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Universidade Federal do ABC Ciência Tecnologia e Sociedade Kamila Alves ANOTAÇÕES E FICHAMENTO: “O MUNDO ASSOMBRADO PELOS DEMÔNIOS” E “INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS” CAPÍTULO 14: “A ANTICIENCIA” A CIÊNCIA SEMPRE ESTARÁ SUJEITA A TODOS OS TIPOS DE ATAQUE. MAS POR QUÊ? TALVEZ PELA SUA... -Velocidade de mudanças? A velocidade das mudanças na ciência é responsável por parte dos ataques que atrai. Quando por fim compreendemos algo que os cientistas estão falando, eles nos dizem que aquilo não é verdade. E, mesmo que fosse, há uma grande quantidade de novos dados - coisas de que nunca ouvimos falar, coisas difíceis de acreditar, coisas com implicações inquietantes - que eles afirmam ter descoberto recentemente. Os cientistas podem ser vistos como criaturas que brincam conosco, que desejam virar tudo de cabeça para baixo, que são socialmente perigosas. -Incompreensão generalizada? Edward U. Condon foi um ilustre físico norte-americano, pioneiro da mecânica quântica, atuante no desenvolvimento de armas nucleares e radares na Segunda Guerra Mundial, diretor de pesquisas de Corning Glass [...] Foi um dos físicos que teve a sua lealdade para com os Estados Unidos questionada por membros do Congresso. O republicano J. Parnell Thomas, chamava o físico dr. Condon, o “elo mais fraco” na segurança norte- americana e - em certo momento - o “elo perdido”. Fui aluno de Condon. Lembro-me nitidamente de ele contar como foi obrigado a comparecer perante um conselho de avaliação de lealdade: - Doutor Condon, diz aqui que o senhor tem estado à frente de um movimento revolucionário na física chamado - e nesse ponto o investigador leu as palavras lenta e cuidadosamente - mecânica quântica. O que chama a atenção dessa audiência é que se o senhor esteve à frente de um movimento revolucionário... poderia estar à frente de outro. Vamos imaginar que alguém queira seriamente compreender o que é a mecânica quântica. É preciso que primeiro adquira uma base, o conhecimento de cada subdisciplina matemática, transportando-o ao limiar da seguinte. Uma a uma, ele deve aprender aritmética, geometria euclidiana, ·álgebra da escola secundária, cálculo diferencial e integral [...]. Isso pode ocupar a maioria dos estudantes de física desde a terceira série primária até o início do curso de pós-graduação - aproximadamente quinze anos. Esse plano de estudos não envolve realmente o aprendizado da mecânica quântica, mas apenas estabelece os fundamentos matemáticos necessários para conhecê-la em profundidade. O trabalho do divulgador da ciência, tentando transmitir uma ideia da mecânica quântica a um público leigo que não passou por esses ritos de iniciação, é desalentador. Na realidade, acho que não existe nenhuma divulgação bem-sucedida da mecânica quântica - em parte por essa razão. Essas complexidades matemáticas se combinam com o fato de a teoria quântica ser definitivamente contrária à intuição. -Por mudar radicalmente nossa visão de mundo? EXEMPLO: CIÊNCIA VS. RELIGIÃO -O que funciona? Reza ou medicamento? Teoricamente a ciência possui grande sucesso nas predições. Pois suas verdades são globais, valem para o mundo todo, diferente das religiões que, muitas vezes, se aplicam em apenas uma região. Portanto, qual é a diferença entre uma doutrina xamanista, teológica ou da Nova Era e a mecânica quântica? A resposta é que, mesmo sem a compreender, podemos verificar que a mecânica quântica funciona. Podemos comparar as predições quantitativas da teoria quântica com os comprimentos de onda uniformes das linhas espectrais dos elementos químicos, com o comportamento dos semicondutores e do Hélio líquido, com os microprocessadores, com os tipos de moléculas que se formam a partir dos átomos que as compõem [...]