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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM DIABETES E HIPERTENSÃO modulo 1

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AN02FREV001 
1 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
EM DIABETES E HIPERTENSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 AN02FREV001 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
EM DIABETES E HIPERTENSÃO 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou 
distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do 
conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências 
Bibliográficas. 
 
 
 
 AN02FREV001 
3 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIABETES E DA HIPERTENSÃO 
ARTERIAL 
2 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE 
2.1 PREVENÇÃO PRIMORDIAL 
2.2 PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
2.3 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
2.4 PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
2.5 PREVENÇÃO QUARTENÁRIA (RECENTE CLASSIFICAÇÃO) 
3 A ENFERMAGEM NAS AÇÕES PREVENTIVAS NA HIPERTENSÃO E 
NO DIABETES 
 
 
MÓDULO II 
4 HIPERTENSÃO ARTERIAL 
5 FISIOLOGIA 
6 FISIOPATOLOGIA 
7 CLASSIFICAÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
7.1 ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
7.2 METAS DE TRATAMENTO DE ACORDO COM A ESTRATIFICAÇÃO DE 
RISCO 
8 FATORES DE RISCO 
9 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
10 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 
11 TRATAMENTO 
12 COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO ARTERIAL 
13 CRISE HIPERTENSIVA 
13.1 SINTOMAS E SINAIS DE ALERTA NA CRISE HIPERTENSIVA 
 
 AN02FREV001 
4 
14 CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE HIPERTENSO 
15 APARELHOS UTILIZADOS PARA AFERIÇÃO DA PRESSÃO 
ARTERIAL 
16 PROCEDIMENTO DA MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL 
17 SITUAÇÕES ESPECIAIS DE MEDIDA DA PRESSÃO ARTERIAL 
18 FATORES DETERMINANTES DA PRESSÃO ARTERIAL 
19 NOTAS COMPLEMENTARES 
20 VARIAÇÕES FISIOLÓGICAS DA PRESSÃO ARTERIAL 
21 AÇÕES EDUCATIVAS DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AO 
PACIENTE HIPERTENSO 
22 A HIPERTENSÃO ARTERIAL E SEUS DEZ MANDAMENTOS 
23 HIPERTENSÃO ARTERIAL NA GRAVIDEZ 
23.1 AS PREVENÇÕES DAS CONVULSÕES 
 
 
MÓDULO III 
24 DIABETES MELLITUS 
25 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS 
26 FUNÇÃO DA INSULINA NO CORPO 
27 EFEITOS DO GLUCAGON NO ORGANISMO 
28 EFEITOS FISIOPATOLÓGICOS DO DIABETES MELLITUS 
29 CETOSE E COMA DIABÉTICO 
30 TIPOS DE DIABETES 
30.1 DIABETES TIPO 1 
30.2 DIABETES TIPO 2 
30.3 DIABETES NA GRAVIDEZ 
30.4 OUTROS TIPOS DE DIABETES 
31 AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA 
32 FATORES DE RISCO 
33 TRATAMENTO 
33.1 CONSERVAÇÃO DA E TRANSPORTE DA INSULINA 
33.2 APLICAÇÃO DA INSULINA 
 
 AN02FREV001 
5 
33.3 TÉCNICA DE ADMINISTRAÇÃO DE INSULINA COM SERINGA 
33.4 NOTAS COMPLEMENTARES 
33.5 COMPLICAÇÕES NA APLICAÇÃO DE INSULINA 
33.6 MONITORIZAÇÃO 
33.7 AUTOMONITORIZAÇÃO 
33.8 TRANSPLANTE DE PÂNCREAS 
34 COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DIABETES E AÇÕES DE 
ENFERMAGEM 
35 COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DIABETES E AÇÕES DE 
ENFERMAGEM 
35.1 AÇÕES DE ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES 
MACROVASCULARES 
35.2 AÇÕES DE ENFERMAGEM NA EDUCAÇÃO DO PACIENTE E 
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CUIDADOS DOMICILIARES 
35.3 AÇÕES PREVENTIVAS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA 
NEFROPATIA 
35.4 PROBLEMAS NAS PERNAS E PÉS 
35.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO AOS PROBLEMAS DE PÉS 
E PERNAS DOS PACIENTES DIABÉTICOS 
36 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIABÉTICO 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
6 
 
MÓDULO I 
 
 
1 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIABETES E DA HIPERTENSÃO 
ARTERIAL 
 
 
O Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial são doenças que 
acometem muitos indivíduos e constituem-se como causa da diminuição na 
qualidade de vida das pessoas. As consequências de ambas as patologias 
podem ser de ordem econômica, social, física e psicológica. Além da 
ocorrência de agravos físicos na saúde do paciente acometido existe o 
comprometimento no desenvolvimento do trabalho e aumento dos custos da 
saúde pública para realização do tratamento. 
Sobre qualidade de vida a Organização Mundial de Saúde (OMS) 
afirma ser a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da 
cultura e sistemas de valores, nos quais ele vive e em relação aos seus 
objetivos, expectativas, padrões e preocupações (WHOQOL GROUP, 1994). 
O termo qualidade de vida está inserido em inúmeras vertentes do 
conjunto da vida do ser humano, entretanto na área de assistência a saúde é 
uma das buscas no desenvolvimento das ações, uma vez que todo o esforço 
dirigido direta ou indiretamente ao paciente tem como objetivo uma redução e 
não ocorrência de agravos ao ser físico, mental e social. 
O técnico de enfermagem, enquanto integrante da equipe de saúde e 
participante no desenvolvimento do cuidado ao ser humano, deve possuir o 
conhecimento frente a estas duas patologias que são denominadas de 
epidemias mundiais. O atendimento dos pacientes portadores de Hipertensão 
Arterial e Diabetes Mellitus é amplo, já que tanto na atuação hospitalar quanto 
na atenção básica, citam-se aqui os Programas de Saúde da Família, estes 
pacientes sempre deverão ser identificados e tratados com o intuito de reduzir 
ao máximo as sequelas que estas doenças podem ocasionar. 
 
