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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM Instituto de Ciências Exatas - ICE Departamento de Química - DQ 12º RELATÓRIO DE QUÍMICA INORGÂNICA EXPERIMENTAL MANAUS - AM 08 DE FEVEREIRO DE 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM Instituto de Ciências Exatas - ICE Departamento de Química - DQ A BIOSFERA II SEM OXIGÊNIO ANÁLISE DO CONCRETO MANAUS - AM 08 DE FEVEREIRO DE 2015 1. INTRODUÇÃO Em Julho de 1987, a simulação de uma enigmática estrutura cristalina cobria as capas das revistas de divulgação científica. Através de um corte numa das paredes, podia ver-se que estava ocupada por árvores, aves, um lago e vá- rios técnicos trabalhando em diversos sistemas de manutenção. Tratava-se da Biosfera 2, um enorme simulador de ecossistemas onde um grupo de inves- tigadores pretendia encerrar-se durante dois anos. Em teoria, aquele complexo autossuficiente com mais um hectare de área iria albergar centenas de espécies que viveriam em diversos biomas ou paisagens bioclimáticas artificiais: uma selva, um mar, uma savana, um pântano. A ideia era que os recursos, do ar à água, se renovassem automatica- mente. Por exemplo, o dióxido de carbono expulso pelas pessoas e pelos ani- mais seria aproveitado pelas plantas, enquanto os detritos fertilizariam os terre- nos de cultivo e serviriam de nutriente às algas. Estas, por sua vez, constituiriam a base alimentícia de outras formas de vida. No final, tratava-se de estudar até que ponto seria possível construir um habitat autónomo onde pudessem estabe- lecer-se os futuros colonos que viajassem para a Lua ou para Marte. No entanto, uma série de incidentes deitou por terra aquela aventura de 200 milhões de dólares. Durante a primeira missão, que teve lugar entre 1991 e 1993, baratas e formigas penetraram no sistema, aparentemente estanque (di- zia-se que apenas perdia dez por cento do ar por ano, enquanto nos vaivéns espaciais essa perda era de 2% por dia). Os níveis de CO2 aumentaram perigo- samente, o que causou a morte dos insetos polinizadores e de muitos vertebra- dos e tornou necessário injetar oxigénio para garantir a sobrevivência do projeto. As dissensões que surgiram durante a segunda missão, realizada em 1994, deram o golpe de misericórdia na Biosfera 2. Durante 13 anos, a estação foi abandonada, reocupada pela Universidade de Columbia, objeto de especula- dores e ícone da cultura New Age. Até que, em 2007, a Universidade do Arizona adquiriu-a e converteu-a num grande laboratório de ciências da Terra. Ali, é hoje possível estudar como em nenhum outro lugar do mundo o impacto das alterações climáticas sobre as espécies vegetais e a resposta dos ecossistemas a concentrações elevadas de gases de efeito de estufa. Além disso, segundo os responsáveis pela nova Bios- fera 2, a instalação funciona como um modelo de cidade no qual também é pos- sível ensaiar estratégias para reduzir as emissões poluentes ou a implantação de novos sistemas de distribuição elétrica. 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Determinar o teor de carbonato de cálcio em uma amostra de mármore através do volume do gás carbônico gerado pela sua reação com uma solução de ácido forte. 2.2. Objetivos Específicos Determinar a quantidade de CO2 em amostras de concreto; Identificar ácidos, bases, sais e óxidos; Comparar o volume de gás produzido de diferentes amostras; Analisar o volume de CO2 produzido pelo carbonato de cálcio e ácido. