AULA 04 EFEITOS DA POSSE PARTE I

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EFEITOS DA POSSE
Prof. Erich Lobo
Quais as consequências jurídicas da posse? 
São muitas, é por isso que precisamos estudar a posse. 
Embora não se trate de um direito real, a posse é a exteriorização de um direito complexo e importantíssimo (a propriedade), por isso a posse tem consequências jurídicas, por isso a posse é um fato protegido pelo direito.
Vejamos os efeitos da posse: 
PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
É O PRINCIPAL EFEITO DA POSSE É A PROTEÇÃO CONFERIDA A ELA.
EXISTEM DOIS MODOS DE PROTEÇÃO DA POSSE:
LEGÍTIMA DEFESA
DESFORÇO IMEDIATO (AUTOTUTELA, AUTODEFESA OU DEFESA DIRETA)
VEJAMOS:
QUANDO O POSSUIDOR ESTIVER PRESENTE E É TURBADO NO EXERCÍCIO DE SUA POSSE, ESTE PODERÁ REAGIR USANDO DA DEFESA DIRETA, EM LEGÍTIMA DEFESA.
PORÉM, SE NO ENTANTO O POSSUIDOR FOR ESBULHADO, TENDO OCORRIDO A PERDA DA POSSE, PODERÁ FAZER USO DO DESFORÇO IMEDIATO.
ART. 1210, § 1º, CC:
“O POSSUIDOR TURBADO, OU ESBULHADO, PODERÁ MANTER-SE OU RESTITUIR-SE POR SUA PRÓPRIA FORÇA, CONTANTO QUE O FAÇA LOGO; ATOS DE DEFESA, OU DESFORÇO, NÃO PODEM IR ALÉM DO INDISPENSÁVEL À MANUTENÇÃO, OU RESTITUIÇÃO DA POSSE.”
A EXPRESSÃO “POR SUA PRÓPRIA FORÇA”, SIGNIFICA NÃO FAZER USO DE AUTORIDADE, POLÍCIA OU PODER JUDICIÁRIO
ATENÇÃO!! NÃO PODEMOS CONFUDIR!!!
LEGÍTIMA DEFESA ≠ DESFORÇO IMEDIATO
LEGÍTIMA DEFESA PODE OCORRER ENQUANTO HOUVER TURBAÇÃO, ESTANDO O POSSUIDOR NA POSSE DA COISA!
DESFORÇO IMEDIATO OCORRE QUANDO O POSSUIDOR PERDE A POSSE, ESBULHO, E CONSEGUE REAGIR EM SEGUIDA PARA RETOMAR A COISA. O POSSUIDOR AGE COM SUAS PRÓPRIAS FORÇAS, MESMO PODENDO SER AJUDADO POR AMIGOS E EMPREGADOR, POR EXEMPLO, PODENDO ATÉ, SE NECESSÁRIO, FAZER USO DE ARMA DE FOGO.
PERGUNTA???
O VIGILANTE PODE EXERCER O DIREITO DE AUTODEFESA EM BENEFÍCIO DO POSSUIDOR?
Resposta: SIM! 
EMBORA NÃO POSSA INVOCAR EM SEU NOME A PROTEÇÃO DA POSSE, PODE EXERCER O DIREITO DE AUTOPROTEÇÃO E CONSEQUÊNCIA DO SEU DEVER DE VIGILÂNCIA.
ATÉ ONDE O EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA DIRETA PODE SER CONSIDERADA LEGÍTIMA?
PARA SER CONSIDERADA LEGÍTIMA A AUTODEFESA DEVE OBSERVAR ALGUNS REQUISITOS:
1º - REAÇÃO OCORRA LOGO, DE IMEDIATO, APÓS A AGRESSÃO. SE NÃO FOR POSSÍVEL NO MOMENTO QUE HAJA LOGO QUE POSSÍVEL.
Ex.: Quando o sujeito encontra o ladrão de seu pertence dias depois do ocorrido. Mesmo após decorrido o lapso de tempo, o sujeito pode empreender esforço para recuperar o bem, caso não haja a autoridade competente no ato.
CONTUDO, EM CASO DE DÚVIDA, AJUIZAR AÇÃO POSSESSÓRIA A FIM DE NÃO INCORRER NO CRIME DE EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES!
2º - A REAÇÃO DEVE SE LIMITAR AO INDISPENSÁVEL À RETOMADA DA POSSE. OS MEIOS DEVEM SER PROPORCIONAL À AGRESSÃO.
DEVE-SE UTILIZAR DE MEIOS MODERADOS NECESSÁRIOS PARA REPELIR A INJUSTA AGRESSÃO
O EXCESSO NA DEFESA PODE ACARRETAR INDENIZAÇÃO DE DANOS CAUSADOS.