. Não precisamos compreender a teoria para ver o que ela prediz. Não temos de ser físicos perfeitos para ler o que os experimentos revelam. Em cada um desses exemplos - como em muitos outros -, as predições da mecânica quântica são impressionantemente confirmadas, e com alto grau de precisão. Mas o xamã nos diz que a sua doutrina é verdadeira porque também funciona - não em questões misteriosas da física matemática, mas no que realmente importa: ele tem o poder de curar as pessoas. Muito bem, nesse caso vamos conferir as estatísticas sobre curas xamanistas, e ver se elas funcionam melhor do que os placebos. Se a resposta é positiva, vamos conceder de bom grado que há algo importante nessa área - mesmo que se trate apenas do fato de algumas doenças serem psicogênicas e poderem ser curadas ou mitigadas por atitudes e estados de espírito corretos. Podemos também comparar a eficácia de sistemas xamanistas alternativos. Se o xamã compreende ou não por que as suas curas funcionam, é outra história. Na mecânica quântica, temos uma suposta compreensão da Natureza com base na qual, passo a passo e quantitativamente, fazemos predições sobre o que acontece, se certo experimento, nunca antes tentado, é realizado. Se o experimento confirma a predição - sobretudo se a confirma numérica e precisamente -, nos asseguramos de que sabíamos o que estávamos fazendo. Na melhor das hipóteses, são poucos os exemplos desse tipo entre os xamãs, sacerdotes e gurus da Nova Era. -Sistema aberto (que convida todos para estudarem métodos e sugerirem aperfeiçoamentos, sujeito a críticas, verificável) vs. Sistema fechado (verificar pode ser considerado falta de fé). Segundo Morris Cohen: Sem dúvida, a imensa maioria das pessoas sem treinamento científico só pode aceitar os resultados da ciência fiando-se nas declarações de autoridades no assunto. Mas há, obviamente, uma diferença importante entre um sistema aberto que convida todo mundo a se aproximar, estudar os seus métodos e sugerir aperfeiçoamentos, e outro que considera o questionamento de suas credenciais um sinal de maldade no coração, como a que o [cardeal] Newman atribuiu àqueles que questionaram a infalibilidade da Bíblia [...]. A ciência racional trata as suas notas de crédito como se fossem sempre resgatáveis quando solicitado, enquanto o autoritarismo não racional considera o pedido de resgate de suas notas uma desleal falta de fé. -Conhecimentos populares têm seu valor, mas não são replicáveis (devem ser aproveitados) e nem generalizáveis (o que vale para um povo pode não valer pra outro). Não são globais. O mesmo é válido, por exemplo, para predizer o tempo num vale perto do Orinoco: É perfeitamente possível que os povos pré-industriais tenham notado ao longo dos milênios certas regularidades, e relações de causa e efeito em determinado local geográfico, as quais os professores de meteorologia e climatologia em alguma universidade distante desconhecem completamente. Mas isso não significa que os xamãs dessas culturas sejam capazes de predizer o tempo em Paris e Tóquio, muito menos o clima global. Certos tipos de conhecimento popular são válidos e inestimáveis. Outros são, quando muito, metáforas e codificadores. Etnomedicina, sim; astrofísica, não. Verdade que todas as crenças e todos os mitos merecem ser escutados com respeito. Não é verdade que todas as crenças populares sejam igualmente válidas - isto é, se não estivermos falando de uma perspectiva mental interior, mas da compreensão da realidade externa. SERIA A CIÊNCIA SUBJETIVA? -A história geral é escrita pelos vencedores. Durante séculos, a ciência tem estado sob uma linha de fogo que, melhor do que pseudociência, pode ser chamada de antidínica. A ciência, a erudição acadêmica em geral, é demasiado subjetiva, afirmam hoje em dia. Alguns até alegam que ela é inteiramente subjetiva, o que também se aplica, dizem eles, à história. A história é em geral escrita pelos vencedorespara justificar as suas ações, para despertar o fervor patriótico e para eliminar as reivindicações legítimas dos vencidos. Quando não se dá nenhuma vitória esmagadora, cada lado redige relatos autopromocionais acerca do que realmente aconteceu. As histórias inglesas criticavam com severidade os franceses, e vice-versa; as histórias dos Estados Unidos até há bem pouco ignoravam as políticas reais de espaço vital e genocídio para com os norte-americanos nativos; [...] Essas histórias são por tradição escritas por historiadores acadêmicos venerados, em geral pilares da ordem vigente. A dissidência local é sumariamente eliminada. A objetividade é sacrificada em nome de objetivos mais elevados. Com base nesse fato lamentável, alguns chegaram ao ponto de concluir que não existe