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7.2 O princípio de Hamilton Neste capítulo vamos apresentar as formulações lagrangeana e hamiltoniana da mecânica que podem ser deduzidas a partir de um princípio variacional chamado princípio de Hamilton. Estas formulações não representam novas teorias físicas, uma vez que são em essência equivalentes às Leis de Newton, mas são muito convenientes na solução de problemas onde forças de vínculo se fazem presentes, além de se constituírem em linguagens mais próximas de outras teorias físicas, como a mecânica quântica e a óptica. Inicialmente vamos apresentar o princípio de Hamilton. Em seguida, deduziremos as equações de Lagrange a partir deste princípio e mostraremos que estas equações são equivalentes às equações de Newton. Finalmente apresentaremos a Formulação hamiltoniana. O princípio de Hamilton, proposto por Hamilton em dois trabalhos publicados em 1834 e 1835, pode se enunciado da seguinte forma. O movimento de um sistema do instante t1 para o instante t2 é tal que a integral 7 Princípio de Hamilton: Dinâmicas Lagrangeana e Hamiltoniana 02 1 == ∫ dtLI tt tem um valor estacionário para o caminho de movimento correto. Em coordenadas cartesianas, a energia cinética depende somente das componentes da velocidade da partícula. Além disso, se o campo de força for conservativo, a energia potencial é função somente da posição da partícula. Assim, a lagrangeana é dada por zxyxxx xxLxUxTL iiii →→→ =−≡ 321 ),()()( && de forma que o princípio de Hamilton pode ser escrito como 0),(2 1 =∫ dtxxLtt ii &δ As equações de Euler correspondentes, chamadas neste caso de equações de Lagrange, são )4.7( 3,2,1 0 ==∂ ∂−∂ ∂ i x L dt d x L ii & Observe que temos uma equação para cada compo- nente cartesiana. Como exemplo, considere um oscilador harmônico 1D. A lagrangeana é dada por 2 2 12 2 1 kxxmUTL −=−= & Assim xm x L dt dxm x Lkx x L &&&&& =∂ ∂⇒=∂ ∂−=∂ ∂ Substituindo na equação de Lagrange, temos kxxm −=&& que é a mesma equação de movimento obtida a partir da Segunda lei de Newton. 7.3 Coordenadas generalizadas Considere um sistema mecânico constituído de n partículas. Se não existirem condições de vínculo, são necessárias 3n coordenadas para a descrição completa do sistema. Se existirem condições de vínculo, as coordenadas que descrevem o sistema não são todas independentes. No caso de m equações de vínculo, o número de coordenadas independentes será igual a 3n – m e, neste caso, dizemos que existem 3n – m graus de liberdade. As 3n – m coordenadas que descrevem um sistema não necessariamente têm que ser coordenadas cartesianas. Muitas vezes outras coordenadas são mais convenientes. O número de graus de liberdade é, contudo, independente da escolha das coordenadas. As coordenadas que especificam um sistema mecânico são chamadas coordenadas generalizadas. As coordenadas generalizadas são geralmente indicadas por q1, q2,..., ou simplesmente qj. Um conjunto de coordenadas cujo número é igual ao número de graus de liberdade do sistema e que não estão sujeitas a condições de vínculo é chamado de conjunto próprio de coordenadas generalizadas. onde ,UTL −= Como exemplo, considere uma partícula movendo- se sobre a superfície de um hemisfério de raio R cujo centro está na origem. Podemos expressar a posição da partícula utilizando coordenadas cartesianas: x, y e z. Evidentemente, este não seria um conjunto próprio, uma vez que existe uma condição de vínculo entre as coordenadas, dada por 2222 Rzyx =++ Isto significa que podemos expressar uma das coordenadas em termos das outras duas. Por exemplo, podemos escrever de forma que somente as coordenadas x e y são suficientes para descrever a posição da partícula. Assim, x e y constituem um conjunto próprio de coordenadas generalizadas. A situação fica mais evidente quando expressamos a posição da partícula em coordenadas esféricas: r, θ e φ. Como r é constante (r = R), não precisa ser incluído como coordenada. Para expressar a posição da partícula bastam as coordenadas θ e φ, que constituem um conjunto próprio de coordenadas generalizadas. Note que o número de graus de liberdade é 2, independente do sistema de coordenadas utilizado. O estado de um sistema constituído de n partículas, sujeito a m condições de vínculo, pode ser especificado por s = 3n – m coordenadas generalizadas. Portanto, podemos representar o estado do sistema em um espaço s–dimensional chamado espaço de configurações. A evolução temporal do sistema pode ser representada por uma curva neste espaço. 