AÇÕES POSSESSÓRIAS EM SENTIDO ESTRITO
LEGITIMIDADE ATIVA
PARA A PROPOSITURA DOS INTERDITOS (MANUTENÇÃO, REINTEGRAÇÃO E INTERDITO POSSESSÓRIO), SE FAZ NECESSÁRIA A CONDIÇÃO DE POSSUIDOR (ART. 560, CPC), MESMO NÃO HAVENDO O TÍTULO.
NO CASO DE HERDEIRO OU SUCESSOR MORTIS CAUSA ELE SE ENCONTRA EM SITUAÇÃO PRIVILEGIADA, EM MATÉRIA POSSESSÓRIA, POIS PRESUME-SE, A LEI, QUE CONTINUA DE DIREITO A POSSE DO SEU ANTECESSOR. (ART. 1207, CC)
PERGUNTA???
O NASCITURO PODE SER POSSUIDOR?
RESPOSTA: NÃO! 
O QUE EXISTE PARA O NASCITURO É UMA EXPECTATIVA DE DIREITO, QUE É PROTEGIDA E GARANTIDA.
LEMBRAR!!!
POSSUIDORES DIRETOS E INDIRETOS TÊM AÇÃO POSSESSORIA CONTRA TERCEIROS E TAMBÉM UM CONTRA O OUTRO. (ART. 1197, CC)
QUANDO HÁ ESCALONAMENTO OU NÍVEIS (LOCADOR, LOCATÁRIO, SUBLOCATÁRIO), ONDE EXISTE UMA POSSE DIRETA E MAIS DE UMA POSSE INDIRETA, É NECESSÁRIO SE VERIFICAR QUAL POSSE ESTÁ SENDO AMEAÇADA.
PORÉM CONTRA TERCEIROS HÁ LEGITIMAÇÃO CONCORRENTE DOS POSSUIDORES, PODENDO INSTAURAR-SE LITISCONSÓRCIO NÃO OBRIGATÓRIO.
LEGITIMIDADE PASSIVA
NAS AÇÕES POSSESÓRIAS O PÓLO PASSIVO SERÁ O AUTOR DA AMEAÇA DA TURBAÇÃO OU ESBULHO. (ART. 561, II, E 567, CPC)
ASSIM COMO O TERCEIRO QUE RECEBER A COISA ESBULHADA, SABENDO QUE O ERA, ISTO É DE MÁ-FÉ. (ART. 1212, CC)
PERGUNTA??
SE O AUTOR DA TURBAÇÃO OU DO ESBULHO FOR PESSOA PRIVADA DE DISCERNIMENTO OU MENOR INCAPAZ, ELE PODERÁ FIGURAR COMO LETIGITIMADO PASSIVO?
RESPOSTA: NÃO! NESTE CASO QUEM SERÁ DEMANDADO SERÁ QUEM TINHA O DEVER DE VIGILÂNCIA (PAIS, CURADOR OU TUTOR).
PERGUNTA???
SE EXISTIREM DOIS SUJEITOS, UM AUTOR DO ATO MOLESTADOR E OUTRO QUE ORDENOU A PRÁTICA DO ATO, CONTRA QUEM DEVE-SE PROPOR A AÇÃO POSSESSÓRIA?
RESPOSTA: PODE SER TANTO SÓ QUANTO AO PRIMEIRO, COMO SÓ CONTRA O SEGUNDO, OU AMBOS AO MESMO TEMPO.
TAMBÉM É LEGITIMADO PASSIVO O HERDEIRO A TÍTULO UNIVERSAL OU MORTIS CAUSA.
PORQUE CONTINUA DE DIREITO A POSSE DO SEU ANTECESSOR (ART. 1207, CC)
JÁ O SUCESSOR A TÍTULO SINGULAR SOMENTE SERÁ LEGITIMADO PARA RESPONDER À AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE SE, RECEBEU A COISA ESBULHADA SABENDO QUE O ERA.
PERGUNTA???
PESSOAS JURÍDICAS PODEM SER LEGITIMADOS PASSIVOS EM AÇÕES POSSESSÓRIAS?
RESPOSTA: SIM! 
PODENDO SER DEFERIDA ATÉ MEDIDA LIMINAR, DESDE QUE PREVIAMENTE OUVIDOS SEUS REPRESENTANTES LEGAIS. (ART. 562, parágrafo único, CPC) 
PERGUNTA???
O PODER PUBLICO PODE SER LEGITIMADO NO POLO PASSIVO EM AÇÕES POSSESSÓRIAS?