 AN02FREV001 
7 
A cada ano existe um aumento no número de pessoas diagnosticadas 
com Diabetes e Hipertensão Arterial. As políticas de saúde pública vêm 
tentando fortalecer os esforços no sentido de diminuir a ocorrência de tais 
doenças, bem como minimizar as consequências. Para se ter uma ideia do 
número de pacientes diabéticos e hipertensos cadastrados no Brasil 
observemos as tabelas abaixo: 
 
 
TABELA 1 - NÚMERO DE DIABÉTICOS, HIPERTENSOS E DIABÉTICOS 
COM HIPERTENSÃO POR SEXO, TIPO E RISCO, NO PERÍODO DE 1/2008 
A 12/2008 
UF 
Nº de Diabéticos 
Nº de Hipertensos Nº de Diabéticos com Hipertensão 
Total 
Tipo 1 Tipo 2 
Masc. Fem. Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. 
AC 117 21 21 30 45 2302 883 1419 406 143 263 
AL 695 46 103 170 376 9679 2958 6721 2744 841 1903 
AM 434 53 89 121 171 3767 1442 2325 1070 379 691 
AP 22 4 2 4 12 258 106 152 93 34 59 
BA 3556 381 491 1050 1634 53500 16675 36825 13701 4094 9607 
CE 1002 87 141 283 491 18964 6201 12763 4359 1281 3078 
DF 371 54 80 118 119 1040 363 677 982 380 602 
ES 956 107 124 294 431 18609 6945 11664 5186 1737 3449 
GO 669 107 135 192 235 11036 4370 6666 3598 1365 2233 
MA 1477 142 197 477 661 16717 5850 10867 4771 1672 3099 
MG 3969 629 676 1174 1490 75610 28283 47327 21844 7417 14427 
MS 667 69 98 254 246 12384 4778 7606 3264 1134 2130 
MT 930 151 147 306 326 13284 5647 7637 3304 1303 2001 
PA 1467 152 224 444 647 13256 5129 8127 3849 1385 2464 
PB 534 68 87 167 212 10058 3274 6784 2882 916 1966 
PE 1412 156 278 368 610 28834 8638 20196 8396 2387 6009 
PI 570 65 81 180 244 10827 3784 7043 1919 597 1322 
PR 1537 202 259 517 559 30585 11846 18739 7943 2906 5037 
RJ 1349 191 227 447 484 22364 7923 14441 7958 2618 5340 
RN 343 36 65 99 143 4050 1341 2709 1182 346 836 
RO 456 54 77 138 187 6478 2746 3732 1474 542 932 
RR 78 18 13 17 30 663 240 423 216 67 149 
RS 2146 259 299 674 914 43804 15428 28376 12797 4546 8251 
SC 1100 170 188 370 372 20544 7645 12899 5909 2252 3657 
SE 279 26 36 88 129 3737 1226 2511 943 300 643 
SP 6419 761 896 2205 2557 67060 25647 41413 27353 10371 16982 
TO 330 55 57 93 125 5043 2167 2876 1123 475 648 
Total 32885 4064 5091 10280 13450 504453 181535 322918 149266 51488 97778 
FONTE: Disponível em:<http://hiperdia.datasus.gov.br/>. Acesso em: 25 maio 2009. 
 
 AN02FREV001 
8TABELA 2 - NÚMERO DE DIABÉTICOS, HIPERTENSOS E DIABÉTICOS 
COM HIPERTENSÃO POR SEXO, TIPO E RISCO, NO PERÍODO DE 1/2009 
A 6/2009. 
 UF 
Nº de Diabéticos 
Nº de Hipertensos Nº de Diabéticos com Hipertensão 
Total 
Tipo 1 Tipo 2 
Masc. Fem. Masc. Fem. Total Masc. Fem. Total Masc. Fem. 
AC 21 2 3 8 8 199 73 126 35 14 21 
AL 99 10 12 32 45 1174 380 794 305 87 218 
AM 133 18 17 40 58 1097 411 686 322 112 210 
AP 4 0 1 2 1 50 22 28 16 6 10 
BA 771 86 110 212 363 13574 4422 9152 3445 1063 2382 
CE 243 28 43 63 109 5195 1769 3426 1135 336 799 
DF 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 
ES 130 25 23 28 54 2417 943 1474 657 225 432 
GO 294 51 59 92 92 3482 1412 2070 2032 757 1275 
MA 404 45 52 131 176 5463 1963 3500 1734 646 1088 
MG 769 92 120 260 297 13728 5258 8470 3957 1421 2536 
MS 133 18 23 42 50 2765 1080 1685 690 248 442 
MT 326 62 48 102 114 5575 2368 3207 1311 490 821 
PA 382 66 73 109 134 3761 1486 2275 1132 390 742 
PB 113 14 15 19 65 2327 803 1524 732 264 468 
PE 262 22 45 62 133 4926 1518 3408 1682 484 1198 
PI 138 11 28 37 62 3174 1128 2046 712 239 473 
PR 358 54 81 108 115 6501 2712 3789 1874 702 1172 
RJ 557 67 90 177 223 8092 2900 5192 3104 1022 2082 
RN 159 14 33 42 70 1389 464 925 483 140 343 
RO 82 11 12 32 27 1650 658 992 379 142 237 
RR 15 1 3 1 10 98 36 62 27 12 15 
RS 335 48 50 103 134 6147 2252 3895 1884 655 1229 
SC 198 40 31 62 65 2675 1032 1643 935 335 600 
SE 101 13 22 24 42 1025 321 704 295 81 214 
SP 1191 141 144 400 506 11545 4594 6951 4591 1756 2835 
TO 90 18 19 25 28 1266 528 738 238 93 145 
Total 7308 957 1157 2213 2981 109295 40533 68762 33707 11720 21987
FONTE: Disponível em: <http://hiperdia.datasus.gov.br/>. Acesso em: 26 maio 2009. 
 