7.4 Equações de Lagrange em coordenadas generalizadas Em coordenadas cartesianas, a Lagrangeana pode ser escrita como ),()()( iiii xxLxUxTL αααα && =−= Das equações (7.5) e (7.6) vemos que, em termos de coordenadas generalizadas, ),,(),(),,( tqqLtqUtqqTL jjjjj && =−= Assim, o princípio de Hamilton pode ser escrito como 0 ),,( 2 1 =∫ dttqqL t t jj &δ Supondo que não haja vínculo entre as coordenadas, ou seja, que o sistema de coordenadas seja próprio, podemos escrever uma equação de Lagrange para cada coordenada: sj q L dt d q L jj ,... 2 ,1 0 ==∂ ∂−∂ ∂ & É importante mencionar que estas equações são válidas sob duas exigências: a. as forças existentes devem ser deriváveis de uma energia potencial; b. caso existam condições de vínculo, elas devem poder ser expressas em termos de equações do tipo Além das coordenadas generalizadas, podemos definir um conjunto de quantidades consistindo das suas derivadas em relação ao tempo, , ou simplesmente . Estas quantidades são chamadas velocidades generalizadas. A princípio, a relação entre as coordenadas cartesianas e generalizadas pode envolver o tempo, de forma que podemos escrever (7.5) ),( ),,...,( 21 tqx tqqqxx ji sii α αα = = onde sj zyxi n ,...2,1 ,, 3,2,1 partículada número oindica ,...2,1 = ↔= =α sendo s o número de graus de liberdade do sistema. Em geral, as componentes cartesianas das veloci- dades dependem das coordenadas e velocidades generalizadas, ou seja (7.6) ),,( tqqxx jjii &&& αα = As coordenadas e velocidades generalizadas podem ser escritas em termos das componentes cartesia- ),( txqq ijj α= ),,( txxqq iijj αα &&& = ,..., 21 qq && jq& nas como 0),( ou 0),( == tqgtxg jiα Vínculos que podem ser escritos nesta forma são chamados vínculos holônomos. 222 yxRz −−= Exemplo 7.3 --------------------------------------------- Considere um projétil em movimento sob influên- cia da gravidade em 2D. Obtenha as equações de movimento em coordenadas cartesianas e também em coordenadas polares. Solução: 2 2 12 2 1 ymxmT && += y x Em coordenadas cartesianas mgyU = mgyymxmUTL −+=−= 221221 && As equações de movimento para x são: 0=∂ ∂−∂ ∂ x L dt d x L & 0 00 =⇒=− xxm dt d &&& Para a coordenada y, temos 0=∂ ∂−∂ ∂ y L dt d y L & gyym dt dmg −=⇒=−− &&& 0 Em coordenadas cartesianas, as equações de movi- mento são facilmente resolvidas. Assim, obtemos 2 2 1 e gttyytxx oyooxo −+=+= υυ Em coordenadas polares, θ r 2 2 12 2 1 )( θ&& rmrmT += θsenmgrU = θθ sen)( 221221 mgrrmrmUTL −+=−= && O princípio de Hamilton e as equações de Lagrange podem ser estendidos para contemplar sistemas não conservativos e outros tipos de vínculo mas não faremos isto neste curso. x y m lθ Solução. 2 2 12 2 1 ymxmT && += mgyU= mgyymxmUTL −+=−= 221221 && As relações entre (x,y) e θ são θsenlx = θcosly −= θθ cos&& lx = θθ sen&& ly =⇒ Assim θθθθθ cos)sencos( 22222221 mglllmL ++= && θθ cos2221 mglml += & θθ senmgl L −=∂ ∂ e portanto, Exemplo 7.2 --------------------------------------------- Obtenha a lagrangeana para o pêndulo simples da figura abaixo em termos de coordenadas cartesia- nas. Em seguida, obtenha as equações de transfor- mação de (x,y) para θ e obtenha a equação de movimento em termos de θ. θθθθ &&&&& 22 mlL dt dmlL =∂ ∂⇒=∂ ∂ Substituindo estes resultados na equação de Lagrange, temos 0sen =+ θθ l g&& que é a mesma equação de movimento obtida na pag. 3 do cap. 3 (notas) via leis de Newton. Note que θ sozinho constitui um conjunto próprio de coordenadas generalizadas. Temos uma condição de vínculo dada por lyx =+ 22 Sistemas de coordenadas onde condições de vínculos se fazem presentes serão tratados na seção 7.6. As equações de movimento para r são: 0=∂ ∂−∂ ∂ r L dt d r L & 0)(sen2 =−− rm dt dmgmr && θθ 0sen2 =−− rgr &&& θθ 0=∂ ∂−∂ ∂ θθ & L dt dL 0)(cos 2 =−− θθ &mr dt dmgr 02cos 2 =−−− θθθ &&&& rrrgr Claramente, as equações de movimento são muito mais complicadas em coordenadas polares do que em coordenadas cartesianas. Isto acontece porque em coordenadas cartesianas a energia potencial só depende de y, ao passo que em coordenadas polares U é função de r e θ. -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.4 --------------------------------------------- Uma partícula de massa m move-se sobre a superfície de um cone de meio-ângulo α (figura abaixo) sob ação da força gravitacional. Escreva a lagrangeana