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Tratamento de Dentes Inclusos São dentes que não irromperam e cujas coroas permanecem completamente ou parcialmente recobertas por osso - também chamados de retidos, impactados Tipos de inclusão Fisiológica: até 2 anos após o período normal de erupção 3º molares – 18 a 20 anos de idade Patológica: após 2 anos do período normal de erupção Pode causar problemas: fraturas, cistos, reabsorções de dentes vizinhos - há várias indicações profiláticas Incidência de inclusão 3º molar inferior – 37% 3º molar superior – 20% Caninos superiores – 17% Supranumerários – 11% 2º pré-molares inferiores – 4% Histórico: Inclusão de terceiros molares era menos frequente em fosseis hominídeos devido ao tamanho da arcada dental que era maior e aos hábitos (caça, defesa, alimentação) Desenvolvimento intelectual, habilidades manuais e do fogo propiciaram a redução dos maxilares e a diminuição do tamanho das arcadas, com isso, a maior frequência de inclusão de terceiros molares Classificações: Intraósseo → totalmente recoberto por tecido ósseo Submucoso → coroa abaixo da gengiva, fora do osso Semi–incluso → parcialmente incluso, parcialmente irrompido Classificação de WINTER - 1926 Avalia o posicionamento do terceiro molar em relação ao longo eixo fisiológico do segundo molar inferior Vertical Mesio-angulado (coroa para a mesial) Disto-angulado (coroa para a distal) Horizontal Transverso lingual ou vestibular Inclusão atípica/invertido Paula Cássia - @resumex.odonto Classificação de PELL E GREGORY PELL e GREGORY classificam a inclusão de acordo com 2 relações: Em relação ao plano oclusal do segundo molar, ou seja, altura óssea vertical em relação ao segundo molar (A,B e C) A → no nível da coroa do segundo molar B → intermediária à coroa do segundo molar C → abaixo do nível da coroa do segundo molar Em relação à margem anterior do ramo mandibular, relação horizontal do dente em relação mésio-distal ao ramo da mandíbula (1,2 e 3) 1 → coroa toda livre do ramo da mandíbula 2 → coroa parcialmente livre do ramo da mandíbula 3 → coroa totalmente no ramo da mandíbula Posição considerada a de maior dificuldade de extração: C – 3 Indicações de extração: Prevenção de doença periodontal Prevenção de cárie Prevenção de pericoronarite, quando semiincluso Prevenção de reabsorção radicular no dente adjacente Finalidade protética Prevenção de cistos e tumores odontogênicos Prevenção de fraturas mandibulares (maior risco de fraturas no local do dente incluso) Indicação ortodôntica Dor de origem não identificada na região próxima Processos infecciosos: Pericoronarite * nunca devemos extrair um dente em processo de infecção AGUDA – COM PUS, primeiro irrigamos com peróxido de hidrogênio ou clorexidina 0,12% para crônificar o processo * a pericoronarite pode estar sendo causada por trauma do 3º molar superior sobre o opérculo gengival do 3º molar inferior, nesse caso, extraímos o superior e o inferior! Prescrição antibiótica: antibiótico profilaxia (dose de ataque 2x) + 7 dias de antibiótico terapia - Amoxicilina 500mg - dose de ataque (2x) - 1 a 2 horas antes da cirurgia e depois 1 semana de antibiótico terapia - Diclofenaco (AINEs) tomar a primeira dose junto com o ataque do antibiótico - Corticoide 1 hora antes do procedimento para controlar edema - Dexametazona Doença periodontais - dentes irrompidos adjacentes a dentes impactados são predispostos à doença periodontal - probabilidade de melhor reparo ósseo na área ocupada pelo dente impactado, em pacientes jovens Carie - difícil higienizar - 23,3% das extrações são por essa indicação Indicação ortodôntica - falta de espaço nas arcadas, interferência na movimentação ortodôntica - impossibilidade de tracionamento - apinhamento dental anterior inferior NÃO É INDICAÇÃO! O crescimento terciário da mandíbula coincide com a época de erupção do 3º molar inferior, o apinhamento ocorre devido a diminuição do perímetro do arco e da diminuição da relação canina, como uma forma compensatória Prevenção de fraturas mandibulares - a presença de um dente impactado propicia uma área com maior risco de fratura, pois o dente está