 
As tabelas acima se referem ao Programa Hiperdia, que se constitui 
em um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento dos Pacientes 
Hipertensos e Diabéticos em todo Território Nacional, tendo como principal 
objetivo do programa o acompanhamento pela unidade de saúde local destes 
pacientes, buscando um aumento na qualidade de vida e diminuição da 
morbimortalidade. 
 
 AN02FREV001 
9 
O cadastramento do número de pacientes hipertensos e diabéticos é 
importante, pois serve de subsídio para o Governo Federal enviar recursos 
para os municípios, incluindo neste item as medicações protocoladas que 
devem ser disponibilizadas gratuitamente para estes pacientes. O 
desenvolvimento operacional do programa fica a cargo das Secretarias 
Municipais de Saúde, que seguem as diretrizes do Ministério da Saúde. 
O cadastramento dos pacientes no programa é feito após o diagnóstico 
da Hipertensão ou do Diabetes. Mesmo existindo a busca por esses pacientes, 
como campanhas de verificação de Pressão Arterial e Testes de Glicemia 
Periférica, visitas domiciliares e ações dos agentes de saúde, não é possível 
garantir que o número de pacientes cadastrados é realmente o número que 
possui as patologias. Estima-se sempre que existam mais pacientes 
acometidos que de alguma forma ainda não foram detectados. 
A Hipertensão Arterial é preocupante muitas vezes por ser chamada de 
doença silenciosa, que quando manifestada abruptamente causa 
consequências graves e algumas vezes irreversíveis. Segundo dados 
divulgados pela Revista Corpore (2008), cerca de 85% dos pacientes vítimas 
de derrame sofrem de pressão alta e dentre as vítimas do infarto agudo do 
miocárdio 40 a 60% têm hipertensão associada. 
A Sociedade Brasileira de Hipertensão estima que 26 milhões de 
brasileiros sejam hipertensos, sendo que apenas 2,7 milhões estão em 
tratamento. Segundo o Ministério da Saúde 21,6% da população com 18 anos 
ou mais é hipertensa, cerca de 26,5 milhões de pessoas tem a doença, destas 
apenas cerca de 5 milhões estão no cadastro do Programa Hiperdia. 
Em todo o mundo estima-se que a Hipertensão Arterial atinja 600 
milhões de pessoas. Segundo dados de Mortalidade do Ministério da Saúde 
(2004), 265 mil mortes no Brasil foram ocasionadas por doenças do Aparelho 
Circulatório, o que representa 30% das mortes dos brasileiros, sendo a metade 
relacionada à hipertensão não controlada. No Brasil estima-se que 35% da 
população acima de 40 anos sejam portadores de Arterial, isto equivale a cerca 
de 17 milhões de brasileiros, desses 75% dependem do Sistema Único de 
Saúde para detecção e tratamento da doença. 
 
 AN02FREV001 
10 
Assim como a Hipertensão Arterial, os números da prevalência de 
Diabetes no Brasil e no mundo são estarrecedores. A OMS desde 2007 
considera a Diabetes uma epidemia mundial. No Brasil, em 2007, existiam 6,2 
milhões de diabéticos, sendo colocado em oitavo lugar nesse ano no ranking 
dos países com mais portadores de diabetes tipo 2. 
O envelhecimento da população, urbanização crescente e mudança 
nos hábitos de vida, com adoção de rotinas não saudáveis como, por exemplo, 
o sedentarismo, dieta inadequada e obesidade são as causas da maior 
incidência de pacientes diabéticos no Brasil e no mundo. A Hipertensão Arterial 
em combinação com o Diabetes é responsável por 50% dos pacientes 
acometidos por insuficiência renal terminal. No ano de 2000 a OMS estimava 
que o número de diabéticos em todo o mundo era de cerca de 177 milhões, 
sendo que para 2025 a perspectiva é que esse número dobre e chegue a 350 
milhões de pessoas. Especificamente no Brasil, estima-se 12 milhões de 
pessoas com a doença naquele ano. 
A Hipertensão Arterial e o Diabetes constituem-se em fatores de Risco 
para as doenças do Aparelho Circulatório; sendo as mais frequentes o infarto 
agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência renal crônica, 
a insuficiência cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, 
os abortos e as mortes perinatais. 
Um dado importante que a enfermagem entra em contato diariamente 
em ambiente hospitalar e domiciliar é que o Acidente Vascular Cerebral vem 
ocorrendo em idade precoce, com letalidade hospitalar. Em um mês, em torno 
de 50% dos pacientes que sobrevivem 50% ficam com algum grau de 
comprometimento. No mundo, a incidência do AVC varia conforme a OMS, 
500/700.000 casos/ano, com uma mortalidade entre 35 a 200 casos em cada 
grupo de 10.000 habitantes. 
Faria & Zannela (2002) afirmam que a coexistência de hipertensão e 
diabetes aumenta o risco para complicações micro e macrovasculares, 
predispondo os indivíduos à insuficiência cardíaca congestiva, doença 
coronariana e cerebrovascular, insuficiência vascular periférica, nefropatia e 
retinopatia. 
 
 AN02FREV001 
11 
O diabetes está entre os fatores que predispõem ao descontrole da 
pressão – quem possui diabetes tem duas vezes mais chances de desenvolver 
a hipertensão. A hipertensão também está relacionada diretamente a um maior 
grau de resistência à insulina, sendo que alguns medicamentos usados para o 
tratamento da hipertensão pioram essa resistência, favorecendo o 
aparecimento do diabetes (BEZERRA, 2006). 
 Diante dos dados apresentados intensifica-se a colaboração que o 
profissional de saúde deve desenvolver na abordagem destes pacientes com o 
intuito de diminuir gradativamente os números de incidência de hipertensos e 
diabéticos, como forma de garantir uma assistência de enfermagem eficiente. 
 