do sistema em termos de um conjunto próprio de coordenadas generalizadas e obtenha as equações de movimento. r z α θ Solução. Por causa da simetria cilíndrica do problema, é conveniente usar as coordenadas cilín- dricas r, θ, z como coordenadas generalizadas. Sendo assim, a velocidade é dada por 22222 zrr &&& ++= θυ e a energia cinética é )( 222221 zrrmT &&& ++= θ Por sua vez, a energia potencial é mgzU = de forma que mgzzrrmUTL −++=−= )( 222221 &&& θ Apesar das coordenadas r, θ e z constituírem um conjunto capaz de descrever o problema, elas não formam um conjunto próprio de coordenadas gene- ralizadas porque existe uma relação de vínculo entre r e z, dada por αα cot cot rzrz && =⇒= Podemos eliminar a coordenada z (poderíamos também eliminar r em favor de z) e escrever αθα cot)csc( 222221 mgrrrmUTL −+=−= && A equação de movimento para θ é muito simples: 0 0 =∂ ∂⇒=∂ ∂ θθ & L dt dL ctemrL ==∂ ∂ θθ && 2 Observe que é o momento angular da partícula em torno do eixo z, de forma que a equação de movimento para θ nada mais é que uma expressão da conservação da componente z do momento angular. Por sua vez, a equação de Lagrange para r ωθ Imr =&2 0=∂ ∂−∂ ∂ r L dt d r L & nos leva à seguinte equação de movimento: 0cossensen22 =+− αααθ grr &&& -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.5 -------------------------------------------- y xtω a θ ω b m O ponto de apoio de um pêndulo simples de comprimento b está preso a um anel de raio a que gira com uma velocidade angular constante ω. Obtenha as expressões para as componentes carte- sianas da velocidade e da aceleração da massa m • Para θ, temos em termos de θ. Obtenha, via equação de Lagran- ge, uma expressão para a aceleração angular Solução. As componentes cartesianas do vetor posição da massa m são: θω sencos btax += θω cossen btay −= Derivando em relação ao tempo, encontramos as componentes da velocidade: θθωω cossen && btax +−= θθωω sencos && btay += Derivando mais uma vez, obtemos a aceleração: )sencos(cos 22 θθθθωω &&&&& −+−= btax )cossen(sen 22 θθθθωω &&&&& ++−= btay A lagrangeana pode ser escrita, em coordenadas cartesianas, como mgyymxmUTL −+=−= 221221 && Substituindo as expressões acima para as compo- nentes da velocidade, temos [ ])sen(2222221 tbabamL ωθωθθω −++= && )cossen( θω btamg −− As derivadas da lagrangeana são dadas por θωθωθθ sen)cos( mgbtmba L −−=∂ ∂ & )sen(2 tmbambL ωθωθθ −+=∂ ∂ && )cos()(2 tmbambL dt d ωθωθωθθ −−+=∂ ∂ &&&& de forma que a equação de movimento é dada por θωθωθ sen)cos( 2 b gt b a −−=&& Note que, se ω = 0, obtemos a equação de movi- mento conhecida para o pêndulo simples ( cap. 3). -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.6 --------------------------------------------- Obtenha a lagrangeana e a equação de movimento para um pêndulo simples colocado dentro de um carro que se move ao longo do eixo x com aceleração constante a. Solução: as coordenadas cartesianas podem ser expressas em termos do ângulo θ, da figura, como . θ&& θ m l θυ sen221 lattx o ++= θcosly −= θθυ cos&& latx o ++= θθ sen&& ly = mgyymxmL ++= 221221 && A lagrangeana é dada por 2 2 12 2 1 )sen()cos( θθθθυ && lmlatm o +++= ou, separando os termos, atmmltmamL oo υθυ +++= 22212221221 & θcosmgl+ θθθθθυ coscoscos mglmatllm o +++ && As derivadas de L são θθθθθυθ sensensen mglmatllm L o −−−=∂ ∂ && θθυθθ coscos 2 matllmmlL o ++=∂ ∂ && θθθθθυθθ sencossen 2 &&&&& maltmallmml L dt d o −+−=∂ ∂ e a equação de movimento é dada por 0cossen 2 =−−−=∂ ∂−∂ ∂ θθθθθ malmlmgl L dt dL &&& Isolando , temos θθθ cossen l a l g −−=&& θ&& -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.7 ------------------------------------------- r z θ a Uma conta desliza ao longo de um arame em forma de parábola, z = cr2. O arame gira em torno do eixo z com velocidade angular constante. Determine a velocidade angular para a qual a conta gira em uma circunferência horizontal de raio constante. Solução. Em coordenadas cilíndricas, r, θ, z, pode- mos escrever mgzUrzrmT =++= ; ])([ 22221 θ&&& As variáveis r e z não são independentes. Ao contrário, podemos escrever rrczcrz && 2 2 =⇒= Por outro lado, θ também pode ser escrito como ωθωθ =⇒= & t de forma que a lagrangeana pode ser escrita, somente em termos de r, como [ ] 222222221 4 mgcr rrrcrmL −++= ω&& As derivadas de L são dadas por )24( 222 gcrrrrcm r L −+=∂ ∂ ω& )4( 22 rrcrm r L &&& +=∂ ∂ )48( 2222 rrcrrcrm r L dt d &&&&&& ++=∂ ∂ de forma que a