história, que não há possibilidade de reconstruir os acontecimentos reais; que tudo o que temos são autojustificativas tendenciosas; e que essa conclusão se estende da história para todo o conhecimento, inclusive para a ciência. -Sagan não recusa os viesses subjetivos (políticos, religiosos, raciais, morais, etc) afinal, cientistas também são humanos. Mas enxerga que bons cientistas reconhecem suas fraquezas, autocriticiam. Algo semelhante vale para a ciência. Nós temos vieses; inalamos os preconceitos predominantes em nosso meio como todo mundo. De vez em quando, os cientistas alimentam inúmeras doutrinas nocivas (inclusive a suposta superioridade de um grupo Étnico ou de um gênero em relação ao outro, com base em medições do tamanho do cérebro, saliências do crânio ou testes de inteligência). [...] Os cientistas cometem erros. Por isso, cabe ao cientista reconhecer as nossas fraquezas, examinar o maior número de opiniões, ser impiedosamente autocrítico. A ciência é um empreendimento coletivo com um mecanismo de correção de erro que frequentemente funciona sem embaraços. Ela tem uma esmagadora vantagem sobre a história, porque na ciência podemos fazer experiências. Se não temos certeza de como foram as negociações que resultaram no Tratado de Paris em 1814-5, encenar de novo os acontecimentos não é uma opção possível. Podemos apenas cavar informações em antigos registros. Nem podemos fazer perguntas aos que participaram da ação. Todos estão mortos. -Na física, pode-se reproduzir o evento tantas vezes quanto desejar. Em muitas questões da ciência, no entanto, podemos reproduzir o evento tantas vezes quantas desejarmos, examina-los sob novos ‚ângulos, testar uma ampla série de hipóteses. Quando novas ferramentas são inventadas, podemos executar o experimento de novo e verificar o que resulta de nossa sensibilidade aperfeiçoada. Nas ciências históricas em que não se pode criar uma nova encenação, É possível examinar casos relacionados e começar a reconhecer os seus elementos comuns. Não podemos fazer as estrelas explodirem quando nos convém, nem podemos reproduzir, por meio de muitas tentativas, a evolução de um mamífero a partir de seus antepassados. Mas podemos simular parte da física das explosões de supernovas no laboratório, e podemos comparar com um detalhamento espantoso as instruções genéticas de mamíferos e répteis -Com novas ferramentas pode-se testar a teoria novamente. -Não se pode reproduzir a história, diferentemente da ciência. -“Muitos denunciam que a ciência é arbitraria e irracional, mas “os que invalidam a razão deveriam considerar se discutem contra a razão com ou sem ela”, pois se dizem que tudo é irracional, se contradizem, pois seus próprios argumentos são irracionais, segundo eles mesmos. Ás vezes também se afirmar que a ciência é tão arbitrária ou irracional quanto todas as outras formas de conhecimento, ou que a própria razão é uma ilusão. O revolucionário norte-americano Ethan Allen tinha algumas palavras a dizer sobre o assunto: “Aqueles que invalidam a razão devem seriamente considerar se estão argumentando contra a razão com ou sem razão. Se é com razão, eles estabelecem o princípio que se esforçam para derrubar; mas, se argumentam sem razão (o quem para ser coerentes consigo mesmos, deveriam fazer), ficam fora do alcance da convicção racional e não merecem uma argumentação racional. CRÍTICA DOS PÓS-MODERNOS -Muitos criticam alguns cientistas devido às suas intenções e teorias embasadas nas suas origens e crenças. Porém, “o que importam as tendências ou predisposições emocionais que os cientistas introduzem em seus estudos sempre que forem honestos e outras pessoas com tendências diferentes comprovem seus resultados?” Os pós-modernos criticaram a astronomia do Kepler porque surgiu de seus pontos de vista religiosos monoteístas medievais; a biologia evolutiva do Darwin por estar motivada por um desejo de perpetuar os privilégios da classe social da que procedia ou para justificar seu suposto ateísmo prévio. Algumas dessas denúncias são certas. Outras não. Mas o que importam as tendências ou predisposições emocionais que os cientistas introduzem em seus estudos sempre que forem escrupulosamente honestos e outras pessoas com tendências diferentes comprovem seus resultados? Presumivelmente, ninguém argumentará que o ponto de vista conservador da soma de 14 e 27 difere do ponto de vista liberal, ou que a função matemática que é sua própria derivada é a exponencial no hemisfério norte, mas outra no sul. Qualquer função periódica regular pode ser representada com precisão arbitrária por uma série Fourier nas matemáticas muçulmanas e índias. [...]