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O ensino experimental Professor: Moacir Pereira de Souza Filho Disciplina: Instrumentação para o Ensino de Física II O ENSINO EXPERIMENTAL A Atividade Experimental tem sido considerada sinônimo de Ciência. As atividades experimentais em Física no Brasil foi motivada pela tentativa de implantação de Projetos de Ensino de Física estrangeiros (PSSC, Harvard e Nieffield) e nacionais (PEF, FAI e PBEF). Portanto, esses projetos tiveram impacto no ensino experimental. O lançamento do Sputnik pela URSS, durante a “guerra fria”, levou os EUA a repensar sobre o processo de formação de cientistas no “mundo ocidental” e a elaborar projetos para o ensino. Um pouco de história... Atividade experimental no Ensino de Ciências Abordagem indutiva Abordagem dedutiva Um pouco de filosofia (quanto a natureza da ciência)... Modalidades de ensino experimental: • Ensino de Laboratório • Feiras de Ciências O laboratório no ensino de ciências Vamos trabalhar com o foco voltado para a Física, no entanto, muitas coisas do que dissermos poderá ser generalizado para outras ciências como a Química e a Biologia. O que é a Física? Podemos dizer que a Física estuda as interações entre a matéria e as diferentes formas de energia. Física Ciência exata Ciência experimental As teorias físicas são construções teóricas e expressas em forma matemática; mas o conhecimento que elas carregam só faz sentido se nos permite compreender como o mundo “funciona” e porquê as coisas são como “são”. O objeto de estudo de um físico são eventos que ocorrem na natureza e que são percebidos por nossos sentidos. Quando fazemos tais perguntas, na realidade, não estamos mais lidando com o fenômeno em si, mas sim com uma representação mental do mesmo, representação esta feita através de conceitos. Ex: representação simbólica do conceito de “cadeira”. Em Física se observarmos alguns eventos vemos que eles possuem uma “certa” regularidade. Poderíamos, após soltar alguns objetos, prever o seguinte: “todo objeto solto perto da superfície da Terra se movimentará em direção ao solo”. Estamos criando “modelos” sobre o comportamento dos objetos, o que nos permite fazer “previsões futuras” sobre o acontecimento de eventos similares. Somente a comparação experimental das conseqüências impostas pelo modelo nos dirá se ele descreve adequadamente o mundo em que vivemos. Um modelo não pode ser falseado, a não ser que se descubra inconsistências de caráter lógico em sua construção. Se os fatos se verificam, então, as hipóteses do modelo (ou teoria física) são “corretas”, caso contrário, são consideradas “falsas”. Toda Teoria é sempre um modelo de como o mundo é e, sendo um modelo, ela representa uma forma de conceber a realidade. Mesmo a teoria sendo considerada válida, não podemos afirmar que ela expressa exatamente como é a realidade. Podemos dizer que a Teoria de Newton não é nem certa nem errada frente à Teoria da Relatividade Einstein. São dois modelos assentados em limites de validades distintos. A experimentação é a confrontação (no sentido de comparação) de previsões feitas a partir de teorias com o mundo real. Assim, a teoria de Einstein está em melhor concordância com “a realidade” que a teoria de Newton e, por isto, hoje, ela é mais completa. Laboratórios Didáticos: tipos e metodologias 1 - Demonstrações É realizado antes de iniciar um determinado conteúdo, com a finalidade de motivar os alunos para o tema a ser tratado. 2 - Tradicional O aluno realiza atividades práticas baseado num roteiro pré-estabelecido (“cook-book”), envolvendo observações e medidas, acerca de fenômenos determinados pelo professor. Há ênfase na produção de um relatório escrito. O estudante logo percebe que sua “experiência” deve produzir o resultado previsto pela teoria. Se percebe que o erro pode afetar suas “notas”, ele intencionalmente “corrige” para obter a “resposta certa”. Os professores se sentem inseguros quando as atividades que propõem não funcionam como esperavam Finalidades: • Verificar/comprovar leis e teorias científicas. • Ensinar o método científico ao aluno. • Facilitar a aprendizagem e compreensão de conceitos. • Ensinar habilidades práticas. Críticas: • Procedimento encontra-se previamente determinado • Consome muito tempo, deixando pouco tempo à análise e interpretação dos resultados • Já se conhece uma resposta “certa” • Fundamentação epistemologicamente equivocada A aceitação dessas críticas não implica que as atividades prático-experimentais tradicionais são supérfluas! 