equação de movimento é 0)2( 4)41( 2 2222 =−− −+−=∂ ∂−∂ ∂ ωgcmr rrmcrcrm r L dt d r L &&&& Resolver esta equação é uma tarefa complicada mas se utilizarmos a informação de que 0 ==⇒= rrcter &&& podemos escrever gcgc 2 02 2 =⇒=− ωω -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.8 -------------------------------------------- Considere o sistema de duas polias sem massa da figura abaixo. Sejam l1 e l2 os comprimentos pendentes dos fios. Utilize o sistema de coorde- nadas indicado na figura e obtenha as equações de movimento. Solução. Tomando a posição do centro da polia 1 como origem e considerando o sentido positivo para baixo, as coordenadas das três massas são: x xl −1 1Polia 2Polia y yl −2 1m 2m 3m ylxlxyxlxxx −+−=+−== 213121 yxxyxxxx &&&&&&&& −−=+−== 321 Por sua vez, as velocidades são dadas por A energia cinética do sistema é 2 332 12 222 12 112 1 xmxmxmT &&& ++= 2 3212 22 12 12 1 )()( yxmxymxm &&&&& −−+−+= e a energia potencial é 332211 gxmgxmgxmU −−−= )()( 213121 ylxlgmyxlgmgxm −+−−+−−−= Tomando L = T – U, temos gmmm x L )( 321 ++−−=∂ ∂ ymmxmmm x L &&& )()( 23321 −+++=∂ ∂ ymmxmmm x L dt d &&&&& )()( 23321 −+++=∂ ∂ de forma que a primeira equação de movimento é gmmmymmxmmm )()()( 32123321 −−=−+++ &&&& Analogamente, gmm y L )( 32 +−−=∂ ∂ ymmxmm y L &&& )()( 3223 ++−=∂ ∂ ymmxmm y L dt d &&&&& )()( 3223 ++−=∂ ∂ de forma que a segunda equação de movimento é gmmymmxmm )()()( 233223 −=++− &&&& Como ambas as eq. de movimento contêm , elas devem ser resolvidas simultaneamente, o que, neste caso, pode ser feito com relativa facilidade. -------------------------------------------------------------- 7.5 Equações de Lagrange com multiplicadores indeterminados Quando as condições de vínculo podem ser expressas como relações algébricas entre as coordenadas é sempre possível eliminar algumas delas e obter um conjunto próprio de coordenadas generalizadas. Um outro caminho é incorporar as condições de vínculo nas equações de Lagrange utilizando o método dos multiplicadores indetermi- nados, do cap. 6. Assim, se as condições de vínculo puderem ser escritas na forma yx &&&& e mktqg jk ,...,2 ,1 0),( == (m equações de vínculo) as equações de Lagrange são dadas por ∑ = =∂ ∂+∂ ∂−∂ ∂ m k j k k jj q gt q L dt d q L 1 0)(λ& A vantagem das equações de Lagrange está no fato de que a ênfase é colocada sobre a dinâmica do sistema e o problema pode ser resolvido sem o conhecimento das forças de vínculo. Entretanto, muitas vezes, é desejável conhecer estas forças que estão diretamente relacionadas aos multiplicadores de Lagrange. As forças generalizadas de vínculo são definidas como ∑ = ∂ ∂= m k j k kj q gQ 1 λ Note que, de acordo com esta definição, existe uma força generalizada associada a cada coordenada generalizada. Exemplo 7.9 --------------------------------------------- Considere o disco que desce rolando sobre o plano inclinado do exemplo 6.5 (pag. 6, cap. 6). Obtenha as equações de movimento, as acelerações linear e angular e as forças de vínculo. Solução. A energia cinética total é a soma das energias cinéticas de translação e de rotação: 2 2 12 2 1 θ&& IymT += O momento de inércia do disco é I = mR2/2. Assim, Supondo U = 0 no topo do plano inclinado, a energia potencial pode ser escrita como 22 4 12 2 1 θ&& mRymT += αsenmgyU −= A lagrangeana é αθ sen2241221 mgymRymUTL ++=−= && De acordo com o exemplo 6.5, a equação de vínculo é 0),( =−= θθ Ryyg As equações de Lagrange são: 0=∂ ∂+∂ ∂−∂ ∂ y g y L dt d y L λ& 0=∂ ∂+∂ ∂−∂ ∂ θλθθ gL dt dL & Após os cálculos das derivadas de L, podemos reescrever estas equações como (7.71a) 0sen =+− λα ymmg && (7.71b) 0221 =−− RmR λθ&& Da equação de vínculo, temos (7.72) θRy = As três últimas equações constituem um sistema que pode ser resolvido para se obter y(t), θ(t) e λ(t). De (7.72) podemos escrever, (7.73) R y&&&& =θ Substituindo (7.73) em (7.71b), obtemos (7.74) 21 ym &&−=λ Substituindo (7.74) em (7.71a), temos (7.75) sen 32 αgy =&& Finalmente, substituindo (7.75) em (7.73) e (7.74), temos (7.77) 3 sen2 R g αθ =&& (7.76) sen31 αλ mg−= As equações (7.75) e (7.77) dão as acelerações linear e angular do disco. As forças generalizadas de vínculo são dadas por 8 Para entender o significado físico de Qy = λ, vamos reescrever (7.71a) como αλλ sen31 mgy fQy −==∂ ∂= αλθλθ sen3 1 mgRRfQ =−=∂ ∂= Por sua vez, Qθ = – λR é o torque devido à força de atrito exercida pelo plano sobre o disco. Neste caso, a força generalizada