. CAPÍTULO 16: “QUANDO OS CIENTISTAS CONHECEM O PECADO” ATÉ QUE PONTO OS CIENTISTAS E A CIÊNCIA SÃO RESPONSÁVEIS PELO MAU EMPREGO DE SUAS DESCOBERTAS? -Caso clássico do debate “a bomba atômica”. -Sempre tem dois lados em jogo, mas Sagan defende que os cientistas escolham o lado da segurança. Em uma reunião com o presidente Harry S. Truman na pós-guerra, J. Robert Oppenheimer —diretor científico do “Projeto Manhattan” de armas nucleares— comentou lugubremente que os cientistas tinham as mãos manchadas de sangue, que tinham conhecido o pecado. Mais tarde, Truman comunicou a seus ajudantes que não queria ver nunca mais ao Oppenheimer. Às vezes se castiga aos cientistas por fazer o mal e às vezes por advertir dos maus usos a que se pode aplicar a ciência. Quando a aplicação tecnológica dos descobrimentos científicos é clara e óbvia —como quando um cientista trabalha com gases nervosos— não pode declarar que estas aplicações não “têm nada que ver com ele”, apoiando-se em que são forças militares, não científicas, as que usam os gases para mutilar ou matar. Isso é ainda mais óbvio quando o cientista oferece ajuda deliberada a um governo em troca de financiamento. Se um cientista, ou um filósofo, aceita recursos de um corpo como um escritório de investigação naval, está-lhes enganando se souber que seu trabalho será inútil para eles e deve aceitar parte de responsabilidade pelo resultado se souber que lhes será útil. Está submetido, como corresponde, a louvores ou culpas em relação com qualquer inovação que saia de seu trabalho. Proporciona um caso histórico importante: a carreira do físico nascido na Hungria Edward Teller. Teller ficou marcado de jovem pela revolução comunista da Béla Kun na Hungria, em que se expropriaram as propriedades de famílias de classe média como a sua, e pela perda de uma perna, que lhe produzia uma dor permanente, em um acidente de circulação. Suas primeiras contribuições foram das regras de seleção da mecânica quântica e a física de estado sólido à cosmologia. Foi ele quem acompanhou ao físico Leão Szilard a ver o Albert Einstein quando se encontrava de férias no Long Island em julho de 1939... uma reunião que levou a carta histórica do Einstein ao presidente Franklin Roosevelt em que lhe apressava,à vista dos acontecimentos científicos e políticos da Alemanha nazista, a desenvolver uma bomba de fissão ou “atômica”. Recrutado para trabalhar no “Projeto Manhattan”, Teller chegou aos Álamos e pouco depois se negou a colaborar... não porque lhe desesperasse o que poderia chegar a fazer uma bomba atômica, mas sim pelo contrário: porque queria trabalhar em uma arma muito mais destrutiva, a bomba de fusão, termonuclear ou de hidrogênio. Uma equipe internacional de duzentos cientistas estimou as consequências a longo prazo da guerra termonuclear global e chegou à conclusão de que, com um inverno nuclear, a civilização global e a maior parte da gente da Terra —incluindo os que estão afastados da zona objetivo da latitude meia norte— correria grandes riscos, principalmente por fome. Se alguma vez chegasse a produzir uma guerra nuclear a grande escala, com as cidades como objetivo, o esforço do Edward Teller e seus colegas nos Estados Unidos (e a equipe russa correspondente dirigido pelo Andréi Sajárov) poderia ser responsável por que se fechasse o pano de fundo do futuro humano. A bomba de hidrogênio é, com diferença, a arma mas horrível inventada jamais. O doutor Teller e eu nos reunimos em privado. Debatemos em reuniões científicas, nos meios de comunicação nacionais e em uma sessão a porta fechada no Congresso. Tivemos importantes desacordos, especialmente no relativo à “Guerra nas Estrelas”, o inverno nuclear e a defesa dos asteroides. Possivelmente todo isso seja a causa irremediável de minha opinião sobre ele. Embora haja sido sempre um fervente anticomunista e tecnófilo, quando