3 - Investigação O estudante tem liberdade de planejar e realizar o experimento, adotando formas e instrumentos para coletar as medidas, podendo interpretar os resultados do experimento de acordo com seu ponto de vista. De modo que o ensino de laboratório seja eficaz, primeiro se definem os objetivos e, a partir dos objetivos, os equipamentos disponíveis para a execução da tarefa. Embora na situação concreta da escola atual, isto seja uma idealização, ela deve ser buscada. Quanto ao tipo de material/equipamento: • Equipamentos comerciais. • Equipamento de “baixo custo” ou “sucata”. • Equipamentos acondicionados em caixas ou kits (que podem ser retirados por empréstimo). • Simulações ou softwares computacionais. Análise de um experimento de laboratório. A questão básica... Qual o tempo que a pedra leva para atingir o solo? É uma questão básica porque ela nos indica o que fazer para respondê-la: pega-se um cronômetro e mede-se o tempo que a pedra levará para atingir o solo. onde F é a força restauradora, k uma constante que depende do material do qual a mola é feita e x é o quanto a mola se afasta da posição de equilíbrio. A lei de Hooke é dada pela seguinte expressão: F = - k x Outro exemplo... Primeiro são feitas medidas ou registros dos eventos que acontecem ou são provocados pelo experimentador. São exemplos a tomada de uma posição, de um tempo, de uma elongação, de massa. A partir desses registros, ocorrem transformações dessas medidas: médias e desvios são calculados; gráficos são feitos; tabelas são organizadas. Por fim, os produtos da etapa anterior são analisados e interpretados em busca de uma asserção de conhecimento ou de uma asserção de valor. O roteiro experimental Um roteiro experimental deve conter os seguintes elementos: Introdução Fundamentação teórica Materiais e montagens Procedimento Instrumento de avaliação: relatório Cada pessoa possui um estilo próprio de escrever. Portanto, eis algumas “sugestões” de como elaborá-lo. Introdução Fundamentação teórica Materiais e procedimentos (ou métodos) Conclusão Interpretação dos resultados O caderno de notas Se esta pessoa não possuir um registro fiel de tudo que foi feito ela não saberá ao final o que fazer com uma quantidade grande de dados. Imagine uma cozinheira que não guarde suas receitas em um livro organizado. Por isso é necessário um caderno de laboratório. O caderno de laboratório é um instrumento de educação e desenvolvimento da habilidade de organização no aluno, pois o mesmo é obrigado a se organizar para manter o seu caderno em dia. Segurança no laboratório A atividade de laboratóriopode ser uma atividade perigosa para a integridade física do aluno. Por isso, todo cuidado é pouco! Além disso, os equipamentos utilizados nas aulas de laboratório são caros e de difícil reposição e o seu uso correto pode fazer aumentar a durabilidade do aparelho. O laboratório de ensino Em um laboratório de ensino, estamos interessados não só em comprovar ou negar os resultados previstos pelas teorias, mas também, em desenvolver no aluno certas habilidades e certas atitudes que serão úteis tanto para futura vida profissional como para as atividades cotidianas em geral. A ideia central é que qualquer que seja o método de ensino-aprendizagem escolhido, ele deve mobilizar a atividade do aprendiz, em lugar de sua passividade. O Importante não é a manipulação de objetos e artefatos concretos, e sim o envolvimento comprometido com a busca de respostas/ soluções dadas para as questões colocadas, em atividades que podem ser puramente de pensamento. cognitivos exata formacionais experimental Objetivos: Aqueles que dizem respeito ao desenvolvimento de estruturas