de vínculo é um torque. Finalmente, vale a pena mencionar que este problema pode ser resolvido utilizando um conjunto próprio de coordenadas generalizadas. De (7.72), podemos escrever que é a segunda lei de Newton aplicada na direção y (ao longo do plano inclinado). Assim, λ deve ser a força de atrito que o plano exerce sobre o disco. λα += senmgym && Ry /&& =θ Substituindo este resultado na lagrangeana, temos αsen243 mgyymL += & de maneira que o problema pode ser descrito apenas em termos de y (que é, por si só, um conjunto próprio de coordenadas generalizadas). A equação de movimento é 0sen 23 =−=∂ ∂−∂ ∂ ymmg y L dt d y L &&& α de onde podemos obter a equação (7.75). -------------------------------------------------------------- Exemplo 7.10 ------------------------------------------ Uma partícula de massa m parte do repouso no topo de um hemisfério liso de raio a. Obtenha a força de vínculo e determine o ângulo para o qual a partí- cula deixa o hemisfério. Solução. O movimento da partícula é restrito a um plano (φ =cte). Assim podemos escolher r e θ como coordenadas generalizadas. A equação de vínculo é 0),( =−= arrf θ Assim 0 1 =∂ ∂=∂ ∂ θ f r f As energias cinética e potencial são dadas por θθ cos )( 22221 mgrUrrmT =+= && de forma que a lagrangeana é θθ cos)( 22221 mgrrrmUTL −+=−= && As equações de Lagrange são 0=∂ ∂+∂ ∂−∂ ∂ r f r L dt d r L λ& 0=∂ ∂+∂ ∂−∂ ∂ θλθθ fL dt dL & Após o cálculo das derivadas, chegamos a 0cos2 =+−− λθθ rmmgmr &&& 02sen 2 =−− θθθ &&&& rmrmrmgr Da condição de vínculo, temos 0 ==⇒= rrar &&& Substituindo este resultado nas equações de movi- mento, temos (7.87) 0cos2 =+− λθθ mgma & (7.88) 0sen 2 =− θθ &&mamga A última equação nos dá a aceleração angular, (7.89) senθθ a g=&& Para obter a força de vínculo, de (7.87), é neces- sário calcular . Lembrando queθ& θ θθθθ θθθ d d dt d d d dt d &&&&&& === e usando (7.89), podemos escrever senθθ θθ a g d d =&& ∫∫ = θθθθ dagd sen&& C a g +−= θθ cos 2 2& Impondo que ./ temos,0para 0 agC === θθ& 9 Assim )cos1(22 θθ −= a g& Substituindo este resultado em (7.87) e isolando λ, temos )2cos3( −= θλ mg O ângulo θo para o qual a partícula deixa a superfície é aquele para o qual a força de vínculo deixa de existir. Fazendo 0)2cos3( =−= omg θλ temos ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= − 3 2cos 1oθ -------------------------------------------------------------- 7.6 Equivalência das equações de Lagrange e de Newton Nesta seção vamos mostrar que as equações de Lagrange são equivalentes às equações de Newton. Inicialmente vamos mostrar que a segunda lei de Newton pode ser obtida a partir das equações de Lagrange. Considere as equações de Lagrange para uma partícula em coordenadas cartesianas 0=∂ ∂−∂ ∂ ii x L dt d x L & ou 0)()( =∂ −∂−∂ −∂ ii x UT dt d x UT & Uma vez que , )( e )( ii xUUxTT == & 0=∂ ∂=∂ ∂ ii x U x T & Assim, ii x T dt d x U &∂ ∂=∂ ∂− O lado esquerdo é justamente a componente i da força: i i F x U =∂ ∂− O lado direito é dado por ( ) ii j j ii xmxm dt dxm xdt d x T dt d &&&&&& ==⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂=∂ ∂ ∑ = 3 1 2 2 1 ii xmF &&= que é a segunda lei de Newton. Resta agora mostrar que as equações de Lagrange podem ser deduzidas das equações de movimento de Newton. Para simplificar, vamos considerar somente uma partícula. Como zyxxxmT i i i ou , 3 1 22 1 == ∑ = & e ),,( tqqxx jjii &&& = podemos escrever ∑∑ == ∂ ∂=∂ ∂ ∂ ∂=∂ ∂ 3 1 3 1 i j i i i j i ij q xxm q x x T q T & &&& & && Por outro lado, como ),( tqxx kii = (7.100) t xq q x dt dxx i k k k ii i ∂ ∂+∂ ∂== ∑ && de forma que j i j i q x q x ∂ ∂=∂ ∂ & & e portanto, ∑ ∂∂=∂∂ i jiij q xxm q T && Derivando esta expressão em relação ao tempo, temos (7.108) ∑ ∑ ∂∂+∂∂=∂∂ i i jiijiij q x dt dxm q xxm q T dt d &&&& O primeiro termo da equação acima pode ser escrito como Assim, podemos escrever j i j i ii j i i i j i i q U q x x U q xF q xxm ∂ ∂−= ∂ ∂ ∂ ∂−=∂ ∂=∂ ∂ ∑∑∑ && Por sua vez, o segundo termo de (7.108) é dado por ∑ ∑∑ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂+∂ ∂ ∂ ∂=∂ ∂ i k j i k j i k i i j i i q x t q q x q xm q x dt dxm &&& 10 jjj q T q U q T dt d ∂ ∂+∂ ∂−=∂ ∂ & (7.113) )( jj q UT q T dt d ∂ −∂=∂ ∂ & ou Como U não depende de , podemos adicionar um termo nulo jq& jq U dt d &∂ ∂− no lado esquerdo de (7.113) para obter )()( jj q UT q UT dt d ∂ −∂=∂ −∂ & Como L = T – U, podemos finalmente escrever 0=∂ ∂−∂ ∂ jj q L q L dt d & que são as equações de