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Aula 05 Direito Empresarial Completo

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DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 
 
Aula 4 – Direito Empresarial 
Prof. Antonio Nóbrega 
 
Prezado candidato, prosseguindo em nosso caminho pelos institutos do 
Direito Empresarial, estudaremos, hoje, os títulos de crédito e temas conexos, 
como o protesto e ação cambial. 
O candidato não deve dispensar a leitura da própria legislação. A disciplina 
dos títulos de crédito é dispersa em vários instrumentos legais, que serão 
apresentados conforme formos percorrendo a matéria. 
 
 
ROTEIRO DA AULA – TÓPICOS 
1. Títulos de Crédito. 
 1.1. Conceito de título de crédito. 
 1.2. Princípios. 
 1.2.1. Cartularidade. 
 1.2.2. Literalidade. 
 1.2.3. Autonomia. 
 1.3. Características. 
 1.4. Modalidades e classificação dos títulos de crédito. 
 1.5. Letra de câmbio e nota promissória. 
 1.5.1. Do saque. 
 1.5.2. Do aceite e do vencimento. 
 1.5.3. Do endosso. 
 1.5.4. Do aval. 
 1.5.5. Do pagamento. 
 1.5.6. Do protesto: legislação, modalidades, procedimentos, 
efeitos, ações judiciais envolvendo o protesto. 
 1.5.7. Da ação cambial; ação de regresso; inoponibilidade de 
exceções; responsabilidade patrimonial e fraude à execução; embargos do 
devedor; ação de anulação e substituição de título. 
 1.6. Outros títulos de crédito próprios. 
 1.6.1. Cheque. 
 1.6.2. Duplicata. 
 1.7. Títulos de crédito impróprios: 
 1.7.1. Títulos de financiamento da atividade econômica: notas e 
cédulas de crédito (industrial, rural, comercial, à exportação, imobiliário, 
bancário e de produto rural). 
 1.7.2. Warrant e conhecimento de depósito. 
 1.7.3. Letra de arrendamento mercantil. 
2. Exercícios. 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 
 
1. Títulos de crédito 
1.1. Conceito de título de crédito 
 
Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, 
literal e autônomo nele mencionado. 
Esta definição foi formulada pelo mestre italiano Cesare Vivante e 
acabou positivada no Código Civil de 2002: 
 
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito 
literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os 
requisitos da lei. 
 
Contudo, muito antes desta positivação, a definição já era aceita pela 
doutrina como a melhor descrição de um título de crédito. Nela estão contidos 
todos os princípios formuladores do Direito Cambiário: os princípios da 
cartularidade, literalidade e autonomia. 
Esta definição é tão perfeita que, por si só, já basta para conceituar os 
títulos de crédito, e o aprofundamento desta definição será feito quando 
estudarmos os princípios e características dos títulos de crédito a seguir. 
Uma observação, porém. O crédito referido na definição é uma quantia 
pecuniária. Embora haja certos títulos de créditos, classificados como 
impróprios, cujo direito nele constante refira-se a obrigações de fazer ou dar 
coisa diferente de dinheiro. A doutrina entende que o crédito constante em 
um título de crédito próprio é sempre dinheiro. 
Outro ponto que merece ser mencionado refere-se ao objetivo dos 
títulos de crédito. Estes são instrumentos de circulação de riquezas, o que se 
tornará mais claro quando estudarmos os tópicos a seguir. 
 
1.2. Princípios 
1.2.1. Cartularidade 
 
 Como podemos ver na definição supra, os títulos de crédito são 
documentos. Ademais, são documentos necessários para o exercício de um 
direito. Desta necessidade aduz-se o princípio da cartularidade: somente 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 
quem possui a cártula — o documento — pode pretender que o direito nela 
contido seja satisfeito. 
 Este princípio irá gerar várias regras a respeito dos títulos de crédito, 
assim como dele emanará várias de suas características. Um exemplo é a 
obrigatoriedade de se instruir a petição inicial de execução com o original do 
título de crédito a ser cobrado. Vejamos o seguinte artigo do Código de 
Processo Civil: 
 
Art. 614. Cumpre ao credor, ao requerer a execução, pedir a citação do devedor 
e instruir a petição inicial: 
I - com o título executivo extrajudicial [...]. 
 
 Os títulos de créditos, classificados como próprios — a letra de câmbio, a 
nota promissória, a duplicata e o cheque —, são títulos executivos 
extrajudiciais, como determina o Código de Processo Civil: 
 
Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais: 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque [...]. 
 
Em síntese, o princípio da cartularidade implica que os títulos de 
crédito devem ser materializados em um documento tangível, isto é, físico. 
Embora a doutrina e a lei, com o objetivo de atualizar-se diante dos avanços 
tecnológicos, a questão dos títulos de créditos virtuais é algo que ainda é 
debatido. 
A lei não obriga que o título de crédito materialize-se em um 
documento necessariamente de papel, mas deve ser algo que, por exemplo, 
possa ser anexado a uma petição inicial; que possa ser entregue ao devedor, 
quando este quitar a dívida; que possa ser entregue a terceiro, quando o 
título for negociado. 
Esta exigência, como se vê, está intimamente ligada à circulação de 
riquezas. Se o título de crédito não for um documento que possa circular, seu 
objetivo não será atendido. A partir do momento em que se possa circular 
títulos de créditos virtuais com segurança, estes poderão ser considerados 
como tais, pois atenderão ao objetivo do Direito Cambiário. 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
Prof. Antonio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 
 
1.2.2. Literalidade 
 
O princípio da literalidade, embora seja autônomo, guarda certa relação 
com o princípio da cartularidade. Se o título de crédito é o documento 
necessário para a satisfação de um crédito, neste documente devem estar 
contidos todos os dados para a satisfação deste crédito. 
Desta inferência lógica surge o princípio da literalidade. Um credor não 
pode exigir mais do que está descrito em um título de crédito, assim como um 
devedor não pode pagar menos. Caso a quitação seja parcial, esta deverá ser 
descrita no próprio título. Da mesma forma, endossos, avais e aceites — 
institutos que veremos no decorrer de nossa aula — também deverão estar 
contidos no documento que materializa o título de crédito. 
Disto infere-se que o título de crédito não é apenas um documento 
necessário, mas suficiente para o exercício de um direito creditício. Como todo 
este direito está descrito na cártula, nada mais é necessário para que ele seja 
exercido. 
Em síntese, a melhor frase que exemplifica este princípio é vale o que está 
no título. Assim como se diz, no direito processual, que o que não está nos 
autos não está no mundo, podemos dizer que o que não está no título não está 
no mundo, pelo menos, no mundo jurídico. 
O título pode até conter disposições sobre a incidência de juros e correção 
monetária, mas estas correções devem ser feitas por meros cálculos 
aritméticos, não necessitando a consulta de qualquer outro documento. 
Mais uma vez, este princípio guarda relação com o objetivo dos títulos de 
crédito: a circulação de riquezas. Se para isto fosse necessário outro documento 
ou obter dados contidos em algum outro lugar, a circulação de riquezas estaria 
prejudicada. 
 
1.2.3. Autonomia 
 
Também de acordo com a suficiência dos títulos de crédito, surge o 
princípio da autonomia. Isto significa que cada obrigação cambiária é autônoma 
— independente — de qualquer outra obrigação cambiária — mesmo que 
contidas na mesma cártula —, assim como é independente dequalquer outro 
tipo de obrigação como, por exemplo, uma obrigação civil. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Em sentido estrito, a autonomia significa que as obrigações contidas em 
um mesmo título — endossos e avais —, mesmo que invalidadas, não 
prejudicam as demais. 
Em sentido amplo, surgem dois subprincípios: o da abstração e o da 
inoponibilidade. 
Segundo o princípio da abstração, uma obrigação cambiária torna-se 
autônoma — independente — da obrigação que deu ensejo ao título de crédito. 
Por exemplo, imaginemos que A venda o bem X para B a crédito e este 
emite uma nota promissória em favor de A no valor da venda, documentando a 
dívida. Esta nota é transferida para C que passa a ser seu titular. Pelo 
subprincípio da abstração, mesmo que a venda seja invalidada, a obrigação 
cambial persiste e C poderá cobrar a dívida de B. 
O subprincípio da inoponibilidade decorre desta mesma situação. Quando 
C propuser ação de execução contra B, se aquele estava de boa-fé, este não 
poderá alegar que o contrato de compra e venda com A foi desfeito. 
Por isso, alguns doutrinadores chamam este subprincípio por um nome 
mais completo: inoponibilidade a terceiros de boa-fé. Isto significa que, em uma 
ação de execução, o devedor não pode opor exceções no que tange terceiros 
alheios a ela, diferentemente, como ocorre em uma cessão civil de crédito. 
Por questões de economia processual, um devedor poderá até opor 
exceções diretas àquele que lhe cobra — por exemplo, caso C fosse devedor de 
B em alguma outra relação jurídica —, mas isto é uma questão muito mais 
processual civil do que cambiária. 
 