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 3.1. Materiais - Kitasato; - Bacia; - Rolha; - Provetas (250, 50 e 25 mL). - Mangueira de borracha; 3.2. Reagentes - HCl concentrado; - CaCO3; - Areia; 3.3. Procedimentos 3.3.1 Calibração do volume de CO2 O carbonato de cálcio foi separado em 5 amostras enroladas em papel com diferentes pesos: 0,2g; 0,4g; 0,6g; 0,8g; e 1,0g de carbonato de cálcio. De- pois das amostras já medidas, colocou-se 25 mL de ácido clorídrico no kitasato e em seguida a amostra de carbonato de cálcio enrolado em um pedaço de papel conforme a figura 1. O kitasato foi agitado por aproximadamente um minuto para completar a reação. Posteriormente, com o término da produção de gás na rea- ção, foi medido o volume de gás na proveta. Esse procedimento foi repetido com as amostras de carbonato de cálcio com diferentes massas (0,2g; 0,4g; 0,6g; 0,8g; e 1,0g). Figura 1 - Sistema para a obtenção de gás 3.3.2 Testando a amostra desconhecida A amostra desconhecida contendo carbonato de cálcio e areia que são ingredientes do concreto, foi colocada num pedaço de papel e adicionada no kitassato contendo ácido clorídrico. O kitassato foi fechado e agitado por aproxi- madamente um minuto e com o término da reação, foi medido o volume de gás na proveta. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Desvio padrão de CO2 Observou-se a reação das bolhas de dióxido de carbono que eram forma- das na proveta, e que determinaram o volume de dióxido de carbono liberado pela reação, sendo estes os dados obtidos através do experimento. A reação pode ser analisada na equação a seguir: 𝐶𝑎𝐶𝑂3(𝑠) + 2𝐻𝐶𝑙(𝑎𝑞) → 𝐶𝑎𝐶𝑙2 (𝑎𝑞) + 𝐶𝑂2 (𝑔) + 𝐻2𝑂(𝑙) Utilizou-se os dados obtidos experimentalmente e através de cálculos plo- tou-se o seguinte gráfico: Massa de Ca’CO3 (g) Volume de CO2 encontrado (mL) Volume de CO2 ideal (mL) 0,2 48,0 44,8 0,4 80,0 89,6 0,6 130,0 134,4 0,8 174,0 179,2 1,0 219,0 224,0 x1 73,0 x2 Gráfico 1 - Relação da massa de CaCO3, em relação ao volume de CO2 Obs.: As unidades de medidas utilizadas foram mm³ (ou mL) para volume de y = 218x ± 2,76 y = 224x ± 0,01 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190 200 210 220 230 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 V o lu m e d e C O 2 ( m L) Massa de CaCO3 (g) Massa de CaCO3 em relação ao volume de CO2 produzido Volume de CO2 encontrado Volume de CO2 ideal Linear (Volume de CO2 encontrado ) Linear (Volume de CO2 ideal) CO2 representado no eixo y, e gramas (g) para a massa de carbonato de cálcio repre- sentado no eixo x. Calculou-se a equação da reta de ambos os volumes: Volume de CO2 encontrado: 218x ± 2,76 mL Volume de CO2 ideal: 224x ± 0,01 mL Pode-se então calcular a massa CaCO3 a partir da equação da reta: 𝑋1 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑂2 𝑒𝑛𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎 𝑋1 = 73 𝑚𝐿 218 ≈ 𝟎, 𝟑𝟑𝟓 𝒈 𝒅𝒆 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑 Além disso, pode-se então calcular o volume ideal CO2 a partir da equação da reta: 𝑋2 = 𝑒𝑞𝑢𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎 × 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑋2 = 224 × 0,335 = 75,04 𝑚𝐿 𝑑𝑒𝐶𝑂2 Massa de CaCO3 (g) Volume de CO2 encontrado (mL) Volume de CO2 ideal (mL) 0,20 48,0 44,8 0,34 73,0 75,0 0,40 80,0 89,6 0,60 130,0 134,4 0,80 174,0 179,2 1,00 219,0 224,0 Calculou-se a massa de areia, pela seguinte equação: 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝐶𝑎𝐶𝑂3 + 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 → 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 − 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂𝒂𝒓𝒆𝒊𝒂 = 0,6 𝑔 − 0,34𝑔 = 0,26 𝑔 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑒𝑖𝑎 Calculou-se a porcentagem de carbonato de cálcio presente amostra des- conhecida pela seguinte equação:% 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝐶𝑂3 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,34𝑔 0,6 𝑔 ∗ 100 = 𝟓𝟔, 𝟔𝟕% 𝒅𝒆 𝑪𝒂𝑪𝑶𝟑 Para calcular o valor da fração molar do produto da reação tem-se: 𝑿𝑯𝟐𝑶 = 𝑃𝐻2𝑂 𝑃 = 14,5430 760 = 19,12 × 10−3 = 1,912 % A fração molar de gás carbônico no produto será: 𝑿𝑪𝑶𝟐 = 100% − 𝑋𝐻2𝑂 → 𝑋𝐶𝑂2 = 100% − 1,912% = 98,088% Com este pode-se calcular a pressão parcial do CO2. 