ocupando uma posição que seria ocupada pelo osso - se ocorreu a fratura e há presença de um dente incluso, fazemos a exodontia do elemento antes da redução e fixação da fratura - em casos de necessidade de cirurgia ortognático, com osteotomia sagital de mandíbula, devemos remover os dentes inclusos desse local pelo menos 6 meses antes da ortognática, para permitir reparo ósseo. Cistos e tumores - Cistos dentígeros, ameloblastomas - o dente impactado está associado ao saco folicular, que pode sofrer degeneração cística ou transformação tumoral Profiláticas - Exodontia de inclusos assintomáticos Avaliar o risco X benefício: Possibilidade de tratamento conservador Estado geral do paciente Idade Habilidade do cirurgião Grau de multilação (qtd de osteotomia, risco de parestesia, deslocamento, fratura) Risco dor, hemorragia, edema, trismo, infecção, alveolite secam parestesias, danos a dentes adjacentes, deslocamento dentário, fraturas ósseas. Contraindicações de extração: Extremos de idade Condições sistêmicas não controladas Risco de dano à estruturas adjacentes Alternativas de tratamento para 3º molar incluso: Acompanhamento clinico Anti-interceptivo Cirúrgico ortodôntico Transplante (não é mais feito) Remoção cirúrgica (exodontia) Tratamento conservador de dentes inclusos TRACIONAMENTO Canino incluso que não teve espaço para irromper Tratamento combinado com a ortodontia Planejamento cirúrgico Devemos avaliar: - grau de inclusão - posição do dente - relação com o 2º molar - relação com o ramo ascendente da mandíbula - número de raízes - divergência das raízes - relação com o canal mandibular desvio do canal escurecimento da raiz interrupções das paredes do canal linha do canal contínua → separados linha sulcada → muito próximos linha totalmente sulcada → raiz dentro do canal, raro Extração de 3º molar inferior – Técnica Cirúrgica ANESTESIA LOCAL: Bloqueio alveolar inferior + lingual Bloqueio bucal – trigono retromolar, gengiva vestibular da região dos molares Mepivacaina 2% noradrenalina 1:100.000 Bupivacaina 0,5% adrenalina 1:200.000 ou 100.000 – é a que mais dura, o tempo de latência é maior (5 min) Articaina 4% adrenalina 1:100.000 – início de ação mais rápido, bom efeito anestésico em 1 hora e 30 min Anestésicos de longa duração – cirurgia demorada, pico de dor acontece nas primeiras horas pós a cirurgia, até a medicação fazer efeito INCISÃO E DESCOLAMENTO DO RETALHO RETALHO TRIANGULAR Mais utilizado Maior campo de visão Para inclusões mais profundas Incisão linear sobre trigono retromolar (1 cm a 1,5 cm) + intrasulcular no 2º molar + angulada na vestibular até fundo de vestíbulo Não envolver a papila RETALHO DE SZMYD → evita a incisão intrasulcular do 2 molar, para não expor términos de próteses ou implantes RETALHO PARA-MARGINAL → evita expor o colo cervical do 2 molar, duas incisões anguladas e uma incisão semicircular, é difícil alcançar dentes profundos RETALHO EM ENVELOPE Para dentes semi-inclusos ou inclusões mais superficiais Permite a visualização sem a incisão angulada Incisão linear sobre o trigono retromolar (na distal do 2º molar) - muco periosteal (1 cm a 1,5 cm) + intrasulcular no 2º molar + intrapapilar + intrasulcular no 1º molar Atenção! Relação com o nervo lingual: a incisão linear sobre o trigono retromolar não pode ser desviada para a lingual (n. lingual), geralmente o n. lingual está mais profundo nos tecidos moles, em alguns casos o nervo pode estar superficializado (17% dos casos). A incisão precisa ser sobrea crista do rebordo e vestibularizada. Tipos de lesões aos nervos que podem ocorrer: Neupraxia – compressão ou estiramento do nervo (parestesia dos 2/3 anteriores da língua) Axonotimese – rompimento parcial do nervo Neurotimese – rompimento total do nervo O afastamento do retalho também pode causar lesão nervosa OSTECTOMIA Liberação da coroa do 3º molar, expondo as faces da coroa (oclusal, vestibular e distal – ultrapassando o equador) dentro da possibilidade que encontramos de acordo com a classificação do dente Deve-se preservar o tecido ósseo e não remover osso desnecessário, a canaleta deve ter a espessura da broca e não envolver a