Princípios dos títulos de crédito 
Cartularidade O título de crédito deve materializar-se em um 
documento tangível e concreto. 
Literalidade O direito contido em um título de crédito deve 
ser expresso literalmente, não podendo o 
credor exigir mais do que isto nem o devedor 
pretender pagar menos. 
Autonomia As obrigações contidas em um título de crédito 
são autônomas entre si e a invalidade de uma 
não afeta outra. 
As obrigações contidas em um título de crédito 
são independentes de qualquer outra 
obrigação do mundo jurídico. 
O devedor não pode opor exceções pessoas 
que tenha contra o emitente do título de 
DIREITO EMPRESARIAL 
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crédito ao terceiro credor de boa-fé. 
1.3. Características 
 
Prezado candidato, destes princípios e do objetivo central dos títulos de 
crédito decorrem várias características. A primeira decorre diretamente do 
objetivo de circular riqueza: a negociabilidade. Um título de crédito é 
negociável, por seu portador, a qualquer pessoa capaz de efetuar negócios 
jurídicos. Por isso são chamados títulos de circulação. 
Esta característica não é exclusiva dos títulos de crédito. Qualquer bem 
que não seja personalíssimo ou haja vedação em lei pode ser negociado, mas os 
princípios da cartularidade, literalidade e autonomia fazem com que estes títulos 
tenham outra característica que facilita a circulação dos mesmos: a 
executividade. 
Mais uma vez, a executividade não é exclusiva dos títulos de crédito. O 
art. 585 do CPC contém oito incisos sobre títulos executivos extrajudiciais e os 
títulos de crédito constam em apenas um deles. Contudo, devido aos seus 
outros princípios, os títulos cambiários são muito mais facilmente executados 
pelo fato de que as defesas contra eles são muito mais limitadas. 
Outra característica, como já vimos, pelo menos no que tange os títulos 
executivos próprios, é o fato do direito estar sempre expresso em um crédito 
pecuniário — o que também facilita a executividade. Neste sentido, são também 
chamados títulos de resgate. 
Também podemos citar como características o fato dos títulos de crédito 
serem documentos formais. A lei sempre irá ditar certas características que o 
documento que materializa a obrigação cambiária deve conter, sem os quais 
será inválido. A obrigação poderá até ser cobrada, mas será necessário ajuizar 
processo de conhecimento e o documento não será considerado um título de 
crédito, mas apenas uma prova documental. 
Os títulos de crédito também possuem a característica de bens móveis, 
como se aduz dos arts. 82 e 83 do Código Civil. 
Outra importante característica é o fato dos títulos de crédito serem 
obrigações quesíveis, nas quais é dever do credor cobrar do devedor a 
importância devida, ao contrário das obrigações portáveis. 
Pelo princípio da autonomia, os títulos de crédito, em regra, têm natureza 
pro solvendo, ou seja, não extinguem a obrigação originária que deu ensejo ao 
título. Caso contrário, seriam pro soluto. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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Em razão do princípio da cartularidade, são chamados de títulos de 
apresentação, pois esta é necessária para o exercício do direito contido na cártula. 
Por último, a doutrina considera que os títulos de crédito possuem 
natureza essencialmente comercial, embora isto seja discutível, pois qualquer 
particular pode, por exemplo, documentar um empréstimo em uma nota 
promissória, mesmo que não sejam comerciantes ou empresários. 
 
Características dos títulos de crédito 
Negociabilidade: são títulos de circulação. 
Executividade: são títulos executivos. 
Obrigações creditícias, expressas em dinheiro: são títulos de 
resgate. 
Documentos formais. 
Bens móveis. 
Obrigações quesíveis. 
Natureza pro solvendo. 
Títulos de apresentação. 
Natureza comercial. 
 
1.4. Modalidades e classificação dos títulos de crédito 
 
 A doutrina apresenta quatro modalidades ou critérios de classificação dos 
títulos de crédito: quanto ao modelo, quanto à estrutura, quanto à circulação e 
quanto às hipóteses de emissão. A isto podemos somar a divisão entre títulos 
próprios e impróprios. 
 Os títulos impróprios são os que não estampam obrigações pecuniárias ou 
não possuem natureza estritamente cambiária. A doutrina mais radical 
considera como títulos próprios somente a letra de câmbio e a nota promissória, 
mas, hoje em dia, principalmente pelo que dispõe a lei, o cheque e a duplicata 
também são considerados títulos de créditos próprios. 
 Quanto ao modelo, embora os títulos de crédito sejam documentos 
formais, em relação a alguns deles, fora as características impostas pela lei, 
seus modelos podem tomar qualquer forma. Já outros devem obedecer a um 
modelo específico definido pela ou algum órgão ou entidade regulamentador. 
DIREITO EMPRESARIAL 
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São de modelo livre a nota promissória e a letra de câmbio, enquanto possuem 
modelo vinculado o cheque e a duplicata. 
 No que diz respeito à estrutura, esta se divide em ordens de pagamento e 
promessas de pagamento. A nomenclatura é autoexplicativa: na ordem de 
pagamento, quem saca o título de crédito determina que um terceiro efetue o 
pagamento em favor do beneficiário; na promessa de pagamento, o próprio 
sacador promete efetuar o pagamento ao beneficiário, nas condições expressas 
no título. 
 Quanto às hipóteses de circulação, esta classificação divide-se em ao 
portador, nominais à ordem, nominais não à ordem e nominativas. 
 O título ao portador é aquele cujo possuidor é o titular do direito nele 
expresso, ou seja, quem detém o título é o titular de seus direitos. Esta 
modalidade está em desuso no Direito Brasileiro. Teoricamente, o cheque pode 
ser um título ao portador, mas a lei limita esta possibilidade ao valor máximo de 
cem reais. 
 O título nominal é mais comum, dividindo-se em dois tipos,que são 
estabelecidos por cláusulas no próprio título. O nominal à ordem é o título é o 
padrão e pode circular por endosso, instrumento de circulação cambiária. O 
título não à ordem veda o endosso e perde a característica de circulação 
cambiária, podendo circular apenas por meio de cessão de crédito civil. 
 Os títulos nominativos são previstos no Código Civil, em seu art. 921, e 
estabelece que são títulos cujo beneficiário consta em um livro de registro, o que 
faria o título perder sua autonomia. Para a cessão de crédito, esta só poderia 
ocorrer por termo no livro de registro, assinado pelo emitente e pelo adquirente. 
Os dispositivos do Código Civil, porém, não são utilizados na prática. 
 Parte da doutrina sequer considera esta classificação, por não haver 
nenhum título de crédito próprio que se enquadre nela. Como a mesma doutrina 
que adota esta posição considera que os títulos de crédito impróprios, na 
verdade, não são títulos de crédito, a classificação é ignorada. 
 No que tange às hipóteses de emissão, os títulos dividem-se em causais e 
abstratos. Esta classificação, porém, confunde-se com o subprincípio da 
abstração e é preferível a discriminação entre títulos de emissão condicionada e 
de emissão não condicionada. 
Esta condição refere-se às hipóteses em que a lei autoriza a emissão do 
título. Desta forma, o não condicionado pode ser emitido livremente, enquanto o 
condicionado só pode ser emitido nas hipóteses permitidas pela lei. Alguns autores 
DIREITO EMPRESARIAL 
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acrescentam a esta classificação o conceito de títulos limitados, que são aqueles 
que podem ser emitidos em qualquer hipótese, exceto as vedadas em Lei. 
Dos títulos de crédito próprio, somente a duplicata tem sua emissão 
condicionada. Este título só pode ser emitido para a documentação de crédito 
oriundo de compra e venda mercantil, daí o seu nome. A letra de câmbio, por 
sua vez, sofre limitação, pois a Lei das Duplicatas veda a emissão deste título 
nas hipóteses em que é possível a emissão de duplicata. 
Vistas estas modalidades de classificação, agora podemos sintetizar estes 
conceitos em uma tabela classificatória dos títulos de crédito. 
Excluímos desta tabela a divisão entre títulos de crédito próprios e 
impróprios, já que não faz parte da classificação doutrinária padrão. Basta o 
candidato lembrar que os títulos próprios são a letra de câmbio, a nota 
promissória, o cheque e a duplicata. 
Nesta tabela não serão tratados os títulos impróprios, pois ela tornar-se-ia 
muito extensa. As peculiaridades deste título serão tratadas na seção própria. 
 
Classificações dos títulos de crédito 
Quanto ao modelo Livres Nota promissória e letra de câmbio 
Vinculados Cheque e duplicata 
Quanto à estrutura Ordem de pagamento Letra de câmbio, cheque e duplicata 
Promessa de pagamento Nota promissória 
Quanto à circulação Ao portador Cheque até o limite de R$ 100,00 
(transmissão por tradição) 
Nominal à ordem Todos, em regra (transmissão por 
tradição + endosso) 
Nominal não à ordem Todos, quando expressa (transmissão 
por cessão de crédito civil) 
Nominativos Nenhum (parte da doutrina não 
considera esta modalidade aplicável) 
Quanto à emissão Abstratos 
(não condicionados) 
Nota promissória e cheque 
Limitados Letra de câmbio 
Causais 
(condicionados) 
Duplicata 
 