 
2 PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE 
 
 
A questão maior que se agrega a todos os fatores envolvidos na 
detecção de doenças e prevenção das mesmas está no contingente de manter 
a saúde dos indivíduos. Segundo a Organização Mundial de Saúde a saúde é 
um estado dinâmico, de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e 
não apenas a ausência de doença ou enfermidade. 
Referente à prestação do cuidado para um entendimento adequado 
sobre a assistência de enfermagem com resultadosé importante incorporar ao 
conhecimento a atuação da equipe de saúde nos diferentes níveis de 
prevenção e promoção da saúde. Sem dúvida a busca pela promoção da 
saúde é um dos principais objetivos dos profissionais, uma vez que o ato de 
promover a saúde implica em mudanças no estilo de vida das pessoas e 
consequentemente uma diminuição da incidência de patologias, incluindo a 
Hipertensão Arterial e o Diabetes. 
Para compreender melhor estes atos de prevenção e promoção à 
saúde, analisemos os seguintes conceitos: 
 
 
 AN02FREV001 
12 
- Promoção da Saúde: Segundo Brunner & Suddarth (1998) a 
promoção da saúde é definida como um conjunto de ações que desenvolvem 
recursos que irão manter o bem-estar do indivíduo e melhoram sua qualidade 
de vida. Refere-se às atividades que a pessoa desenvolve na ausência de 
sintomas com o objetivo de se manter saudável, não requerendo para isto a 
assistência direta de um membro de saúde. Nesta perspectiva o profissional de 
saúde atua na propagação de mudanças no estilo de vida da pessoa para que 
a mesma não venha a desenvolver uma patologia, sendo de inteira 
responsabilidade a realização das mudanças do próprio indivíduo. 
Como exemplo de promoção da saúde pode-se citar a consciência 
frente à nutrição, ou seja, manutenção de uma alimentação saudável, 
administração do estresse cotidiano e a busca pelo preparo físico, realização 
de exercícios e atividades que o corpo necessita para se manter em condições 
adequadas de peso, força e flexibilidade. 
O Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Promoção da 
Saúde, define a Promoção da Saúde como uma estratégia de articulação na 
qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em 
risco e às diferenças entre as necessidades, territórios e culturas presentes no 
Brasil, objetivando a criação de mecanismos que reduzam as situações de 
vulnerabilidade, defendendo a equidade e incorporando a participação e o 
controle social na gestão das políticas públicas. 
A Organização Mundial de Saúde caracteriza como iniciativas de 
Promoção da Saúde os programas, as políticas e as atividades planejadas e 
executadas de acordo com os seguintes princípios: 
 
• Concepção Holística: este princípio determina que as ações de 
promoção enfoquem o indivíduo como um todo, saúde física, 
social e espiritual e que englobe a população como um todo e não 
apenas os grupos de riscos para determinadas doenças; 
• Intersetorialidade: articulação de saberes e experiências no 
planejamento, ação conjunta de vários profissionais; 
 
 AN02FREV001 
13 
• Empoderamento e Participação Social: constitui-se na inserção 
da participação da comunidade em conjunto com os profissionais 
de saúde na eleição das prioridades na promoção da saúde; 
• Equidade: reorientação dos serviços sanitários, visando ampliar o 
acesso e criação de ambientes de suporte, com políticas que 
viabilizem condições de vida favoráveis à saúde; 
• Ações Multiestratégicas: envolvimento de múltiplas disciplinas e 
criação de métodos e abordagens diferentes; 
• Sustentabilidade: promover uma política de promoção da saúde 
que se constitua em um processo contínuo, forte e 
autossustentável. 
 
O termo Promoção da Saúde foi utilizado pela primeira vez por um 
historiador da medicina chamado Henry Sigerist, quando em 1945 definiu as 
quatro funções da medicina: promoção da saúde, prevenção da doença, 
restauração do doente e reabilitação (TERRIS, 1996). A Medicina Preventiva 
foi sistematizada no livro de Leavell & Clark, cuja primeira edição, intitulada 
“Medicina Preventiva”, foi publicada em 1958. 
Leavell & Clark (1976) descrevem a prevenção como uma ação 
antecipada, baseada no conhecimento da história natural da doença, a fim de 
tornar improvável o progresso posterior, apresentando três níveis de 
prevenção: 
 - Prevenção Primária: Realizada no período de pré-patogênese, sendo que o 
conceito de promoção da saúde aparece como um dos níveis da prevenção 
primária definidos como medidas destinadas a desenvolver uma saúde ótima. 
Um segundo nível de prevenção primária seria a proteção específica contra 
agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra os agentes do 
meio ambiente. Este nível de prevenção está ligado a todas as ações que 
visam diminuir a incidência de uma doença na população, ou seja, 
desenvolvimento de ações que impeçam a ocorrência de determinada 
patologia na população. Inclui-se aqui a promoção à saúde e à proteção 
específica. Alguns dos exemplos são: vacinação, tratamento de água para 
 
 AN02FREV001 
14 
consumo humano, uso de preservativos, mudanças nos hábitos de vida 
(incentivo a uma boa alimentação, realização de exercícios físicos). 
- Prevenção Secundária: A fase da prevenção secundária também se 
apresenta em dois níveis, o primeiro diagnóstico e tratamento precoce e o 
segundo limitação da invalidez. Visa um diagnóstico imediato e um tratamento 
para evitar a prevalência da doença no indivíduo. 
- Prevenção Terciária: Por fim, a prevenção terciária diz respeito a ações de 
reabilitação, caracteriza-se por ações que tem como objetivo a reabilitação do 
indivíduo e redução de sua incapacidade. 
 
