduta omissiva ou omissiva do pai (ato ilícito) estando perfeitamente ligada aos danos sofridos psicológicos sofridos por sua filha. Já que não houve a elaboração do exame psicossocial, não puderam definir o se o resultado estava logicamente ligado ao fato da suposta conduta ilícita do pai (já que estamos adotando a teoria do dano direto e imediato). Além de entenderem que não era obrigação do pai requerer o exame de DNA, sendo esta obrigação da parte requerente, afastando novamente a sua suposta conduta ilícita.
Como provimento final, negaram o pedido do recurso especial prejudicando o requerido, bem como, diferentemente da decisão tomada pelo juízo da primeira instancia que reconheceu a sua conduta ilícita, dando responsabilidade subjetiva, a instancia ordinária obviamente inverteu essa conduta para parte requerente, pois foi por conta de negligência deles não terem tomado providencias dos exames mais antecipados, concluíram que não houve ato ilícito. Absolvendo o réu de todas as acusações. 
Com isso, no que tange a classificação das responsabilidades da conduta no caso analisado, é possível observar a existência da responsabilidade em sentido estrito (ato ilícito), sendo está caracterizada como subjetiva por decorrer de culpa do autor do dano (pai) por ter agido com negligência ao não prestar auxílio e atenção à sua filha e não contribuir, portanto com a educação da mesma. E além dessa classificação, a responsabilidade é também caracterizada como sendo de ato próprio, por ser o próprio autor do dano (pai) o responsável por sua conduta praticada.
NEXO DE CAUSALIDADE
Como sabemos, o conceito de nexo de causalidade, seria a coerência na conduta do agente (que geralmente é um ato ilícito) com o dano sofrido pela vítima. Mediante o caso exposto, podemos observar que, primeiramente, o dano alegado pela parte requerente foi que a filha do ex-casal, passou a ter problemas de baixa autoestima, depressão, tristeza, fraco desempenho escolar, bem como foi diagnosticada com transtorno de déficit de atenção, tudo isso, por conta da suposta rejeição paterna e abandono afetivo. Perante isso, o juiz consignou que o abandono afetivo do requerido estava claramente demonstrado nos autos, pois estavaevidenciado o dano sofrido pela autora, e que o nexo casual estava configurado pela potencialidade da ausência do pai em gerar na autora todos os males por ela enfrentados e que o elemento subjetivo pertinente à conduta do réu estava centrado na negligência com que se houve, ao longo dos anos, em relação a seus deveres e obrigações de pai para com sua filha.
Nesta decisão proferida pela primeira instancia, vemos que inicialmente o elemento da responsabilidade civil ‘’Culpa’’ estava totalmente ligado ao conceito de responsabilidade subjetiva, que seria a conduta ilícita provocada pelo agente voltada para sua atitude negligente, imprudente ou imperícia, porém, no caso estudado, expressamente o juiz condenou o requerido pela sua conduta negligente diante dos deveres e obrigações como pai.
Com essa decisão tomada, as partes resolveram apelar para tribunal de justiça local. O requerido em sua defesa, alegou que os danos sofridos por sua filha não tinham relações alguma com sua conduta como pai. Já que o mesmo só tomou conhecimento de ser pai da vítima quando ela já possuía 10 anos e, todo dano psicológico que ela passou, era pelas grandes conturbações no relacionamento da mãe da vítima com seu novo homem. À primeira vista, o Tribunal reconheceu que não houve o nexo causal na conduta do requerido com a parte requerente.
Além disso, houve a ausência do estudo psicossocial para se estabelecer não só a existência do dano, mas a sua causa, dificultando ainda mais a configuração do nexo causal. Os relatórios médicos e escolares juntados em nenhum momento associam os alegados distúrbios emocionais da criança à ausência da figura paterna., desconfigurando a existência do nexo causal. E como é sabido, sem a demonstração deste elemento essencial da responsabilidade civil, não há obrigação de indenizar, pois a causa do dano deve necessariamente estar relacionada direta e imediatamente com o comportamento o agente, já que no caso o nexo de causalidade está ligado a teoria do dano direto e imediato.
Novamente abordando sobre o o elemento da responsabilidade civil ‘’ Culpa’’, a turma do julgamento especial, entendeu que não havia o dever legal de o investigado procurar saber da suposta filiação que lhe fora atribuída se não havia plena certeza da filiação. Com está decisão, vemos que, diferentemente da medida tomada pelo juízo de primeira instancia, não houve neste caso o reconhecimento da responsabilidade subjetiva do requerido, pois não foi de sua negligencia saber de sua suposta filiação. Todavia, podemos observar que a espécie de culpa adotada nesta decisão, é um tipo não muito comum em nosso ordenamento, a chamada culpa presumida. Neste tipo de culpa, o autor do dano vai provar a culpa da vítima (pois no caso julgado era o requerente quem devia provar a suposta filiação, bem como a data do reconhecimento dela)
Como decisão final, a instancia ordinária, relatou que não houve a configuração de nexo causal entre o alegado dano psicológico sofrido pela recorrente com a suposta ausência do dever de cuidado do recorrido, pois, devia ficar comprovado o liame entre a conduta voluntária omissiva ou comissiva por parte do pai e o abalo moral suportado pelo filho, hipótese que, não estava caracterizada.