1.5. Letra de câmbio e nota promissória 
DIREITO EMPRESARIAL 
PROFESSOR: ANTONIO NÓBREGA 
 
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O prezado aluno deve estar se perguntando a razão de iniciarmos o 
estudo dos títulos de crédito em espécie pela nota promissória e pela letra de 
câmbio. Ainda mais, se tem alguma vivência prática com títulos de crédito, deve 
saber que este último título está em desuso no Brasil. Ocorre que, por questões 
didáticas, a letra de câmbio é o melhor título de crédito para se estudar estes 
títulos em espécie por ser o mais completo e o mais tradicional. 
A razão de agruparmos estes dois títulos ocorre pelo fato deles estarem 
regulados pelo mesmo instrumento normativo conhecido como Lei Uniforme de 
Genebra (doravante, LUG). 
Esta Lei é, na verdade, um tratado internacional e, por isso, possui uma 
estrutura diferente da qual o prezado candidato está acostumado a encontrar. 
Primeiro, temos o Decreto 57.662/1966 que é a Lei que incorpora o tratado ao 
ordenamento jurídico nacional. Esta Lei não possui nada sobre os títulos de 
crédito, mas apenas manda que o tratado seja obedecido no país. 
Apensado a este decreto há o tratado em si e dois anexos. O tratado é 
apenas o acordo internacional e não importa ao nosso estudo. 
O primeiro anexo é a regulamentação, em si, das letras de câmbio e das 
notas promissórias. Sempre que não fizermos nenhuma outra referência, caro 
amigo, estaremos tratando dos artigos contidos neste anexo. 
O segundo anexo regula reserves que o País pode adotar ao incorporar a 
Lei em seu ordenamento pátrio, e o Brasil fez as seguintes reservas: arts. 2º, 
3º, 5º ao 7º, 9º, 10, 13, 15 ao 17, 19 e 20. 
A estrutura destes anexos difere de como as leis são normalmente 
publicadas no Brasil. Neles há apenas artigos e seus parágrafos. Estes 
parágrafos são chamados de alíneas, começando do primeiro (este é a 1ª alínea 
e não o caput). Há também itens numerados e não numerados. Estes não 
contam como alíneas. 
Anteriormente, o Brasil havia regulado as letras de câmbio e as notas 
promissórias pelo Decreto 2.044/1908. Este Decreto não foi revogado e, no que 
não conflitar com a LUG, será válido. Porém, informaremos quando alguma 
regra relevante deste decreto deverá ser observada. 
Outra razão de agruparmos em um mesmo tópico o estudo das letras de 
câmbio e das notas promissórias é o fato de que esta última possui apenas 
quatro artigos e no mais é regulada tal e qual as letras de câmbio, de modo que 
é mais fácil apontarmos apenas as diferenças do que dividirmos o estudo em 
dois tópicos. Vejamos o que diz o art. 77 do anexo I da LUG (como já 
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alertamos, sempre que se tratar do anexo I da LUG, omitiremos esta menção, 
por questões de brevidade): 
 
Art. 77. São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias 
à natureza deste título, as disposições relativas às letras e concernentes: 
endosso (artigos 11 a 20); 
vencimento (artigos 33 a 37); 
pagamento (artigos 38 a 42); 
direito de ação por falta de pagamento (artigos 43 a 50 e 52 a 54); 
pagamento por intervenção (artigos 55 e 59 a 63); 
cópias (artigos 67 e 68); 
alterações (artigo 69); 
prescrição (artigos 70 e 71); 
dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão (artigos 72 a 74). 
São igualmente aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas às letras 
pagáveis no domicílio de terceiro ou numa localidade diversa da do domicílio do sacado 
(artigos 4º e 27), a estipulação de juros (artigo 5º), as divergências das indicações da 
quantia a pagar (artigo 6º), as conseqüências da aposição de uma assinatura nas 
condições indicadas no artigo 7º, as da assinatura de uma pessoa que age sem 
poderes ou excedendo os seus poderes (artigo 8º) e a letra em branco (artigo 10). 
São também aplicáveis às notas promissórias as disposições relativas ao aval (artigos 
30 a 32); no caso previsto na última alínea do artigo 31, se o aval não indicar a 
pessoa por quem é dado, entender-se-á ser pelo subscritor da nota promissória. 
 
O amigo não precisa entender, neste momento, toda a terminologia do 
artigo supra. Apresentamo-lo, agora, apenas para que se possa perceber como 
a nota promissória merece serestudada em conjunto com a letra de câmbio, 
visto a uniformidade de várias normas que as regulam. 
Observe, ademais, a estrutura do artigo. Nele, há três alíneas — o 
primeiro e os dois últimos parágrafos — e uma lista de itens entre a primeira 
alínea e a segunda. Assim, neste exemplo, se nos referíssemos à segunda 
alínea, estaríamos nos referindo ao parágrafo que se inicia por “são igualmente 
aplicáveis...”; se referíssemos ao terceiro item da primeira alínea, estaríamos 
nos referindo ao item “pagamento (arts. 38 a 42)”. Caso a alínea não seja 
mencionada, presume-se que estamos falando da primeira do artigo. 
 Entendido isto, vamos falar um pouco da história destes títulos de 
crédito. Ela inicia-se na Itália, durante a Idade Média, quando o poder político 
era bastante descentralizado. Em razão disso, a pluralidade de moedas era 
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imensa. Além disso, não era muito seguro viajar de um local para o outro, pois, 
como não havia nenhum policiamento como há nos dias de hoje. 
Assim, formulando um exemplo, vamos imaginar que um comerciante de 
Veneza foi até Florença realizar negócios. Chegando lá, vende suas mercadorias 
e recebe pagamento na moeda local — que chamaremos de florim. O florim 
não é utilizado em Veneza, pois a moeda de lá, que chamaremos de lira. O que 
faz o comerciante de Veneza? 
Ele vai até um banco florentino e troca seus florins por dois documentos: 
uma littera cambii (letra de câmbio) e uma cautio (caução, antecessora da nota 
promissória). Esta littera cambii era uma ordem de pagamento a um banqueiro 
de Veneza para que entregasse a quantia descrita no documento ao seu 
possuidor. Já a cautio era promessa de pagamento ao banqueiro de Veneza, que 
o banqueiro de Florença pagar-lhe-ia a quantia descrita. 
Assim temos as duas modalidades clássicas de títulos de crédito: a ordem 
de pagamento e a promessa de pagamento. 
Quanto às outras características, tanto a letra de câmbio como a nota 
promissória, por padrão, são de modelo livre e circulam de forma nominal à 
ordem, devendo a cláusula não à ordem ser expressa. Tradicionalmente, quanto 
à emissão, são abstratos. Porém, a letra de câmbio, no ordenamento pátrio, 
possui limitação feita pela Lei das Duplicatas Mercantis. 
 Feita esta introdução, estudaremos a estrutura das ordens de pagamento 
e das promessas de pagamento, e como são emitidas, isto é, sacadas. 
 
1.5.1. Do saque 
 
A ordem de pagamento diz respeito a uma estrutura de título de crédito 
no qual há três partes: a) aquele que emite o título (sacador); b) o beneficiário 
que irá receber a quantia (tomador); e c) aquele que deve pagar (sacado). 
Estas três partes não precisam, necessariamente, ser constituídas de 
pessoas diferentes. O art. 3º da LUG dispõe que: 
 
A letra pode ser à ordem do próprio sacador. 
Pode ser sacada sobre o próprio sacador. 
Pode ser sacada por ordem e conta de terceiro. 
 
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Precisam, por óbvio, ter ao menos duas pessoas, tendo em vista que seria 
inútil alguém sacar uma letra de câmbio, em benefício dela mesma, ordenando 
que ela própria se pague. Igualmente, o tomador e o sacado devem ser pessoas 
distintas, pois seria absurdo alguém ordenar que uma pessoa pague a si 
mesma. Todavia, há duas possibilidades em que duas partes se confundem em 
uma ordem de pagamento. 
A primeira é quando a letra é sacada em nome à ordem do próprio sacador, 
como na primeira alínea do art. 3º. Neste caso, quem emite a nota é próprio 
beneficiário da mesma, ou seja, está ordenando que o sacado lhe pague. 
Como veremos quando tratarmos das duplicatas, nos contratos de compra e 
venda mercantis, a Lei das Duplicatas veda que sejam sacadas letras de câmbio 
neste modo — à ordem do próprio sacador. Porém, mesmo que não fosse vedado, 
a estrutura das duplicatas é muito mais eficaz, nesta situação, do que a das letras 
de câmbio, como veremos. 
O segundo modo de emissão de uma letra de câmbio — sacada sobre o 
próprio sacador — fará com que esta assemelhe-se a uma promessa de 
pagamento e, por consequência, a uma nota promissória. 
Assim sendo, sobra o modo de emissão no qual todas as partes são 
distintas: sacador, sacado e tomador. O qual será enfatizado em nosso estudo. 
Quanto à estrutura das promessas de pagamento, como podemos perceber 
pelo que acabamos de dizer, nesta só haverá duas partes: a) o sacador ou 
promitente (ou, ainda, subscritor, na terminologia utilizada pela LUG), que promete 
pagar uma quantia; b) o tomador, que será a quem a quantia deverá ser paga. 
Como se vê, nas notas promissórias, o sacador é a mesma pessoa que o 
sacado, tal como na segunda alínea do art. 3º da LUG, contudo, receberá a 
denominação de subscritor. 
 
Estrutura dos títulos de crédito 
Letra emitida à ordem do próprio 
sacador 
Letra emitida sobre o próprio sacador 
Sacador /
Tomador SacadoManda pagar ecobra de...
Paga a...
Emite letra em
benefício próprio
 
Sacador /
Sacado Tomador
Emite letra em
benefício de...
Cobra de...
Paga a...
 
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Letra emitida à ordem de terceiro Nota promissória 
Sacador Tomador
Sacado
Emite letra em
benefício de...
Cobra de...
Paga a...
Manda
pagar ao
tomador
 
Subscritor TomadorEmite nota embenefício de...
Cobra de...
Paga a...
 