 
QUADRO 1 – NÍVEIS DE APLICAÇÃO DA MEDICINA PREVENTIVA 
SEGUNDO LEAVELL & CLARK (1976) 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO SECUNDÁRIA PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA 
Promoção da Saúde 
 
 
Educação Sanitária; 
Bom padrão de 
nutrição ajustado às 
várias fases do 
desenvolvimento da 
vida; 
Atenção ao 
desenvolvimento da 
personalidade; 
Moradia adequada, 
recreação e boas 
condições de 
trabalho; 
Aconselhamento 
matrimonial, 
educação sexual e 
genética; 
Exames seletivos 
periódicos. 
Proteção Específica 
 
 
Uso de imunizações 
específicas; 
Atenção à higiene 
pessoal; 
Hábito de saneamento 
do ambiente; 
Proteção contra riscos 
ocupacionais; 
Proteção contra 
acidentes; 
Uso de alimentos 
específicos; 
Proteção contra 
substâncias 
carcinogênicas; 
Evitação contra 
alérgenos. 
Diagnóstico e 
Tratamento Precoce 
 
Medidas individuais e 
coletivas para 
descoberta de casos; 
Pesquisa de triagem 
e exames seletivos; 
Objetivos: 
- Curar e evitar o 
processo da doença; 
- Evitar a propagação 
de doenças 
contagiosas; 
- Evitar complicações 
e sequelas; 
- Encurtar o período 
de invalidez. 
Limitação da 
Invalidez 
 
Tratamento 
adequado para 
interromper o 
processo mórbido e 
evitar futuras 
complicações e 
sequelas; 
Provisão de meios 
para evitar a 
invalidez e a morte. 
 
Reabilitação 
 
 
Prestação de serviços 
hospitalares e 
comunitários para 
reeducação e 
treinamento, a fim de 
possibilitar a utilização 
máxima das 
capacidades restantes; 
Educação do público e 
indústria no sentido de 
que empreguem o 
reabilitado; 
Emprego tão completo 
quanto possível; 
Colocação seletiva; 
Terapia Ocupacional 
em Hospitais; 
Utilização de asilos. 
FONTE: Leavell & Clarck, 1976. 
 
 AN02FREV001 
15 
De acordo com o quadro acima é possível identificar a amplitude das 
ações que procuram intervir no estado de saúde dos indivíduos, sendo a 
equipe de saúde precursora de todos os níveis de atenção. Atualmente alguns 
conceitos e nomes do processo de Saúde Preventiva foram redefinidos, como 
segue abaixo. 
 
 
2.1 PREVENÇÃO PRIMORDIAL 
 
 
Objetivos: Evitar a emergência e estabelecer padrões de vida (sociais, 
econômicos e culturais) que aumentem o risco de desenvolver doenças; 
Procedimento: ações dirigidas às populações ou gruposselecionados 
saudáveis; 
Consequências: efeitos múltiplos nas várias doenças e impacto na 
saúde pública; 
Exemplos: legislação sobre álcool, políticas antitabagismo e programas 
do exercício regular. 
 
 
2.2 PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
 
 
Objetivos: evitar fatores de risco, determinantes ou causas de doenças; 
Procedimento: atividades dirigidas a indivíduos, grupos ou população 
total saudável; 
Consequências: diminuição da incidência da doença, diminuição do 
risco médio de ocorrência da doença na população; 
Exemplo: Vigilância sanitária da água, vacinação, planejamento familiar 
e educação para prevenção de infecções de infecções de transmissão sexual. 
 
 
 
 AN02FREV001 
16 
2.3 PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 
 
 
Objetivo: Promover a detecção precoce do processo patológico em 
doentes assintomáticos e posterior correção do desvio da normalidade (retorno 
ao estado saudável); 
Procedimento: Rastreio; 
Consequência: Diminuição da prevalência (diminuição da duração) e 
diminuição da morbilidade e da mortalidade; 
Exemplo: Vigilância da Pressão Arterial e da Glicemia, rastreio de 
neoplasias, rastreio de fenilcetonúria nos recém-nascidos. 
 
 
2.4 PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
 
 
Objetivo: limitar a progressão da doença e evitar suas complicações; 
promover a adaptação as sequelas e a reintegração no meio; prevenir 
recorrências; 
Procedimento: medicina preventiva e curativa estreitamente associada;
 
Consequência: aumento da capacidade funcional do indivíduo, 
reintegração (familiar/social), melhor gestão dos estados de doença; 
Exemplo: adaptação de infraestruturas, educação social, políticas de 
trabalho (de reintegração). 
 
 
2.5 PREVENÇÃO QUARTENÁRIA (RECENTE CLASSIFICAÇÃO) 
 
 
Objetivos: evitar o excesso de intervencionismo médico e a iatrogenia; 
detectar indivíduos em risco de overmedicalisation; sugerir alternativa; 
 
 AN02FREV001 
17 
capacitar os utentes quanto à aplicação de consumos impróprios; realizar 
análise das decisões clínicas. 
Para adquirir conhecimento frente à atuação na prevenção e promoção 
da saúde aos indivíduos cabe relembrar a História Natural da Doença e todos 
os fatores que estão envolvidos junto a ela, bem como os níveis de aplicação 
das ações de saúde. A doença passa por três fases: Pré-Patogênese, Fase 
clínica e sequelas. Estas três etapas dizem respeito à História Natural de uma 
doença, sendo importante o conhecimento dessas fases para enquadrar as 
ações na área da saúde, conforme representado abaixo: 
 
PRÉ-PATOGÊNESE 
INESPECÍFICA ESPECÍFICA 
Condições gerais do indivíduo ou do 
ambiente, que predispõem a uma ou 
várias doenças. 
A presença de fatores causais 
favorece o aparecimento de uma 
doença 
 
 
FASE CLÍNICA 
PRECOCE AVANÇADA 
Da situação anterior resultou uma 
doença cujos primeiros sinais e 
sintomas se tornaram aparentes. 
A doença segue sua evolução, 
terminando com a morte, com a cura 
ou deixando sequelas 
 
 
SEQUELAS 
As sequelas ou consequências das doenças podem ser reparadas com maior 
ou menor eficiência, permitindo a reabilitação do indivíduo. 
FONTE: Junqueira, 2001. 
 