repasso sua vida me parece ver algo mais em seu intento desesperado de justificar a bomba de hidrogênio dizendo que seus efeitos não eram tão maus como se poderia pensar. Pode-se usar para defender ao mundo de outras bombas de hidrogênio, para a ciência, para a engenharia civil, para proteger à população dos Estados Unidos contra as armas termonucleares de um inimigo, para liberar guerras humanas, para salvar ao planeta de riscos aleatórios do espaço. De algum modo, quer acreditar que a espécie humana reconhecerá as armas termonucleares, e a ele, como uma salvação e não como sua destruição. Acredito que é tarefa particular dos cientistas alertar ao público dos perigos possíveis, especialmente os que derivam da ciência ou se podem acautelar mediante a aplicação da ciência. Poderia dizer-se que uma missão assim é profética. Certamente, as advertências devem ser judiciosas e não mais alarmantes do que exige o perigo; mas se tivermos que cometer enganos, tendo em conta o que está em jogo, que seja pelo lado da segurança. Entre os caçadores e coletores Kung São do deserto do Kalahari, quando dois homens, possivelmente inflamados pela testosterona, começam a discutir, as mulheres lhes tiram as flechas envenenadas e as põem fora de seu alcance. Hoje em dia, nossas flechas envenenadas podem destruir a civilização global e possivelmente aniquilar a nossa espécie. Agora, o preço da ambiguidade moral é muito alto. Por esta razão —e não por sua aproximação ao conhecimento— a responsabilidade ética dos cientistas também deve ser muito alta, sem precedentes. Desejaria que os programas universitários de ciência expor explícita e sistematicamente estas questões com cientistas e engenheiros experimentados. E às vezes me pergunto se, em nossa sociedade, também as mulheres —e os meninos— acabarão pondo as flechas envenenadas fora de nosso alcance. CAPÍTULO 4 IMAGEM TRADICIONAL DA C E T -Mais ciência > Mais tecnologia > Mais riqueza > Mais bem estar social -O crescimento econômico e o progresso social viriam por consequência. -Base dessa concepção é o fato da “ciência produz a acumulação de conhecimento objetivo acerca do mundo” – positivismo lógico PREMISSAS DA VISÃO TRADICIONAL -Premissa: a ciência busca a verdade e por isso precisa ficar livre da interferência de valores sociais. -Imediato pós-guerra trouxe otimismo para CeT: reivindicação de autonomia da instituição cientifica diante do controle político. BAAAAAAAAAAM: -A partir da década de 70, movimentos sociais e políticos fazem da tecnologia moderna e do Estado Tecnocrático alvos de sua luta: acidentes nucleares, contaminação, derramamento de óleo, leva à identificação de tecnologia com armamentos, cobiça e degradação ambiental. VISÃO CRÍTICA -Se verifica um divórcio entre a ciência e a sociedade. -Esforços em pesquisa básica se concentram em campos muito esotéricos, completamente distantes dos problemas sociais cotidianos (inúteis?). -CeT aplicada vinculadas ao benefício imediato - a serviço dos ricos, de governos e empresas poderosas. -Consulta sobre decisões de política cientifica ou tecnologia somente a cientistas ou homens ou interesses econômicos. VERDADES SE TORNAM MITOS 1. Mito ao benefício infinito: mais ciência e mais tecnologia conduzirão a mais benefícios 2. Mito ao controle interno: controle de qualidade cientifica da pesquisa já resolve problema das responsabilidades morais. AVANÇO DA VISÃO CRÍTICA -Demanda para supervisionar efeitos da tecnologia sobre a natureza e a sociedade. -Surgiu o movimento pró-tecnologia alternativa (movimento ecologista, exemplo: energia solar vs. outras fontes não renováveis). -Reivindicação: novo contrato social -> reorientar prioridades e objetivos para as autênticas necessidades sociais. Essa reação reflete a síndrome de Frankenstein: as mesmas forças utilizadas para controlar a natureza se voltam contra nós destruindo o ser humano. DE CRÍTICA AO NOVO CAMPO DE PESQUISA CTS é, portanto, um novo campo de pesquisa para compreender a dimensão social da ciência e da tecnologia. Aqui veremos a tecnologia como um processo ou produto social através: -do estudo de seus antecedentes (caracterização social dos fatores responsáveis pela mudança científica) -das consequências éticas, sociais, ambientais e culturais.