Como se vê, a letra emitida — ou sacada — sobre o próprio sacador é 
idêntica, em efeitos, à nota promissória. Apesar da LUG não vedar a 
modalidade, ela é totalmente redundante, para não dizer inócua. 
Uma observação que deve ser feita sobre a figura do sacador de uma letra 
de câmbio é que, conforme o art. 9º, ele é garante tanto da aceitação como do 
pagamento da mesma. Em outras palavras, isto significa que, caso o sacado 
recuse-se a pagar a letra, o sacador passa a ser o devedor e a letra funcionará 
tal qual uma nota promissória. 
Prosseguindo, como visto anteriormente, os títulos de crédito são 
documentos formais — devem obedecer a certos requisitos determinados em 
Lei. Sendo assim, na falta de um dos requisitos, tanto a letra de câmbio (art. 
2º) como a nota promissória (art. 76) não serão consideradas títulos de crédito. 
Na realidade, nem poderão ser consideradas como letra de câmbio ou nota 
promissória. Vejamos estes requisitos como manda a LUG. 
 
Requisitos das letras de câmbio (art. 1º) Requisitos das notas promissórias (art. 75) 
1. A palavra “letra” (ou a expressão 
“letra de câmbio”) inserta no próprio 
texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título. 
1. Denominação "nota promissória" inserta no 
próprio texto do título e expressa na língua 
empregada para a redação desse título. 
2. O mandato puro e simples de pagar 
uma quantia determinada. 
2. A promessa pura e simples de pagar uma 
quantia determinada. 
3. O nome daquele que deve pagar 
(sacado). 
—x— 
4. A época do pagamento. 3. A época do pagamento. 
5. A indicação do lugar em que se deve 
efetuar o pagamento. 
4. A indicação do lugar em que se efetuar o 
pagamento. 
6. O nome da pessoa a quem ou à ordem 
de quem deve ser paga. 
5. O nome da pessoa a quem ou à ordem de 
quem deve ser paga. 
7. A indicação da data em que, e do lugar 6. A indicação da data em que e do lugar onde 
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onde a letra é passada. a nota promissória é passada. 
8. A assinatura de quem passa a letra 
(sacador). 
7. A assinatura dequem passa a nota 
promissória (subscritor). 
 
Podemos perceber que os requisitos são quase idênticos, exceto pelo fato 
da letra de câmbio exigir a figura do sacado. Este requisito não existe na nota 
promissória, pois quem deve pagar é o próprio subscritor. 
No que concerne a regra da obrigatoriedade dos requisitos, há exceções, 
considerando que, em certos casos, a ausência do requisito criará uma 
presunção. 
Não havendo época do pagamento (itens nº 4 da letra de câmbio e nº 3 
da nota promissória), entender-se-á que o título de crédito deve ser pago a 
vista (art. 2º, segunda alínea, e art. 76, idem). 
Na ausência de indicação do lugar do pagamento (itens nº 5 da letra de 
câmbio e nº 4 da nota promissória), este será o mesmo do domicílio do sacado 
ou do subscritor, conforme o caso (mesmo artigo, supra, terceira alínea). 
Igualmente, não havendo o lugar do saque (itens nº 7 da letra de câmbio 
e nº 6 da nota promissória), considerar-se-á, respectivamente, o local aposto ao 
lado do nome do sacador ou do subscritor. 
O local do pagamento pode ser em domicílio de terceiro, em qualquer 
localidade (art. 4º). 
Conforme o princípio da autonomia, caso haja assinaturas de pessoas 
incapazes, causando anulação desta obrigação, esta não afetará as outras 
obrigações (art. 7º). 
 Ainda, sem alguém apuser sua assinatura como representante de outrem 
e não tiver ou exceder tais poderes, obrigar-se-á pessoalmente (art. 8º). 
Além disso, como já mencionado antes, poderá haver uma estipulação de 
juros a serem pagos (art. 5º). Porém, não será em qualquer situação que isto 
será permitido. Detalharemos este tópico quando tratarmos do vencimento. 
Uma última observação sobre os requisitos do saque é que, mesmo sendo 
obrigatórios, eles só precisam estar preenchidos na ocasião da cobrança, do 
protesto ou do ajuizamento de uma ação de cobrança. Este entendimento é 
firmado tanto na jurisprudência como na própria legislação. 
 
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Art. 3º do D. 2.044/1908: esses requisitos são considerados lançados ao tempo 
de emissão da letra. A prova em contrário será admitida no caso de má-fé do 
portador. 
 
Art. 891. do Código Civil: o título de crédito, incompleto ao tempo da 
emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. 
 
Sum. 387, STF: a cambial emitida ou aceita com omissões ou em branco, pode 
ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. 
 
1.5.2. Do aceite e do vencimento 
 
O sacado, de início, é uma pessoa estranha a relação cambiária. Caso não 
fosse, a letra de câmbio poderia ser um instrumento muito perigoso, pois 
qualquer pessoa poderia emiti-la, obrigando um estranho a um pagamento 
qualquer, em uma relação que não lhe diria respeito. 
Sendo assim, nas letras de câmbio existe um elemento chamado aceite, 
que, de forma sintética, significa que o sacado, ao dar o aceito, concorda em 
pagar a letra de câmbio e, a partir deste momento, torna-se aceitante. 
O aceitante deve escrever na própria letra a palavra “aceite” ou qualquer 
outra equivalente, porém, a mera assinatura do sacado no anverso — parte 
posterior da letra — basta como aceite (art. 25). 
Na nota promissória, não existe o aceite, e a primeira alínea do art. 78 
dispõe que: 
 
O subscritor de uma nota promissória é responsável da mesma forma que o 
aceitante de uma letra. 
 
As condições do aceite serão muito influenciadas pelas condições de 
vencimento, daí estudarmos estes dois elementos em conjunto. Existem quatro 
possibilidades de vencimento, conforme o art. 33: 
 
Uma letra pode ser sacada: 
à vista; 
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a um certo termo de vista; 
a um certo termo de data; 
pagável num dia fixado. 
 
A letra — assim como uma nota promissória — à vista vence no dia de 
apresentação ao sacado; a a um certo termo de vista vence após determinado 
prazo, estipulado pelo sacador, após o aceite; a a um certo termo de data vence 
após certo prazo a ser contado da emissão; e a pagável num dia fixado vence 
em uma data certa. 
Como se pode deduzir, a letra a um certo termo de data e a pagável num 
dia fixado acabam por ter o mesmo efeito. Por exemplo, tanta faz sacar uma 
letra, no dia 21 de junho, com vencimento fixo para 21 de dezembro, como 
sacar uma, na mesma data, com termo de seis meses. O art. 36 da LUG 
esclarece como é feita a contagem dos termos e não traz nenhum mistério, 
bastando a leitura do mesmo. 
No caso da nota promissória a um certo termo de vista, como não existe o 
aceite, este será substituído por um visto dado pelo subscritor, como determina 
a segunda alínea do art. 78. 
Tendo data fixa, seja em qualquer destas duas modalidades, todavia, no 
caso de uma letra, esta pode ser apresentada para aceite antes do vencimento 
(art. 21). Dado o aceite, o sacado obriga-se a pagá-la (art. 28), mas só na data 
de vencimento. Porém, havendo recusa ao aceite, ocorrerá vencimento 
antecipado e o tomador poderá cobrá-la do sacador (art. 43). 
Caso o sacador queira limitar a possibilidade de vencimento antecipado, 
ele poderá estipular data fixa ou prazo, a partir do saque, para a apresentação 
ao aceite (art. 22, 1ª e 3ª alíneas). Assim, mesmo que o tomador procure o 
sacado, antes da data estipulada, e este já lhe avise que irá recusar a letra, o 
vencimento antecipado só ocorrerá a partir daquela data. 
O sacador pode, ainda, estipular o que é chamado de cláusula não 
aceitável (art. 22, 2ª alínea), de modo que a letra só poderá ser apresentada no 
próprio dia de vencimento. Esta cláusula, porem, não pode ser utilizada quando 
a letra dever ser paga em domicílio de terceiro ou qualquer outro localidade 
diferente da do sacado. 
No caso das letras a certo termo de vista e à vista, por regra, o tomador 
tem o prazo de um ano para apresentá-la ao sacado para aceite (art. 23 e art. 
34, respectivamente). Porém, este prazo pode ser modificado por vontade do 
sacador (idem). 
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Igualmente, nestas modalidades de vencimento, é possível estipular um 
prazo mínimo para a apresentação das letras para aceite, porém, a letra pagável a 
certo termo de vista não aceita cláusula de não aceite (art. 22, 2ª alínea). 
O aceite pode ser total ou parcial (art. 26). O aceite parcial pode ser 
limitativo — quando reduz o valor — ou modificativo — quando impõe outras 
condições, como dilação de prazo. Todavia, em caso de aceite parcial, também 
ocorrerá o vencimento antecipado. A diferença é que o aceitante obriga-se nos 
termos de seu aceite (art. 26, 2ª alínea). Assim, o sacador poderá cobrá-lo nos 
termos aceitos, na data do vencimento da letra (art. 28, 2ª alínea). 
Sendo apresentado à letra, ele pode pedir que a mesma seja 
reapresentada no dia seguinte — é o chamado prazo de respiro (art. 24, 1ª 
alínea) — mas não poderá reter a letra (art. 24, 2ª alínea). 
O aceite, apesar de facultativo ao sacado, é irretratável. Contudo, uma 
vez aceitada a letra, o sacado não poderá voltar atrás. Antes de restituí-la, ele 
poderá riscar o aceite, que será considerado recusado (art. 29, 1ª alínea). 
Porém, se houver comunicado por escrito o portador ou qualquer outro 
signatário que aceitaria a letra, ficará obrigado para com estes, nos termos de 
seu aceite (art. 29, 2ª alínea). 
 