Deve-se identificar em qual dos estágios da doença o indivíduo está 
para assim permitir ações adequadas que contribuam realmente em sua 
reabilitação e/ou proporcionem uma melhor qualidade de vida a partir de seu 
conhecimento frente à doença e perspectivas. Esse trabalho envolve toda a 
 
 AN02FREV001 
18 
equipe de saúde. Abaixo estão representados os níveis de aplicação das ações 
de saúde: 
 
POSIÇÃO DAS BARREIRAS QUE PODEMOS OPOR À MARCHA DAS DOENÇAS 
1º NIVEL 2º NIVEL 3º NIVEL 4º NIVEL 5º NIVEL 
Promoção da 
Saúde 
Proteção 
Específica 
Diagnóstico e 
Tratamento 
Limitação do 
Dano 
Reabilitação 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO 
SECUNDÁRIA 
PREVENÇÃO TERCIÁRIA 
 
FONTE: Junqueira, 2001. 
 
 
1º nível: trabalhar com a doença antes que o indivíduo a contraia. 
Melhorar as condições de vida do indivíduo, de modo que as agressões 
ambientais sejam reduzidas ao mínimo. Com isso fomentamos a geração de 
indivíduos com melhor potencial genético. Diminuir fatores de riscos externos. 
2º Nível: Proteger os indivíduos contra agressões específicas como, por 
exemplo, favorecer uma boa dieta alimentar. 
3º Identificar o quanto antes o caso e iniciar o mais precocemente possível 
o tratamento. 
4º Trabalhar com o indivíduo já portador da doença com ações efetivas para 
a recuperação, sem sequelas ou diminuir a incidência das mesmas. 
5º Se o indivíduo foi surpreendido apenas no final da doença, gerando 
sequelas, as ações têm o objetivo de recuperá-las o mais rápido possível. 
 
As ações possíveis devem sempre seguir o objetivo de fazer com que o 
indivíduo não adoeça, no caso de adoecer trabalhar ao máximo para que o 
mesmo se restabeleça e sem a presença de sequelas. Deve-se agir sempre no 
sentido esquerdo da flecha. 
 
 
 AN02FREV001 
19 
3 A ENFERMAGEM NAS AÇÕES PREVENTIVAS NA HIPERTENSÃO E 
NO DIABETES 
 
 
A Hipertensão Arterial e o Diabetes são doenças multifatoriais e 
multicausais, podendo não acarretar no início qualquer sintoma nos pacientes. 
Sua prevenção envolve orientações voltadas a vários objetivos, desta forma o 
sucesso no manejo com o paciente hipertenso ou diabético e na própria 
comunidade saudável é uma meta não apenas restrita a um único profissional. 
O tratamento da Hipertensão Arterial e do Diabetes e mesmo a 
prevenção envolve mudança nos hábitos de vida do paciente, ensinamentos 
educativos, o que muitas vezes torna-se penoso para o sujeito, tanto nos casos 
dos tratamentos medicamentos como nas mudanças do dia a dia, como 
alimentação, exercícios e adesão à terapêutica. Por se tratar de medidas 
educativas de prevenção, é necessário que sejam contínuas. 
Deste modo, entende-se que o processo de prevenção destas 
patologias deve ser realizado por toda a equipe multiprofissional, 
proporcionando aos pacientes e à comunidade um número maior de 
informações, tornando-os participantes ativos das ações que a eles estarão 
sendo dirigidas, com motivação suficiente para vencer o desafio de adotar 
atitudes que tornem as ações definitivas e efetivas. 
O III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial descreve as principais 
vantagens da atuação da equipe multiprofissional no acompanhamento do 
paciente hipertenso. São elas: 
• O número de pessoas atendidas será tão maior quanto mais afinada 
estiver a equipe em seus diversos modos de abordagem; 
• A adesão ao tratamento será nitidamente superior; 
• O número de pacientes com pressão arterial controlada e adotando 
hábitos de vida saudáveis será, consequentemente, maior; 
• Cada paciente poderá ser um replicador sobre o conhecimento 
desses hábitos; 
 
 AN02FREV001 
20 
• Haverá o desenvolvimento de ações de pesquisa em serviço, já que 
a sistematização do atendimento possibilita esta atuação; 
• Crescimento profissional pela constante troca de informações e pela 
maior confiança individual e do serviço como um todo. 
 
Neste contexto a enfermagem exerce, juntamente com os demais 
profissionais da saúde, papel primordial na aplicação de ações que envolvam 
os pacientes diabéticos e hipertensos, bem como a comunidade saudável na 
perspectiva da promoção da saúde. Pensando que a enfermagem está em 
contato direto com os pacientes e a comunidade, tanto nos serviços 
hospitalares como no atendimento básico da saúde, é de suma importância 
que todos os profissionais que formam a enfermagem estejam em sintonia no 
acompanhamento destes pacientes, uma vez que a equipe em si já sedá pela 
presença do enfermeiro e técnico de enfermagem. 
Existem ações de cunho comum entre todos os profissionais que 
integram uma equipe multiprofissional: 
• Ações educativas (educação preventiva, modificação de fatores de 
risco, produção de material educativo); 
• Treinamento de profissionais; 
• Encaminhamento a outros profissionais, quando indicado; 
• Ações assistenciais, individuais e em grupo; 
• Participação em projetos de pesquisa. 
As ações da enfermagem especificamente citadas pelo III Consenso 
Brasileiro de Hipertensão Arterial são: 
• À enfermeira cabe realizar a consulta de enfermagem e delegação 
de atividades aos técnicos de enfermagem, que desenvolvem suas funções 
conforme o que preconiza o Conselho Regional de Enfermagem e Conselho 
Federal de Enfermagem. 
• A consulta de enfermagem consiste na aferição da pressão arterial, 
investigação sobre fatores de risco e hábitos de vida, orientação sobre o uso 
dos medicamentos e seus efeitos colaterais, avaliação de sintomas, reforço 
sobre as orientações dos hábitos de vida pessoais e familiares. 
 