DANO
Entende-se por dano como aquilo que aduz a prejuízo seja ele moral ou material, causado por uma pessoa a terceiro que possua bem juridicamente tutelado, e este, de alguma forma venha a ser diminuído, lesado. Assim surgindo o caráter indenizatório.
Em sentido semelhante, Montenegro, Antônio Lindbergh. Ressarcimento de danos, p. 7, “ Para que o dano venha a ser sancionado pelo ordenamento jurídico, vale dizer, para que a legislação autorize aquele que o sofreu a exigir do responsável uma indenização, indispensável se faz a presença de dois elementos: um de fato e outro de direito. O primeiro se manifesta no prejuízo e o segundo, na lesão jurídica. É preciso que a vítima demonstre que o prejuízo constitui um fato violador de um interesse jurídico tutelado do qual seja ela o titular”.
Como preceitua o Código Civil Brasileiro em seu artigo 186 “ aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Assim o dano de corre de um ato, seja ele lícito ou ilícito.
Levando em consideração o caso objeto deste trabalho, pode-se observar que, para que se caracterize a responsabilidade civil, que no caso em questão é subjetiva (depende de culpa), é necessário a comprovação da conduta que pode ser omissiva ou comissiva do pai (ato ilícito), o trauma sofrido pela filha, e o mais importante, o nexo de causalidade entre a conduta (ato ilícito) e o dano, como acima citado no artigo 186 do Código Civil.
Nos autos não ficou evidenciada e provada a o liame entre a conduta do recorrido e o dano sofrido pela primogênita, como o próprio relator do recurso, Ministro Moura Ribeiro expressa: 
“Os relatórios médicos e escolares juntados em nenhum momento associam os alegados distúrbios emocionais da criança à ausência da figura paterna. Daí, repito, a importância da perícia. Diante disso, a meu sentir, era imprescindível a realização do estudo psicossocial para a resolução dessa ação complexa. A falta dela se não impede, dificulta, sobremaneira, configuração do nexo causal. E como é sabido, sem a demonstração deste elemento essencial da responsabilidade civil, não há obrigação de indenizar, pois a causa do dano deve necessariamente estar relacionada direta e imediatamente com o comportamento o agente. A conduta do recorrido, a meu sentir, não é ou não foi necessariamente a causa dos males sofridos pela recorrente, somado ao fato que inexistiu um estudo psicossocial que aponte a existência de um dano psicológico e o vincule a ausência de cuidado por parte do recorrido”.
Diante disso, o possível dano sofrido pela criança, não teve como causa direta e imediata a relação de “ausência” do pai, e sim por outros motivos evidenciados nos autos como o conturbado relacionamento entre a menina e o padrasto, que perdurou até os 10 anos de idade, ou seja, no âmbito familiar as condições não eram as melhores possíveis.
Assim, depois do reconhecimento de paternidade o requerido passou a cumprir com as obrigações a ele pertinentes, descaracterizando o ato ilícito e assim excluindo o nexo de causalidade e por fim o dano possível dele proveniente.
CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto no presente trabalho arremata-se as discursões sobre o caso, que foi negado o provimento ao referido recurso especial no Superior Tribunal de Justiça, a luz do relator Ministro Moura Ribeiro, assim segue abaixo o desfecho do caso.
“Outra não foi a conclusão do Tribunal a quo, senão vejamos: Registre-se que, embora a autora sofra de Transtorno do Déficit Atencional - TDA (fls. 38/44), inexiste comprovação de que a referida desordem mental adveio única e exclusivamente pelo pouco contato afetivo com seu pai. Ressalte-se que até os dez anos de idade conviveu com outra figura masculina, marido de sua mãe, porquanto somente nessa época houve reconhecimento judicial da paternidade do requerido. O relato da genitora do requerente é claro ao asseverar (fls. 489): Que a autora tinha 03 meses de idade quando a depoente se casou com Fernando; que a relação dos dois era muito conturbada, sobretudo em relação as filhas da depoente; que a autora não tinha Fernando como pai e não chamava de pai; que ele era muito bruto com a autora, sobretudo quando Raíssa tinha dificuldade de estudar e de comer; que às vezes quando a autora era pequena, chamava Fernando de pai, que a repreendia por isso. 
Além disso, verifica-se que o histórico de vida da postulante é conturbado desde o seu nascimento em virtude de sua mãe ter registrado um primo de segundo grau como seu pai, a doença de sua genitora, os conflitos judiciais entre os seus descendentes. Como se vê, o abalo emocional sofrido pela postulante não tem relação direta com a reduzida relação com o requerido (e-STJ,fls. 959/960)”
Com o exposto, observa-se diversos fatores que de forma direta e imediata necessariamente causaram os problemas psicológicos na criança, como a convivência e a vida conturbada desde o seu nascimento. E não se vislumbra a ligação do requerido com os elementos apresentados. Assim pode-se evidenciar a adoção da teoria do dano direto e imediato.

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