Vencimento Início do prazo para aceite Fim do prazo para aceite 
À vista Padrão: a partir do saque. Padrão: um ano. 
Definição: vence ao ser 
apresentada para aceite. 
Opcional: pode ser definida 
data certa ou prazo a partir do 
saquepara o início do prazo; 
também é possível a inclusão 
de cláusula não aceitável. 
Opcional: o prazo pode ser 
encurtado ou dilatado. 
A um certo termo de vista Padrão: a partir do saque. Padrão: um ano. 
Definição: vence em um 
prazo iniciado a partir do 
aceite. 
Opcional: pode ser definida 
data certa ou prazo a partir do 
saque para o início do prazo; 
NÃO é possível a inclusão de 
cláusula não aceitável. 
Opcional: o prazo pode ser 
encurtado ou dilatado. 
A um certo termo de data Padrão: a partir do saque. O mesmo do vencimento. 
Definição: vence em um 
prazo a partir da data do 
saque. 
Opcional: pode ser definida 
data certa ou prazo a partir do 
saque para o início do prazo; 
também é possível a inclusão 
de cláusula não aceitável. 
Pagável num dia fixado Padrão: a partir do saque. O mesmo do vencimento. 
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Definição: vence em uma 
data certa, exemplo: 
01/01/2013. 
Opcional: pode ser definida 
data certa ou prazo a partir do 
saque para o início do prazo; 
também é possível a inclusão 
de cláusula não aceitável. 
 
 
 
 
 
1.5.3. Do endosso 
 
O endosso é o meio cambiário de transmitir os direitos em um título de 
crédito a outrem. Cambiário, pois, distingue-se dos meios civis de cessão de 
crédito. Sendo assim, é a forma padrão pela qual os títulos de crédito circulam. 
Como vimos anteriormente, é possível a inclusão de cláusula não à ordem, 
com a qual um título de crédito será proibido de circular por endosso, embora 
continue sendo possível uma cessão de crédito civil. Porém, a cláusula à ordem é 
padrão nos títulos de crédito próprios (art. 11, 1ª alínea), enquanto que a cláusula 
não à ordem deve ser expressa na própria cártula (idem, 2ª alínea). 
Como já deve ser óbvio para o caro candidato, o endosso deve ser feito na 
própria cártula ou em um anexo, que não pode ser uma simples folha solta ou 
grampeada, mas deve ser colado ao título de crédito de modo que não se possa 
mais soltá-lo (art. 13). 
O endosso pode ser feito a qualquer pessoa capaz, inclusive ao sacado, 
aceitante ou não, ou ao sacador (idem, 3ª alínea), podendo ainda ser feito em 
branco, isto é, sem designar o beneficiário (art. 13, 2ª alínea). Neste caso, 
deverá ser escrito, necessariamente, no verso da cártula. Um título de crédito 
endossado em branco poderá circular como se ao portador fosse. 
O detentor de uma letra é considerado portador legitimo se justifica o seu 
direito por uma serie ininterrupta de endossos, mesmo se o último for em 
branco (art. 16). E se alguém perde ou é desapossado de sua letra de câmbio 
ou promissória, o detentor, demonstrando a série ininterrupta de endossos e 
estando de boa-fé, não é obrigado a restituí-la (art. 16, 2ª alínea). 
O artigo 17 traduz expressamente o princípio da autonomia: 
 
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As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador 
exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os 
portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha 
procedido conscientemente em detrimento do devedor. 
 
Podem ser feitos quantos endossos forem possíveis e, no caso de um 
endosso em branco, o portador poderá, conforme o art. 14, 2ª alínea: 
 
1º) preencher o espaço em branco, quer com o seu nome, quer com o nome de 
outra pessoa; 
2º) endossar de novo a letra em branco ou a favor de outra pessoa; 
3º) remeter a letra a um terceiro, sem preencher o espaço em branco e sem a 
endossar. 
 
O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra (art. 14), 
porém, o endossante não estará desobrigado do título. Ele será, assim como o 
sacador, garante tanto da aceitação como do pagamento da letra (art. 15). 
Isto não ocorrerá caso o portador tenha recebido o título endossado em 
branco e transmita-o na terceira forma supra: remetendo a letra a um terceiro, 
sem preencher o espaço em branco e sem a endossar. Porém, mesmo que faça de 
outra forma, poderá desobrigar-se aplicando a cláusula sem garantia (art. 15). 
O endossante também poderá proibir um novo endosso (art. 15, 2ª alínea). 
Neste caso, deverá inserir uma cláusula não a ordem ao endossar a cártula. 
Esta obrigação do endossante é muito importante e merece ser mais bem 
distinguida da cessão de crédito civil e da solidariedade civil. Diz-se que o 
endossante torna-se co-obrigado pelo pagamento do título de crédito. Alguns 
chamam-no de devedor solidário, porém, esta classificação não é precisa, pois esta 
solidariedade não será a mesma que a solidariedade civil. 
Na solidariedade civil, quando um devedor solidário paga uma dívida, ele 
poderá demandar dos outros devedores somente a quota que eles deviam (art. 283, 
CC/2002). Na solidariedade cambial o codevedor poderá cobrar de todos aqueles 
que estiverem abaixo dele na cadeia cambial o valor integral do título de crédito. 
Para entendermos melhor isto, precisamos esclarecer o conceito de cadeia 
cambial. Imagine que uma nota promissória foi emitida pelo subscritor A em 
benefício do tomador B; este endossou a nota para C; que endossou para D; que 
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endossou para E; que endossou para F. Vencida a nota, F poderá cobrar de A, B, C, 
D ou E o valor integral expresso na nota. 
Digamos que F cobre a nota, com sucesso, de D. Este, como não era o 
devedor principal, poderá ainda cobrar o valor integral de A, B ou C, por estarem 
abaixo dele na cadeia cambial. Porém, não poderá cobrar o valor de E ou F por 
estarem acima dele, ou seja, não eram seus endossantes. 
Na solidariedade civil passiva, os devedores estão no mesmo plano. Se F fosse 
credor de A, B, C, D e E, poderia cobrar de qualquer um deles — C, por exemplo — 
e, neste caso, C poderia cobrar de A, B, C ou E, mas só a quota por eles devida. 
A solidariedade, na modalidade civil, também pode ocorrer nos títulos de 
crédito, mas ela é excepcional. Ocorre, por exemplo, se há dois sacadores — sendo 
um deles cobrado, poderá exigir do outro apenas sua quota da dívida. O mesmo 
acontecer com coaceitantes, coendossantes e coavalistas. 
No caso de uma obrigação civil, o mais semelhante a uma solidariedade 
cambiária que poderia ocorrer seria uma fiança. Neste caso, o fiador que pagar 
integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor (art. 831, 
CC/2002) e terá direito de regresso pela totalidade do valor contra o afiançado. 
Porém, a fiança não é idêntica a uma solidariedade cambial, como veremos 
quando tratarmos do aval. 
 
Regime cambiário Regime civil 
Um codevedor, que paga uma obrigação 
cam-biária, pode cobrar o valor integral do 
devedor principal e dos codevedores que 
estejam abaixo dele na cadeia cambiária. 
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem 
direito a exigir de cada um dos codevedores a 
sua quota, dividindo-se igualmente por todos a 
do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, 
no débito, as partes de todos os codevedores. 
As pessoas acionadas em virtude de uma 
letra não podem opor ao portador exceções 
fundadas sobre as relações pessoais delas 
com o sacador ou com os portadores 
anteriores, a menos que o portador ao 
adquirir a letra tenha procedido 
consciente-mente em detrimento do 
devedor. 
O devedor pode opor ao cessionário as exceções 
que lhe competirem, bem como as que, no 
momento em que veio a ter conhecimento da 
cessão, tinha contra o cedente. 
 
Antes de adentrarmos no próximo tópico, falaremos de dois tipos de 
endosso que são considerados impróprios. Isto significa queeles têm forma de 
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endosso, mas não possuem a substância, ou seja, não transmitem o título. São 
o endosso-mandato e o endosso-caução. 
O endosso-mandato é, na prática, uma procuração passada na própria 
cártula, na forma de um endosso normal, acrescentada uma das expressões 
“valor a cobrar”, “para cobrança”, “por procuração” ou qualquer outra 
semelhante (art. 18). Isto dá o poder ao portador de exercer todos os direitos 
emergentes do título, mas apenas na qualidade de procurador. 
Assim, obviamente, ao cobrar o título, o devedor ou codevedor não poderá 
opor exceções que tenha contra o procurador, mas apenas as que possuía 
contra o endossante (art. 18, 2ª alínea). 
O outro aspecto desta procuração, por razões de segurança da circulação 
cambiária, é que o mandato que resulta de um endosso por procuração não se 
extingue por morte ou sobrevinda incapacidade legal do mandatário (art. 18, 
3ª alínea). 
O endosso-caução é a forma de constituir um penhor sobre um título de 
crédito. Assim, o endossatário toma posse do título como garantia, podendo 
exercer todos os direitos emergentes dele, mas não podendo endossá-lo exceto 
como procuração (art. 19). 
Neste tipo de endosso, os coobrigados não poderão invocar contra o 
portador as exceções fundadas sobre as relações pessoais deles com o 
endossante, a menos que o portador, ao receber a letra, tenha procedido 
conscientemente em detrimento do devedor (art. 19, 2ª alínea). 
 