 AN02FREV001 
21 
• Controle de retornos, busca de faltosos e controle de consultas 
agendadas. 
Percebe-se que o manejo com os pacientes hipertensos e diabéticos 
deve se dar sempre mediante o conhecimento técnico científico do profissional. 
O técnico de enfermagem deve possuir conhecimento sobre todos os 
parâmetros que envolvem a captação da doença e seu tratamento, bem como 
estar embasado mediante a um questionamento do paciente. 
Como exemplo disso, podemos citar a própria verificação da pressão 
arterial, procedimento que pode ser realizado pelo técnico de enfermagem. Se 
neste momento da aferição o profissional não mantiver os cuidados 
preconizados tecnicamente e/ou não questionar sobre condições que possam 
falsear o resultado encontrado, um paciente hipertenso pode não estar sendo 
detectado. 
Daí a importância de todos os profissionais que englobam a Equipe 
Multiprofissional no direcionamento e implementação de ações que visem à 
manutenção e recuperação da saúde dos indivíduos. A importância do trabalho 
em equipe para o alcance do resultado é tal que torna indispensável rever 
sobre a operacionalização deste trabalho. 
As varáveis e a complexidade de diversas situações concebidas pela 
sociedade atualmente exigem o engajamento de dois ou mais grupos 
profissionais na intervenção de um mesmo problema, atuando conjuntamente 
com objetivos comuns frente à demanda de necessidade da população. 
Levando isso para ações preventivas na hipertensão e no diabetes, após a 
captação do paciente possivelmente portador de uma dessas patologias, o 
mesmo será encaminhado ao médico para receber o diagnóstico, portanto é 
necessária, além da enfermagem, a presença de outros profissionais no 
desenvolvimento das ações. 
O trabalho em equipe multiprofissional parece um trabalho fácil, se 
olharmos apenas as questões resolutivas. Seria o mesmo que cada profissional 
ler as determinações de seu conselho profissional e após cumprir os escritos. 
Entretanto, em se falando do trabalho em saúde esta questão é bem mais 
complexa, uma vez que a produção e o produto destas relações são subjetivos. 
 
 AN02FREV001 
22 
As definições sobre Equipe de Saúde são raras. Nas produções 
teóricas predomina a concepção de equipe do senso comum, onde a equipe é 
representada por um conjunto de profissionais em situação comum de trabalho. 
No trabalho em saúde, a equipe sempre fará referência a um trabalho relativo à 
obtenção de bens ou produtos para a atenção das necessidades humanas. 
O trabalho em equipe na enfermagem foi proposto na década de 50 
nos Estados Unidos, por intermédio de experiências realizadas no Teachers 
College da Universidade da Columbia, por Eleanor C. Lambertsen, que 
preconizava a organização do trabalho em enfermagem com base na equipe. 
No Brasil os resultados desta proposta foram divulgados em 1996 pela 
Associação Brasileira de Enfermagem no livro “Equipe de Enfermagem 
Organização e Funcionamento”. A partir daí surgem experiências na área da 
enfermagem com o objetivo de melhorar o aproveitamento do pessoal. 
Lambertsen (1996) propõe a organização do serviço de enfermagem 
com base no trabalho em equipe, objetivando voltar o cuidado para o paciente, 
tomando como base a utilização do pessoal de enfermagem com a máxima 
economia e eficácia. Esse modelo de organização do trabalho de enfermagem 
expressou: 
• Crítica ao trabalho centrado na tarefa (modelo funcional); 
• Tentativa de solução para a escassez dos recursos humanos de 
enfermagem nos hospitais norte americanos no período após a II Guerra 
Mundial; 
Pela necessidade de extensão na cobertura dos serviços de saúde, na 
década de 70, no Brasil, a proposta do trabalho em equipe multiprofissional 
ganha ênfase pela atuação das condutas de Medicina Comunitária e Medicina 
Preventiva, enfatizando o trabalho em equipe como racionalização dos 
serviços. No primeiro momento as equipes de saúde trabalhavam com o 
médico e os atendentes de enfermagem, considerada uma composição 
inadequada. Em 1980, com ampliação na formação de profissionais de nível 
médio e superior (não médicos) diversificou-se a equipe de saúde. 
A Equipe Multiprofissional começou a ser composta por profissionais 
de diferentes áreas como: enfermeiros, técnicos de enfermagem, 
 
 AN02FREV001 
23 
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, nutricionistas, médicos, entre 
outros. A atuação de uma equipe multiprofissional é permeada pelo alcance de 
resultados comuns; no caso da saúde, o atendimento e resolução das 
necessidades apresentadas pelo paciente nos diferentes níveis de intervenção. 
Neste contexto, especificamente no trabalho com o paciente hipertenso e 
diabético, a equipe de profissionais deve observar o paciente como um todo, 
não pensando apenas em diagnosticar e entregar medicamentos, já que como 
foi visto anteriormente o diagnóstico dessas doenças afeta o cotidiano do 
paciente e da família pelas mudanças bruscas e necessárias. 
Muito mais que compreender a doença, é importante que este 
profissional visualize as necessidades do paciente e trabalhando em equipe 
saiba realizar os encaminhamentos possíveis, sempre pensando no bem-estar 
do cliente. A obtenção de resultados em um trabalho de Equipe 
Multiprofissional pode ser interferida pelos seguintes fatores: 
• Atenção Integral às Necessidades de Saúde da População 
- Os serviços especializados tendem á fragmentação do cuidado à 
saúde do indivíduo; 
- Ações realizadas por diferentes profissionais necessitam articulação; 
- Nenhum profissional de saúde em separado tem possibilidades de 
atender as demandas de saúde do paciente; 
• Comunicação: Busca de consenso entre os profissionais 
- Articular diversas ações realizadas em um setor, integrar setores e 
serviços entre si; 
O trabalho em equipe multiprofissional é uma prática em que a 
comunicação entre os profissionais faz parte do cotidiano. As articulações das 
ações se dão pelo uso da linguagem. Este processo é permeado pela 
comunicação e interação dos agentes; esta relação recíproca entre o trabalho e 
a interação que caracteriza o trabalho em equipe. O processo de prevenção da 
Hipertensão e do Diabetes se faz a partir do encontro com os grupos de 
pacientes já acometidos pela patologia. Neste momento eles se sentem mais à 
vontade para questionar uns aos outros sobre a doença, bem como aos 
profissionais de saúde. 
 