Lagrange. A quantidade j j j i i xmx TpxmT &&& =∂ ∂=⇒=∑ 221 Claramente pj é a componente j do momento linear. Em outros sistemas de coordenadas pj pode ter outros significados. Por exemplo, em coordenadas polares )( 22221 θ&& rrmT += rmpr &= é a componente radial do momento linear da partícula ao passo que é o seu momento angular. O trabalho realizado por uma força F quando a partícula sofre um deslocamento δr é dado, em coordenadas cartesianas, por θθ &2mrp = i i i xFW ∑= δδ Em termos de coordenadas generalizadas, podemos escrever j j i j i ij i j j i i qq xFq q xFW δδδ ∑∑∑ ∑ ∂∂=∂∂= A quantidade j i i ij q xFQ ∂ ∂=∑ é chamada força generalizada. Em termos de coordenadas generalizadas, podemos escrever (7.102) j j q Tp &∂ ∂= é chamada momento generalizado. Como estamos supondo que U não depende de , podemos escrever 7.8 Um teorema sobre a energia cinética Quando escrita em termos de coordenadas cartesianas, a energia cinética de um sistema de partículas é uma função quadrática homogênea da velocidade, ou seja, j j j qQW δδ ∑= 2 1 3 12 1 i n i xmT α α α &∑ ∑ = = = onde n é o número de partículas do sistema. Em geral, as equações de transformação para um conjunto de coordenadas generalizadas são do tipo sjtqxx jii ,..., 2 ,1 ),( == αα onde s é o número de graus de liberdade do sistema. Assim, t xq q xx ij s j j i i ∂ ∂+∂ ∂= ∑ = αα α && 1 No caso especial em que as equações de transformação não envolvem o tempo explicita- mente, podemos escrever j i j i i i j i i i k i k k i j i i k i j k k i j i i j i i q T q x x T q xxm t xq q x q xm t x q q q x q xm q x dt dxm ∂ ∂= ∂ ∂ ∂ ∂= ∂ ∂= ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂+∂ ∂ ∂ ∂= ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂+∂ ∂ ∂ ∂=∂ ∂ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑ & & && && &&& Substituindo estes resultados em (7.108), temos Em coordenadas cartesianas jq& (7.102) jj j q L q Tp && ∂ ∂=∂ ∂= 11 j s j j i i qq xx && ∑ = ∂ ∂= 1 α α de forma que kj k i s kj j i k s k k i j s j j i i qqq x q xq q xq q xx &&&&& ∂ ∂ ∂ ∂=∂ ∂ ∂ ∂= ∑∑∑ === αααα α 1,11 2 A energia cinética é dada por kj k i s kj j i n i i n i qq q x q xmxmT &&& ∂ ∂ ∂ ∂== ∑∑∑∑∑ == == = ααα α α α α 1,1 3 1 2 1 3 1 22 kj s kj k i j i n i qq q x q xm && 21, 1 3 1 ∑ ∑∑ = = = ⎟ ⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂ ∂ ∂= αα α α O termo entre parênteses depende dos índices j e k e pode ser chamado de ajk . Assim, kj s kj jk qqaT &&∑ = = 1, e portanto, T é uma função quadrática homogênea das velocidades generalizadas. Diferenciando a equação acima em relação a , temos lq& j s j jlk s k lk l qaqa q T &&& ∑∑ == +=∂ ∂ 11 (7.122) 2 1,1,1 Tqqaqqa q Tq lj s lj jlkl s lk lk s l l l =+=∂ ∂ ∑∑∑ === &&&&&& Multiplicando por e somando sobre l, temoslq& Este resultado será utilizado nas próximas seções. 7.9 Teoremas de conservação revistos Conservação da energia A derivada total da lagrangeana é dada por t Lq q Lq q L dt dL j j j j j j ∂ ∂+∂ ∂+∂ ∂= ∑∑ &&&& Da equação de lagrange, jj q L dt d q L &∂ ∂=∂ ∂ t L q Lq dt d dt dL j j j ∂ ∂+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂=∑ && t LL q Lq dt d jj j ∂ ∂−=⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −∂ ∂∑ && A hamiltoniana do sistema é definida como L q LqH jj j −∂ ∂= ∑ && Se ∂L/∂t = 0, a hamiltoniana é constante no tempo. Suponha que a energia potencial seja função somente da posição, e que as equações de transformação não envolvam o tempo explicitamente, isto é, )( ixUU α= )( e )( ijjjii xqqqxx ααα == Assim, )( jqUU = e jjjj q T q U q T q L &&&& ∂ ∂=∂ ∂−∂ ∂=∂ ∂ Desta forma, a hamiltoniana pode ser escrita como )( UT q TqH jj j −−∂ ∂= ∑ && Como as equações de transformação não envolvem o tempo explicitamente, o teorema da seção anterior pode ser aplicado, de forma que EUTUTTH =+=−−= )(2 que, neste caso, é uma constante de movimento. É importante ressaltar que as questões, a hamiltoniana é igual à energia mecânica? e a energia mecânica é conservada? são duas coisas distintas. H = E se as equações de transformação de coordenadas cartesianas para coordenadas genera- lizadas não envolverem o tempo explicitamente e se a energia potencial for independente da velocidade. Portanto, a resposta à questão H = E? depende da escolha do conjunto de coordenadas. podemos escrever t Lq q L q L dt dq dt dL j j jjj j ∂ ∂+∂ ∂+∂ ∂= ∑∑ &&&&& ou de forma que (A) t L dt dH ∂ ∂−= 12 Por exemplo, suponha que H = E quando um sistema é descrito