1.5.4. Do aval 
 
Prezado candidato, traçando novamente uma analogia, o aval está para 
fiança assim como o endosso está para a cessão de crédito. Contudo, assim como 
há semelhanças, há também diferenças entre o instituto cambiário e o civil. 
O avalista — quem dá o aval — é responsável da mesma maneira que o 
avalizado — a pessoa que recebe o aval — (art. 32). Da mesma forma, o fiador 
garante satisfazer a um credor uma obrigação assumida pelo afiançado, caso este 
não a cumpra (art. 818, CC/2002). 
Ambos têm direito de regresso: o fiador contra o afiançado (art. 831, 
CC/2002) e o avalista contra o avalizado (art. 32, 3ª alínea). Porém, o avalista irá 
se inserir em uma cadeia cambiária, podendo cobrar de qualquer coobrigado que 
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esteja abaixo dele. Em uma fiança, isto só pode ocorrer se houver uma fiança da 
fiança, o que é raro. 
Igualmente, pode haver coavalistas, caso em que, como na fiança, se um 
deles pagar integralmente a dívida, só poderá demandar a cada um dos outros 
coavalistas pela respectiva quota. Porém, no aval, a figura do avalista do avalista 
— o chamado aval sucessivo — não é tão incomum quanto a do fiador do fiador. 
Em ambos os casos, a garantia pode ser parcial (art. 30, para o aval, e art. 
823, CC/2002, para a fiança). 
Porém, as semelhanças param por aí. A fiança é um contrato civil acessório. 
Isto significa que a invalidade do contrato principal invalida a fiança (art. 824, 
CC/2002). No caso do aval, graças ao princípio da autonomia, a obrigação 
mantém-se, mesmo no caso desta ser nula por qualquer razão que não seja um 
vício de forma (art. 32, 2ª alínea). 
Ainda em razão deste princípio, o avalista não pode opor exceções relativas 
ao avalizado a quem o cobra. No caso da fiança, o fiador pode opor ao credor as 
suas exceções pessoais e as extintivas da obrigação que competem ao afiançado, 
se não provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mútuo 
feito a pessoa menor (art. 837, CC/2002). 
Outra característica pessoal do aval é que não há benefício de ordem. Na 
fiança, o fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a 
contestação da lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor (art. 827, 
CC/2002). No aval isto não existe, em razão também do princípio da autonomia. 
Quanto à constituição do aval, esta se dá na própria cártula, expressa pelas 
palavras “bom para aval” ou semelhante, ou, ainda, pela simples assinatura na 
parte frontal do título, o que não vale para o sacado ou sacador (art. 31). 
O aval também pode ser dado em branco e, neste caso, o avalizado será o 
sacador (art. 31, 4ª alínea; no caso da nota promissória, será o subscritor). 
 
Aval Fiança 
Não há benefício de ordem. Em regra, há benefício de ordem. 
O aval mantém-se mesmo no caso da 
obrigação que avalizou seja anulada por 
vício que não seja de forma. 
A nulidade do contrato principal anula a fiança, 
que é contrato acessório. 
O avalista não pode opor as exceções 
pessoais relativas ao avalizado, caso seja 
demandado. 
O fiador, em geral, pode opor as exceções 
pessoais relativas ao afiançado. 
 
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Prezado candidato, visto todos estes institutos, podemos visualizar, agora, 
com clareza, o conceito de cadeia cambiária. Analisemos o gráfico abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cadeia cambiária 
Cadeia de transmissão 
Sacador
Avalistas do
Sacador
Sacado
(aceitante ou não)
Tomador
original
Endossante
Avalista do
Endossante
Endossatário /
Endossante
Portador com
endosso
em branco
Portador com
endosso
em branco
A
B
C D
E
F
G H I
 
Cadeia de regresso 
Sacador
Avalistas do
Sacador
Sacado/
Aceitante
Tomador
original
Endossante
Avalista do
Endossante
Endossatário /
Endossante
Portador com
endosso
em branco
Portador com
endosso
em branco
A B
C
D
E F G H I
 
 
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Como podemos ver na cadeia de transmissão, o título é transferido 
conforme as setas azuis. O sacado, aceitante ou não, não faz parte da cadeia de 
transmissão, pois ele é o devedor principal. Da mesma forma, os avalistas 
também não fazem, pois são meros garantidores do pagamento. 
O sacador B saca o título e entrega ao tomador original E, que o recebe de 
forma nominal. Ele endossa o título para G, com aval de F. A partir daí o título 
passa a circular em branco, primeiro para H, depois para I. 
De quem I pode cobrar o título? De todos que estão abaixo dele na cadeia 
de regresso, exceto de H que recebeu o título com o endosso em branco e 
transmitiu a I, sem colocar seu nome nele, apenas entregando-o. 
Digamos que I cobre o título de F, avalista E. F passará a ter direito de 
regresso contra aqueles que estiverem abaixo dele na cadeia cambial. Isto é, 
não poderá cobrar de G e, mesmo que H e I não tivessem recebido o título com 
endosso em branco, pois estão acima dele na cadeia de regresso. 
Suponhamos, agora, que F cobre o título de D, coavalista de B. D poderá 
cobrar o valor integral de B ou de A, que aceitou o título. Porém, de C, ele só 
poderá cobrar metade do valor, pois, como coavalista, ele possui solidariedade 
tal qual uma solidariedade civil passiva e não como uma solidariedade 
cambiária. É o chamado aval simultâneo. 
A situação seria diferente se D fosse avalista de C, caso em que ocorreria 
um aval sucessivo — C é avalista de B, e D é avalista de C. Neste caso, D 
poderia cobrar o valor integral, também, de C. 
Para uma nota promissória, basta eliminar a figura do sacado, nos gráficos 
acima, e tratar o sacador como o subscritor. 
Chegando até aqui em nossos estudos, o caro amigo já está apto a 
entender todas as relações possíveis em uma estrutura cambiária. Estudaremos, 
agora, o pagamento e as formas de cobrança. 
 
1.5.5. Do pagamento 
 
Pelos gráficos anteriores, o prezado candidato já pode deduziruma regra 
a respeito do pagamento: o pagamento de uma obrigação cambiária extingue 
as obrigações de todos os que estão acima, na cadeia cambiária, de quem 
pagou. Isto significa o mesmo que dizer que as obrigações surgidas 
posteriormente à obrigação de quem paga extinguem-se. 
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Caso quem pague seja o devedor principal, todas as obrigações serão 
extintas, pois não há ninguém abaixo dele. O mesmo ocorre se o sacado não 
aceita a letra e o sacado paga. Embora seja considerado codevedor, não haverá 
ninguém abaixo dele ou, em outras palavras, não haverá nenhuma obrigação 
posterior a dele. 
A LUG possui uma regra, que diz que o portador de uma letra de câmbio ou 
nota promissória, que tenha data certa de vencimento, deve apresentá-la para 
pagamento no dia do vencimento ou nos dois dias úteis seguintes (art. 38). 
Porém, o Brasil fez reserva desta regre, valendo o art. 20 do D. 2.044/1908: 
 
A letra deve ser apresentada ao sacado ou ao aceitante para o pagamento, no 
lugar designado e no dia do vencimento ou, sendo este dia feriado por lei, no 
primeiro dia útil imediato, sob pena de perder o portador o direito de regresso 
contra o sacador, endossadores e avalistas. 
 
É importante notar que esta regra é válida somente para os títulos 
pagáveis no Brasil. Caso a nota deva ser paga em outro país, valerá a regra da 
LUG ou alguma outra específica, caso o país também tenha feito reserva ou não 
seja signatário do tratado. 
O portador não é obrigado a receber antes do vencimento (art. 40), 
porém é obrigado a aceitar o pagamento no dia e a entregar a letra e dar 
quitação a quem paga (art. 39). Caso o pagamento seja parcial, deverá dar 
quitação em separado e, também, firmá-la na letra (art. 39, 3ª alínea). 
O devedor, por sua vez, tem direito a depositar o pagamento junto à 
autoridade competente, à custa e risco do credor, caso título não seja 
apresentado no prazo fixado (art. 42). 
Quem paga tem a obrigação de verificar a regularidade de sucessão da 
série de endossos, mas não a assinatura dos endossantes (art. 40, 3ª alínea). 
A questão do pagamento não demanda mais explicações, sendo integrada 
pelo que já vimos sobre o vencimento e o que veremos agora sobre o protesto. 
 
1.5.6. Do protesto: legislação, modalidades, procedimentos, efeitos, 
ações judiciais envolvendo o protesto 
 
O protesto é regulamentado pela Lei 9.492/1997 (doravante, LP), que em 
seu art. 1º define-o como: 
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Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o 
descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. 
 
Todavia, esta definição não é totalmente precisa. No caso de uma letra de 
câmbio, por exemplo, no caso do sacador recusar a letra, será necessário 
protestá-la por falta de aceite. Neste caso, o sacador não será inadimplente, 
pois não tinha nenhuma obrigação de aceitá-la, mas será necessário o protesto 
para efetuar a cobrança dos codevedores. 
Por isso costuma-se falar de protesto facultativo e protesto necessário. 
Para efetuar a cobrança do devedor principal, o protesto é facultativo, porém, 
para cobrar dos codevedores, o título deverá ser protestado necessariamente: 
 
Art. 53, LUG: Depois de expirados os prazos fixados: 
- para a apresentação de uma letra à vista ou a certo termo de vista; 
- para se fazer o protesto por falta de aceite ou por falta de pagamento; 
- para a apresentação a pagamento no caso da cláusula “sem despesas”. 
O portador perdeu os seus direitos de ação contra os endossantes, contra o sacador 
e contra os outros coobrigados, à exceção do aceitante [e seus avalistas]. 
 