 AN02FREV001 
24 
Esta ocasião do encontro dos grupos é precedida por uma equipe 
multiprofissional em sintonia, que transmite segurança na comunicação por 
seus diferentes profissionais e consequentementeuma melhor adesão ao 
tratamento. Peduzzi (1998; 2001), em seus estudos sobre conceito e tipologia 
do trabalho em Equipe Multiprofissional de Saúde, afirma que o trabalho em 
Equipe Multiprofissional é uma modalidade de trabalho coletivo centrada na 
reciprocidade entre trabalho e interação, que as principais dimensões do 
trabalho em equipe são a articulação das ações e a interação de seus agentes. 
Sobre a articulação descreve os momentos em que os profissionais 
ativamente colocam em evidência as conexões existentes entre as distintas 
ações e os variados conhecimentos técnicos. A interação como uma prática 
comunicativa, por meio da qual os envolvidos se põem de acordo quanto a um 
projeto comum; capaz de promover a cooperação e integração na equipe. 
Minelli (2004) afirma que as respostas da interação dos grupos 
profissionais vão desde aspectos relativos aos olhares diferenciados para um 
determinado processo, até uma possibilidade de ganho na qualidade e 
eficiência da resposta recebida. O trabalho em Equipe Multiprofissional também 
é caracterizado por complexidade advinda da convivência entre os diferentes 
processos de trabalho, objetos de trabalho, saberes específicos, instrumentos 
utilizados para realização e desenvolvimento do trabalho. 
A principal problemática visualizada na Equipe de Trabalho 
Multiprofissional é a inexistência de integração entre os profissionais que a 
compõem. A noção de equipe que predomina nos serviços de saúde se 
restringe à coexistência de vários profissionais numa mesma situação de 
trabalho, compartilhando o mesmo espaço físico e a mesma clientela, porém 
sem integração. Segundo Peduzzi (1998; 2001), a tipologia do trabalho em 
equipe pode ser distinguida em duas modalidades: 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
25 
 
JUSTAPOSIÇÃO DAS AÇÕES 
 
EQUIPE AGRUPAMENTO 
 
 
AGRUPAMENTO DOS AGENTES 
 
 
 
 
ARTICULAÇÃO DAS AÇÕES 
 
EQUIPE INTEGRAÇÃO 
 
INTERAÇÃO DOS AGENTES 
 
 
Em ambas estão presentes as diferenças técnicas dos trabalhos 
especializados e a desigualdade de valor atribuído a estes trabalhos. Também 
em ambas estão presentes tensões entre as diversas concepções quanto à 
independência dos trabalhos especializados ou à sua complementaridade 
objetiva. Existem alguns critérios de reconhecimento da modalidade do 
trabalho em equipe que a classificam em agrupamento ou integração, conforme 
mostra a tabela abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001 
26 
TABELA 3 – CRITÉRIOS DE RECONHECIMENTO DA MODALIDADE DE 
TRABALHO EM EQUIPE 
 TIPOLOGIA 
Parâmetros Equipe Integração Equipe 
Agrupamento 
Comunicação externa ao 
trabalho 
 X 
Comunicação Estritamente 
Pessoal 
 X 
Comunicação Intrínseca ao 
Trabalho 
X 
Projeto Assistencial Comum X 
Diferenças Técnicas entre 
trabalhos especializados 
X X 
Arguição da desigualdade dos 
trabalhos especializados 
X 
Especificidades dos trabalhos 
especializados 
X X 
Flexibilidade da divisão do 
trabalho 
X 
Autonomia técnica de caráter 
interdependente 
X 
Autonomia técnica plena X 
Ausência de Autonomia 
Técnica 
 X 
FONTE: Peduzzi, 2001. 
 
 
Diante destes conceitos e tipologias algumas das principais 
problemáticas apresentadas no desenvolvimento do trabalho em Equipe 
Multiprofissional de Saúde são: 
 
 
 AN02FREV001 
27 
• Falta de responsabilidade coletiva pelos resultados dos trabalhos; 
• Ações e intervenções desarticuladas e independentes; 
• Baixo grau de interação entre os profissionais; 
• Dificuldade de atuar de forma coesa e integrada; 
• Desarticulação de ações de caráter curativo, administrativo e 
preventivo. 
Os resultados de um trabalho em Equipe Multiprofissional dependem 
diretamente da integração das ações dos profissionais. Trata-se de uma 
interação de saberes e de relacionamento; o sucesso no atendimento ao 
paciente é possível quando abrange a Equipe Multiprofissional, sendo que o 
maior desafio destes profissionais é atingir a integração nas práticas de saúde 
desenvolvidas ao cliente. 
Essencialmente nos serviços de promoção e prevenção do diabetes e 
da hipertensão sem a continuidade de saberes pelos diferentes profissionais 
que compõem a equipe multiprofissional e principalmente sem o entendimento 
de todos frente à atuação individual e conjunto é impossível estabelecer 
resultados satisfatórios. 
Portanto, a atuação da enfermagem na prevenção da Hipertensão 
Arterial e do Diabetes vai além dos conhecimentos técnicos e necessita, sem 
dúvida, da percepção do profissional técnico de enfermagem e enfermeiro 
frente ao paciente como indivíduo portador de necessidades específicas que 
devem ser sanadas no processo de cuidar, senão pelo profissional da 
enfermagem, por outro pertencente à equipe. 
Nos próximos módulos serão trabalhados especificamente a Diabetes e 
a Hipertensão, incluindo questões fisiopatológicas, fatores de riscos, 
classificação, tratamento, diagnóstico, consequências e assistência de 
enfermagem dirigida aos pacientes portadores destas patologias, desde a 
atenção primária até a terciária. 
 
 
 
-------------------------FIM DO MÓDULO I--------------------------

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