em termos de um dado conjunto de coordenadas generalizadas. Se fizermos uma transformação para outro conjunto de coordenadas envolvendo o tempo, teremos H ≠ E neste novo conjunto. Por outro lado, a questão da conservação da energia não depende da escolha do sistema de coordenadas. Conservação do momento Suponha que a lagrangeana que descreve o movimento de uma partícula em coordenadas cartesianas seja invariante sob translação ao longo de uma dada direção representada por xi, ou seja, 0=∂ ∂ ix L Combinando este resultado com a equação de Lagrange, temos 0=∂ ∂ ix L dt d & Por outro lado, da definição de momento generalizado, podemos escrever cte x Lp i i =∂ ∂= & Se a lagrangeana for invariante sob translação em todas as direções, dizemos que o espaço é homogêneo. Neste caso, todas as componentes do momento são conservadas, isto é, ctei =p O resultado acima foi deduzido para uma partículamas a extensão para um sistema de partículas é imediata. Se L for invariante sob translação do espaço como um todo, então o momento linear do sistema é conservado. Suponha agora, que a lagrangeana seja escrita em termos de coordenadas generalizadas e que L seja invariante sob uma mudança na coordenada qj, ou seja 0=∂ ∂ jq L Neste caso, o momento generalizado j j q Lp &∂ ∂= é conservado. Por exemplo, se L for invariante sob rotação em torno de um eixo, então a componente do momento angular ao longo do eixo (o momento associado ao ângulo de rotação) é conservada. 7.10 Dinâmica hamiltoniana Da equação de Lagrange, temos (7.152) jj j q L q L dt dp ∂ ∂=∂ ∂= && LqpH j j j −= ∑ & A equação (7.151) sugere que ),,( tqqpp kkjj &= de maneira que as equações da transformação inversa podem ser escritas na forma ),,( tpqqq kkjj && = Isto significa que podemos eliminar da hamilto- niana e escrevê-la como jq& (7.155) ),,(),,( tqqLqptpqH kkj j jkk && −= ∑ Esta expressão foi escrita de maneira a deixar claro que (7.156) ),,( tpqHH kk= No contexto de (7.156), a derivada total da hamiltoniana pode ser escrita como (7.157) t H dt dp p H dt dq q H dt dH k k k k k ∂ ∂+⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂+∂ ∂= ∑ Por outro lado, de (7.155), ),,( tqqLL kk &= enquanto Utilizado a definição de momento generalizado podemos escrever a hamiltoniana como (7.151) j j q Lp &∂ ∂= de forma que cte x L i =∂ ∂ & 13 (7.159) t L dt dqp dt dpq dt dH k k k k k ∂ ∂−⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −= ∑ && Com auxílio das equações (7.151) e (7.152), podemos escrever Identificando os termos de (7.157) e (7.159), temos (7.160) k k p Hq ∂ ∂=& (7.161) k k q Hp ∂ ∂=− & (7.162) t H t L ∂ ∂=∂ ∂− As equações (7.160) e (7.161) são chamadas equações canônicas de Hamilton. As quantidades qk e pk são ditas serem grandezas canonicamente conjugadas. Combinando a equação (7.162), com a equação (A) da página 11 podemos escrever Esta expressão nos permite concluir que se L não depender explicitamente do tempo (neste caso H também não depende) a hamiltoniana é uma constante de movimento. Uma desvantagem da formulação hamiltoniana em relação à formulação lagrangeana está no fato de que para um sistema com s graus de liberdade temos s equações de Lagrange e 2s equações de Hamilton. Em compensação, as equações de Hamilton são equações diferenciais de primeira ordem enquanto que as equações de Lagrange são equações diferenciais de segunda ordem. Uma coordenada que não aparece explicitamente na lagrangeana ou na hamiltoniana é dita ser uma coordenada cíclica. Uma coordenada que é cíclica em L é também cíclica em H. Mostraremos a seguir que o momento conjugado a uma coordenada cíclica é uma constante de movimento. Se qk for uma coordenada cíclica em L, então t L t H dt dH ∂ ∂−=∂ ∂= t L dt qd q L dt dq q L dt qdp dt dpq dt dH k k k k k k k k k ∂ ∂−⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ∂ ∂−∂ ∂−+=∑ &&&& ctep q Lp k k k =⇒=∂ ∂= 0& Por outro lado, se qk for uma coordenada cíclica em H, então ctep q Hp k k k =⇒=∂ ∂−= 0& Exemplo 7.11 ------------------------------------------- Use o método hamiltoniano para obter as equações de movimento de uma partícula de massa m vinculada a mover-se sobre a superfície de um cilindro definido por x2 + y2 = R2. A partícula está sujeita a uma força dirigida para a origem dada por F = – kr. Solução. θ z y x m r R A energia potencial é dada por )()( 2221 222 2 1 zrkzyxkU +=++= Por sua vez, a energia cinética, em coordenadas cilíndricas, é