tábua lingual Pode variar de acordo com a posição do dente Broca esférica nº 6 em alta rotação Pode finalizar com a tronco-cônica ODONTOSECÇÃO (SE NECESSÁRIO) Broca tronco-cônica Precisa fazer um bom planejamento cirúrgico para avaliar como vai remover o dente Mesioangulado de raiz única com impacção → faz a canaleta na distal, odontosecção da porção distal da coroa do dente para criar espaço para o dente girar Mesioangulado com raiz dupla e impacção → separar a coroa e as raízes, remover primeiro a distal depois a mesial Mesioangulado com pequena impacção → remover primeiro a impacção Horizontal clássica → remoção da coroa (vertical), deixando ponto de apoio e separação das raízes (horizontal) NÃO EXISTE REGRA! Deve avaliar cada caso; sempre deixar um ponto de apoio para remover as raízes Raízes curvas → separar as duas raízes para sair uma de cada vez, avaliar a curvatura da raiz, e fazer o movimento com o elevador de acordo com essa curvatura EXTRAÇÃO Não apoiar os instrumentais na tábua lingual O ponto de apoio depende da posição do dente e curvatura das raízes (mesial, distal, entre as raízes, etc) Elevadores goivo, 301, angulado – seldin (bandeirinha) POSIÇÃO DO PACIENTE → boca bastante aberta, paciente quase sentado um pouco inclinado TRATAMENTO DA FERIDA CIRURGICA Limagem Curetagem Irrigação → remove os debris (fragmentos ósseos, dentais), tanto dentro do alvéolo como por baixo do retalho; podem ocasionar um abscesso subperiosteal (ocorre na região de 1º molar, 3 semanas depois da exodontia) SUTURA Fio de seda Ponto – sequência: Primeiro ponto da angulada – interpapilar Angulada da distal Ponto simples próximo a distal (evita a formação de bolsa periodontal) Ponto simples no centro do alvéolo Remoção da sutura (5 a 7 dias) Terceiro molar superior – técnica cirúrgica Osso esponjoso → cede à luxação, é raro fazer odontosecção ANESTESIA N. alveolar posterior superior N. palatino maior INCISÃO Retalho triangular ou envelope OSTEOTOMIA Feita com cinzel manual goivo – remover a tábua óssea vestibular e oclusal Baixa rotação com peça reta e broca esférica nº 6 ou 8 – em caso de estar difícil com o cinzel, irrigação constante EXTRAÇÃO Ponto de apoio – mesiovestibular Direção da luxação – distovestibular Elevador seldin, 301 A maioria sai inteiro (coroa + raiz) POSIÇÃO DO PACIENTE → boca entreaberta (para ter visualização), paciente um pouco mais deitado Como evitar lesões do N. alveolar inferior? ODONTECTOMIA PARCIAL INTENCIONAL OU SEPULTAMENTO RADICULAR: - remoção da coroa do dente deixando a raiz sepultada - indicada quando há chance clara de dano ao n. alveolar inferior - incidência de dano quando há sugestão radiográfica é de 34% - aumenta a dor pós-operatória (corpo estranho, polpa presente) Indicação: dentes totalmente inclusos com intimo contato da raiz com o nervo, evita parestesia Contraindicações: - mobilidade radicular (raiz luxada) - infecção ativa no dente ou em um dente próximo - dentes horizontais (chance de lesionar o nervo com a broca) - patologias radiculares associadas - luxação radicular Sinais radiográficos: - escurecimento da porção apical da raiz - interrupção da linha radiopaca do canal - desvio da trajetória do canal - curvatura do ápice radicular - imagem radiolúscida sobre o canal - estreitamento do teto do canal ou do ápice radicular Técnica: - identificar os sinais - tomografia quando necessário - planejamento criterioso - incisão e descolamento - osteotomia da mesma maneira (oclusal, vestibular e distal) sobre bastante refrigeração - desgastar o dente para que a raiz fique de 3 a 4 mm abaixo da crista óssea para ter reparo ósseo e sepultamento da raiz Pós–operatório: - antibiótico profilático e terapêutico - aumenta o risco de infecção - controle de dor e edema adequado (medicação mais forte) - controle clinico e radiográfico imediato, 3 meses, 6 meses, 1 ano - avaliar se ocorreu migração da raiz, pois ela sobe e deixa de ter contato com o nervo Complicações: - reoperação - alveolite seca - infecção - lesão ao nervo - tratamento endodôntico posterior da raiz sepultada quando tem muita dor
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