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Principios gerais do processo.

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PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL 
CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS 
 Trataremos agora dos princípios norteadores do Direito Processual, que no consentimento do autor José de Albuquerque Rocha (autor que será extremamente abordado ao longo desta discussão processual), existe no país uma confusão doutrinária entre as diversas obras brasileiras a respeito do conceito de “principio”, para tanto, reitera o autor, que são três funções básicas que clareiam tais duvidas no Direito Processual em particular: a) função fundamentadora, b) função orientadora, c) função de fonte subsidiária.
Função Fundamentadora – Os princípios, até por definição constituem a raiz de onde deriva a validez intrínseca do conteúdo das normas jurídicas.
Função Orientadora – Decorre logicamente da função orientadora do Direito. Realmente, se as leis são informadas ou fundamentadas nos princípios, então devem ser interpretadas de acordo com os mesmos.
Função de fonte subsidiária – Nos casos da lacuna da lei os princípios atuam como elemento integrador do direito.
Dessa forma podemos entender que os princípios do Direito Processual que serão elencados a seguir, não são a certo ponto escolhidos aleatoriamente, pelo contrário, seguem uma lógica pautada no sentido amplo do Direito como um todo.
ENUMERAÇÃO DOS PRINCÍPIOS. 
 São diversos os princípios relativos aos órgãos jurisdicionais e como vimos anteriormente gozam no sentido de fundamentação das normas legais, portanto, somente alguns e obviamente os mais importantes serão explanados para fins didáticos.
Princípio do Juiz Natural. 
 Significa que a instituição dos órgãos jurisdicionais será anterior ao fato causador de sua atuação, este princípio é decorrente da própria forma democrática do Estado brasileiro, visto que em muitos governos totalitários ao longo da história não possuíam tal princípio fundamental, pondo em clara evidência a validade de um suposto julgamento ou apreciação. Está previsto no art. 5º, CF 88, XXXVII “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e LIII.” ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente” 
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. 
 Em resumo, significa que nenhum conflito pode ser excluído da apreciação do Judiciário. Por outras palavras, a função jurisdicional é atribuída exclusivamente ao Judiciário. Tal alegação se faz importante pela presença nos outros requisitos que tratam da instauração do processo e da liberdade que tem o sujeito de movimentar a máquina judiciária usando do seu Direito Subjetivo. Está previsto no art. 5º, XXXV, CF 88, “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”
Princípio do Devido Processo Legal 
 Não basta apenas que a parte lesada tenha o acesso ao judiciário, é preciso que o socorro jurisdicional seja pleno e assegure um processo que respeite os direitos fundamentais. É muito clara a percepção de como os princípios formam uma linearidade, até mesmo nas explicações em sala de aula, primeiro há uma orientação de socorro à justiça e posteriormente o resguardo para a instauração de um processo. 
Princípio da Igualdade
 Deriva do Devido Processo Legal, forma a aplicação do instituto da igualdade formal. De fato, todos são iguais perante a lei e com razão perante o juiz concretizador da lei. Segundo o autor Antônio Carlos de Araújo Cintra, “no processo civil legitimam-se normas destinadas a reequilibrar as partes e permitir que litiguem em paridade em armas, sempre que alguma causa ou circunstância exterior ao processo ponha uma delas em condições de superioridade ou inferioridade em face da outra”. Está previsto no art. 5º, caput, CF 88, “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: “
Princípio do contraditório e ampla defesa.
 Também é uma derivação do devido processo legal, faz-se uma exigência deste. É uma premissa da estrutura dialética ao longo de toda vida processual, com relação direta entre as partes que contrapõe as suas teses sobre o fato no qual o direito enseja uma norma e claramente é uma derivação dos direitos fundamentais. O inquérito policial, por exemplo, não é classificado como processo, mas sim um procedimento necessário e anterior ao processo, que terá a disponibilidade das partes se defenderem e colocarem em juízo as suas versões. Em virtude da natureza constitucional do contraditório e ampla defesa, devem ser observados não apenas formalmente, mas sobretudo pelo aspecto substancial, sendo de se considerar inconstitucionais as formas que não venham a respeitar tais princípios. Estão resguardados no art. 5º, LV, CF 88 “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”
 Imparcialidade do Juiz.
 A imparcialidade é um pressuposto para a própria continuidade do processo, o Juiz competente deve se colocar de forma equidistante em relação as partes e aos seus procuradores, este instituto reitera mais uma vez a questão da linearidade dos princípios processuais estudados até agora, pois o juiz natural, o contraditório e o devido processo legal estão diretamente correlacionados a este que põe de certa forma a figura do magistrado como um terceiro, trazendo para o órgão jurisdicional, as partes e a coletividade interessada uma segurança jurídica necessária.
Economia Processual.
 Este princípio preconiza o máximo resultado na atuação do direito com o mínimo de emprego possível de atividades processuais. Típica aplicação desse princípio encontra-se em institutos como a reunião de processos em casos de conexidade, a própria reconvenção, ação declaratória incidente, litisconsórcio etc.
CONCLUSÃO.
 Com fidelidade as discussões introdutórias, os princípios que cercam o direito processual possuem uma conectividade, seguem uma espécie de fila onde um é o pressuposto do outro como foi fácil identificar com o princípio do Juiz natural e a Imparcialidade do Juiz. Tais princípios servem de base, de sentido de interpretação para as diversas áreas de atuação do direito processual, que pelo fato de ser público reitera mais ainda a necessidade de clareza dos atos e compromisso com toda a coletividade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROCHA, José de Albuquerque, Teoria Geral do Processo, 5º edição, Malheiros Editores. 
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrino, DINAMARCO, Cândido Rangel, Teoria Geral do Processo, 25º edição, São Paulo-SP, Malheiros Editores, 2009.

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