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Que língua você fala?
Talvez uma das maiores polêmicas do século XXI, no Brasil, seja a que se iniciou no primeiro semestre de 2011, quando o MEC (Ministério da Educação) distribuiu nas escolas públicas o livro didático “Por Uma vida Melhor” de Heloísa Ramos, onde é abordado o grande “X” da Linguística. Desde então, o país se dividiu em duas opiniões: uns defendem a Gramática Normativa como a grande regente da língua, e outros defendem a visão da Linguística. Mas afinal, quem está certo?
Faz-se necessário, primeiramente, entender que há uma grande diferença entre descrever e prescrever algo, neste caso, o uso da língua. A Gramática Normativa faz o papel da prescrição, pois funciona como uma ditadora de regras para o “bom” uso da língua. Segundo o linguista Mario Perini, “o linguista se interessa pela língua como ela é, e não como ela deveria ser”. A Linguística é, portanto, a ciência que estuda o funcionamento da linguagem humana, fazendo sua descrição. Ora, sendo uma ciência descritiva, como querer esperar que ela imponha o que se deve ou não falar? Pois bem, ela não o faz. Mas sim, explica os fatos linguísticos.
A língua portuguesa é, como qualquer outra, um sistema deveras complexo e rico e que não deve ser limitado a noções de “certo” e “errado”, “isso pode” e “isso não pode”, ou ainda “isso existe” e “isso não existe”. De acordo com Ferdinand de Saussure, o fundador da linguística moderna, a língua é “um produto social da faculdade de linguagem e, ao mesmo tempo, de convenções adotadas para permitir o exercício desta faculdade”, portanto, onde há comunicação, há língua.
Em Perini: “todo falante de português possui um conhecimento implícito altamente elaborado da língua, embora não seja capaz de explicitar esse conhecimento”. A sentença “Os menino pega o peixe”, por exemplo, fere a norma padrão da língua portuguesa, mas não à gramaticalidade, pois pode ser entendida; esta é transgredida apenas quando a ordem das palavras impossibilita a compreensão da frase, o que seria o caso da sentença *Pegam meninos peixes os.
A questão não é, portanto, quem está certo e quem está errado, mas sim entender que há diversidade nos modos de se usar a língua, na fala. A norma culta deve ser ensinada e praticada sempre que necessário, entretanto, há quem não faz dela uma camisa de força e explora a variabilidade da língua e isto não deve, jamais, ser encarado preconceituosamente.

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