A mencionada cláusula sem despesas ocorre quando está é mencionada na 
cártula e exonera o portador da necessidade de protestar o título (art. 46). Porém, 
não dispensa o mesmo de apresentar a o título ao sacado (art. 46, 2ª alínea). 
Se a cláusula é inscrita pelo sacador, o protesto é dispensado para todos 
os coobrigados; se inscrita por endossante ou avalista, a dispensa opera-se 
somente em relação a estes. Caso haja dispensa de protesto e o portador 
mesmo assim o fizer, as despesas serão por sua conta (art. 46, 3ª alínea). 
A LUG apresenta dois tipos de protestos: por falta de aceite e por falta de 
pagamento. O art. 21 da LP acrescenta, ainda, a modalidade por falta de 
devolução; e o mestre Fábio Ulhoa ainda menciona o protesto por falta de data. 
Este último, como aponta o ilustre professor, é raríssimo e, de certa 
forma, inócuo. Ele ocorreria quando, em um título a certo termo de vista, não 
for inscrita a data do visto ou do aceite. Porém, o portador teria, além do 
protesto, duas opções: preenche a data ele mesmo (S. 387/STF) ou considerar 
a data como o último dia do vencimento (art. 35). 
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O protesto por falta de aceite só pode ser feito no caso das letras de câmbio, 
visto que as notas promissórias não necessitam de aceite. Além disso, como 
mencionado, ele não indica um inadimplemento, mas apenas a recusa do sacado. 
Segundo a 2ª alínea do art. 44 da LUG, ele deve ser feito nos prazos 
fixados para a apresentação ao aceite. No caso de prazo de respiro e a 
apresentação fora feita no último dia, poderá ser feito no dia seguinte. 
O protesto por falta de pagamento, por sua vez, deve ser feito em um dos 
dois dias úteis seguintes àquele em que a letra é pagável. A exceção ocorre em 
um título à vista, que deve ser feito nas condições do parágrafo anterior (art. 
44, 3ª alínea). 
A 4ª alínea do art. 44 dispõe que “o protesto por falta de aceite dispensa 
a apresentação a pagamento e o protesto por falta de pagamento”. 
É dever do portador avisar a falta de aceite a seu endossante e o sacador 
em quatro dias úteis seguintes ao protesto ou da apresentação, em caso de 
cláusula “sem despesas” (art. 45). 
Os endossantes, por sua vez, devem, em dois dias úteis após a recepção 
do aviso, informar o seu endossante, indicando os nomes e endereços dos que 
enviaram os avisos precedentes, e assim sucessivamente até se chegar ao 
sacador. Os prazos acima indicados contam-se a partir da recepção do aviso 
precedente (idem). O mesmo vale para os avalistas (idem, 2ª alínea). 
Caso não se possa identificar o endereço de um endossante, basta avisar 
ao anterior (idem, 4ª alínea) e a falta de aviso não implica na perda de direitos, 
mas apenas na responsabilidade pelos prejuízos (idem, 6ª alínea). 
O protesto por falta de devolução será explicado quando tratarmos da 
duplicata, pois esta modalidade é mais atinente a este título. 
A competência para o protesto, segundo o art. 3º da LP, é do Tabelião de 
Protesto de Títulos: 
 
Compete privativamente ao Tabelião de Protesto de Títulos, na tutela dos interesses 
públicos e privados, a protocolização, a intimação, o acolhimento da devolução ou 
do aceite, o recebimento do pagamento, do título e de outros documentos de 
dívida, bem como lavrar e registrar o protesto ou acatar a desistência do credor em 
relação ao mesmo, proceder às averbações, prestar informações e fornecer 
certidões relativas a todos os atos praticados, na forma desta Lei. 
 
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O apresentante de um título ao protesto, segundo o §1º do art. 27 da LP, 
deverá informar, além do nome do devedor, seu número no Registro Geral 
(R.G.), constante da Cédula de Identidade, ou seu número no Cadastro de 
Pessoas Físicas (C.P.F.), se pessoa física,e o número de inscrição no Cadastro 
Geral de Contribuintes (C.G.C.), se pessoa jurídica. 
Como se vê, mesmo estes dados não sendo requisitos obrigatórios de uma 
letra de câmbio ou nota promissória, é importante que constem na cártula, pois 
são indispensáveis ao protesto, sob pena de recusa. 
O art. 10 da LP dispõe que: 
 
Art. 10. Poderão ser protestados títulos e outros documentos de dívida em 
moeda estrangeira, emitidos fora do Brasil, desde que acompanhados de 
tradução efetuada por tradutor público juramentado. 
§ 1º Constarão obrigatoriamente do registro do protesto a descrição do 
documento e sua tradução. 
§ 2º Em caso de pagamento, este será efetuado em moeda corrente nacional, 
cumprindo ao apresentante a conversão na data de apresentação do documento 
para protesto. 
§ 3º Tratando-se de títulos ou documentos de dívidas emitidos no Brasil, em 
moeda estrangeira, cuidará o Tabelião de observar as disposições do Decreto-lei 
nº 857, de 11 de setembro de 1969, e legislação complementar ou 
superveniente. 
 
 Como se vê, é possível a emissão e o pagamento de títulos em moeda 
estrangeira, mas, em território nacional, o valor deverá ser convertido e pago 
em moeda nacional. 
Um título em moeda estrangeira não poderá ser emitido no Brasil em 
qualquer caso. O decreto supra mencionado dispõe que só nos seguintes casos 
poderão ser emitidos títulos em moeda não nacional: 
 
- Contratos e títulos referentes a importação ou exportação de mercadorias. 
- Contratos de financiamento ou de prestação de garantias relativos às 
operações de exportação de bens de produção nacional, vendidos a crédito para 
o exterior. 
- Contratos de compra e venda de câmbio em geral. 
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- Empréstimos e quaisquer outras obrigações cujo credor ou devedor seja pessoa 
residente e domiciliada no exterior, excetuados os contratos de locação de 
imóveis situados no território nacional. 
- Contratos que tenham por objeto a cessão, transferência, delegação, assunção 
ou modificação das obrigações referidas no item anterior, ainda que ambas as 
partes contratantes sejam pessoas residentes ou domiciliadas no país. 
 
Ao tabelião, caberá apenas verificar os requisitos formais do título e, 
faltando um deles, deverá obstar o registro do protesto (art. 9º, LP). Havendo 
irregularidade, o tabelião devolverá o título, mediante recibo que deverá ser 
arquivado (art. 35, VII, LP). 
Não havendo vícios, o tabelião expedirá intimação ao devedor (art. 14, 
LP). O art. 15 da LP ainda dispõe que: 
 
A intimação será feita por edital se a pessoa indicada para aceitar ou pagar for 
desconhecida, sua localização incerta ou ignorada, for residente ou domiciliada 
fora da competência territorial do Tabelionato, ou, ainda, ninguém se dispuser a 
receber a intimação no endereço fornecido pelo apresentante. 
 
Uma vez intimado, o devedor poderá pagar a dívida diretamente ao 
tabelião, conforme dispõe o art. 19, LP, acrescentando emolumentos e demais 
despesas. Feito isso, o devedor fará jus à quitação. 
O protesto só será registrado dentro de três dias da protocolização (art. 
12, LP) e, caso a intimação seja realizada no último dia, o registro será feito no 
dia subsequente (art. 13, LP). 
O art., 16 da LP dispõe que “antes da lavratura do protesto, poderá o 
apresentante retirar o título ou documento de dívida, pagos os emolumentos e 
demais despesas”. 
Feito o pagamento, este pode ser cancelado do registro do protesto por 
qualquer interessado — presumindo que o maior interessado será sempre o 
devedor (art. 26, LP). Fora este caso, o protesto só poderá ser cancelado por 
decisão judicial (art. 26, § 3º, LP). 
Há duas possibilidades de ação judicial: a ação de sustação do protesto 
e a de cancelamento do protesto. A sustação do protesto pode ser ajuizada 
entre o protocolo e o registro, caso contrário, só restará a ação de 
cancelamento do protesto. 
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Ambas as ações, em regra são ordinárias, apesar do nome, porém devido 
à urgência, é possível o pedido de antecipação de tutela. É possível também o 
ajuizamento de cautelar, mas esta, se não for incidente, deverá ser preparatória 
de alguma outra ação, como perdas e danos por protesto indevido. 
Estas ações não se confundem com a ação cambial, que será o próximo 
tópico a ser tratado. 
 