Resposta: SIM! TAMBÉM PODE SER LEGITIMADO PASSIVO NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS O PODER PÚBLICO.
P.Exemplo: QUANDO ELE DESAPOSSA ALGUÉM SEM O DEVIDO PROCESSO REGULAR, ELE PRATICA ESBULHO.
CONTUDO, A JURISPRUDÊNCIA VEM CONVERTENDO OS INTERDITOS PROIBITÓRIOS EM AÇÕES DE INDENIZAÇÃO, DENOMINADA DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA.
CONVERSÃO DA AÇÃO POSSESSÓRIA EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
PERMITE-SE 	QUE O POSSUIDOR DEMANDE A PROTEÇÃO POSSSESSÓRIA E, CUMULATIVAMENTE, PLEITEI A CONDENAÇÃO DE PERDAS E DANOS. (ART. 555, I, CPC)
CONTUDO SE OCORRER O PERECIMENTO OU DETERIORAÇÃO DA COISA, SÓ RESTA AO POSSUIDOR PEDIR A INDENIZAÇÃO.
FUNGIBILIDADE DOS INTERDITOS
REGULAMENTADO NO ART. 554, CPC:
“A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados”
SE O AUTOR INGRESSAR COM AÇÃO REINTEGRAÇÃO DE POSSE E A AÇÃO CABÍVEL ERA A MANUTENÇÃO DE POSSE, O JUIZ CONHECERÁ O PEDIDO DA MESMA FORMA.
CUMULAÇÃO DE PEDIDOS
NAS AÇÕES POSSESSÓRIA É POSSÍVEL CUMULAR PEDIDOS, NA FORMA DO ART. 555, CPC:
“É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:
I - condenação em perdas e danos;
II - indenização dos frutos.
Parágrafo único.  Pode o autor requerer, ainda, imposição de medida necessária e adequada para:
I - evitar nova turbação ou esbulho;
II - cumprir-se a tutela provisória ou final.”
A CUMULAÇÃO NÃO TRARÁ PREJUIZO AO RITO ESPECIAL DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS.
CARÁTER DÚPLICE DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
A RELAÇÃO JURÍDICO-PROCESSUAL É SEMPRE: AUTOR PEDE; RÉU SE OPÕE.
LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA.
QUANDO OCORRE DO RÉU OFERECER RECONVENÇÃO, NA VERDADE SE TRATA DE UMA OUTRA AÇÃO QUE SE PROCESSA NOS MESMOS AUTOS.
EXCEPCIONALMENTE, A SITUAÇÃO JURÍDICA NÃO OCORRE DESSA FORMA, DE TAL MODO QUE QUALQUER DOS SUJEITOS PODE AJUIZAR AÇÃO UM CONTRA O OUTRO.
QUANDO ISSO ACOTECE DIZ-SE QUE A AÇÃO TEM NATUREZA DÚPLICE.
ACONTECE NAS AÇÕES DEMARCATÓRIAS E DE DIVISÃO, EM QUE NÃO HÁ AUTORES E RÉUS, POIS QUALQUER DOS CONFINANTES PODERIA TER TOMADO A INICIATIVA.
DISTINÇÃO ENTRE JUÍZO POSSESSÓRIO E JUÍZO PETITÓRIO
A AÇÃO POSSESSÓRIA É A TUTELA DA POSSE PERANTE UMA AMEAÇA, TURBAÇÃO OU ESBULHO. 
É DISCUTIDA A POSSE AUTÔNOMA OU FORMAL (SEM TÍTULO)
NA AÇÃO PETITÓRIA É O MEIO DE TUTELA DOS DIREITOS REAIS, DE PROPRIEDADE OU OUTRO. 
É DISCUTIDA A POSSE CASUAL – (COM TÍTULO)
AÇÃO DE FORÇA NOVA E AÇÃO DE FORÇA VELHA
ART. 558, CPC:
“Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.”
NORMAS DE PROCEDIMENTO ESPECIAL, CUJA PRINCIPAL DIFERENÇAE VANTAGEM E A PREVISÃO DE MEDIDA LIMINAR.
OCORRE QUANDO INTENTADA DENTRO DE ANO E DIA DA TURBAÇÃO OU ESBULHO.
CASO CONTRÁRIO O RITO SERÁ O ORDINÁRIO, PORÉM NÃO PERDE O CARÁTER POSSESSÓRIO.
AÇÃO DE FORÇA VELHA = QUANDO A AÇÃO É INTENTADA APÓS ANO E DIA.
CPC. Art. 558, [...]
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não perdendo, contudo, o caráter possessório.