𝑷𝑪𝑶𝟐 = 𝑋𝐶𝑂2 × 𝑃 = 0,98088 × 760 = 745,4688 𝑚𝑚𝐻𝑔 Usando a lei dos gases ideais temos: 𝑃 × 𝑉 = 𝑅 × 𝑛 × 𝑇 → 𝑉 𝑛 = 𝑅𝑇 𝑃 → 𝑉𝑚 = 𝑅𝑇 𝑃 Por esta equação obteve-se o volume molar do gás dada temperatura e pressão, logo: 𝑽𝒎 𝑪𝑶𝟐 = (62,3632 𝐿 . 𝑇𝑜𝑟𝑟. 𝐾−1 . 𝑚𝑜𝑙−1) × (298,25 𝐾) 745,469 𝑇𝑜𝑟𝑟 = 24,94 𝐿 . 𝑚𝑜𝑙−1 Sendo o volume molar 𝑉𝑚 = 𝑉𝑚 𝐶𝑂2 𝑛⁄ , o inverso desta resultará na con- centração molar (M) do gás, pois os dados usados para o cálculo do volume molar do gás são os obtidos a partir do experimento. 𝑴 𝑪𝑶𝟐 = 𝑉𝑚 𝐶𝑂2 −1 = 1 24,94 = 40,09 . 10−3 𝑚𝑜𝑙 . 𝐿−1 Portanto a massa de CO2 será: 𝑴 𝑪𝑶𝟐 = 𝑚 𝐶𝑂2 𝑃𝑀 × 𝑉 → 𝒎 𝑪𝑶𝟐 = 𝑀 × 𝑃𝑀 × 𝑉 𝒎 𝑪𝑶𝟐 = (40,09 . 10 −3 𝑚𝑜𝑙 . 𝐿−1) × (44 𝑔 . 𝑚𝑜𝑙−1) × (21,8 . 10−3 𝐿) = 𝟎, 𝟎𝟑𝟖𝟒 𝒈 = 𝟑𝟖, 𝟒 𝒎𝒈 5. CONCLUSÃO Tendo por base os dados citados, observou-se que a amostra desconhe- cida continha 0,34 g de carbonato de cálcio, o que corresponde a 56,67% de toda a amostra. Pode-se chegar a esse resultado, através do desvio padrão do gráfico 1 (Relação da massa de CaCO3, em relação ao volume de CO2), calcu- lado por meio da equação da reta, 218x ± 2,76 mL. E para fins de comparação, avaliou-se também o desvio do CO2 padrão, 224x ± 0,001mL. Portanto, em locais de alta concentração de CO2, como em viadutos, tu- neis, grandes centros (em funções do alto tráfego), deve-se ter o cuidado de fabricar um concreto com baixa porosidade para que o dióxido de carbono não entre em contato com o hidróxido de cálcio e cause as reações que irão carbo- natar o concreto, reduzindo a sua qualidade. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SZPOGANICZ, B.; DEBACHER, N. A.; STADLER, E. Experiências de Química Geral. 2. ed.Florianópolis: EdUFSC, 2003 GREENWOOD, N.N & EARHSAW, A. Chemistry of the elements. Oxiford, Per- gamon Press, 1984, p. 119, 113-135. QUAGLIANO, J.V & VALLARINO, L.M. Química. Trad. De Espinola. 3° Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Dois, 1979 p. 108-114, 119-1936. RUSSEL, J.B. Química Geral. Trad. De Geraldo Vicentini ET AL. São Paulo, McGraw-Hill, 1982 p.77-99. Química, a ciência central/ Theodore L. Brown, H. Eugene LeMay, Jr., Bruce E. Bursten; tradutor Robson Matos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. LEE. J. D. Química inorgânica não tão concisa. Trad. Henrique E. Toma, Koiti Araki e Reginaldo C. Rocha. 5ª ed. São Paulo: Blucher, 1999; Química Geral/ John B. Russell; tradução e revisão técnica Márcia Guekezian...| et. al. | - 2. ed. – São Paulo: Pearson Makron Books, 1994. Volume I. 7. ANEXOS 1. Qual componente do cimento reage com o CO2? Escreva a equação ba- lanceada para a reação: R = A frente de carbonatação e a frente de dissolução são frentes de reações químicas, onde a frente de dissolução é a zona na qual as fases do cimento reagem com o CO2 para formar carbonatos de cálcio anteri- ormente à frente de carbonatação. A carbonatação (formação de CaCO3) do cimento propicia uma frente menos permeável ao ataque ácido (mais resistente à solubilidade do que o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), aumentando a resistência à compressão. Índices moderados de carbonatação podem ser benéficos para a porosidade, permeabili- dade e resistência do cimento. Porém, uma vez que o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) tenha sido totalmente dissolvido, inicia-se a dissolução da aragonita (CaCO3) na forma de bicarbonato de cálcio. 𝐶𝑎(𝑂𝐻)2 + 𝐶𝑂2 → 𝐶𝑎𝐶𝑂3 + 𝐻2𝑂 2. Complete
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