dada por )( 222221 zrrmT &&& ++= θ Como r = R = constante, temos )( 22221 zRmT && += θ e portanto, )()( 2221 222 2 1 zRkzRmUTL +−+=−= &&θ Note que, as coordenadas generalizadas são θ e z. Os momentos generalizados são dados por (7.168) 2θθθ && mR Lp =∂ ∂= (7.169) zm z Lpz && =∂ ∂= Como o sistema é conservativo (U só depende da posição) e as equações de transformação não envolvem o tempo, H = T + U. )()( 2221 222 2 1 zRkzRmUT +++=+ &&θ 14 Mas a hamiltoniana deve ser função dos momentos e coordenadas e não das velocidades generalizadas. Isolando de (7.168) e (7.169) e substituin- do em T + U, temos z&& e θ 2222 ),,( 222 2 2 kRkz m p mR pppzH zz +++= θθ As equações canônicas de movimento são (7.171) 0=∂ ∂−= θθ Hp& (7.174) m p p Hz z z =∂ ∂=& (7.173) 2mR p p H θ θ θ =∂ ∂=& (7.172) kz z Hpz −=∂ ∂−=& Note que as equações (7.173) e (7.174) apenas reproduzem (7.168) e (7.169). As equações (7.168) e (7.171) nos levam a ctemRp == θθ &2 Como θ é uma coordenada cíclica, pθ é uma constante de movimento. Derivando (7.169), zmpz &&& = Substituindo (7.172) nesta equação, temos kzzm −=&& que é a equação de um MHS. Exemplo 7.12 ------------------------------------------- Usando o método hamiltoniano, obtenha as equações de movimento para um pêndulo esférico de massa m e comprimento b. θ φ b Solução. Tomando θ e φ como coordenadas generalizadas, a energia cinética é dada por )sen( 2222221 φθθ && bbmT += Por sua vez, a energia potencial é θcosmgbU −= Assim θφθθ cos)sen( 2222221 mgbbbmUTL ++=−= && Os momentos generalizados são dados por (7.180) 2θθθ && mb Lp =∂ ∂= (7.181) en22 φθφφ && smb Lp =∂ ∂= Como no exemplo anterior, o sistema é conser- vativo e as equações de transformação não envolvem o tempo. Assim H = T + U. θφθθ cos)sen( 2222221 mgbbbmUT −+=+ && Substituindo de (7.180) e (7.181), temosφθ && e θθ φθ cos sen22 22 2 2 2 mgb mb p mb pH −+= As equações canônicas de movimento são 2mb p p H θ θ θ =∂ ∂=& θφ φ φ 22 senmb p p H =∂ ∂=& θθ θ θ φ θ sensen cos 32 2 mgb mb pHp −=∂ ∂−=& 0=∂ ∂−= φφ Hp& Como a coordenada φ é cíclica, pφ é uma constante de movimento. -------------------------------------------------------------- 15 1. Continuando o exemplo 7.6, determine o ângulo de equilíbrio e a freqüência de pequenas oscilações em torno desta posição. Problemas 2. Uma esfera de raio a rola sem deslizar sobre a metade inferior da superfície interna de um cilindro de raio R. Determine a lagrangeana, a equação de vínculo e as equações de movimento. Obtenha a freqüência de pequenas oscilações. 3. Uma partícula move-se em um plano sob influência de uma força f = – Arα–1, dirigida para a origem, onde A e α são constantes positivas. Escolhendo um conjunto apropriado de coorde- nadas e tomando a energia potencial nula na origem, obtenha as equações de movimento de Lagrange. O momento angular em relação à origem é conservado? A energia mecânica é conservada? 4. Obtenha as equações de movimento de Lagrange para o pêndulo duplo da figura abaixo. Suponha que ambos os pêndulos se movimentem no mesmo plano. l l m m 6. A figura abaixo mostra dois blocos de massa M ligados por uma corda de comprimento l. Suponha que tanto a superfície horizontal quanto a roldana sejam perfeitamente lisas. Descreva o movimento do sistema supondo (a) uma corda sem massa e (b) uma corda uniforme com massa total m. 7. Um bloco de massa m está em repouso sobre uma tábua lisa.A seguir uma das extremidades da tábua é levantada de tal maneira que o ângulo de inclinação, θ, cresce a uma razão constante α (θ = 0 em t = 0), fazendo com que o bloco deslize ao longo do plano. Determine o movimento do bloco. θ m 5. Um pêndulo consiste de uma massa m suspensa por uma mola sem massa de comprimento natural b e constante k. Obtenha as equações de movimento de Lagrange. 8. Considere um pêndulo simples constituído de uma massa m presa na extremidade de uma corda de comprimento l. Depois que o pêndulo é colocado em movimento o seu comprimento é diminuído a uma taxa constante cte dt dl =−= α O ponto de suspensão permanece fixo. Obtenha as funções lagrangeana e hamiltoniana. Compare a hamiltoniana com a energia total e discuta a conservação da energia do sistema. 9. Uma partícula de massa m move-se no plano atraída para um centro de força com uma força de módulo F = k/r2. Obtenha as equações canônicas de movimento em termos de coordenadas polares. M M
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