cognitivas para a aquisição de conhecimentos ou conceitos: generalização, raciocínio hipotético-dedutivo, reversibilidade, conservações, etc. Objetivos cognitivos São aqueles que dizem respeito a competências básicas (hábitos e atitudes) que queremos desenvolver nos alunos. Estes objetivos são de mais longo prazo e a sua avaliação é mais difícil. Objetivos formacionais São exemplos: observação e precisão na tomada de medidas, construção e interpretação de gráficos, compreensão da estrutura de um experimento e do processo científico em geral, iniciativa pessoal, trabalho em grupo, pontualidade, concentração, habilidade de relatar, etc. Existem duas estruturas para o ensino de laboratório: Laboratório estruturado Laboratório não estruturado Neste tipo de laboratório o aluno recebe instruções que o guiam através de um procedimento específico destinado a produzir certos resultados. No Laboratório Não Estruturado (LNE) o Professor deixa a cargo do aluno escolher o procedimento adequado, a organização dos dados e a generalização dos resultados obtidos. Laboratório estruturado Laboratório não estruturado Aqui cabe um comentário: Laboratório Não Estruturado não significa um laboratório desorganizado onde os alunos fazem o que bem entendem! Há um certo grau de orientação por parte do Professor. Aspectos Laboratório Tradicional Atividades Investigativas Grau de abertura Roteiro pré- definido Liberdade no planejamento Objetivo Comprovar leis Explorar fenômenos Atitude do aluno Obter o resultado esperado Responsabilidade na investigação É claro que entre eles existem formas mistas onde elementos característicos de uma ou outra forma estariam presentes. O laboratório tem o papel de mobilizar e envolver o estudante no aprendizado da Física. As atividades podem desenvolver no aluno uma reformulação conceitual e a criatividade. Considerações... É importante atividades pré e pós-laboratório, nas quais os estudantes explicitem suas ideias e expectativas, e discutam o significado de suas observações e interpretações, respectivamente. O professor deve perceber que os alunos trazem para a escola um conjunto de concepções sobre vários aspectos do mundo, mesmo antes de qualquer instrução formal. Essas concepções alternativas são frutos da cultura e da experiência cotidiana com fenômenos e eventos. Feira de Ciências A ciência é uma atividade prática por excelência e os alunos se sentem extremamente motivados por desenvolver esse tipo de atividade. No entanto, as Feiras de Ciências tem sido feitas desvinculadas do currículo escolar. O fato de professores e alunos terem decidido fazer uma Feira, os levam a correrem desesperadamente atrás de temas e informações a serem mostrados na Feira, quando o ideal seria que, a Feira de Ciências ocorresse em função de um trabalho pré-existente na escola. Objetivos de uma Feira de Ciências A Feira é simplesmente uma mostra para a comunidade de algo que já foi feito pelos alunos ao longo de determinado período e deve ser um reflexo dos trabalhos escolares em Ciências. A Feira existe porque existem os trabalhos e não o contrário, ou seja, trabalhos serem realizados porque vai haver uma Feira. Características dos trabalhos a serem mostrados O Planejamento A organização Um organograma deve ser feito com as diversas etapas a serem executadas. O local onde a Feira se realiza. O período de duração da Feira. O trabalho a ser mostrado na Feira deve refletir o tipo de assunto estudado em sala de aula. REFERÊNCIAS • ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S. Atividades experimentais no Ensino de Física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Rev. Bras. Ens. Fís., v. 25, n. 2003. • AXT, R.; MOREIRA, M .A.O ensino experimental e a questão do equipamento de baixo custo. Rev. Bras. Fís., v.13, 1991, p. 97-103. • BORGES, A. T. Novos Rumos para o laboratório escolar de Ciências. Cad. Bras. Ens. Fís., v. 19, n. 3, 2002, p. 291-313. • ROSA; P. R. S. Instrumentação para o Ensino de Ciências. (Apostila). Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. 2008.
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