 1.5.7. Da ação cambial; ação de regresso; inoponibilidade de 
exceções; responsabilidade patrimonial e fraude à execução; embargos do 
devedor; ação de anulação e substituição de título 
 
Caro candidato, uma ação cambial é uma ação de cobrança e uma ação de 
execução. Eis, como já dito, uma das vantagens da ação cambial: ela dispensa a 
fase de conhecimento e, por isso, os meios de defesa são mais limitados e o 
processo muito mais célere. 
Segundo o mestre Fábio Ulhoa, “a ação é cambial se o demandante, 
terceiro de boa-fé, tem o direito de invocar a inoponibilidade de exceções 
pessoais, para postular a desconsideração, pelo juiz, de matérias de defesa 
estranhas à sua relação com a parte demandada”. 
O portador de uma letra de câmbio ou uma nota promissória tem o direito 
de acionar o devedor principal e todos os codevedores, quantos quiser, na 
ordem que quiser (art. 47). Porém, como já vimos, para acionar os 
codevedores, deverá instruir a petição inicial com o instrumento de protesto. 
Conforme o pólo passivo da demanda, a prescrição será diferente. Contra 
o aceitante e seus avalistas, o prazo será de três anos a partir do vencimento 
(art. 70). Contra os codevedores, será de um ano do protesto ou do 
vencimento, no caso de cláusula sem despesas (art. 70, 2ª alínea). 
As condições de ação encontram-se no art. 43: 
 
O portador de uma letra pode exercer os seus direitos de ação contra os 
endossantes, sacador e outros coobrigados: 
no vencimento; 
se o pagamento não foi efetuado; 
mesmo antes do vencimento: 
1º) se houve recusa total ou parcial de aceite [...]. 
 
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Os nºs. 2 e 3 do art. 43 foram objetos de reserva, de modo que vale o 
que consta no D. 2.044/1908, em seu art. 19, II: “pela falência do aceitante”. 
Sendo ação de execução, a peça de defesa chama-se embargos do 
devedor ou embargos à execução, como se pode ver no Código de Processo 
Civil, que trata ambos os termos como sinônimos. O prazo para oferecê-los é de 
quinze dias após a juntada da citação (art. 738, CPC). 
Conforme o art. 745 do CPC, nestes embargos, o embargante poderá 
alegar como defesa, somente: 
 
I - Nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado. 
II - Penhora incorreta ou avaliação errônea. 
III - Excesso de execução ou cumulação indevida de execuções. 
IV - Retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para 
entrega de coisa certa. 
V - Qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de 
conhecimento. 
 
Porém, alguns itens não são aplicáveis aos embargos à execução de 
títulos de crédito, como o item IV. Ademais, como já visto logo no início deste 
tópico e também transcrito anteriormente, segundo o art. 17 da LUG: 
 
 
As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador 
exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os 
portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha 
procedido conscientemente em detrimento do devedor. 
 
Assim, o embargante poderá alegar que já pagou, vício de forma do título, 
falsidade de assinatura, falsidade do título, prescrição,exceções diretas que 
tenha contra o exequente, etc.. Porém, não poderá alegar o mencionar o que for 
o que contrariar o art. 17, supra, assim como discutir a relação que deu causa 
ao título de crédito, nulidade de obrigação cambial que não seja a sua ou 
qualquer outra defesa que contrarie o princípio da autonomia. 
Em um processo de execução, conforme o art. 591, do CPC, “o devedor 
responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens 
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presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Caso o devedor 
tente alienar ou onerar seus bens, estará fraudando a execução. 
 
Art. 593. Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: 
I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real; 
II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor 
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; 
III - nos demais casos expressos em lei. 
Fraude a execução é considerado ato atentatório à dignidade da justiça (art. 
600, I, CPC), sendo passível de multa (art. 601, CPC) a ser revertida em favor do 
credor. Conforme o mestre Cássio Bueno, “o reconhecimento da fraude à execução 
não anula nem declara nulo o ato de alienação, mas, diferentemente, satisfaz com 
sua ineficácia”. 
Paga a dívida por algum codevedor, este terá direito de regresso contra 
aqueles que estiverem abaixo dele na cadeia cambiária, como já vimos. É o que 
diz a 3ª alínea do art. 47. 
Esta ação de regresso será idêntica, em todos os aspectos, a uma ação 
cambial. A diferença será o prazo prescricional, muito mais curto, de apenas 
seis meses, nos casos de ações dos endossantes uns contra os outros e contra o 
sacador (art. 70, 3ª alínea). A ação contra o aceitante e seus avalistas terá 
sempre o prazo prescricional de três anos. 
Após este prazo prescricional, não será mais possível propor ação cambial, 
porém, se a obrigação representada no título tinha origem extracambial, poderá 
ser proposta ação ordinária de conhecimento, ou até monitória, na qual o título 
será instruído como prova e não como requisito para a propositura da ação. 
Estas ações chamam-se ações causais, pois discutem a causa da 
obrigação e não o título. O prazo prescricional será de acordo com a obrigação 
que deu causa à ação, conforme os arts. 205 e 206 do Código Civil. 
No que tange os títulos de crédito, o CPC ainda prevê, em seu art. 907, a 
ação de anulação e substituição de título de crédito. Esta se divida na ação de 
anulação e substituição em sentido estrito (inciso II) e a reivindicatória de título 
de crédito (inciso I). 
Esta ação serve para as seguintes situações: perda; destruição; 
desapossamento injusto; ou extravio. Há um erro no CPC, onde, no art. 908 lê-
se “nº II” deve-se ler “nº I”, pois só será possível identificar o detentor se o 
requerente souber quem ele é. 
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De qualquer forma, deverá ser informado na inicial a quantidade, espécie, 
valor nominal do título e atributos que o individualizem, a época e o lugar em 
que o adquiriu, as circunstâncias em que o perdeu e quando recebeu os últimos 
juros e dividendos (art. 908, CPC). 
Há severas críticas da doutrina sobre o inciso II deste artigo que 
determina a “intimação do devedor, para que deposite em juízo o capital, bem 
como juros ou dividendos vencidos ou vincendos”. Pode ocorrer que o título 
perdido não esteja vencido, de modo que o devedor não deverá depositar nada. 
 Pois bem, como manda o art. 909, justificado quanto baste o alegado, 
ordenará o juiz a citação do réu e dos interessados. 
Recebida as contestações, a ação seguirá pelo rito ordinário. Há uma 
disposição absurda no art. 910: “só se admitirá a contestação quando 
acompanhada do título reclamado”. Ora, pode ser que o réu tenha sido acusado 
injustamente, não possuindo o título. Ele não poderá se defender? 
Julgada procedente a ação, o juiz declarará caduco o título reclamado e 
ordenará ao devedor que lavre outro em substituição, dentro do prazo que a 
sentença lhe assinar (art. 911). 
 
Ações relativas aos títulos de crédito 
Tipo de ação Prescrição 
Ação cambial Contra o aceitante e seus avalistas Três anos 
Contra os demais codevedores Um ano 
Ação de regresso Contra o aceitante e seus avalistas Três anos 
Contra os demais codevedores Seis meses 
Ação causal Variável (art. 205 e 206, CC) 
Ação de anulação e substituição Variável (art. 205 e 206, CC) 
 
1.6. Outros títulos de crédito próprios 
1.6.1. Cheque 
 
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O cheque é visto por uma minoria da doutrina como título de crédito 
impróprio. Porém, embora a maioria não concorde com este posicionamento, 
mesmo que não fosse o caso, a discussão seria bastante inócua, pois a Lei do 
Cheque (LC, L. 7.357/1985) é bastante detalhista. Se não fosse, a discussão 
ainda faria algum sentido para completar as lacunas da Lei. 
O cheque é uma ordem de pagamento, tal qual uma letra de câmbio. De 
fato, a estrutura é semelhante, pois haverá o sacado — a instituição financeira 
—, o sacador — o correntista da instituição financeira — e o tomador — a 
pessoa que recebe o cheque. 
No cheque, não existe o aceite (art. 6º, LC), pois a situação do sacado é 
diferente do que ocorre em uma letra de câmbio. Nesta, não se sabe qual a relação 
que existe entre o sacado e o sacador, eis a insegurança referente ao aceite. 
No caso do cheque, não. O sacado — isto é, o banco — sempre irá pagar, 
se houver fundos. Vejamos os seguintes artigos da LC (doravante, quando não 
for mencionada a Lei, qualquer artigo será referente à Lei do Cheque): 
 
Art. 4º O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar 
autorizado a sobre eles emitir cheque, em virtude de contrato expresso ou tácito. 
A infração desses preceitos não prejudica a validade do título como cheque. 
§ 1º - A existência de fundos disponíveis é verificada no momento da 
apresentação do cheque para pagamento. 
§ 2º - Consideram-se fundos disponíveis: 
a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não subordinados a termo; 
b) o saldo exigível de conta-corrente contratual; 
c) a soma proveniente de abertura de crédito. 
 
Ou seja, no cheque, a insegurança encontra-se em relação ao sacador e 
não ao sacado. Por isso, muitas lojas não aceitam cheques ou só aceitam 
cheques especiais ou de clientes cadastrados. 
O cheque ainda possui a garantia de ter modelo vinculado. Uma nota 
promissória, por exemplo, pode ser feita em qualquer papel, e quem a 
confecciona pode se equivocar e esquecer algum requisito, invalidando-a como 
título de crédito. O cheque será feito pelo banco e só faltará algum requisito se 
o emitente esquecer-se de preenchê-lo. 
O cheque, em teoria, pode ser um título ao portador (art. 8º), porém, o 
art. 69, da L. 9.069/95, veda a emissão de cheques ao portador em valores 
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superiores à R$ 100,00. Desta forma, o cheque é emitido nominalmente à 
ordem, por regra, ou não à ordem, quando expressamente mencionado. 
Quanto à última característica dos títulos de crédito, no que diz respeito à 
causa da emissão, o cheque é abstrato, no sentido que pode ser emitido para 
documentar obrigações de qualquer natureza. 
Vejamos então os requisitos do cheque, conforme seu art. 1º: 
 
Requisitos do cheque (art. 1º) 
I - A denominação “cheque’’ inscrita no 
contexto do título e expressa na língua 
em que este é redigido.

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